Era só mais um dia de aula. Só mais um dia. Serão os mesmos humanos, as mesmas tentações de sempre. A não ser...

A fitei.

Não. Uma única garota nova não vai me fazer fraquejar.

Um único cheiro. Não poderá me desconcertar.

Inspirei.

Péssima ideia.

Seu cheiro me invadiu como um raio.  Minha mente não trabalhava mais com a razão.

Dor, medo, confusão...

As sensações se misturavam dentro de mim e eu não sabia o que fazer.

Um sentimento. Uma palavra. Só uma. Ela resumia tudo o que eu sentia naquele momento. Tudo o que aquele cheiro floral que emanava da sua pele causava em mim.

Sede.

Minha garganta queimava. Meu corpo inteiro clamava por o sangue que corria naquele corpo a poucos metros de distancia.

Eu esperava ansioso pela hora em que eu poderia me afastar daquela tentação incrível. Ficar um pouco mais afastado daquela dor maravilhosa que aquele cheiro terrivelmente bom causava na minha garganta.

Ao mesmo tempo, eu não queria perder a presença daquele aroma.

Mas eu sabia que não era certo. Eu já podia sentir o gosto do veneno se acumulando na minha boca.

Recebi minha autorização de fuga segundos antes de resolver atacar.

Os minutos que passei afastado daquele cheiro me deixaram raciocinar melhor. Era só uma humana. Com o cheiro mais tentador e mais maravilhoso de todos... mas só uma humana! Eu não iria atacá-la. Não iria matá-la não estragaria a vida de todos nós por...

Eu perdi a linha de pensamento quando  o cheiro voltou a me invadir.

Dor, sede, medo, sede, confusão, sede... tudo de volta. Tudo mais perto. Tudo ao meu lado. Tudo mais forte.

Concentrei minha força em um ponto. Meus dedos apertavam a mesa e eu tentei não respirar. Meu corpo clamava e eu queria ceder.

Passaram pela minha cabeça dezenas de formas diferentes de tirar a moça daquele lugar e matá-la de forma lenta e saborosa... Senti o veneno voltando à minha boca... Senti o desejo se intensificando...

Nova autorização. Novamente, saí rápido.

Eu precisava evitá-la. Sabia como. Mas mulher que deveria me ajudar, não o estava fazendo.

Ouvi a porta se abrindo. Ouvi o vento passando por ela, suavemente, e trazendo um cheiro já conhecido para mim.

Meus músculos se retesaram e eu enrijeci.

Espasmos percorriam meu corpo e o veneno era outra vez produzido.

Se meu coração ainda batesse, ele estaria mais acelerado do que nunca.

Por quê?

Porque estava ainda mais fácil. Ainda mais perto. Ainda mais perigoso. E tão tentador como naquele primeiro momento.

Meio segundo antes de atacar, fiz o mais sentato.

Fugi.