A noite estava fria.

Havia sido marcada por decepções.

Ela estava sentada num banco qualquer de um país que ela nem ao menos sabia a língua nativa.

Ele estava sentado do outro lado do parque. Ele fumava quieto, só observando a garota que chorava no banco de frente pro dele.

Os olhos se cruzaram. Ela conseguia visualizar os olhos verdes dele de longe. Por um momento ela sentiu medo. Ela não conhecia ninguém ali e lá estava aquele homem a encarando na escuridão.

Ela queria se levantar e sair dali, mas para onde iria.

Ele se levantou e foi até ela. Que se encolheu na presença dele. Ele era alto de cabelos negros. Ele tirou o cigarro dos lábios e sorriu para ela.

A noite se aqueceu.

O dia estava quente demais.

Havia sido marcado de ansiedade.

Ela olhou para o relógio e bateu o pé na estação de trem.

Ele não chegava e ela estava começando a se sentir nervosa.

Ele olhava pra ela de longe da estação. Ele queria fugir com ela, estava tudo certo. Ele havia conquistado o coração gelado dela. Mas agora ele teria que o endurecer mais um pouco, ele teria que deixá-la.

Ela se daria bem sozinha, como sempre havia feito. Ela acharia seu lugar no mundo.

Mais uma vez os olhos se encontraram. E ele não pode escapar. Ele percebeu que teria que estar com ela para sempre.

Ela se aproximou. O sorriso nos lábios.

E o calor da tarde se tornou suportável.

A dor da manhã era insuportável.

Havia sido marcada por choros e palavras indelicadas.

Ela havia arrumado as malas. E seguiria em frente. Não poderia ficar mais ali.

Ele não sabia o que ela iria fazer, mas ela estava decidida.

Ela havia feito promessas há tantas pessoas ali, e agora teria de quebrá-las pelo bem de si mesma.

O trem chegou rápido demais, não dando oportunidade de ela mudar de idéia. O trem passou a andar lentamente e ela o viu na entrada da estação com os olhos vermelhos das lágrimas.

Ele a viu indo embora no trem e era como se ela matasse uma parte dele.

E a manhã ficou um pouco mais insuportável.

O inicio da madrugada era um recomeço.

Havia sido marcada por palavras sinceras.

Ele a olhava através da luz das estrelas. Aquela noite era diferente da noite em que eles se conheceram. Era nova. Era a graça salvadora.

Ele segurou a mão dela na noite de ano novo. E ela sorriu. Era literalmente um recomeço.

Ambos tão diferentes e ao mesmo tempo perfeitos. Agora ele só queria mostrar o mundo para ela.

Mostrar o lugar onde ela sempre quis estar, e eles estariam bem melhores por conta propria.

Diziam que eles faziam ser muito fácil de acreditar que o verdadeiro romance poderia ser alcançado hoje em dia.

Mas só eles eram os únicos, a saber, como.

E a noite se tornou um pouquinho mais eterna.