Quem é você, Tiffany? escrita por Mellynnaa


Capítulo 2
A Aposta


Notas iniciais do capítulo

OEOEOEOEOEOE (em sua consideração, M hehehehhee)
Desculpem pela demora do capítulo dois. Mas a boa notícia é que já escrevi o três, mas não sei quando vou postar. Mas enfim, aqui está. Boa leitura ;)



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O sol estava fraco naquela tarde. Minha bolsa pesava nas minhas costas, mas fingi não ligar. Recebi mais dois cartões naquela manhã, mas não os li. Sempre achei essa coisa toda de cartões de dia dos namorados um tanto idiota. Como eu disse antes, cartões não são considerados atitudes para mim.

– Ei, aonde pensa que vai? – Addie entrou na minha frente, sorridente, fazendo-me parar de andar.

– Por que esse sorriso estampado no rosto? – perguntei, desconfiando de algo.

– Não posso mais sorrir? – ela olhou para o chão, ainda sorrindo, e se colocou ao meu lado para caminharmos juntos.

– Sério, o que aconteceu?

– Harry Thomaz escreveu um cartão para mim.

Parei de andar ao ouvir isso.

– Harry Thomaz?Harry Thomaz? – perguntei, não acreditando no que ouvira.

Harry Thomaz poderia ser um garoto normal se tratasse as pessoas de um jeito normal. Pelo que ouvi dizer, ele namorou umas quatro garotas esse ano – e ainda estávamos em junho. O problema é que essas garotas meio que não se recuperaram do relacionamento relâmpago que tiveram com Harry. Uma das garotas, Allie Donald, foi a que se tornou mais ‘depressiva’. Após o término, Allie saiu loucamente da escola e pintou o cabelo de roxo.

Eu não queria que Addie fosse à próxima. Harry não era uma boa pessoa, e qualquer um percebe isso.

– Não foi um cartão romântico. Foi um pouco besta, mas foi legal da parte dele escrever algo para mim – disse ela, pegando o cartão.

– Dexe-me ver isso – peguei o cartão da mão dela rapidamente e o abri. Era todo decorado com corações e estrelas brilhantes. – ‘Seu sorriso é lindo. Você é linda. Harry.’

Algo dentro de mim gritou muito alto. Eu não sabia ao certo o que era, mas eu tive vontade de rasgar o cartão e esfregar os pedacinhos na cara de Harry Thomaz – com z, como ele sempre dizia.

– Porque ficou tão nervoso de uma hora para outra? – perguntou Addie. – Harry é um garoto normal, e ele tem o direito de mandar cartões para quem bem entender.

– Não se lembra de Allie Donald? – perguntei, pretendo mostra-la como um exemplo do que poderia acontecer caso ela se relacionasse com Harry.

– A garota de cabelo roxo? – perguntou ela. – Não se preocupe, o máximo que posso fazer é chorar intensamente. Não vai me ver com o cabelo roxo, rosa, azul e também não vou pintar minha pele de qualquer cor do tipo.

Suspirei, fingindo estar aliviado pelo que ouvira. Eu sabia que Addie nunca faria isso, mas ainda assim eu não queria que ela se envolvesse com Harry Thomaz. Ela era boa demais para ele.

Caminhamos até o ponto de ônibus. Era o que fazíamos todos os dias. Havia apenas um lugar nos bancos de espera, então deixei que Addie se sentasse. Continuei em pé, mesmo estando cansado da pequena caminhada. Coloquei minha bolsa no chão, encosta na perna de Addie.

– Porque você não gosta de cartões? – perguntou ela, olhando para a rua. – Algum passado obscuro envolvendo um relacionamento que não deu certo?

Balancei a cabeça, negando e rindo.

– Eu apenas acho uma besteira essa coisa de cartões. Nunca foi algo necessário para mim.

– Mas é algo legal para outras pessoas. Deveria respeitar isso.

– Em momento algum eu disse que não respeitava essas coisas melosas – respondi para ela, achando-me um idiota pela maneira que falei. – Quer dizer, acho que existem maneiras melhores de se declarar para alguém. Algum gesto romântico, por exemplo.

– Cartões românticos são uma forma de gesto romântico – disse ela, olhando rapidamente para mim e virando novamente para a rua.

– O que está olhando? – perguntei.

– A rua. As pessoas. A vida – disse ela, filosoficamente.

Ah – respondi. – Desculpe.

– Pelo quê?

– Por não concordar com você.

– Não precisa fazer isso – disse ela. – A tática de concordar sempre com a mulher em tudo o que ela diz, quero dizer.

Ah – foi a única coisa que consegui dizer.

Por algum motivo, fiquei olhando para ela. Eu não conseguia me cansar fazendo isso. Addie era tão bonita que me fazia ficar feliz apenas por olha-lá.

– Quero fazer uma aposta com você – disse ela, sorrindo. – Gosta de beijos, certo?

Abri a boca, pensando na pergunta. Bem, eu sou um garoto, e a maioria dos garotos gosta de beijar – e não falo isso por ser um garanhão (algo que não sou), mas sou um garoto, e gosto disso também- então concordei.

– Vamos fazer uma pequena aposta: os cartões costumam durar até o fim da semana escolar. Se você receber algum cartão de qualquer garota, terá que respondê-lo educadamente. Não poderá jogá-lo fora nem fingir que leu.

– E o que eu ganho com isso? – perguntei, cruzando os braços.

– Porque quando se fala em aposta, as pessoas sempre querem algo em troca? – ela olhou para mim, fazendo com que eu me sentisse culpado, e depois suspirou. – Tudo bem, todo bem. Caso você ganhe a aposta, darei um beijo de cinema em você. O maior dos beijos mais molhados que já dei em alguém.

Minha barriga começou a doer apenas por ouvir isso. Ganhar um beijo de Addie era algo que eu nunca havia pensado, mas era válido para mim. E uma boa proposta.

– E se você ganhar? – perguntei, pensando em algo convincente para oferecer em troca.

– Se eu ganhar, você me dá toda a sua coleção de pôsteres do The Beatles – disse ela, fazendo-me enlouquecer.

– O quê? – gritei, mas suspirei em seguida, lembrando-me do beijo que poderia ganhar com essa aposta. – Tudo bem, aposta feita.

Addie esticou a mão e trocamos um leve aperto. O ônibus estava vindo em nossa direção. Voltamos para nossas casas em silêncio. Addie sorria algumas vezes, virada para a janela. Eu sorria disfarçadamente, pensando na oportunidade dessa aposta: um beijo de cinema de Addie. Era pegar ou largar, e eu com certeza pegaria essa oportunidade.


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Notas finais do capítulo

Reviews? ;)