The Cruel Beauty escrita por Tsu Keehl


Capítulo 51
Capítulo 51


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores!
Demorei novamente para atualizar, questão de quase um ano de novo! Mas em minha defesa esse ano está acontecendo tanta coisa, mas tanta coisa que olha...foi um começo de ano repleto de turbulências e problemas, mas depois graças aos deuses as coisas foram melhorando e estou numa agitação total com outros projetos, principalmente no cosplay. E estamos no primeiro ano pós pandemia então é ano de recuperar o tempo perdido de rolês que não pudemos ter.
Em consequência, a produção escrita não é mais a minha prioridade principal, então acabo focando nela menos do que em outras coisas. Mas sigo continuando a tentar me manter ativa e produtiva!
Esse capítulo foi demorado para escrever, levei real muito tempo porque com a história chegando bem no fim, preciso tentar seguir da melhor forma que é possível dentro do que tenho para não estender demais e acabar demorando mais ainda para terminar.
Mas procurei fazer o meu melhor no momento. Agradeço demais a galera que me incentiva com comentários a continuar e os novos leitores que surgem!
Estou trabalhando para poder entregar um desfecho legal pra trama. Boa leitura!



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~*~

Criando coragem, Cruello pegou o filhote na mão, erguendo-o próximo de si. O filhote tinha uma textura estranha e era mole, parecia um rocambole. Notou que o filhote começava a mostrar pintinhas na pele, típicas da raça. Cruella Devil sempre gostara da pelagem de dálmatas, inclusive foi esse gosto obsessivo que acabou se tornando uma de suas grandes quedas sociais.
Pelagem de dálmatas...
Colocando o filhote na mesa, mais especificamente dentro do seu estojo de lápis, Cruello sussurrou para que o filhote ficasse quieto (não que tenha dado muito certo, pois Fofucho começou a roer a base do estojo) e começou a rabiscar no desenho a sua frente. Era isso, um tema voltado ao monocromático, ao preto e branco, ao...
Então um grito ecoou, parecendo vir das montanhas.
— CRUELLO CHRISTIAN DEVIL!!!!!
   Cruello teve um sobressalto ao ouvir seu nome completo ser dito em alto e bom tom e se virou assustado. E, ao olhar para o que seria a entrada que dava acesso ao chalé em que estava, viu que dois carros estacionavam e dele saíam pessoas. Pessoas que o deixavam em um misto de assombro e indignação.
  Do carro vermelho surgiu Scarlet Medusa, acompanhada por Alfred, Yumie e Hans. Do carro preto além de poder ouvir latidos que vinham do interior do mesmo, surgiram Valder, Nanny e, para seu horror, Patrick Star.
  O bando de pessoas, ao verem Cruello na varanda do chalé começaram a falar entre si enquanto se aproximavam (Scarlet abriu o portãozinho).
— Finalmente achamos você! Como você ousa dar esse chá de sumiço sem avisar ninguém, com um monte de trabalho para fazer na Devil’s, me deixando sobrecarregada...
— Cara, geral ficou intrigado com seu sumiço, ainda mais levando a Igraine junto. – Alfred começou, mas foi cortado por Yumie.
— Eu juro que te acho um cara legal, mas quando você sumiu levando a Igraine, eu comecei a cogitar que você pudesse ser um psicopata que sequestrou minha amiga pra cometer um crime! Cadê ela?!
— Realmente essa é uma coisa que deixou a gente preocupado. – Valder caminhava ao lado de Yumie. – Conhecemos a Igraine há anos e ela não ficaria sem dar notícias. Realmente ou você é muito persuasivo ou a levou á força...
— Não se preocupe, parsa! – Hans se aproximou segurando uma maleta. – Eu já montei previamente uma defesa para você caso seja necessário! Se bem que terá que desembolsar uma grana afinal, se for caso de cárcere privado...
— Um absurdo! Absurdo!
   Patrick Star procurava tomar a frente dos demais em direção ao chalé, segurando um pequeno pau de selfie no qual seu celular estava preso.
  Cruello permaneceu estático, olhos arregalados para as pessoas que avançavam na direção do chalé, ainda segurando uma caneta na mão e o pequeno Fofucho na outra como se ele fosse um sanduíche. Não era possível que aquelas pessoas estivessem ali, que tinham descoberto aquele lugar.
  Ele ouviu uma mistura de latidos diferentes e então DoisTons passou correndo por ele e foi cumprimentar com firulas e lambidas o outro dálmata que saíra do carro. Romeu. Por alguns segundos, Cruello observou os dois cães se cheirarem e brincarem, os rabinhos abanando freneticamente.
— Ei, acorda criatura!
  Scarlet estalou os dedos á poucos centímetros do seu nariz e Cruello piscou, a encarando irritado.
— Não me olhe com essa cara de indignação, não! Eu é que deveria estar com essa cara pelo que você fez! Onde já se viu sumir levando a namorada junto, sem avisar ninguém, sem deixar as ordens e diretrizes na Devil’s?! Tá achando que a empresa é bagunça?! Estamos precisando planejar os novos outfits, a próxima tendência, a campanha de marketing, a logística e distribuição, a contratação...e eu não posso ficar tendo que decidir tudo sozinha! E por que você tá segurando essa coisa?!
— Eu o... – Cruello olhou para o que ela apontava e viu que ainda tinha na mão, o pequeno Fofucho.
— Hãn...o quê eu...eu não...
— Era só o que me faltava.... – Scarlet murmurou. – Você queria tanto que a Igraine aderisse aos seus gostos, mas é você que está...
— Não estou!
  Ele olhou ao redor, procurando onde colocar o filhote, mas como não achou nenhum lugar, continuou o segurando.
— Ah, deixa pra lá! – Scarlet resmungou. – O caso é que você não pode simplesmente sair de férias sem avisar ninguém e nem...
— Eu só quis meter o louco um pouco! Eu vivia fazendo isso no passado!
— No passado! – repetiu Scarlet. – Quando não era você quem comandava a Devil’s e tampouco era o rosto principal da marca!
— Ai que saco, me deixem em paz!
— Cruello, o que você está fazendo com...
  Igraine parou na porta, estática, segurando um bule na mão. E ao vê-la, a atenção de todos os presentes em cima de Cruello foi para ela e logo a garota se viu rodeada de pessoas que conhecia, todas falando ao mesmo tempo.
— Igraine! – Yumie a abraçou. – Você está bem?  Eu tive tanto medo que você pudesse virar assunto de podcast criminal!
— Seguinte, Igraine. Agora você tá segura. – Valder colocou a mão no ombro dela. – Se aconteceu alguma coisa, não tenha medo de falar...
— Igraine, eu sou o advogado do Cruello. – Hans se aproximou, sério. – E estou aqui para representá-lo diante de uma eventual denúncia e oferecer um acordo para que o processo não seja...
— Como você foi tão mentecapta de aceitar essa ideia do Cruello de fugirem juntos? – rosnou Scarlet. – E eu sei que foi ideia punk dele, porque você não teria capacidade de planejar algo assim. Mas aceitar sabendo de todas as responsabilidades e consequências que podem ter é muito...
— Igraine, eu tentei, mas não consegui! – Nanny estava com os olhos marejados. – Todos foram muito persuasivos e...
— Hey, isso é café? – Alfred cheirou a fumacinha que saía do bule. – Me oferece uma xícara?
— Igraine Radcliffe! É ela, finalmente a encontramos! – Patrick Star se embrenhou no meio das pessoas e chegou até a jovem. – Ela está aqui! E, em primeira mão, a entrevistarei logo após o sequestro...
— Mas o...sequestro?! Do que você está falando? Do que vocês estão falando?!
— Após ter sido sequestrada pelo seu então namorado, o estilista e herdeiro da Devil’s, Cruello Devil, a simplória ativista da causa animal, Igraine, foi encontrada em um cativeiro de classe alta. Mas não se enganem, caros seguidores! O que estão vendo diante de vocês, ao vivo e em primeira mão, é o exemplo do quão abusivo e tóxico é alguém ter um relacionamento amoroso com um Devil!
— Mas o que você tá faland... – Igraine se aproximou de Patrick, que falava para o celular. – Peraí, você tá filmando?!
— Eu tenho compromisso jornalístico com a verdade! Achou que poderia cometer um crime e se safar, Cruello? - Patrick tratou de tomar a frente em direção á casa, o celular erguido como se estivesse fazendo um filme em estilo found footage. - Vim aqui para flagrá-lo e desmascará-lo! Onde já se viu cometer tamanho ato criminoso com a sua namorada?! Isso é um claro sinal de relacionamento tóxico e abusivo! E eu, Patrick Star, vou denunciar ao vivo na minha live do Instagram!
  Igraine levou as mãos á cabeça, assustada. O que deveria fazer?
— Onde está o Cruello?
  A dúvida de Scarlet foi respondida quando Cruello (que sorrateiramente havia entrado no chalé) saiu da cozinha empunhando uma grande faca.
— Fora daqui, todos vocês!
— Mas o...
— EU VOU MATAR TODO MUNDO!
  Cruello brandiu a faca descontrolado sob o olhar chocado de todos os presentes. Quando ele parou, Igraine corajosamente se aproximou e tirou a faca de suas mãos.
— Cruello, pela deusa! Pare com isso! Ficou doido?!
— Não tem como ele ficar doido sendo que ele já é! – falou Scarlet. – Tá perdendo o pouco de noção que tem, criatura?!
— Eu não aguento mais! – ele despejou. – Vão embora! Xô! Sumam!
— Cruello, pare com isso pelo amor do judiciário! – pediu Hans. – Assim vai ficar mais difícil ter argumentos pra te defender!
— Sempre é possível alegar insanidade temporária... – Alfred murmurou, mas ninguém deu ouvidos.
— Caramba, eu tava realmente concluindo que o Cruello era um cara de boas... – Yumie abraçou a amiga, como que tentando protegê-la.  – Mas agora com ele louco e armado assim, eu tô vendo um monte de caso de crime passional passando na minha mente. Igraine, pula fora!
— Calma, gente. Eu trabalho com o Cruello há tempos e não acho que ele...
— Concordo com o Valder. – Nanny falou. – Acho que estamos radicalizando e nos precipitando em julgar...
— Olha, desse capacho ficar defendendo o larápio do Cruello eu até entendo. – Patrick se intrometeu. – Mas você defender o Cruello depois de tê-lo espancado na rua com uma vassoura é no mínimo bizarro! Ele tá te pagando quanto?
— E eu lá sou mulher que se vende pra defender os outros?! O senhor me respeite! – Nanny corou, ofendida e constrangida. – E eu não estou defendendo, estou só dizendo para sermos imparciais até tudo ser esclarecido!
— Calem-se, calem-se! Estão me deixando looooucooo!
— Ah, lá ele. Deu siricutico. – Patrick colocou ambas mãos na cintura, olhando para Cuello. – Vai começar a se fazer de vítima para colocar todos nós como os errados nessa situação!
— Mas é isso que vocês são mesmo!
O bate-boca entre Cruello e Patrick se deu início e, enquanto todos os demais tornavam a rodear ambos, falando todos ao mesmo tempo com suas indiretas e comentários aleatórios.
— Eu vou embora! Eu vou voltar pra Devil’s e retomar meu trabalho, entendido?! – Cruello gritou e todos se calaram. – É isso que todos querem, não é? Podem ir picando a mula de vocês que eu também tô picando a minha!
— Mas nossa, que grosseria! – Nanny colocou ambas mãos na cintura.
— Cruello é sempre assim. A gente tenta ajudar e leva patada. – Hans resmungou. – Depois é processado e toca eu ter que correr pra montar uma defesa, subornar funcionários públicos, contratar agência para manipular opinião pública...
— Ele precisa voltar ao trabalho, os investidores, a equipe de marketing, a equipe de produção, todos na Devil’s precisam do aval do Cruello para dar andamento...- Scarlet se pôs á frente, encarando Cruello. – Eu não posso fazer tudo sozinha, já tenho um monte de coisas pra resolver e um bando de profissionais mentecaptos para comandar! Você não pode simplesmente deixar a empresa assim e se manter incomunicável por dias! Ainda mais nessa época de produção da nova coleção!
— Eu sei disso!
— Então por que sabendo você vai e faz isso?!
— Eu só precisava descansar um pouco!
— Descansar levando a namorada junto?! Do jeito que vocês vivem no cio tentando sempre se catar, descansar é o que você não fez esses dias!
— Ei, também não é assim! – ralhou Igraine, ofendida. – Não somos animais no cio e o Cruello mais trab...
— Parou, parou a ladainha! Eu já tô indo embora daqui, só vou pegar minhas coisas e entregar as chaves do chalé lá na entrada!

~*~

Igraine acompanhou Cruello para o interior do chalé. Ele foi até o quarto, pegando uma de suas várias malas de viagem e começando a jogar dentro, bruscamente, as peças de roupa que deixara espalhadas (ou cuidadosamente colocadas) pelo local. Abriu sua enorme frasqueira e jogou nela que estava sobre a cômoda. Igraine observou, com certo receio, pela entrada do quarto.
Já vira muitas vezes Cruello irritado, dando piti e arrumando confusão. Ele era uma pessoa estressada e barraqueira e a atitude que tivera poucos minutos atrás só reforçava isso. Mas em todas ás vezes era exagerado, quase como um dramalhão. Que terminava com Cruello causando, vestindo algum casaco ou echarpe que fora de sua falecida tia e acendendo um cigarro.
Mas agora ele havia batido a porta do chalé e trancado assim que haviam entrado, deixando todos os demais do lado de fora (podia ouví-los conversarem pois ninguém ali fazia muita questão de falar baixo).
Foi então que, enquanto olhava Cruello recolher os pertences nas malas, a lembrança recente voltou á mente da garota.

~*~

Igraine rolou pela cama, despertando ao notar que havia muito espaço disponível ali. Tateou o colchão e abriu os olhos. Mesmo na pouca claridade do quarto, percebeu que estava sozinha.
Onde estava Cruello?
Meio cambaleante devido tanto ao sono quanto ao sexo que tivera antes de dormir, Igraine vestiu o robe de seda por cima da minúscula camisola que vestia e saiu do quarto.
O chalé era pequeno e não demorou para avistar Cruello na sala, deitado no sofá com uma prancheta de desenho em mãos, rabiscando efusivamente algo no papel. Na mesinha de centro ao lado, o notebook ligado com o que parecia ser um catálogo de moda.
Cautelosamente, Igraine se aproximou, sem fazer ruído, a fim de saber o que ele estava fazendo (e também dar um pequeno susto nele).
— Não adianta tentar porque eu já notei.
Igraine parou enquanto Cruello virava o pescoço para vê-la e Igraine notou que ele estava usando óculos.
Oh. Cuello ficava bonito de óculos mesmo com os cabelos despenteados. Se aproximou, enquanto Cruello se apressava em guardar o que estivera fazendo.
— Pára com isso. – ela resmungou, se sentando na beirada do sofá. – Eu não vou roubar suas ideias! Não serviria de nada pra mim.
Cruello não respondeu, colocando a prancheta dentro de uma pasta. Igraine estreitou os olhos, contendo a vontade de belisca-lo e voltou-se para o notebook na mesinha de centro, notando uma extensa planilha cheia de informações.
— Você disse que não iria trabalhar enquanto estivéssemos aqui!
— ...e não estou.
— Não? E o que é isso que você está fazendo as três e oito da madrugada? Entrando em contato com o demônio?
— ...por que disse tão especificamente o horário?
— Eu assisti um filme uma vez que diz que essa é a hora do demônio. – Igraine falou, ambas mãos na cintura, convicta.
“Seria por isso que titia tinha o hábito de...”
— Larga isso e descanse!
Cruello não se mexeu por alguns segundos, mas acabou acatando aquela ordem. Colocou a prancheta sobre a mesa (tomando cuidado de deixar uma folha em branco por cima da folha em que estava desenhando, o que Igraine achou exagero) e tirou os óculos. Recostou-se no sofá, suspirando.
— O que eu me tornei?

“Hum...? Ele vai ter crise existencial agora? Bem no meio da madrugada?”

— Chegar ao ponto de ser repreendido pela namorada por eu estar trabalhando demais e dar atenção de menos para ela...
— ...isso não é novidade...
— O quê?
— Nada. Você é um workaholic mesmo. Mas precisa se colocar uns limites.
 Cruello ignorou o comentário e continuou seu monólogo.
— E pensar que há dez anos atrás eu era contra o sistema capitalista que condiciona pessoas a se tornarem fissuradas em trabalho. Eu só queria saber de me divertir, de aprender coisas que eu gostava, mas sem pressão, de ir pro rolê curtir, encher a cara, arrumar briga, passar o rodo e provocar o sistema...eu tinha um baita visual, era popular de um jeito diferente...eu não... sofria pressão para ter que ser o que deveria ser, cumprir as expectativas que esperavam de mim. Mas então, comecei a ser adestrado para me tornar o herdeiro da Devil’s.
Igraine manteve-se calada. Cruello não era de falar sobre seu passado, sempre desviava do assunto quando tentava abordá-lo sobre. Então, ele estar falando naturalmente sobre era um fato inédito e...interessante.
— E ser adestrado e doutrinado por Cruella Devil não é algo que você esquece. Titia era uma pessoa severa, mas detentora de muito conhecimento. E eu precisava aprender tudo, tive que profissionalizar...eu fiz tanto curso, passei tantas horas desenhando, costurando, modelando que quando percebi, minha vida de antes morreu e eu nem pude me despedir dos rolês.
Ele pensou um pouco e continuou.
— Mas era uma transição necessariamente obrigatória para...me tornar o Devil digno que sou hoje.
Cruello parou sua narrativa e olhou com o canto de olho, sentindo um arrepio. Igraine o encarava fixamente, totalmente focada em sua narrativa, quase sem piscar. Cruello retesou o corpo, incomodado. Aquilo era um pouco assustador e percebeu que tinha se aberto um pouco mais do que deveria para um Devil do seu nível.
— Enfim, chega disso! – ele falou, decidido. – O que importa é “Quem veste Devil’s não é qualquer pessoa e não é qualquer pessoa que veste Devil’s”
já dizia titia!
Pegou a prancheta com as folhas.
— Preciso só organizar esses desenhos para já chegar depois de amanhã na Devil’s com uma parte dos modelos prontos para a equipe de confecção iniciar o trabalho e... – ele verificou a extensa tabela na tela do notebook. - Ah mas isso aqui está com as medidas alteradas e os bordados precisam...
Igraine notou que, embora Cruello estivesse focado, ele também parecia cansado. Respirando profundamente, Igraine armou-se de coragem e puxou o notebook das mãos do rapaz, o colocando sobre a mesa e o puxando pelos ombros para que deitasse a cabeça em seu colo.
— Mas o que você...!
— São três da madrugada, você praticamente me sequestrou até esse chalé para que passássemos uns dias de descanso longe de todos que vivem nos aporrinhando e rodeando! Fica quieto e relaxa! Aproveite sua namorada!
— Olha só...pra quem antes era cheia de doce e não me toques agora você está bem ousadinha...– ele relaxou. – Mas está bem. Me faça um cafuné, mas faça direito!
— Ora, acha que não sei fazer cafuné?
— Saber você sabe. Mas eu lembro daquela vez que estive nessa mesma posição, recebendo cafuné e acabei recebendo baba sua caindo na minha boca porque você dormiu sentada!
— Foi só uma vez! – Igraine falhou com voz fina, sentindo-se corar. – E eu não babei, só acabei dormindo!
— Certo...vou ficar atento aqui fingindo que estou olhando seus peitos só pra garantir...
— Ordinário.
— Mas bem que você gosta.
Sorriram um para o outro.

~*~

Igraine saiu de suas lembranças recentes ao ouvir um baque causado pela mala que Cruello batera no chão após fechá-la com certa dificuldade, pois havia apenas amarrotado as roupas dentro em vez de dobrá-las. De súbito, suprimiu a distância que a separava dele e o abraçou pelas costas.
— O...o que está fazendo?
Igraine não respondeu, mas Cruello soube que não precisava ouvir a resposta, pois já sabia. Suspirou, aceitando aquele abraço por alguns segundos antes de tirar delicadamente os braços dela envolta do seu corpo e se virar.
— Tá tudo bem. Isso aí é de praxe de acontecer. As pessoas não podem ficar sem Cruello Devil na vida delas direcionando-as em seus afazeres.Foi mal termos que voltar antes do previsto e o último dia ter virado esse caô. Não queria que acabasse assim, raposinha.
— Tudo bem. Eu entendo que você tem muito trabalho pra fazer, pessoas pra comandar... claramente a Devil’s não funciona direito sem um Devil lá.
— Deveras. Titia dizia a mesma coisa quando eu reclamava que me sentia sendo explorado por ser o comandante da empresa.
Ele pensou um pouco, deu um beijo rápido nos lábios dela e a encarou.
— Não se preocupe, eu estou bem acostumado! E os dias aqui já pude descansar para aguentar as semanas que virão.
Igraine o encarou em silêncio e Cruello mexeu nos cabelos.
— Vamos, raposinha. É melhor você arrumar suas malas ou quer que eu arrume? Porque aquele bando lá fora não vai demorar muito para...
Cruello parou de falar pois ao olhar na janela, viu algo que acontecia lá fora. Igraine espichou o pescoço para ver. Ali, estacionado perto dos carros, havia uma viatura de polícia e Igraine reconheceu, do lado do policial, o porteiro do condomínio de chalés e o síndico do local.
— Mas que droga... – Cruello falou entredentes. – Ficaram fazendo barulho num lugar que não pode!
Com um suspiro e mais uma passada de mãos sobre os cabelos, Cruello acendeu um cigarro, empertigou o corpo e saiu do quarto, disposto a resolver a situação.
Sozinha ali, Igraine sentou-se na cama, observando a mala recém feita de Cruello e sabendo que teria de arrumar a sua própria. Realmente, os dias tranquilos e íntimos haviam sido curtos, mas neles pode ver e perceber um pouco de um outro lado de Cruello...
Ou seria de Devs?
Sorriu consigo mesma. Era só o que faltava. Agora até ela estava dividindo Cruell e Devs sendo que ambos eram a mesma pessoa. Apenas...de épocas diferentes.
E sem o moicano.

“Poxa...eu gostaria de transar com o Cruello na sua fase de punk com moicano...”

Igraine balançou a cabeça, corada. Tinha que parar com essas fantasias taradas. Essa era uma fantasia sua na época da adolescência, não precisava ficar pensando nisso sendo que tinha o próprio Devs ali, só que agora era Cruello.
— Ai que droga, Cruello! Você me deixa confusa com essas suas versões!
Resmungando, Igraine se levantou e tratou de começar a arrumar as malas enquanto ouvia as pessoas falando alto do lado de fora com a voz de Cruello se sobressaindo entre todas, obviamente.

~*~

Uma semana havia se passado.
Todos seguiam com suas rotinas. Até mesmo Igraine sentia-se cansada. Pensou que, enquanto a rotina de Cruello estivesse atribulada, a dela estaria sossegada, porque era assim a maior parte das vezes. Mas a ONG Bicho Alegre vivia momentos de intensos acontecimentos. Desde a vinda de uma ninhada de gatinhos abandonados que precisavam ser devidamente tratados antes de serem postos para adoção, conferir a validade e condições das rações, produtos de higiene e demais itens que estavam estocados no armazém, monitorar a recuperação de um gambá resgatado na estrada, entrar em contato com fornecedores e doadores...e como se não bastasse isso e as atividades rotineiras que já costumava fazer. Em suma, Igraine sentia-se exausta. Mas não reclamava porque apesar de todo o trabalho, havia algo positivo que fazia tentar dar o seu melhor.
Fazia cerca de quatro dias que a ONG recebera uma grande doação financeira, proveniente de um fornecedor que escolhera não ter sua identidade revelada e essas doações estavam ajudando na compra de rações e medicamentos. Yumie dissera que, se esse doador continuasse ajudando, poderiam comprar o terreno baldio ao lado, assim podendo ampliar as instalações.
Ela e Yumie estavam na sala de Yumie, terminando de lanchar antes de voltarem ao “segundo round” do trabalho. Era o momento que tinham para conversar sobre assuntos não relacionados aos afazeres e pendências da ONG.
— Se você está preocupada com o Cruello, se acha que não estão conversando direito, porque você não vai lá na Devil’s?
— Ah,não! - Igraine prontamente negou a proposta de Yumie. – O Cruello está muito atarefado esses tempos. Uma correria total por conta dos preparativos para o próximo lançamento de moda da Devil’s. Tem a criação das roupas, a confecção delas, os acessórios...
— Ai, eu sei! Você me fala isso sempre toda vez que reclama sobre não tá tendo atenção do Cruello nessa última semana!
— Bom, não é que ele não está me dando atenção...ele tem mandado presentes da Devil’s pra mim, mas...
— Mas não é bem o tipo de atenção dele que você quer, né? – Yumie suspirou. – Ah, se fosse comigo, eu ia adorar receber presentes chiques do meu namorado...ainda mais peças de marcas caras. Você tem ideia de que pode ter todo um guarda-roupa exclusivo da Devil’s tipo...de graça?!
— Falando em namoro ... – Igraine tratou de desviar o assunto. – Você e o Alfred estão mesmo namorando?
— Vamos voltar ao trabalho! – Yumie se levantou da cadeira, tornando a vestir seu jaleco. – Tenho uma consulta com aquela calopsita que acha que é uma harpia!
Igraine suspirou. Por quê todas as pessoas próximas á ela gostavam de desviar de responder certas perguntas quando lhes perguntava?
Entretanto, Yumie tinha razão. Se estava preocupada com o fato de Cruello não estar lhe dando atenção com exceção de lhe enviar presentes aleatórios via entregador particular (vulgo Alfred ou mesmo Valder, aproveitando para fazer uma visita á Nanny) e conversas rápidas por mensagens de texto ou áudio no whatsapp. Quando resolvera ligar para ele, Cruello falara pouco e disse que logo tinha de desligar para voltar ao trabalho.

“Será que ele está fazendo isso pra esconder que tá me traindo?”

— Não, não, pare com isso, Igraine! Não coloca paranóias na cabeça! – repreendeu a si mesma. – O Cruello só está cheio de trabalho, nem nas redes sociais ele tem postado!
Terminou de comer a barrinha de chocolate e se levantou, decidida. Ia voltar ao trabalho, mas amanhã era sábado e já sabia o que fazer.

~*~

Igraine olhou, através do vidro, para o suntuoso prédio em que situava-se a Devil’s, em uma das áreas comerciais mais requintadas de Londres. Mesmo tendo dito inúmeras desculpas como razões para não ir até lá, no fim acabara acatando a opinião (e um pouco de imposição) de Yumie. Como sempre, a amiga estava certa.
Pagou o taxista e desceu do veículo. Respirou profundamente, subiu o pequeno lance de escadas e entrou.
Como imaginava, a Devil’s estava com a movimentação ao máximo. O horário comercial estava para acabar, mas ela via claramente que nenhum funcionário ali parecia estar se preparando para ir embora.
“Espero que o Cruello esteja pagando direitinho a hora extra deles...”
Conforme caminhava na direção da sala do presidente da empresa, Igraine sentia ocasionais olhares sobre si e quando percebia, tentava acenar ou dar um sorriso discreto. Tentou manter a calma, embora sua mente a inundasse com questionamentos acerca do que as pessoas poderiam estar pensando e cochichando sobre ela. Afinal, embora não visse mais comentários do fandom de Cruello lhe criticando, ainda assim sentia que a presença dela destoava daquele ambiente. Ela não era elegante e “fashion” para alguém que namorava o dono de uma empresa de moda cara e consagrada.
— Com licença, posso ajuda-la?
Igraine virou-se para o rapaz magrinho de cabelo colorido, roupas justas e grandes óculos que  havia se aproximado. Percebeu que atrás do balcão da recepção, as demais atendentes cochichavam entre si lançando olhares em sua direção.
— É... – sorriu, sem jeito. – É que eu vim ver o Cruello...digo...o senhor Devil. E...
— Você é a Igraine, certo?
Ela corou. Gaguejou e afirmou com a cabeça.
— Ah, então eu acertei na minha dedução! – ele se virou para as recepcionistas, fazendo sinal para que elas se aproximassem. – Desculpa, eu tinha apostado com minhas amigas que era você, elas falaram que não era... – ele sorriu. – Acabei ganhando um estojo de pincéis da Devil’s! Ah e eu te sigo no Instagram!
— ...me...me segue?
— Sim! Mas por que você não é ativa lá?
— A...ativa?
— Lógico! Você é a namorada do patrão! Estamos ansiosos pra ver os figurinos bafônicos que ele vai colocar em você!
— Com certeza o patrão está preparando algo, pra você não estar postando nada...deve ser surpresa! Mas não pode mostrar uma palhinha pra gente?
Igraine retesou o corpo ao ver que as outras duas recepcionistas tinham se aproximado, também com o celular em mãos.
— Ah, é...eu não posso...revelar nada ainda e...
— A gente pode tirar uma selfie? Quero postar no meu stories que a namorada do patrão não é chata. Porque de chato já basta ele!
— Brigitte, se toca! – o rapaz deu um peteleco na cabeça da mulher. – Falar uma coisa dessas, vai que ela conta pro patrão!
— Eu...eu não vou contar nada...sei como o Cruello pode ser difícil de lidar...ás vezes... – Igraine se segurou para não dizer “quase sempre”.
— Bom, não vamos mais ocupar seu tempo. Até breve, senhorita Igraine. Venha visitar a Devil’s de vez em quando!
Os funcionários se afastaram e Igraine acenou, agradecida.
Ainda com o celular em mãos, seguiu com passos certeiros em direção ao elevador, entrando nele assim que abriu, e um estilista saiu, dando um cumprimento de aceno pra ela com a cabeça.
Ainda era estranho para Igraine assimilar que, agora que seu relacionamento com Cruello se tornara, oficialmente (e perante a imprensa) a namorada dele e não apenas um “affair”. A perseguição e comentários de fofoqueiros (piores e menos conhecidos do que Patrick Star) haviam diminuído gradativamente. O fandom de Cruello na internet se aquietara, aparentemente aceitando a situação de seu “ídolo” estar em um relacionamento sério. E os comentários maldosos em suas redes sociais diminuíra, sendo substituindo por uma calmaria e um ocasional aumento de seguidores e curtidores em suas redes sociais, ainda que ela pouco movimentasse suas redes.
Foi com um pequeno alívio que Igraine avistou uma presença conhecida e, mesmo sendo absurdo, naquele momento considerou a presença até amigável. Acenou animada e se aproximou.
Ao vê-la, Scarlet Medusa estreitou os olhos e foi logo dizendo.
— O Cruello não está aqui.
— Não?! Como assim? Cadê ele?!
Scarlet suspirou, retirando os óculos e Igraine percebeu o quanto ela estava cansada e tinha até mesmo olheiras, mesmo tendo-as disfarçado com maquiagem.
— Ele estava dormindo ali no sofá há dois dias para economizar tempo e adiantar o trabalho. Dependemos dele para podermos ter os designs e desenhos das peças que irão ser confeccionadas.
— Mas tem um monte de estilistas, figurinistas e o escambau aqui. Funções que podem ser delegadas! Por que tudo tem que ficar a encargo do Cruello?
— Porque ele é um Devil.
Igraine encarou Scarlet, sem entender. A bela mulher suspirou, sentando-se na poltrona e aproveitando para tirar um pouco os sapatos de salto, relaxando os pés no tapete.
— Existe uma tradicional regra da família Devil e que foi muito incisivo pela Cruella Devil: é que todas as peças de roupas e acessórios que levam a marca Devil registrada em seus designs, precisa conter a ideia inicial do modelo proveniente de um Devil. Tipo, não precisa desenhar e confeccionar tudo, mas a base inicial tem que ser feita por um. Veja bem, a Devil’s não é uma empresa gigante, que faz um monte de peças como uma fábrica, temos aqui tudo muito requintado e exclusivo, é alta costura, é estilo. Quem veste Devil’s não é qualquer pessoa e não é qualquer pessoa que veste Devil’s.
Igraine sentiu uma sensação de dejavú relativo a última frase.
— Mas...se ele não está aqui... onde ele está?
— Ele foi para a mansão Devil.
— QUÊ?! Como ele pode ter ido para aquele retiro sinistro bem quando está há mais de uma semana trabalhando fervorosamente aqui na empresa, com um monte de coisas para ele fazer e decidir?! E você ainda deixou que ele fosse?
Scarlet não respondeu. Obviamente que Igraine não sabia que data era amanhã.
— Pra me fazer uma visita rápida em casa ele disse que não tinha tempo por causa do trabalho, do tanto de coisa que precisa fazer, isso e aquilo. - Igraine cruzou os braços, irritada. – Mas pra ir na mansão Devil ele arranja tempo! Espera...ele não foi lá pra pegar casacos e peças de roupa feitas com pele de animais inocentes que pertenciam a Cruella Devil pra fazer novamente um leilão de chique mau gosto pra burgueses safados, né?
Até pouco tempo atrás (na verdade, até poucos minutos atrás) Scarlet cogitou simplesmente ignorar e não disponibilizar informação particular de Cruello, mesmo que fosse pra namorada caipira dele. Mas talvez fosse pelo cansaço que sentia, pela preocupação autêntica da garota á frente ou (talvez principalmente) pelo fato de que Cruello realmente gostava dela e nada mudaria isso. Então era melhor apenas deixar fluir. Quem sabe Igraine fosse capaz de...
Ciente disso, Scarlet suspirou.
— Muito bem, vou te dizer uma coisa. Cruello só foi para a mansão Devil mesmo estando com um monte de trabalho aqui porque amanhã é o aniversário da morte de Cruella Devil.
Igraine encarou a outra em silêncio.
— Pelo visto você não sabia disso. Já era de se esperar, não se sinta mal por isso. A vida familiar e os sentimentos do Cruello é algo que ele prefere guardar para si.
— Mas...!
— Olha, não fique querendo exigir demais... – Scarlet se levantou. – Você está se envolvendo...
— ...namorando.
— Que seja. Você está com Cruello e o conhecendo há apenas alguns meses. Há muito sobre o Cruello, sobre o que ele foi, o que ele se tornou e toda a bagagem emocional e de vivência que ele tem. O Cruello não é fácil de lidar...
— Eu sei disso!
— Mas o que você viu até agora foi apenas a parte de cima do iceberg, tem mais por baixo. Tem muito mais até mesmo coisas que nem eu sei e muito menos o Alfred. Talvez aquele primo dele, o Arkin, saiba coisas da infância do Cruello mas acho que tem várias...questões mais pessoais e familiares do Cruello que ninguém vivo saiba. E não adianta você querer exigir que ele seja um livro aberto ou que ele se abra com você. Tem coisas que só vem com o tempo, isso se vierem. Então não o cobre para se abrir e nem se cobre para abrí-lo.
— ...por que você está me dizendo isso?
— Porque você é muito emocionada! – Scarlet colocou ambas mãos na cintura. – E o Cruello é um afetado!
— ...não é porque você se preocupa com a gente?
Scarlet encarou Igraine, que a encarou de volta.
— ...não fale bobagens! Agora vaza daqui porque a Devil’s está em polvorosa com todo o início da produção para o próximo desfile e não podemos perder tempo!
— Está bem, já estou indo...ah!
Igraine abriu a bolsa e tirou dela um pequeno embrulho, que entregou para Scarlet.
— Aqui, uma coisinha para você. Pra ajudar a dar uma aliviada nessa correria e açúcar ajuda a dar energia. Tchauzinho e obrigada!
 Scarlet ia perguntar “obrigada pelo o quê?” mas Igraine já saíra. O que ela achou bom.
— Mas se essa caipira acha que eu vou subi-la no meu conceito me comprando com guloseimas, está muito enganada...
Scarlet parou ao abrir o saquinho. Meteu a mão nele e tirou um biscoito amanteigado dele, daqueles estilo caseiros que vendia em padarias. E havia vários outros ali dentro.
Como ela sabia que aqueles biscoitos eram os seus preferidos? Não é o tipo de coisa que ela alguma vez havia falado para a garota e duvidava que Cruello falasse sobre.
Deu de ombros. Talvez era só uma tentativa dela de querer agradar e julgou que biscoitinhos era uma opção certeira.
E Igraine havia acertado. Pelo menos para Scarlet.
Ela voltou a se sentar na poltrona, tirando os sapatos de saltos e se recostando para comer. Poderia despender alguns minutos para relaxar e saborear os biscoitos com avidez pela primeira vez, em muito, tempo, sem se preocupar com os farelos que caíam em seu vestido.
Talvez Igraine fosse mesmo a pessoa que pudesse fazer Cruello ser mais...ele mesmo.
Afinal, ninguém na Devil’s realmente queria que Cruello se tornasse como Cruella Devil.

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Notas finais do capítulo

E chegamos ao fim do capítulo. Tudo já sendo encaixado pra finalizar essa longa história. Sinto que haverá algumas pontas que não serão fechadas, mas se conseguir colocar em texto o que tenho em mente, acredito que poderei finalizar essa jornada de forma satisfatória (assim espero!).
Não tenho muito o mais o que acrescentar aqui, mas confesso que expor um pouco do lado mais “humano” do Cruello é algo meio difícil, mas interessante. Acho que dá pra sentir que o Cruello tem muitas questões íntimas e emocionais que ele guarda dentro de si e disfarça com uma persona/máscara. Não deve ser fácil e talvez nem a Igraine faz ideia de quanto o nosso Cruellinho tem de complexos e peso do passado.
Mas enfim, espero conseguir fazer tudo o que pretendo relacionado aos meus projetos e histórias em um ritmo melhor e maior a partir do ano que vem. Oremos XD
Enfim, nos vemos no próximo cappie e nas outras fics. Ou melhor...nas minhas redes sociais!



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