Desabafo de Um Adolescente Confuso escrita por duda_bouvier


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Penultimo Capitulo *--*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/49188/chapter/7

Era o dia da formatura dos meninos do terceiro ano. Alison tinha um primo que iria formar, ou seja, ela estaria presente, junto com David. Jamie estava também (muito linda por sinal), mas ela descobriu que eu andava saindo com a Duda, e nem conversava muito comigo igual conversávamos. Fiquei triste. Eu senti que algo estava para acontecer, mas não sabia exatamente o que. À noite, no horário da festa, nós seguimos pra igreja onde seria o falatório. Aí, enquanto falava os meninos que estavam formando e tal, eu e Duda fomos pro pátio da igreja. Aliás, nós não. Ela. Ela viu David lá (eu tinha visto também) sozinho, como quem procurava alguém. Ela chegou nele, eu fui atrás e nós três ficamos pasmados. Alison, descaradamente, indecentemente, escandalosamente e sei lá mais o que, grudada ao pescoço de seu primo, que ao invés de estar lá dentro ouvindo a formatura dele, aproveitou-se pra agarrar Alison na porta da igreja. David ficou altamente sem graça, que não queria nem olhar pros lados e saiu cabisbaixo. Depois do fato, Alison soltou seu primo e olhou pro lado e ao ver David saindo, sorriu. Aqueles sorrisos de vilão de filme quando faz algo que não agrada a maioria dos expectadores, alguma tragédia, melhor dizendo. David sentou na beiradinha da grade da igreja, e ficou lá, quieto, sem graça, triste, sei lá o que se passava na cabeça dele. Duda passou perto dele, como quem gostaria de ajudar, mas seu orgulho não deixou e ela foi embora lá pra dentro. Eu não fiz isso. Fui lá conversar com ele, afinal, ele era meu melhor amigo (apesar de tudo). Só que ele não quis falar comigo. Não gostei, mas também não achei errado. Finalmente tinha caído a ficha do que ele tinha feito e talvez agora ele tentaria arrumar a besteira que ele tinha feito. Depois da formatura eu fui procurar ele, que estava com os olhos vermelhos. Deve ter chorado mais cedo.

            - Hey David! – chamei. Ele olhou pra trás, altamente vergonhoso. – Calma, vem cá!

Ele veio, contando os passos.

            - o que você quer comigo agora?

            - Calma! Não vou comentar aquilo que eu vi. Isso não é da minha conta. Mas só pra te relembrar, qualquer coisa, você chama lá em casa.

            - Ok...

Não agüentei e dei um abraço nele. Não agüento ver ele triste daquele jeito.

            - E agora Seb, o que eu faço? To sem Alison, sem Duda, sem moral, sem nada! Todo mundo fala que eu fui o maior cachorro da escola. Mas não fiz isso por meu querer, você sabe disso.

            - Ah, fica calmo, rapaz! A Duda não é a única garota do mundo, tem muitas outras parecidas com elas, e talvez até melhores. Já a Alison, eu não digo nada.

            - Mas eu gosto delas.

            - Peraí, você disse no plural? Elas?

            - É... Ah Sebby, é difícil te explicar, porque você não gosta nem de ouvir falar o nome da Alison, mas eu não sei... Eu não sei se gosto dela, o que passa na minha cabeça é tudo muito confuso. Mas eu ainda sofro mais é por causa da Duda. Dela que eu gosto e tenho certeza. Sofro muito quando vejo ela fazendo hora e ciúme com a minha cara. Ainda mais quando é com você.

 Puts! Senti Judas aqui agora. Pensei um pouco e disse pra ele, com a maior certeza e disponibilidade do mundo.

            - Olha David, não é eu que invisto pra cima dela. Ela que fica me provocando, mas também não posso ficar parado sem fazer nada, né? Aí às vezes, a gente fica junto sim, mas não passa disso. Ela queria que eu pedisse ela em namoro, pra fazer ciúmes em você, mas eu falei que não. Não, porque você fez o mesmo pra que eu não sofresse. Apenas paguei o que você fez por mim. Mas a minha vontade era de namorar com ela sim.

Ele sorriu. Aquilo pra mim foi o máximo! *-*

            - Obrigado Seb. Fico feliz com isso. Você é um amigo de verdade!

            - Me esforço pra isso. Mesmo às vezes fazendo papel de bobo...

            - Para com isso! Mas a Jamie que não ficou feliz com isso, né?

            - É verdade... Ela ficou com raiva de mim. O que eu faço?

            - Não faço a mínima de como te ajudar. – diz ele. Depois David ficou pensativo e me disse: - Olha, pra tentar compensar tudo que você fez por mim esse tempo todo, eu jogo idéia na Jamie pra você. Vai ficar um casal bacana vocês dois.

            - Serio? Você faz isso?

            - Claro!

            - Uma troca então! Você joga idéia de volta na Jamie pra mim e eu faço o mesmo com a Duda.

David arregalou os olhos pra mim.

            - Você seria capaz de fazer isso por mim, mesmo você gostando da mesma menina que eu?

            - Faço sim. Isso seria um roubo eu ficar com uma garota que já tem dono. A Duda é sua, David. Não posso ficar com ela.

            - Sébastien, você é de verdade? – disse David, me apertando, cutucando, beliscando...

            - Sou sim! E para, ta doendo!

            - Cara, não sei como te agradecer tudo o que você fez e ta fazendo. Acho que não sou nem metade do que você é, e me envergonho disso. Não sei se seria dessa maneira contigo.

            - Não esquenta com isso! O que eu menos quero é ficar com a consciência pesada.

            - Cara! Você é um irmão pra mim, viu? Não queria dizer não, mas eu amo você.

            - Eu também, seu David idiota! Eu também!

Nos levantamos juntos e voltamos pra casa, como se nada de errado tivesse ocorrido nesse curto espaço de fim de ano. Duda achou aquilo estranho pra caramba e depois ela foi lá em casa, me perguntar o que tinha acontecido. Respondi que eu não tinha motivos suficientes pra crucificar o David, por mais que ele tivesse errado. Ela não gostou disso, ao contrario da minha mãe, que escutou a conversa.

            - Que legal Seb. Vejo que você se importa com as pessoas que gostam de você. Mesmo com toda essa turbulência que a amizade de vocês sofreu você teve coragem de estender a mão pra aquele que te traiu. É raro achar esse tipo de pessoa nos dias de hoje e me alegro muito que uma dessas seja você, meu filho!- elogiou minha mãe. Não queria dizer não, mas me derreti depois disso.

            - obrigado, mãe. Mas eu só faço o que eu gostaria que fizessem comigo. E outra... O David é meu amigo não é de hoje... Sei lá... Seria muito estranho eu não ajudar. Ficaria bem mais mal falado que ele.

            - Para Seb! – pediu Duda.

Depois disso, ela foi embora pra casa dela. Ela iria viajar pro outro lado do país, ficar uns dias na praia com a família dela. E ela não perdoava David de jeito nenhum. Até que no dia em que ela iria viajar, eu e ele fomos falar com Charlles.

            - Charlles, presta atenção! Sabe quando você pega um quebra-cabeças e percebe que as peças se encaixam perfeitamente? Então, assim é o David e a Duda, sua irmã. Eles começaram uma história juntos e não terminaram. - dizia eu a ele, até que David me interrompeu:

            - E nós não vamos terminar! Que historia é essa? Você vai me ajudar ou não vai?

            - Dá pra esperar? Quando eu quis dizer terminar, eu quis dizer que...

            - Hey, vocês poderiam andar mais depressa com essa lengalenga ai, que daqui a pouco meu pai me chama, aí só em janeiro... –disse Charlles, meio estupidamente, mas ele não é mais o mesmo desde a morte de sua mãe. Eu dou o desconto de ficar um pouco frio, até ele acostumar e entender o que aconteceu de fato. É difícil até pra mim, imagina pra ele?

            - Ta bom. O negocio é o seguinte: a sua irmã ainda gosta do David e finge que não gosta. Ele ta arrependido, e quer conversar com ela, mas ela nem dá idéia pra ele. A gente queria saber se você podia ir conversando com ela, vê se ela aceita pelo menos voltar a falar com o David.

            - é pelo amor de Deus! Eu sei que é difícil aceitar o erro das pessoas, mas, o que custa ela parar pra me ouvir? –disse David, desesperado.

            - Calma... É pra minha irmã que você tem que desabafar, não pra mim... Mas ta bom, eu falo com ela. Ela gosta de você ainda sim, David. Ela que se faz de difícil.

            - Eu imagino... Ela é uma garota.

            - Mas se vocês me dão licença, eu ainda tenho que terminar de arrumar minha mala. Eu vou falar com ela. Antes das três, vocês a procurem aqui em casa. Falou pra vocês. – disse Charlles, saindo.

Dito e feito, às duas e meia, David foi atrás dela. Eu fiquei do canteiro da minha casa, observando. Confesso que tava com o coração na mão. Se eu visse os dois se beijando de novo, seria um baque tremendo. Mas o lado bom, é que Jamie tinha voltado a conversar comigo. Até nos pegamos de novo na porta da escola (mesmo não tendo mais aula. É perto da casa dela mesmo)! Tudo graças ao David, então, eu tinha que cumprir o que prometi. Lá vinha a Duda com as malas dela. Alias a bolsa dela, porque a mala mesmo quem carregava era o irmão dela. David foi falar com ela. Não consegui ouvir o que eles conversaram. Mas eu sei que ele pediu pra voltar com ela, e na hora que ela ia responder, o pai dela chamou ela, que entrou no carro e nem deu tchau pro coitado do menino, que ficou lá, parado em frente à casa dela, com cara de choro. Eu ia lá nele, mas a mãe dele chegou primeiro. Ela tava lá, tirando a franja dos olhos dele, enquanto ele a abraçou e certamente chorou nos braços dela.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Desabafo de Um Adolescente Confuso" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.