POV Percy

Tudo começava a fazer sentido agora, Atena veio a mim por causa da agua negra, eliminar a fonte da infecção antes que se torne irremediável.

–- Por que ele foi mor… Por que ele morreu?-- perguntou Nico, admito que essa conversa estava seguindo para um rumo mortal.

–- Por que ele estava fora de controle, essa imundice estaca contaminando os oceanos, matando a vida marinha e não parecia se importa sobre isso.-- Ela respondeu direta e sem hesitação.

“Ela quer matar você, ataque!” a voz voltou a sussurrar em meus ouvidos e isso era enlouquecedor, por incrível que pareça, não assustava ouvir essa voz na minha meste, não mesmo, na verdade é irresistivel, atrativa e inebriante. Era como se tudo o que ela dissesse fosse o certo a se fazer. Esse conflito entre o que você sabe que é certo e o que a voz sedutora diz que é certo, isso sim é assustador.

–- Poseidon autorizou isso? Quer dizer, era um filho dele afinal.-- Frank perguntou, dava pra sentir o tremor em sua voz.

–- Somos deuses meu jovem, nossas decisões tem o único proposito de preservar o mundo que os mortais habitam.-- esta foi uma resposta vaga.

–- Isso não responde a pergunta.-- foi burrice abrir a boca, mas o meu temperamento se tornou explosivo, e não era a TDH.

Recebi um olhar frio e penetrante da deusa a minha frente, se fosse fulminado naquele instante técnicamente não seria injusto, insolência nunca foi algo bem visto pelos deuses. Mas a resposta foi vaga mesmo, é como se Atena não dissesse toda a verdade.

–- A ordem partiu do próprio Poseidon!-- Declarou seria e convicta.

Isso foi um choque, meu pai ordenou a execução de seu próprio filho, isso só piorou a situação, a raiva me deixava a mil por hora, seria isso, meu pai mandara me eliminar também.

“ FUJA ELA VAI MATAR VOCÊ TAMBÉM, FUJA …” os gritos não me deixavam pensar, eu seria morto assim, não poderia salvar Annabeth, isso não é justo.

–-Então você veio bancar a carrasca novamente?-- cuspi as palavras.

Atena se manteve imóvel e não disse uma única palavra, não parecia abalada e não vi sombra alguma de hesitação nela. Olhei de relance para o poço cheio de água negra, ela me chamava e eu estava inclinado a me jogar na dentro.

–- Mas Percy não esta fora de controle. -- Frank disse se colocando entre mim e a deusa. -- Nos só precisamos encontrar o coração negro e isso tudo acaba certo? Não precisa chegar ao extremo senhora.-- Ele me defendeu.

–- Isso, nós não vamos deixar que ele se perca o controle.-- levei um susto quando Nico pôs a mão em meu ombro.

Mas isso não pareceu ter tido algum valor para Atena, ela deu um passo em nossa direção, ja estava decido seria o meu fim, mas eu não podia deixar isso acontecer, não agora , não antes de salvar Annie, nem Zeus me impediria de resgatar sua alma do mundo inferior.

Nico e Frank pretendiam sacar suas armas, uma ofensa a um deus e um convite a morte, isso só reafirmava a lealdade de que eles tinham a mim, mas eu não podia pedir isso a nenhum deles, não os condenaria a morte comigo, Nico mudou e parecia depois de muito tempo feliz de verdade, e Frank tinha Hazel, não, se eu fosse morrer enfrentaria isso sozinho por mim mesmo.

–- Por favor minha senhora não faça isso, nos de uma chance só precisamos encontrar esse coração e salvamos Annabeth e Percy se livra disso, por favor.-- Nico levava a mão até sua espada.

Antes que pudessem fazer algo estupido, disparei em direção ao poço, cambaleando como se minhas pernas fossem feitas de gelatina.

–- PERCY! O QUE VOCÊ VAI…--- gritou Frank, mas eu não ouvia nada, minha cabeça estava dando voltas, mas eu não iria parar, não aqui, não até trazer Annabeth de volta.

O mais estranho é, Atena podia ter me impedido sem qualquer esforço, mas não o fez, quando cheguei a borda da cratera cheia d’água, senti a atração em mergulhar ali dentro, como um vicio pedindo por sua droga, chamando por mim enquanto se agitava e vibrava com violencia.

Ouvia muito distante, uma voz gritando, não a voz na minha cabeça, era nico.

–- PERCY… NÃO FAÇA ISSO, PERCY!--

“ Sim! Venha para mim meu amado… Se entregue nos meus braços eu vou cuidar de você, eles não entendem, são falsos, assassinos. Venha vou lhe dar o meu poder…”

E saltei, era como se meus pulmões recebessem o ar pela primeira vez em dias, senti minha força voltar, era maravilhoso, senti um poder imenso percorrer meu corpo, uma raiva estrondosa quase insana fluir solta ao meu redor, essa água tem vontade própria, ela estava aprisionada a seculos e nesse tempo estava curtindo o seu ódio por Atena.

Minhas costelas pararam de doer, eu estava me curando bem rapido, era o poder da água eu na tinha duvidas quanto a isso.

“ Sinta, sinta esse poder… Você vê? Ela, essa mulher maldita fez isso conosco, ela nos separou… Ela o matou! MATE-A, MATE-A AGORA!”

Esse ódio me inundou, eu senti raiva de Atena, não por ter vindo atrás de mim, por ela não ter salvo Annabeth, não sei era só uma raiva insana e eu não queria ponderar nada, e definitivamente eu não iria ser morto, não mesmo.

Explodi para fora daquele buraco com um turbilhão de água girando ao redor das minhas pernas, vi que Atena não havia sequer se movido de onde estava, apenas virou sua cabeça em minha direção.

–- VOCÊ NÃO VAI ME MATAR! NÃO VAI!-- gritei e minha voz estava diferente, pesada, fria. Com certeza não era a minha voz, parecia outra pessoa falando pela minha boca.

–- Não esta fora de controle é?-- Disse Atena.

–- Ele.. ele…-- Frank estava horrorizado sem saber o que falar.

–-PERCY, ESPERA! VOCÊ TEM QUE FICAR CALMO, NÃO PERCA A RAZÃO!-- Nico gritou para mim, num impulso balancei o braço com violência em sua direção uma torrente de água ia atingi-lo mas, Atena o protegeu se colocando a frente do ataque com seu escudo.

–- Para trás vocês dois, isso esta alem do poder de vocês.-- disse afastando Nico delicadamente com a mão. Nico ia protestar, mas foi interrompido pela deusa.

–- Agora!-- foi firme.

Atena ergueu seu escudo e calmamente andou em minha direção, calma e sem pressa alguma, na verdade parecia que não tinha nenhum animo em fazer aquilo.

–- É assim que você diz que vai salvar a minha filha?--- Ela perguntou, não havia provocação em sua voz.

–- EU VOU SALVA-LA E VOCÊ NÃO VAI ME IMPEDIR!-- explodi um jato violento de agua em sua direção.

Ela se defendeu usando o escudo, não foi um ataque fraco, muito mais poderoso do que eu seria capaz de fazer normalmente.

–- Desse jeito você não vai salvar nada, só ira queimar a sua vida com essa raiva descontrolada.--- ela não parava de avançar.

Saquei a espada e me atirei em sua direção, ela defendeu novamente, mas eu também utilizava a água, cortava, investia mas nada a atingia.

–- Toda essa raiva, de onde vem isso?-- Ela perguntava sem fazer nenhum esforço.

–- O QUE ISSO TEM A VER COM VOCÊ?-- eu tentava de todas as formas acertar um único golpe. Atena usava a espada e o escudo para bloquear meus ataques, mas ela mesma não atacou em momento algum, era visível quem tinha o domínio da luta, a deusa guerreira da sabedoria, ou um semi-deus de pavio curto.

–- Comigo, nada. Mas imagino se foi isso que minha filha viu em você, acredito que não.-- Ela disse enquanto me afastava com o escudo.

Ela estava brincando comigo, ela podia ter acabado com isso quando quisesse mas estava apenas jogando comigo.

–- O QUE VOCÊ SABE SOBRE MIM? NÃO SABE NADA!-- eu disse ja me movendo um pouco menos agil do que antes, parecia qu estava ficando sem folego, mas não estava.

–- Sei que você quer salvar Annabeth.-- Foi estranho ouvir ela dizer isso.-- Mas também sei que não pode no estado em que esta agora, você se deixa dominar por essa raiva desenfreada, essa raiva não é sua e você esta deixando essa coisa tomar conta da sua mente.-- ela disse seria.

–- CALA A BOCA.-- investi com uma estocada, e tão rápido que eu sequer vi o movimento de seu braço Atena mandou minha espada voando para longe.

–- Chega disso, esse não é você de verdade, não era sobre você que minha filha passava hora tagarelando, nem de longe você parece o herói que cruzou o Tártaro com ela.--

–- NÃO!-- atirei água, para todos os lados, e isso estava me desgastando.

–- Você esta desarmado para de insistir nessa luta que nunca ira ganhar, parece uma criança irritante.-- ela baixou a espada.

–- VOCÊ NÃO VAI ME IMPEDIR!-- explodi novamente e ela deu um passo rápido em minha direção.

–- ORA PARE COM ISSO SEU CABEÇA DE ALGA!-- por um instante eu vi Annabeth emburrada bem a minha frente me passando sermão, mas não foi isso que me fez parar, vi algo que me chocou, pela primeira vez na minha vida eu presenciei Atena, chorando.

“ Não! SUMA DAQUI!” um urro ensurdecedor dentro da minha cabeça.

Em segundos eu estava chorando, senti toda e qualquer força abandonar o meu corpo e cai de joelhos, Atena me segurou, enquanto minhas lagrimas se tornavam um choro compulsivo e cheio de raiva.

–- Pronto, ponha para fora, não tem problema chorar..-- Ela dizia com a voz cheia de gentileza, mesmo que fosse reconfortante isso não deixava de ser estranho, mas na hora meio que, dane-se.

–- Eu não queria isso… Ela não merecia…-- eu cai no colo dela, era quente.

–- Eu sei disso, em outros dias isso não me importaria, mas com o passar do tempo eu observei você, você era digno da minha menina.-- ela dizia isso deixando transparecer a tristeza em sua voz.

–- Me perdoe, eu não pude protege-la…-- eu disse mais calmo.

–- Eu sei que tentou.-- ela enxugou o rosto.

–- Bem, isso não foi bem o que eu esperava, a senhora não vai me matar vai?.-- eu perguntei sentindo um pouco de vergonha por ter chorado diante dela.

–- Não, a não ser por ter feito sua sogra chorar durante uma luta.-- pela primeira vez vi a deusa Atena não como mãe de Annabeth, mas como minha sogra, acho que nunca me vi como genro de Atena.

–- Tenho perguntas a lhe fazer.-- Eu disse em tom serio.

–- Certamente, mas não sei se tenho todas as respostas.-- Atena ja estava de pé.

Ao me virar vi Nico e Frank, olhos arregalados e queixo caídos, perplexos, depois de dias me senti bem o suficiente para da uma boa risada.