Message in a bottle escrita por Rafa


Capítulo 5
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Oi gente.



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Fazer compras com Santana era uma experiência e tanto.

Em Provincetown, as duas passaram o restante da manhã e o início da tarde percorrendo várias lojas. Quinn comprou três biquínis e um maiô antes que Santana a arrastasse a uma loja de lingerie chamada Nightgales.

Lá dentro, Santana enlouqueceu. Não pensava em si mesma, é claro, mas em Quinn. Pegava conjuntos de calcinha e sutiã de renda transparentes e os mostrava à amiga, com comentários como “ Este é tão sexy e quente como o inferno” e “Você ainda não tem dessa cor, não é?”. Naturalmente, havia outras pessoas por perto quando ela dizia essas coisas, e Quinn não conseguia deixar de rir cada vez que ela fazia isso. A falta de inibição de Santana era uma das coisas que Quinn mais adorava nela. Santana de fato não se importava com o que as outras pessoas pensavam e Quinn muitas vezes desejava ser mais parecida com ela.

Depois que Quinn aceitou duas sugestões de Santana – afinal, ela estava de férias -, elas passaram alguns minutos na loja de discos. Santana queria o último CD de Amy Winhouse – “Uma cantora de verdade”, explicou ela. E Quinn comprou um de Jazz, uma das primeiras gravações de John Coltrane. Quando chegaram em casa, encontraram Brittany vendo TV na sala.

– Olá! – disse assim que notou a presença delas. – Estava começando a me preocupar com vocês duas. – Levantou e foi de encontro à sua mulher beijando seus lábios suavemente. – Como foi o dia?

– Foi bom – respondeu Santana cansada. – Almoçamos em Provincetown, depois fizemos umas comprinhas – explicou. – Como foi no estúdio?

– Bem bom. – respondeu sorrindo. – Se eu não tivesse tão esgotada, teria vencido a Jenny na nossa mini competição. – sua expressão em nada se alterou.

– Bem, você vai ter que treinar um pouco mais até conseguir. – Falou Santana carinhosamente afagando os braços de sua mulher.

Brittany riu.

– Você não se importa? – Suas mãos agora estavam na cintura de Santana.

– Claro que não. – Concluiu, dando-lhe um selinho.

Ela sorriu, feliz em saber que poderia passar quanto tempo quisesse no estúdio de dança durante a semana, e voltou ao sofá. Reconhecendo o sinal de que ela queria voltar a ver TV, Santana cochichou ao ouvido de Quinn:

– Acredite: deixe uma mulher dançar em paz e ela nunca criará nenhum tipo de problema, muito menos minha Britt.

**

Quinn deixou as duas a sós pelo resto da tarde. Como o dia ainda estava quente, vestiu um dos biquínis novos que tinha comprado, pegou uma toalha, uma cadeirinha dobrável e a People, e foi à praia.

Lá, folheou ociosamente a revista, lendo alguns artigos aqui e ali, sem muito interesse em saber o que estava acontecendo com os ricos e famosos. À sua volta, ouvia risadas de crianças que brincavam na água rasa e enchiam seus baldinhos de areia. De um lado havia dois garotos e um homem, que parecia ser pai deles, construindo um castelo perto da linha d’água. O som das ondas era tranquilizante. Ela largou a revista, fechou os olhos e virou o rosto na direção do sol.

Queria estar bronzeada quando voltasse ao trabalho, pelo menos para mostrar que passara algum tempo sem fazer absolutamente nada. Mesmo na revista, era considerada uma pessoa que estava sempre no meio de alguma atividade. Se não estava escrevendo seu artigo semanal, estava trabalhando no texto para edições de domingo, ou fazendo pesquisas na internet, ou estudando material técnico sobre o desenvolvimento infantil. Recebia na redação todas as boas publicações relacionadas a paternidade e infância, assim como outras dedicadas a mulheres que trabalham fora. Além disso, assinava revistas médicas, que folheava de tempos em tempos à procura de temas úteis.

Sua coluna era sempre imprevisível – talvez essa fosse uma das razões porque fazia tanto sucesso – ela às vezes respondia a pergunta de leitores, em outras compartilhava as informações mais recentes sobre desenvolvimento infantil e explicava o que elas significavam. Muitos artigos falavam sobre a alegria de criar filhos, ao passo que outros descreviam as armadilhas da educação. Quinn escrevia sobre a luta da mãe solteira, um assunto que parecia mexer com a vida das mulheres de Boston. Inesperadamente sua coluna fizera dela uma espécie de celebridade local. Mas, embora no início tivesse sido divertido ver sua foto acima do artigo e receber convites para festas, ela sempre tinha tantas coisas para fazer que parecia não haver tempo disponível para aproveitar. Agora passara a considerar a fama apenas uma faceta do trabalho, algo bom, mas que na verdade não tinha muita importância.

Depois de uma hora ao sol, Quinn sentiu que estava com o corpo quente e andou em direção à água. Entrou até a altura dos quadris e então mergulhou sob uma onda pequena. Quando emergiu, a água fria deixou-a sem fôlego e um homem parado perto dela riu baixinho.

– Refrescante, não é? – Comentou.

Ela assentiu e cruzou os braços.

Ele era alto, moreno e tinha cabelo castanho, e por um segundo Quinn se perguntou se ele estava flertando com ela. Mas as crianças ali perto logo desfizeram essa ilusão chamando-o de papai. Depois de mais alguns minutos dentro da d’água ela saiu e voltou à sua cadeira. A praia estava ficando vazia, então ela recolheu suas coisas e iniciou o caminho de volta.

Em casa, Brittany assistia a um desenho na TV e Santanna lia um livro de romance com a foto de um advogado bonitão na capa. Ela ergueu os olhos do livro e perguntou:

– Como estava a praia?

– Ótima. O sol está maravilhoso, mas a água chega a dar choque quando a gente mergulha.

Santana riu e disse:

– É sempre assim loira. Não entendo como as pessoas conseguem ficar dentro d’água por tanto tempo.

Quinn pendurou a toalha num cabide perto da porta. Por cima do ombro e perguntou:

– Que tal o livro?

Santana virou o livro nas mãos e deu uma olhada na capa.

– Maravilhoso. – disse naturalmente. – Ele me lembra um antigo namorado.

– Hein? – Resmungou sua esposa, sem tirar os olhos da TV.

– Nada, Britt Britt. Recordações – retrucou ela, depois voltou a atenção para Quinn. Seus olhos brilhavam. – Está com disposição para uma partidinha de Gin Rummy?

Santana adorava todos os jogos de cartas. Era até sócia de dois clubes de bridge, jogava buraco como ninguém e mantinha uma lista de todas as vezes que concluíra uma partida de paciência. Mas Gin Rummy sempre fora a modalidade que as duas jogavam quando tinham tempo, porque era a única em que Quinn tinha alguma chance real de vencer.

– Claro.

Santana fechou o livro alegremente, colocou-o sobre a mesinha e levantou-se da cadeira.

– Estava torcendo para você dizer isso. O baralho está na mesa lá fora.

Quinn se enrolou na toalha e foi para a varanda, até a mesa onde tinham tomado café da manhã mais cedo. Santana foi logo atrás, com duas latas de Coca-Cola, e sentou-se diante dela. Quinn pegou o baralho, embaralhou e deu as cartas. A amiga ergueu os olhos de seu leque de cartas.

– Parece que você pegou uma corzinha no rosto. O sol devia estar forte.

Quinn começou a organizar as próprias cartas.

– A pra parecia um forno.

– Conheceu alguém interessante? – Perguntou sem rodeios.

– Não. – Respondeu. – fiquei lendo e relaxando ao sol. Quase todo mundo estava lá com a família.

– Que pena.

– Por quê? – Perguntou arqueando a sobrancelha com curiosidade.

– Bom – começou. – É que eu queria que você encontrasse alguém especial nestas férias.

– Você é especial.

– Sabe o que eu quero dizer – seu tom era sério, mas tinha uma suavidade. – Eu gostaria que você encontrasse uma pessoa. Alguém que te deixasse sem fôlego.

Quinn a olhou mais uma vez, surpresa.

– Por que isso agora?

– Por causa do sol, do mar, da brisa... Não sei. Talvez seja excesso de radiação queimando o meu cérebro.

Quinn observa aquela Santana estranha e diz:

– Não fiquei procurando ninguém.

– Nem um pouquinho? – Franze o cenho em dúvida.

– Bom, não muito. – Confessa.

– Arrá!

– Não fique muito empolgada. Não faz tanto tempo que me divorciei.

Quinn baixou o seis de ouros, que Santana pegou antes de descartar o três de paus. Então ela falou no mesmo tom que sua mãe usava quando conversavam sobre o assunto:

– Quase três anos – disse um tanto incrédula. – Tem certeza que não tem alguém na mira e está escondendo de mim, Fabray?

– Tenho certeza. – Afirmou.

– Ninguém mesmo? – Insistiu.

Santana pegou uma carta da pilha e descartou um quatro de copas.

– Ninguém. Mas não é só comigo, sabe? É difícil conhecer pessoas interessantes hoje em dia. E eu não tenho tempo para sair.

– Sei disso, sei mesmo. É que você tem tanta coisa a oferecer... Sei que em algum lugar do mundo existe uma pessoa para você.

– Tenho certeza disso. Só que eu ainda não a conheci.

– Pelo menos está procurando? – Indagou.

– Quando posso. – Devolveu. – Mas a minha chefe é durona, você sabe. Não me dá um momento de descanso.

– Talvez eu devesse conversar com ela. – Entrou na brincadeira.

– É, talvez. – Concordou Quinn.

As duas riram. Santana pegou uma carta da pilha e descartou um sete de espadas.

– Está saindo com alguém – perguntou calmamente, olhando seu leque.

– Não. Desde que aquele Matt não sei das quantas me disse que não queria uma mulher com filhos.

Santana fez uma careta.

– Os homens às vezes conseguem ser totalmente idiotas, e ele é um exemplo perfeito disso. É o tipo de cara que devia ter a cabeça empalhada, pendurada na parede, com a legenda “Homem Egocêntrico Típico”. Mas não são todos assim. Existem homens de verdade por aí, alguns que se salvam, caras que poderiam muito bem se apaixonar por você.

Quinn pegou o sete e descartou um quatro de ouros.

– É por isso que eu gosto de você, Santana. Sempre diz as coisas mais gentis. – falou Quinn com sorriso no rosto, mas com sinceridade. Sua amiga sempre a surpreendia.

Santana pegou uma carta na pilha.

– Mas é verdade. Pode acreditar. Você é bonita, bem-sucedida, inteligente. Eu poderia encontrar um monte de pessoas que sairiam com você.

– Claro. Mas isso não significa que gostaria delas.

– Você não dá nem chance para que algo aconteça.

Quinn deu de ombros.

– É, talvez não. Mas isso não significa que eu vou morrer sozinha numa casa de repouso para velhinha. – Um sorriso triste brotou em seus lábios quando disse: - acredite, eu adoraria me apaixonar de novo. Adoraria conhecer essa pessoa maravilhosa e viver para sempre. Só que agora, neste momento, não posso fazer disso uma prioridade. Tommy e o trabalho já tomam todo o meu tempo.

Santana baixou um dois de espadas e ficou em silêncio por um instante.

– Acho que você está com medo – falou finalmente.

– Com medo?

– Isso mesmo – afirmou. – Não que haja algo de errado nisso.

– Por que você acha isso? – Indagou curiosa.

– Porque sei quanto Noah a magoou, e sei que se fosse comigo eu teria medo de que a mesma coisa acontecesse outra vez. – Explicou. – É a natureza humana. Já diz o ditado: gato escaldado tem medo de água fria. E é verdade.

– Pode ser – assentiu. – Mas tenho certeza de que quando a pessoa certa aparecer eu vou saber. Tenho fé.

– Que tipo de homem você quer?

– Não sei...

– Claro que sabe. Todo mundo sabe alguma coisa sobre o que quer. – A latina estava mesmo disposta a ajudar sua amiga.

– Nem todo mundo.

– Sabe, sim. Comece com o óbvio, ou, se não conseguir, comece com o que não quer. Por exemplo, você se importa se ele fizer parte de uma turma de motoqueiros?

Quinn sorriu e pegou uma carta da pilha. Seu jogo estava se encaixando. Mais uma carta e ela estaria feita. Descartou o valete de copas.

– Por que está tão interessada?

– Ah, faça para agradar uma velha amiga, está bem?

– Certo. Nada de motoqueiro, com certeza – disse Quinn, balançando a cabeça. Pensou por um instante. – Hum... Acho que, acima de tudo, ele teria que ser fiel a mim, a nós, durante o relacionamento. Já tive um homem que não foi e não vou conseguir passar por tudo aquilo de novo. E acho que gostaria de alguém da minha idade, ou perto disso, se possível.

Quinn parou de falar e franziu a testa.

– E...? – Insistiu Santana.

– Só um instante, estou pensando. Não e tão fácil quanto parece. Acho que também gostaria dos clichês: que fosse bonito, educado, inteligente e charmoso. Você sabe, todas as qualidades que uma mulher deseja num homem.

Ela voltou a ficar em silêncio. Santana pegou o valete. Sua expressão mostrava o prazer que sentia em colocar Quinn na berlinda.

– E...?

– Ele teria que se dedicar ao Tommy como se fosse seu próprio filho. Isto é realmente importante para mim. Ah, e teria que ser romântico, também. Eu adoraria receber flores de vez em quando. E atlético. Não consigo aceitar um homem que perca para mim na queda de braço.

– Só isso?

– É, só isso.

– Bom, deixe-me ver se entendi. Você quer um homem fiel, charmoso, bonito, de 30 e poucos anos, que seja também inteligente, romântico. E tem que ser bom para o Tommy, certo?

– É isso aí.

Santana respirou fundo enquanto baixava suas cartas com sorriso de canto, olhou para Quinn e disse:

– Bem, pelo menos você não é exigente. – Abriu um sorriso maior e continuou. – Ganhei.

***

Depois de levar uma surra no Gin Rummy, Quinn entrou em casa para começar a ler um dos livros que levara. Sentou-se no sofá sob a janela, nos fundos da casa, enquanto Santana voltava para seu romance. Brittany encontrou outro desenho na TV e passou a tarde assistindo até Santana se juntar à ela e ficarem em seu mundinho particular..

Às seis da tarde – e, mais importante, depois dos desenhos -, Brittany e Santana saíram para um passeio pela praia. Quinn ficou em casa observando-as pela janela enquanto caminhavam de mãos dadas à beira-mar. As duas tinham um relacionamento ideal, ela pensava ao contemplá-las. Seus interesses eram diversos, mas isso parecia mantê-las juntas, em vez de afastá-las uma da outra.

Depois que o sol baixou, as três foram de carro a Hyannis e jantaram no Sam’s Crabhouse, um restaurante famoso que fazia jus à sua reputação. Estava lotado e elas tiveram que aguardar uma hora por uma mesa, mas os caranguejos cozidos ao vapor e molho de manteiga fizeram a espera valer a pena. A manteiga era temperada com alho, e as três juntas consumiram seis cervejas em duas horas. No fim do jantar, Brittany perguntou pela carta na garrafa que o mar truxera.

– Eu a li quando voltei do estúdio – explicou. – Santana colocou na porta da geladeira.

Santana deu de ombros e riu. Virou-se para Quinn com um olhar que dizia “Eu avisei que alguém ia fazer isso”, mas não fez nenhum comentário.

– Ela apareceu na praia. Encontrei no fim da corrida.

Brittany terminou a cerveja e continuou:

– É uma carta e tanto. Bem triste.

– Eu sei. Foi o que eu senti quando li.

– Sabe onde fica Wrightsville Beach? – Perguntou.

– Não, nunca ouvi falar.

– É na Carolina do Norte. - Ela pegou uma bala de menta na bolsa. – Já estive lá, numa de golfe. Ótimos estúdios. Meio pequenos, porém bons.

Santana assentiu.

– Com Brittany, tudo tem relação com a dança.

– Onde, na Carolina do Norte? – Quis saber Quinn.

Ela tirou o papel da bala de menta e colocou na boca. Enquanto suspirava, e respondeu:

– Perto de Wilmington. Na verdade, pode até fazer parte de Wilmington, mas não tenho certeza. De carro, fica uma hora e meia ao norte da Myrtle Beach. Já ouviu falar no filme Cabo do medo?

– Claro.

– Bem, ele se passava no rio Cap Fear, que fica em Wilmington – explicou Brittany, tentando passar seu conhecimento sobre aquele lugar. – E foi lá que rodaram os dois filmes. Aliás, muitos fimes são feitos lá. A maioria dos estúdios mais importantes tem locações na cidade. Wrightsville Beach fica numa ilha perto do litoral. Um monte de astros e estrelas costumam se hospedar lá quando está filmando nas redondezas. – Terminou, despertando a curiosidade visível de Quinn.

– Como é que eu nunca ouvi falar desse lugar? – Perguntou Quinn ainda perplexa.

– Não sei. – Disse tranquilamente. – Acho que ele é ofuscado pela fama de Myrtle Beach, mas é popular no sul. As praias são lindas, com areia branca e água morna. É um destino fantástico para um fim de semana, se você tiver a oportunidade.

Quinn não respondeu e Santana tornou a falar, com a voz maliciosa e bem humorada:

– Então agora sabemos de onde é o nosso escritor misterioso.

Quinn deu de ombros e disse:

– Pode ser, mas ainda não dá para ter certeza – suspirou cansada. – Talvez eles tenham visitado ou passado férias lá. não significa que ele more no lugar.

Santana balançou a cabeça.

– Não acho. O modo como a carta foi escrita deu a impressão de que sonho dele era real demais para se passar num lugar onde ele esteve uma vez ou duas.

– Você andou mesmo pensando nisso, não foi? – Quinn questionou interessada.

– Instinto – deu de ombros. – A gente aprende a segui-lo, e eu poderia apostar que ele mora em Wrightsville Beach ou em Wilmington.

– E daí? – Falou Quinn fingindo desinteresse.

Santana estendeu a mão na direção de Brittany, pegou uma bala de menta dela, tirou o papel e colocou em sua boca e ficou um pouco pensativa. Gostava muito de bala de menta, em sua cabeça ela não era oficialmente viciada, mas até Brittany aderiu à essa “mania” sua, que parecendo ler sua mente prontamente pegou outra. Santana inclinou-se para frente.

– Já pensou melhor sobre publicar a carta?

– Na verdade, não. Ainda acho que não seria uma boa ideia.

– E se não usarmos os nomes deles, só as iniciais? Insistiu Santana com um pingo de esperança que Quinn mudasse de ideia. – Podemos até mudar o nome de Wrightsville Beach, se você quiser.

– Por que isso é tão importante para você? – Resmungou ainda relutante com a ideia de Santana.

– Porque sei reconhecer quando uma história é boa – disse. – Mais que isso, acho que essa carta seria importante para muita gente. Hoje em dia as pessoas são tão ocupadas que parece que o romantismo está morrendo aos poucos. A mensagem mostra que ele ainda está vivo. – Concluiu.

Quinn pegou distraída uma mecha de cabelo e começou a enrolá-la entre os dedos. Era um hábito de infância, algo que ela fazia sempre que pensava em algo. Depois de um longo instante, enfim respondeu:

– Está bem.

– Vai publicar? – Santana se surpreendeu, achou que teria que fazer um pouco mais de esforço para isso. Afinal, Quinn sabia ser bem teimosa.

– Vou, mas vamos fazer como você disse: usar apenas as iniciais e omitir a parte sobre Wrightsville Beach. E vou escrever uma introdução.

– Que bom! – exclamou Santana, com entusiasmo de uma adolescente. – Sabia que você aceitaria. – Falou convencida, com sorriso nos lábios. – Vamos mandar amanhã fax.

Mais tarde nessa mesma noite, Quinn escreveu à mão o início do artigo num papel de carta que achou na gaveta da escrivaninha do escritório. Quando terminou, foi para o quarto, colocou as duas páginas na mesa de cabeceira e se deitou. Não dormiu bem.

***

No dia seguinte, Quinn e Santana foram a Chatham e digitaram a carta no computador de uma gráfica. Como nenhuma das duas tinha levado um notebook e Quinn insistiu que a coluna não incluísse certos dados, parecia a coisa mais lógica a fazer. Quando o artigo ficou pronto, elas o imprimiram e enviaram por fax. Ele sairia no jornal do dia seguinte.

O resto da manhã e da trade transcorreram como na véspera: as duas fizeram compras, foram à praia, ficaram batendo papo e tiveram um jantar delicioso. Quando o jornal chegou, no dia seguinte bem cedo, Quinn foi a primeira a vê-lo. Tinha cordado cedo e voltara da corrida antes que Santana e Brittany levantassem, então abriu o periódico e leu o seu artigo:

Há quatro dias durante as férias, eu estava ouvindo algumas canções antigas no rádio e de repente Sting cantou “Message in a Bottle”. Movida pela letra apaixonada, corri para a praia a fim de encontrar minha própria garrafa. Logo a encontrei e, como era de esperar, ela continha uma mensagem. (Na verdade, não ouvi primeiro a canção. Inventei isso para criar um efeito dramático. Mas encontrei mesmo uma garrafa contendo uma mensagem muito comovente.) Não consegui tirá-la da cabeça. Embora não seja algo sobre o que eu escreveria normalmente, tenho certeza de que nessa época em que a dedicação e o amor eterno parecem escassos, espero que vocês a achem tão importante quanto eu achei.

***

O resto do artigo era a carta. Quando Santana se juntou a Quinn para o café da manhã, foi a primeira parte do jornal que leu.

– Sensacional – declarou ao terminar. – Ficou ainda melhor do que eu pensei. Você vai receber muitas cartas por causa desta mensagem.

– Você acha?

– Claro que sim. Tenho certeza.

– Mais do que o normal?

– Toneladas – falou com muita segurança. – Eu sinto isso. Aliás, vou ligar para o John hoje e pedir que ele divulgue isso na internet algumas vezes esta semana. Talvez você consiga até que ele saia na edição de domingo de algum jornal.

– Vamos ver – disse Quinn, dando uma mordida num pãozinho, sem saber se acreditava ou não em Santana, mas ainda assim curiosa.


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Notas finais do capítulo

Me desculpem se tiver qualquer erro, não deu para corrigir esse. Mas espero que mesmo assim tenham apreciado.