Depois de muito tempo, Hazel terminou de escrever o que por muitos anos, a manteve ocupada. Tornou-se escritora e aos vinte e três anos está lançando seu primeiro livro. O câncer ainda vive em seu corpo, mas agora já não a domina mais. É algo com que se pode conviver relativamente bem. Ele já não controla mais a sua vida.

Durante esses anos sem Augustus em sua vida, ela resolveu que encontraria uma maneira de ele ser lembrado, ser lembrado para sempre.

Então começou a escrever, tecer ideias.

Escreveu um livro sobre um jovem herói, que seria capaz de se sacrificar por uma boa causa e lutar até seu último fôlego para salvar uma vida.

Um livro de ficção, é claro. Mas com um herói muito conhecido por Hazel. Gus, o Destemido, um excelente guerreiro e respeitado general.

Ela escreveu sobre Augustus, sem ser exatamente sobre Augustus.

Hazel apenas revelou totalmente sua intenção, ao escrever a dedicatória do livro. Tinha a intenção de eternizar a vontade de Gus de se tornar um herói, para poder sempre ser lembrado com orgulho. A dedicatória era exatamente assim:

Bom, já faz um tempo que você se foi. Mas para mim parece que foi ontem que aconteceu, ontem que recebi a notícia de sua morte.

A dor ainda é a mesma que senti no primeiro dia sem você. E claro, que você sabe, a dor precisa ser sentida.

Mas porque tudo tem que ser tão difícil, tão complicado.

Eu sempre visito seu tumulo, mas não é como se você estivesse lá. Eu não sinto você lá. Acho mais fácil encontrar você quando vou até os “Ossos Maneiros” e fico olhando para o nada e falando, com você, claro.

Na verdade, é um monólogo, porque só eu falo. Você não tem como responder, não é?

E este é um dos muitos momentos que sinto minha dor no peito, um dor sufocante e sem cura. É uma dor intensa demais, dor de um amor. Uma dor que você poderia curar, mas você não está aqui.

O que eu não faria para dividir com você os anos de vida que ainda me restam, minha vida poderia ser curta, mas estaria com você, valeria a pena.

Então eu apenas a sinto, a dor, sozinha.

Mas eu não me arrependo nenhum momento de ter te conhecido e ter amado você, com todas as minhas forças. Não me arrependo de ter aceitado você como minha granada, aquela que eu achava que seria para você. Eu apenas agradeço, por termos tido tempo de construir nosso pequeno infinito.

A única consequência é que nunca mais usei a expressão O.K., nunca mais usei mesmo, porque é algo que só tem significado com você.

Eu sofri e ainda sofro muito por nossos dias limitados, por nosso infinito não poder ter sido maior, a única coisa que ainda tenho são nossas lembranças. Que apesar de tudo, parecem menos reais. Não tem o mesmo sentido, lembrar sozinha não é como lembrar das coisas ao seu lado, rir e comentar algo engraçado que só você entenderia, que nós entenderíamos.

Mas agora não existe mais um “nós”, apenas um “eu”. Um “eu” que ainda te ama insanamente, mesmo depois de anos.

Agora eu entendo uma frase que li certa vez. “A única coisa capaz de sobreviver ao tempo e a morte é o amor.”.

Agora sei o que esta frase significa, que a única coisa verdadeira que existe nesse imenso universo, que quer nos esmagar, é o amor.

Esse é o maior legado que podemos deixar no mundo, que amamos e fomos amados.

E você Augustus, foi muito amado, imensamente amado.

E você amou, me amou.

Você nunca será esquecido, eu nunca vou te esquecer. O legado do amor que você carregou no coração, sempre estará vivo. Não será apagado. Mesmo que os dias não sejam mais dias e os anos não sejam mais anos.

Você não será esquecido.

Eu te amo no presente do indicativo.