Message in a bottle escrita por Rafa


Capítulo 8
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Olha eu aqui de novo rs. Adorei os comentários galera. Daqui a pouco respondo vocês...



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– Então, por onde começamos? – perguntou Quinn a Santana.

Ela puxou sua cadeira para o outro lado da escrivaninha de sua chefe.

– Antes de mais nada, vamos pensar nas coisas de que temos certeza. Em primeiro lugar, acho razoável dizer que o seu sobrenome é mesmo Berry. Foi assim que assinou todas as cartas, e acho que não se daria ao trabalho de usar outro nome. Se fosse apenas uma carta, eu ficaria em dúvida, mas com três tenho quase certeza de que se trata de seu sobrenome de verdade, ou talvez até um apelido. De qualquer maneira é como ele é chamado. Mas ainda assim existe a letra R.

– E é provável que more em Wilmington ou Wrightsville Beach, ou em outro povoado próximo – acrescentou Quinn.

Santana concordou.

– Todas as cartas falam no oceano ou em temas marítimos, e naturalmente é onde ele joga as garrafas. Pelo tom das cartas, parece que as escreve quando se sente solitário ou quando está pensando em Catherine.

– Foi o que achei. Ele não menciona qualquer ocasião especial nas mensagens. Elas falam da vida cotidiana dele e do sofrimento pelo qual estava passando.

– Certo, ótimo – disse Santana, assentindo. Ficava mais entusiasmada a cada minuto. – Ele mencionou um barco...

Happenstance – completou Quinn. – A carta diz que restauraram o barco e costumavam velejar juntos. Então, é provável que seja um veleiro.

– Anote esse nome – sugeriu Santana. – Pode ser que a gente consiga descobrir sobre isso com alguns telefonemas. Talvez exista um lugar que registre os barcos pelo nome. Acho que posso ligar para o jornal de lá e tentar saber. Havia mais alguma coisa na segunda carta?

– Não que eu lembre. Mas a terceira tem um pouco mais de informações. Pelo menos duas coisas ficam claras.

– Uma, que Catherine realmente faleceu – afirmou Santana.

– Duas, que ele possui uma loja de material de mergulho onde ele e Catherine trabalhavam juntos – completou Quinn.

– Isso é outra coisa para você anotar. Acho que podemos descobrir mais sobre isso aqui na redação, também. Mais alguma coisa?

– Acho que não.

– Bem, já é um bom ponto de partida. Isso talvez seja mais fácil do que imaginamos. Vamos começar dando alguns telefonemas.

A primeira ligação de Santana foi para o Wilmington Journal, que circulava lá. Ela se identificou e pediu para falar com alguém familiarizado com embarcações. Depois que a ligação foi transferida algumas vezes, um sujeito chamado Zack Norton, que cobria esportes marítimos, veio atendê-la. Ao perguntar se havia algum lugar que mantivesse um registro de nomes de barco, Santana ficou sabendo que isso não existia.

– Os barcos são registrados com um número de identificação, como um automóvel – explicou ele, com um sotaque arrastado. – Mas se você souber o nome da pessoa, pode ser que consiga descobrir o nome da embarcação no arquivo, se tiver sido informado. Não é um dado obrigatório, mas muita gente o fornece.

Santana rabiscou as palavras “Barcos não registrados pelo nome” no bloco à sua frente e mostrou-o a Quinn.

– Um beco sem saída – comentou Quinn em voz baixa.

Santana tapou o fone com a mão e cochichou:

– Talvez sim, talvez não. Não desista tão fácil.

Depois de agradecer a Zack Norton pela atenção e desligar, Santana tornou a estudar a lista de pistas. Pensou por um instante e resolveu ligar para o serviço de informações da companhia telefônica para pedir o número das lojas de material de mergulho em Wilmington. Quinn observou enquanto a amiga anotava os nomes e os números de telefone das onze lojas que constavam da lista.

– Posso ajuda-la em mais alguma coisa, senhora? – perguntou a telefonista.

– Não, você já foi bastante útil. Muito obrigada.

Santana desligou e Quinn encarou-a com curiosidade.

– O que você vai dizer quando ligar? – quis saber.

– Vou perguntar por Berry.

O coração de Quinn deu um salto.

– Assim, de cara?

– Assim, de cara – retrucou Santana, sorrindo, enquanto discava.

Fez um gesto para que Quinn pegasse a extensão.

– Pode ser que ele atenda... – explicou.

Ficaram esperando em silêncio que alguém atendesse na loja Atlantic Adventures, o primeiro nome da lista. Quando isso enfim aconteceu, Santana inspirou profundamente e perguntou num tom simpático, se Berry estava livre para dar aulas.

– Sinto muito, acho que a senhora ligou errado – disse a pessoa.

Santana se desculpou e desligou. A resposta se repetiu nas cinco tentativas seguintes. Ela passou para o próximo nome e tornou a discar. Esperando o mesmo resultado, ficou surpresa quando a pessoa na linha hesitou por um instante.

– Está falando de Rachel Berry?

Berry.

Quinn quase caiu da cadeira não só ao ouvir o som do nome dele, mas por se surpreender que a letra R que antecedia seu sobrenome não se tratava de nenhum nome masculino e sim de uma mulher. Santana duvidou, mas disse sim e então o homem continuou:

– Ela trabalha na Island Diving. Tem certeza de que não podemos ajuda-la? Estamos começando um curso.

Ela logo deu uma desculpa:

– Não, sinto muito, só serve o Berry, digo, a Berry. Prometi que faria essas aulas com ele...ela.

Quando colocou o telefone no gancho, Santana também ficou meio perdida, mas logo abriu um largo sorriso.

– Então...uma mulher. Eu nunca iria adivinhar – disse ainda num tom de riso.- Se bem que toda a intensidade das palavras de cada carta dizia que havia uma certa peculiaridade para ter sido escrita por um homem. Não duvido que haja homem capaz de escrever coisas assim, mas isso é diferente. – Estamos chegando perto.

– Não consigo acreditar nisso tudo. Encontrar uma carta em uma garrafa, depois mais duas cartas da mesma pessoa, me apaixonar por alguém que nunca vi e correr atrás disso e finalmente quando “encontro”, me deparo com uma mulher... – Divaga Quinn, falando consigo mesma.

Santana só a observa sabendo que ela ainda não terminou seu discurso. Então Quinn continua, agora olhando para Santana com olhos arregalados com a constatação:

– Eu estou apaixonada por uma mulher. Durante todo esse tempo sempre foi uma mulher. – Ela tentava entender o que estava se passando naquele momento.

– Você não sabia, é normal estar assim agora. – Santana entendia a situação da amiga. Afinal se descobrir apaixonada por uma mulher e não saber o que fazer já tinha acontecido com ela. – Você vai ficar bem Quinn. Se você quiser a gente para com a busca...

– Não – disse Quinn com firmeza. – Eu não vou desistir só porque descobri que é uma mulher que escreve essas cartas, não posso voltar atrás, é um pouco tarde para isso. Já estou apaixonada Sant, por favor me ajuda.

– Tudo bem – ponderou Santana. – Só tente não se machucar.

– Vou fazer um impossível para que isso não aconteça. – disse Quinn, sorrindo pela primeira vez depois da tensão. – Não consigo acreditar que tenha sido tão fácil...

– Se você pensar bem, não foi tão fácil, Quinn. Se tivesse encontrado apenas uma carta teria sido impossível.

– Acha que é o mesmo, quer dizer a mesma Berry? – perguntou franzindo o cenho. Ainda não acostumada com a ideia do Berry ser A Berry.

Santana inclinou a cabeça para o lado e levantou uma sobrancelha, gesto característico de Quinn.

– Você não acha?

– Ainda não sei. Talvez.

Santana deu de ombros e disse:

– Bem, logo vamos descobrir. Isso está ficando divertido.

Santana ligou mais uma vez para o serviço de informações e pegou o número de Registro de Embarcações de Wilmington. Quando atenderam, ela se identificou e pediu para falar com alguém eu pudesse ajuda-la a confirmar uma informação.

– Passei as férias aí, e o meu barco enguiçou – informou à mulher que atendeu o telefone. – Uma mulher muito gentil nos encontrou e nos ajudou a voltar para o porto. Ela se chamava Berry, Rachel Berry, e acho que o nome do barco era Happenstence, mas quero ter certeza quando escrever o artigo.

Santana prosseguiu, passando por cima de todas as tentativas de interrupção da mulher. Contou que tinha ficado muito assustada e que o socorro prestado por Berry tinha sido importantíssimo. Então depois de deixar a atendente lisonjeada com seus elogios à simpatia das pessoas do sul e em particular de Wilmington e dizer que queria escrever um artigo sobre a hospitalidade dos sulistas e a bondade deles para com desconhecidos, a mulher estava mais do que disposta a ajudar.

– Já que a senhora quer só confirmar uma informação e não está pedindo nada que ainda não saiba, tenho certeza de que não haverá problemas. Aguarde um instante.

Santana tamborilou os dedos na mesa enquanto ouvia a música de espera. Após um instante, escutou de novo a voz da mulher:

– Muito bem, vamos ver...

Em seguida, ouviu um ruído de digitação num teclado, depois um bipe estranho. Passado um momento, a atendente falou as palavras que tanto Santana quanto Quinn esperavam:

– Sim, aqui está. Rachel Berry. Hum... A senhora acertou o nome, pelo menos segundo as informações que temos. Diz aqui que o barco se chama Happenstence.

Santana agradeceu-lhe profusamente e perguntou como ela se chamava.

– Para que eu possa citar no meu artigo outra pessoa que simboliza a hospitalidade da região – explicou.

Depois de soletrar o nome da atendente para que ela o confirmasse, Santana desligou, entusiasmada.

– Rachel Berry – disse, com um sorriso triunfante. – O nosso escritor, ou melhor, nossa escritora misteriosa se chama Rachel Berry.

– Não acredito que você encontrou!

Santana assentiu, como se tivesse conseguido uma façanha de que ela própria duvidasse.

– Pode acreditar. Essa latina aqui ainda sabe apurar uma informação.

– Sem dúvida.

– Algo mais que você queira saber?

Quinn pensou por um instante.

– Será que você consegue levantar algo sobre Catherine?

Santana deu de ombros e se preparou para a tarefa.

– Não sei, mas posso tentar. Vou ligar para o jornal e ver se há algo nos arquivos deles. Se a morte foi acidental, pode ter sido noticiada.

Santana discou o número e pediu para falar com o departamento de notícias. Infelizmente, depois de falar com algumas pessoas, ela ficou sabendo que os exemplares dos anos anteriores eram guardados em microfilmes e não podiam ser localizados sem uma data específica. Anotou o nome da pessoa que Quinn deveria procurar quando estivesse lá, caso ela quisesse pesquisar a informação, e desligou.

– Acho que isso é tudo o que podemos fazer daqui. O resto é com você, Quinn, mas pelo menos sabe onde encontrá-la.

Ela estendeu o papel com o nome a Quinn, que hesitou. Santana encarou-a por um momento, em seguida colocou o papel sobre a escrivaninha e pegou o telefone mais uma vez.

– Para quem está ligando agora? – quis saber Quinn.

– Para minha agência de viagens. Você vai precisar de uma passagem aérea e um lugar para ficar.

– Ainda nem disse se vou...

– Ah, você vai, sim.

– Como pode ter tanta certeza?

– Porque não quero você sentada na redação durante o próximo ano perguntando-se o que teria acontecido se tivesse ido. Você não trabalha direito quando está distraída.

– Santana...

– Não me venha com “Santana”. Você sabe que a curiosidade ia deixa-la maluca. Já está me deixando maluca...

– Mas...

– Mas nada. – Fez uma pausa e continuou, em tom suave: - Quinn, lembre-se: você não tem nada a perder. O pior que poderá acontecer é você voltar daqui a alguns dias. Só isso. Não está partindo com a missão de encontrar uma tribo de canibais. Vai apenas verificar se sua curiosidade é justificada.

Ambas ficaram em silêncio enquanto se encaravam. Santana tinha um ar ligeiramente malicioso e Quinn sentiu seus batimentos acelerarem quando percebeu que sua decisão estava tomada. Meu Deus, eu vou mesmo fazer isso. Não consigo acreditar que estou concordando...

Ainda assim, ela fez uma desanimada tentativa de recusar:

– Não sei nem o que diria quando enfim a encontrasse...

– Tenho certeza de que vai pensar em alguma coisa. Agora, deixe-me ligar para a agência. Vá pegar sua bolsa. Vou precisar do número do seu cartão de crédito.

Quinn estava com a cabeça a mil enquanto voltava à escrivaninha. Rachel Berry. Wilmington. Island Diving. Happenstence. Essas palavras ficavam rondando em sua mente, como se ela estivesse ensaiando uma peça teatral.

Destrancou a gaveta inferior, onde guardava a bolsa, e parou por um instante antes de voltar à sala de Santana. Mas, no fim, acabou entregando o cartão de crédito a ela. Na noite seguinte partiria para Wilmington, na Carolina do Norte.

A amiga lhe disse que tirasse o resto do dia e o dia seguinte de folga. Ao sair do jornal, Quinn experimentou a sensação de ter sido encurralada, do mesmo modo que tinha feito com o Sr. Shendakin.

Mas, ao contrário dele, no fundo ela estava feliz com isso, e quando o avião pousou em Wilmington, no dia seguinte, Quinn Fabray registrou-se num hotel, perguntando-se aonde aquilo tudo iria levar.


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Notas finais do capítulo

Sabem como funciona né gente. Então, comentem e até mais ;-)