Desencontros escrita por FuckerNumber91


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Sterek.



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Era aquele dia do ano.

Stiles revirou os olhos e saiu da cama xingando baixinho. Claro que existiam dias piores. A data de aniversário da morte de sua mãe, por exemplo, esse sim era o pior momento do ano. Ou então, a festa anual de 4 de julho da polícia de Beacon Hills? Essa era a mais entediante.

Então, é. Esse não era o pior dia do ano, mas era o que Stiles mais odiava. Era o dia da sua marca de nascença.

Stiles ainda estava circulando pelo quarto - buscando uma blusa que não cheirasse a desodorante vencido e picles - quando ouviu os sussurros.

"Será que ele ainda vai demorar muito?" O garoto suspirou encarando a blusa xadrez em suas mãos. Ele tinha esperanças que seus amigos tivessem esquecido, mas aparentemente eles tinham a data marcada no calendário.

"Talvez. Ele sempre fica carrancudo essa época do ano."

"Mas é uma data especial! Eu sempre soube desde pequeno que esse seria o melhor dia do ano."

Stiles supriu a vontade de vomitar com o suspiro apaixonado de seus três melhores amigos.

Allison, Scott e Isaac se conheceram no dia indicado por suas marcas e no momento que eles se viram, eles sabiam. As marcas de nascença geralmente ficam na cintura e elas indicam o dia em que você conhecerá a sua tão falada "alma gêmea".

Stiles, particularmente, achava que isso era história pra boi dormir. As pessoas acreditavam que iam encontrar alguém, ficavam mais abertas a conhecer novas pessoas, e, por isso (e só por isso), achavam alguém legal o suficiente pra começar a namorar. Todo o resto, se amar pelo resto da vida, ter filhos, matar o marido durante o sono, era só uma questão de estatística.

Aos 21, Stiles já estava fora da faixa esperada para a Grande Data (o ano em que você enfim conhece a pessoa no dia especial). Geralmente, isso acontece no ensino médio. Ou nos primeiros anos de faculdade. Não era alarmante ter 21 e não ter conhecido a pessoa ainda - existiam reportagens com pessoas que só conheceram suas almas gêmeas aos 60 - mas era frustrante.

Isso é, se Stiles acreditasse nessas coisas.

"Olá, garotão! Hoje é seu grande dia!" Allison o recebeu com um sorriso. Ele revirou os olhos. "Você sabe as regras. Nada de ficar em casa. Você tem que passar o dia fora e sair a noite. Aumentar as suas chances de encontrar a pessoa."

"E se a pessoa for o meu travesseiro? Eu realmente acho que ele é o cara, Alli. Eu quero agarrá-lo, beijá-lo e não largá-lo nunca mais. Sério mesmo. Eu quero ficar na cama com ele pela eternidade."

Isaac rufou uma risada, mas Scott tinha uma careta preocupada. O melhor amigo era sempre o mais preocupado.

"Cara, a pessoa pode estar por aí, esperando por você. Vá lá, Stiles. Dê uma volta no parque ou sei lá."

Stiles negou coma cabeça. "Eu tenho um projeto sobre os principais psicopatas da história pra terminar pra amanhã. Isso que eu farei hoje, e hoje a noite, e amanhã de manhã. Quem sabe depois eu possa ter um encontro quente com a minha mão direita, mas até lá, a antropologia é minha única paixão."

Isaac cerrou os olhos. "A naturalidade com a qual você admite se masturbar me fascina."

"As vantagens de ser solteiro e não ter um filtro entre o cérebro e a boca, mi amor." Stiles deu de ombros.

"Stiles, você pode entregar o seu trabalho depois. Se você falar com o seu professor, eu tenho certeza que ele deixaria você..."

"Não quero ter uma desculpa quando nada vai acontecer hoje, Allison. Não vou encontrar ninguém especial. Não há razão pra adiar esse trabalho." Se virando pra Scott com uma sobrancelha erguida em um claro sinal de desafio, encontrou o seu melhor amigo não parecendo disposto a ceder dessa vez.

"Certo. Faça o seu papel de história. Mas não aqui. Nem na casa do Danny. Ou da Lydia. Ou sei lá. Você vai fazer na rua. E se você voltar aqui, eu vou ligar pro seu pai e contar da vez em que você dormiu com o policial preferido dele. Enquanto você era menor de idade. O mesmo se aplica pra se você aparecer na casa de um dos nossos amigos."

Stiles abriu a boca pra retrucar, mas a fechou novamente com um estalo. Maldito seja Scott McCall e seu conhecimento sobre o curto - porém extremamente prazeroso - relacionamento entre Stiles e Parrish.

"Ok." Ele se virou, voltando a seu quarto para buscar sua mochila, notebook e carteira. Quando passou novamente pela sala, lançou um olhar irritado para seus amigos. "Eu estou indo pro Café no final da rua. Mas assim que eu terminar o trabalho, eu volto pra casa e pra dormir."

Sem esperar por uma resposta, o estudante saiu pela porta se sentindo um pouco mais irritado do que deveria. A maldita data dava nos nervos. Como alguém que tem ADHD, ele estava acostumado ao sentimento de energia presa debaixo de sua pele, mas nessa maldita data, era como se houvesse fogo correndo em suas veias.

Tudo ardia e ele tinha o sentimento de algo incompleto no fundo.

Ninguém entendia como as marcas funcionavam. Fala-se muito em mágica, outros dizem evolução, outro falam de destino. Stiles achava que era simplesmente uma forma de tortura.

Chegando no Café Alegria - o nome ruim não refletia a qualidade do café, ok? - se sentou na sua usual mesa do fundo e ligou seu computador. O seu barista preferido veio em sua direção e ele não pode deixar de suspirar.

Por que ele não podia chamar Derek pra sair? Sério, olha só pro cara. Músculos que venceriam o Ryan Gosling. Olhos que possuíam um pouquinho de cada cor, resultando em um verde vivo. Maçãs do rosto esculpidas por um anjo logo após um momento de inspiração. Cabelo sempre bagunçado, como se ele tivesse acabado de acordar.

Ah, certo. Ele não poderia chamar Derek pra sair porque a resposta provavelmente seria não. A maioria das pessoas não gostava de entrar em relacionamentos com pessoas que não haviam conhecido na Grande Data, porque sabiam que o relacionamento estaria fadado a acabar.

E, vamos ser sinceros, mesmo que Derek fosse um cético, ele estava completamente fora de alcance para alguém como Stiles.

Isso não significava que doesse menos. Desde a primeira vez que ele havia entrado no café, Derek sempre havia prendido sua atenção como imã e só a presença dele era o suficiente para o alegrar. Mas hoje, com a data assombrando sua mente, saber que ele nunca seria nada de Derek, só o deixava mais insatisfeito.

Deixando de lado os pensamentos depressivos - maldito dia - Stiles forçou algo que passou longe de um sorriso sincero.

"Derek."

Ele ganhou as sobrancelhas de Derek se mexendo. Stiles havia aprendido que elas não apenas tinham vida própria, elas também falavam. Se ele havia aprendido a lê-las direito, Derek estava se sentindo confuso.

"Boa tarde, Stiles. O que você vai querer hoje?"

"Café preto. Puro. Sem açúcar. Bem amargo, do jeitinho que a minha vida é."

Derek abriu a boca pra dizer algo, mas Stiles se virou pra encarar a tela do seu computador que finalmente havia parado de carregar e abriu o documento no word. Ele não se virou pra olhar, mas ele pode ouvir Derek suspirando e indo em direção ao balcão, murmurando alguma coisa pra si mesmo.

Certo, ele havia sido um completo idiota, mas era a maldita data.

Pegando seu telefone, porque ele não aguentaria ficar lá com Derek, dentre todas as pessoas do mundo, irritado com ele (com razão), mas antes que ele pudesse digitar o telefone de casa, o telefone estava vibrando em sua mão com o nome Edward Babaca aparecendo.

"Foda-se, Jackson." Ele disse atendendo. Jackson ligava todo ano pra fazer piadas e zombar Stiles pela falta de uma alma gêmea a tira cara.

"Na verdade, sou eu." A voz da Lydia invadiu seus ouvidos. "Mas eu posso providenciar que o Jackson receba a mensagem."

"Por favor, deixe o recado com ele. E, por favor, por favor, por favor, me diz que você tem uma emergência pra eu resolver." Qualquer coisa longe daqui e de preferência sem a presença de outras pessoas.

"Lamento desapontar, mas não. Liguei pra saber o que faremos hoje a noite."

Stiles grunhiu e esfregou a mão livre em seu rosto. É claro que Lydia estava querendo ajudá-lo.

"Nada, é isso que farei. " Ele viu Derek se aproximando, mas continuou falando. O fato dele ser um perdedor não era vergonha. "E daí que eu tenho uma marca que diz que hoje eu vou achar o amor da minha vida?" Derek congelou ao lado dele com a mão que segurava o café na metade do caminho da mesa. "Você deveria saber melhor que achar que eu vou achar alguém."

Ele desligou o telefone antes que Lydia pudesse retrucar e o enfiou no fundo da bolsa, colocando no mudo. Stiles se virou pra Derek confuso.

"O que foi, cara? Você tá bem?" Derek pareceu se tocar que estava parado no lugar e colocou o café na mesa.

"Uh, sim." O barista agora parecia completamente sem graça. "Uh." Ele limpou a garganta.

"Desculpa por antes, cara. Você não tem culpa. Eu que fico extra mau-humorado hoje."

O grandão lhe deu um longo olhar antes de falar novamente. "Eu... Não pude deixar de ouvir. É o seu Grande Dia, não é?"

Stiles acenou, deixando uma risada seca escapar. Estendeu a mão pra tomar um gole do café e pôde sentir lágrimas pela amargura e quentura queimando em sua garganta, mas ele ignorou e continuou olhando para Derek, esperando ele terminar.

"E seu namorado acha que você vai achar alguém e trocá-lo?"

Stiles ergueu as sobrancelhas. "Que namorado?"

Derek revirou os olhos. "O seu namorado. Alto, forte, olhos castanhos. Vem sempre com você."

Stiles parou pra pensar. A única pessoa além do trio apaixonado que ia com ele ao café era Danny e...

"Oh meu deus." Ele começou a rir, dessa vez honestamente. "Danny? Não, Danny não é meu namorado. Nós somos amigos e geralmente fazemos os trabalhos juntos. Só isso."

"Mas..." Derek parecia completamente perdido em palavras. "Ano passado. Na primeira vez em que vocês entraram aqui. Nesse mesmo dia... Faz um ano hoje. Vocês entraram aqui e estavam obviamente em um encontro."

Stiles deu de ombros, mas sentia a confusão crescer. "É. Ele veio em um encontro comigo porque eu estava deprimido. Sabe como é, meio da faculdade e eu ainda sem ninguém. Mas como você lembra disso, cara? Que hoje faz um ano que eu entrei aqui pela... Caralho."

Derek desviou o olhar e custou Stiles todas as suas forças fazer a pergunta de um milhão de doláres.

"Derek... Qual é o dia da sua marca?"

Stiles sente o seu coração se acelerar no peito e quase desmaia quando escuta a resposta.

"Hoje."


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Notas finais do capítulo

Diga o que acharam!



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