Con-Textos escrita por Ilana Sodré


Capítulo 1
Nunca Houve Amor


Notas iniciais do capítulo

Esse é o primeiro texto. É um dos meus textos prediletos, estou sempre relendo para conseguir lembrar o porque escrevo. Para falar sobre meus sentimentos, para me expressar e para aliviar minha mente. Bem, espero que gostem.

Beijoos!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/491827/chapter/1

Estou cansada de escrever sobre o amor. Escrever sobre historias bobas sobre pessoas mais bobas ainda e que raramente tem um final triste. Por isso hoje, em um momento de surto ou talvez razão, eu resolvi escrever sobre nós. Talvez, se você estiver lendo, esteja rindo disso, ou apenas se perguntando se esse texto é para você, pois eu reafirmo aqui, o texto é para você e para todos os outros que viveram algo parecido, para aqueles que, como eu, apenas não tiveram corajem suficiente e que hoje se arrependem...Ou não.

Eu nunca entendi bem porque as historias boas sãos as mais tristes, para mim é claro. Também nunca entendi a dificuldade com que tudo parece acontecer na vida real, os livros e filmes românticos nos fazem pensar que tudo pode acontecer por acaso. Um casal se conhece e briga, se vê de novo, passam algum tempo junto e depois estão bem e é claro, no fim acabam juntos. Ou ao invés disso , eles se conhecem desde o começo, mas por algum motivo não ficam juntos e então no fim conseguem o tão sonhado momento de paz. Parei de acreditar nesses fins e recomeços quanto te conheci.

Agora estou ouvindo uma musica triste, lembrando-me dos momentos em que estive perto de tudo aquilo que eu poderia sentir por você. Não sei é a musica, ou apenas as lembranças – que não passam de fatos produzidos apenas pelos meus devaneios – mas sinto a angustia tomar conta do meu peito. Eu já escrevi sobre você muitas vezes, escrevi sobre o que queria que houvesse acontecido, escrevi sobre algo que eu sonhei que aconteceu e escrevi também meus sentimentos confusos, aqueles que eu deixo guardados a sete chaves , com acesso restrito e boas doses de fantasia. “São apenas sonhos” eu penso, mas são mais que isso, eu os vivi. Os vivi tão, ou mais, intensamente do que jamais ousei viver em minha vida.

Eu notei que estava sentindo algo por você quando eu não me permitir sentir. Acho que a minha rigidez com relação aos meus próprios sentimentos não me fizeram te notar. Eu estava com medo, muito medo, nunca fui boa com romances e não queria que isso acontecesse logo com você, não queria que acabasse mal, queria apenas ter em você uma pessoa a quem eu pudesse recorrer às vezes, conversar outras e que tudo apenas seguisse seu curso. Mas como diriam os mais velhos clichês, não mandamos no nosso coração. E eu não fiz questão de mandar.

Me afundei em uma solidão arrasadora, me enfiei em meu mundo particular onde apenas uma pessoa tinha o acesso : você. Para ser sincera, não era você, era a pessoa que eu idealizava que você fosse, me sentia idiota quando lembrava me das nossas –poucas – conversas. Eu tentava absorver tudo que podia sobre você, suas manias, suas historias até mesmo as poucas coisas que eu podia eu tentava. Era tão instigante conversar com você e você nunca percebeu, nunca percebeu meu olhar, nem meus sentimentos, nada, nada mesmo.

E isso me irritava, não tinha sua atenção, acho que isso sempre me matou aos poucos. Estar apaixonada por alguém que às vezes esquecia seu nome era tão ruim quanto não ser notada. A cada lágrima que eu chorava por você – e as milhares de besteiras que você fazia e inconscientemente me afetavam – eu prometia que não choraria mais. Era como um vicio qualquer, eu dizia “Não vou mais gostar dele” , mas um viciado não se cura apenas falando o que deve ou não fazer e assim eu continuei me viciando. No fundo eu mesma sabia que não queria deixar de gostar de você, em meus mais profundos devaneios eu achava que um dia você se cansaria dessa distancia, diria que me amava e teríamos um singelo final feliz, como aquele dos livros, dos filmes e de tudo que eu sempre tentei não acreditar.

Fui ingênua, eu sei, e você nada tem a ver com isso. Nunca me deu falsas esperanças, nem me disse boas palavras, nada com que uma pessoa normal pudesse se preocupar, apenas um abraço. Isso mesmo, um abraço em um momento de aflição, um abraço que aqueceu meu coração e fez com que eu pensasse como seria, ser abraçada constantemente com você, ter seus braços envolto em minha cintura, seus beijos e até algo mais. Esse abraço foi à porta para mais um devaneio meu, era tão bom te abraçar, eu só havia feito isso uma vez, mas sentia como se fosse a melhor coisa que fiz em minha vida e lembro-me até hoje.

Sonhei com tantos momentos improváveis, sonhei com tudo que eu realmente queria que acontecesse, mas nem só de sonho vive o homem, a cada despertar eu me sentia mais burra, mais viciada e perdida. Me levantei um dia disposta a te esquecer, tinha que te esquecer, primeiro chorei tudo que tinha para chorar, como se fosse em um computador, tentei deletar todas as memórias, todas as emoções que eu sentia ao te ver e principalmente os sonhos, os sonhos que em minha mente pareciam tão fixados a ponto de não sair de maneira alguma, foram-se também embora. Quando eu acabei a minha limpeza espiritual, continuei chorando, mas dessa vez era por dentro, por tudo que eu ainda sentia, mas que preferia não sentir, preferia esquecer, tanto que te evitei. Foi tão fácil te evitar, esquecer que você foi mais difícil, mas depois de passar meses sem te ver eu consegui.

Às vezes me pegava pensando em você, e odiava ouvir o que todos falavam “Você ainda gosta dele ?” era tão demolidor quando começar uma dieta e comer um pote de sorvete. Eu apenas dizia que não, eu não gostava de você, nunca gostei e nem penso nisso, mas sentia vontade dizer a verdade, dizer que o tanto que eu chorei naquelas malditas noites infernais, aquelas mesmas noites em que eu chorava desesperadamente por me sentir sozinha, por me sentir longe de você e de dia colocava uma máscara, aquela que dizia que eu não me importava, o incrível era como todos acreditavam nisso, todos continuam acreditando, até mesmo você.

Por isso resolvi escrever esse texto, existem historias mais frias que a minha, existem historias mais curtas que a minha, mas o tanto que eu chorei não apaga a dor que eu senti, as mentiras que eu contava e como eu acabava comigo por dentro, realmente, nunca vai existir uma historia assim. Então se estiver lendo, saiba que toda dor passa, ela pode ser eterna apenas se você deixar, ela pode te corroer, pode te arrasar. Acredito que você nunca tenha sentido o mesmo por mim, nem por um segundo, mas tudo que eu senti foi real e é isso que importa, da minha parte houve amor até demais, houve um amor não correspondido, incompreendido, e que me ensinou, me ensinou do que qualquer outra vivencia me ensinaria.

Por isso aqui eu me despeço, sei que não é realmente uma despedida, não por um texto, não de uma historia que não foi vivida, apenas me despeço porque sei que um dia, no futuro, quando eu tiver maturidade e experiência suficiente para lembrar-me de tudo isso sem magoas, magoas que nem deveriam existir, porque não é sua culpa, nem minha e também não é do meu coração. Os sentimentos são assim mesmo, nos fazem refém, quando nossa maior vontade é estar libertos. Então é adeus – mesmo sendo contra falar essa palavra – eu me despeço de meus sentimentos, volto a trancá-lo em uma caixa fechada, volto a esquecê-los, porque nem mesmo em meus sonhos mais profundos, agora, existe nada sobre você!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!