Obriguei minhas pernas a seguirem em frente, correndo dos monstros que me perseguiam. Alguns metros e curvas depois, acho que consegui despista-los e então pude parar para fazer um descanso e analisar o local aonde eu estava. Parei ainda arfando, o tronco curvado e as mãos apoiadas no joelho, me sustentando de uma queda.

Olhei a minha volta. Estava numa inclinação de grama, na frente de duas vias de carros, com um túnel grande de cimento separando cada lado. A minha frente, depois da segunda rua, mais grama. Eu estava perdida, e sabia que tinha sido uma grande imbecilidade minha tentar achar Percy Jackson, o procurando em um local que eu nunca tinha ido antes na minha vida.

Avaliei minha condição em minha mente. Estava viajando há dias, e nenhum sinal dele. Estava cansada, não só física, mas psicologicamente também. Não dormia a várias horas, e meu estomago se contorcia, denunciando que a última refeição que eu tivera fazia muito tempo. Abri o cantil de água e o virei na minha boca, mas o mesmo já estava vazio e não saciava minha cede há muito tempo.

Caminhei cambaleando até uma árvore que fazia sombra ao meu lado e apoiei minhas costas nela, sentando-me lentamente na grama. Meu corpo todo doía, tanto da longa caminhada quando das lutas que eu tivera com os monstros que me perseguiam. Alguns cortes marcavam meu corpo, sujo há muito de poeira, e tinha sangue seco em minha roupa. Eu estava um trapo, perdida e sem condições de achar ninguém.

Encostei minha cabeça no tronco da árvore, e olhei para o túnel de cimento, por um momento pensei ter visto dois jovens de longe, ambos vestidos de roxo, e olhavam em minha direção. Será que sabiam o quanto eu estava sofrendo? Será que podiam ver se algum monstro ainda me seguia?

Então o local me pareceu muito conhecido, não era tão novo para mim, eu o havia visto no meu sonho. Mas agora não tinha mais jeito, eu não tinha mais forças para levantar. Então repassei o sonho que tivera antes de vir procurá-lo em minha cabeça.

“Ele estava sendo atacado por duas dracnaes, mas era um ótimo espadachim, teria dado jeito nelas em um segundo, por mais persistentes que elas fossem. Ele desferiu dois golpes que as deixaram paralisadas por alguns segundos e ele correu para longe delas. Estava em um local coberto de grama, e mais a frente tinha um declive, que ele desceu correndo. Percy atravessou uma rua correndo, lançando olhares para trás, e chegou ao túnel de cimento. Falou com dois jovens que estavam na porta e entrou lá, sumindo da rua e do meu sonho.”

Agora esse local parecia muito familiar para mim, mas não adiantava nada, eu estava prestes a apagar, quem sabe permanentemente. Pelo menos eu sei que não falhei, cheguei muito perto de achá-lo e cheguei até o local dos meus sonhos. Será que ele saberia que eu estava aqui? Será que ele ficaria feliz? Provavelmente não, ele tinha partido com tanta raiva... Será que ele sabia que eu ainda o amava?

— Oh, Percy... Eu sinto tanto sua falta. Me perdoe, por tudo. Eu te amo. — eu murmurei baixinho.

Lentamente, meus olhos foram ficando mais pesados e minha vista foi escurecendo. Não muitos segundos depois, meus olhos se fecharam totalmente e minha consciência foi embora.