Totalmente Opostos escrita por Mari, Miimi Hye da Lua


Capítulo 6
O pior castigo do mundo


Notas iniciais do capítulo

Olá amores, milagre eu ter aparecido né? Desculpem por ter demorado tanto a atualizar, acho que já vai passar dos dois meses. É só que eu estou com uma tremenda falta de tempo e um baita bloqueio criativo.
Um agradecimento super especial a Fabi e Sofi; Bia Timber Mary; Chantilly (shuashua', socorro); Katniss Mellark (distrito 3, e você?); Juju Stoessel pelas favoritações. E também, a Ever Leonetta (Rafa) que era uma leitora da versão antiga e me deixou extremamente animada a continuar com palavras animadoras, muito, muito, muito obrigado ♥
Sem mais delongas, o novo capítulo. Desculpem qualquer erro de ortografia, espero que gostem



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Saí da sala da diretoria ainda boquiaberta, com o olhar perdido no chão, tentando organizar meus pensamentos.

– Vocês dois podem começar essa semana.

A voz calma da diretora Esmeralda me trouxe de volta a realidade.

– Pra mim tudo bem. – o completo babaca parado ao meu lado disse, com um tom de voz sacana.

Elevei meu olhar, e lá estava ele, me fitando abusado com um sorrisinho mínimo. O encarei com o maior desprezo e repulsa que consegui.

– Essa semana está ótimo. – afirmei, desviando o olhar para a diretora, abrindo um sorriso falso com a tentativa fracassada de tentar parecer cordial.

– Isso é maravilhoso! – exclamou – Tenho certeza de que se darão muito bem.

– Claro – soltei um muxoxo, tentando disfarçar minha irritação.

– Bom, agora se me dão licença, tenho alguns afazeres. – ela ajeitou a barra da saia e sorriu encantadoramente, se retirando logo em seguida.

Em silêncio, o fitei encolerizada, com um olhar de morte, tentando transmitir o quanto estava com raiva dele e daquela situação toda.

Rapidamente dei as costas, querendo sair de lá antes que fizesse algo do qual me arrependesse, mas fui obrigada a parar quando ele me segurou pelo pulso com força.

– O que você quer? – indaguei furiosa, aumentando minha voz em uma oitava.

Num ato completamente absurdo e petulante, me puxou fazendo com que nossos corpos se colassem. Pude sentir seu peito inflando e relaxando contra o meu. León era bem mais alto que eu, fazendo com que meu rosto ficasse na altura de seu pescoço, eu podia inalar seu perfume. Ele podia ser um completo babaca, grosso e idiota, mas tenho que admitir que ele cheirava muito bem. Mesmo que estivesse apertando meu braço feito um ogro, seu toque me proporcionava uma sensação diferente.

Aquilo estava absurdamente estranho, eu de olhos fechados com a cabeça enterrada no cangote daquele mentecapto.

Quando me dei conta do que estava acontecendo, puxei meu braço com truculência.

– Não ia se despedir de mim, tia Violetta? – perguntou, com um sarcasmo tão evidente que chegava a ser quase palpável.

– Idiota. – falei uma grande verdade, me virando na direção oposta outra vez.

Mas ele foi mais rápido que eu, parou bem na minha frente, impedindo minha passagem.

– Espera tia, só queria saber se você vai trazer desenhos pra eu colorir. – perguntou entre risadinhas estúpidas.

Cerrei os punhos com força e rangi os dentes.

– Não, mesmo que eu ache que você não tenha cérebro suficiente até pra fazer isso.

– Ui, cuidado, senão vai me magoar. – disse, colocando a mão sobre o peito teatralmente.

– Sai da minha frente. – O empurrei com o ombro sem qualquer delicadeza; meu Deus, como esse garoto conseguia me tirar do sério assim?

– Ai – gemeu, esfregando o ombro ‘’dolorido’’ –, por que essa violência toda, moça?

Olhei fundo nos seus olhos, me condenando por não ter visão de calor. Parecia que me irritar era o seu hobbie, e quando ele percebeu que eu estava a ponto de assassiná-lo, aprofundou mais o sorrisinho irônico.

Se aproximou do pé do meu ouvido, sua respiração quente batia no meu rosto. Cerrei as pálpebras com força, odiando que a sensação que aquilo proporcionava fosse tão boa.

– Se posso te dar uma dica, eu aprendo mais rápido quando a professora é bonita. – sussurrou irônico, com a voz melosa.

Meu sangue se concentrou todo no meu rosto, tenho certeza de que estava vermelha de tanta raiva, que nem uma panela de pressão, pronta pra explodir a qualquer momento.

– Vai pro inferno. – rosnei entre dentes, o empurrando com força em seguida.

– Até mais, professora. – gritou de longe, e pude discernir o risinho em sua voz.

Nunca senti ódio e raiva semelhantes na minha vida.

Caminhava furiosamente pelos corredores do colégio, com passos truculentos e firmes, sem me atrever a olhar para qualquer direção que não fosse a frente.

Cerrei os punhos com força e rangi os dentes quando me veio a nítida lembrança do idiota que havia começado tudo.

Hoje, tenho vergonha de admitir que naquele instante, fantasiava na minha cabeça diferentes e inúmeras maneiras trágicas de que aquele desgraçado morresse, talvez por ficar preso debaixo de um ônibus ou caísse de uma ladeira naquela sua motocicleta maldita. Talvez eu não estivesse pensando com clareza, mas a raiva simplesmente me cegava.

Você será a nova monitora do senhor Vargas.

Essa pequena frase martelava e reverberava na minha de forma insistente.

Parecia um pesadelo. Um terrível pesadelo.

***

Entrei no banheiro feminino e bati a porta com força.

– Droga! – exclamei, vendo meu reflexo nos espelhos, e assim, podendo perceber nitidamente o estrago feito no meu moletom. O tirei pela cabeça jogando por cima da pia. – Desgraçado, filho da mãe – balbuciei, enquanto tirava restos do delicioso purê de batata do meus óculos com papel toalha.

– Violetta? – Ao ouvir meu nome me virei prontamente. Francesca estava parada perto de um box, me olhando com uma expressão curiosa.

– Oi, Fran – a saudei, voltando a tarefa de limpar as lentes dos meus óculos e parte do meu rosto.

– Meu Deus, o que aconteceu? – perguntou, se aproximando.

– Nada demais, só um idiota que me deu um banho com uma deliciosa gororoba denominada purê de batata.

– Dá pra deixar de ser sarcástica só um minuto sequer na sua vida?

– Você me perguntou o que aconteceu e eu contei.

Pegou meu blusão de lã de cima da pia e o olhou com uma expressão de dó.

– O Peter me contou que você e o tal aluno novo se esbarraram no refeitório.

– Obrigado por me lembrar daquele imbecil.

– Nossa, por que essa raiva toda?

– Simples, porque ele é um estúpido, troglodita e tapado.

Ela me olhou incrédula, como se eu fosse uma doida varrida.

– Você pirou? Só estão falando dele pelos corredores, dizem que se mudou de Nova Iorque pra cá e...

– Ótimo, vai acrescentar muita coisa na minha vida saber de onde aquela aberração veio.

– Violetta, pode ficar nervosinha o quanto quiser, mas vamos combinar, ele é o maior gato!

– Você bateu a cabeça com força e perdeu o juízo, ou o quê?

Tomei o moletom de suas mãos e dei as costas.

– Ei, ei, calma aí. O que deu em você? – indagou, segurando-me pelo braço.

– Eu só estou irritada, quer que eu preencha um relatório sobre isso? – perguntei grossa.

– Me desculpa, eu só... – pediu humildemente, me soltando.

Ao ouvir a doçura na sua voz me senti uma cretina. A culpa de tudo era do motoqueiro fantasma idiota, e eu estava descontando minha raiva nela.

– Me desculpa Fran, não é culpa sua. – disse, me virando e a abraçando.

– Claro Vilu, também te devo desculpas por hoje de manhã, é que...

– O Peter não reparou em você. – completei, a cortando.

Ela abriu a boca, com uma expressão de incredulidade e negação ridícula que não enganaria nem um idiota, mas abaixou a cabeça em sinal de desistência.

– O que há de errado comigo? Por que ele me trata com tanta indiferença? – questionou, com a voz esmorecida.

Posso dizer sem hipocrisia que escutar isso fez com que meu coração ficasse apertado. Doía muito ver minha melhor amiga tão deprimida.

– Fran, por favor, não fica assim. Não tem nada de errado com você, você é perfeita, o Peter que é um tapado pra não perceber o quanto você é incrível. – afirmei, segurando seus ombros e a olhando nos olhos.

Desvencilhou-se das minhas mãos, e me fitou com um olhar amargurado.

– Pra você é fácil falar, nós duas sabemos que ele é caidinho por você.

Bufei irritada, a soltando.

– Acho que você jogou videogame demais.

– Para de negar. Até a sem cérebro da Ludmila perceberia, menos você.

– Vamos parar de falar nesse assunto, por favor? – segurei-lhe as mãos, a puxando em direção a saída. – Vem, precisamos ir, daqui a pouco temos a primeira aula do segundo período.

Ela sacudiu a cabeça e soltou uma risadinha abafada.

– Você é inacreditável, sabia? – perguntou, enquanto saíamos.

– Eu sei que sou o máximo.

– E modesta também.

– Claro, muito modesta.

Assim que ganhamos o corredor senti um calafrio percorrer meu corpo quando a voz da diretora ressoou pelo sistema de auto-falantes e reverberou pelo ambiente:

– Senhorita Castillo, por obséquio, apresente-se na diretoria assim que possível.

Levei a mão até a testa, sentindo o desespero se apoderar de mim.

– E-eu estou encrencada – gaguejei nervosa.

– Calma Violetta, não precisa exagerar, talvez ela queira apenas falar com você.

– Que diabos ela ia querer falar comigo? – Bati as costas contra os armários. – Eu não devia ter insultado aquele aluno novo, um bolsista nunca deve se meter contra esses aluninhos ricos filhinhos de papai. É a regra da vida. – Nunca fui claustrofóbica, mas as paredes começaram a se fechar – E agora, eu vou levar uma advertência, ser suspensa, e na pior das hipóteses, expulsa. Sabe o que isso vai fazer com meu histórico? Adeus universidade, adeus futuro, minha vida aca...

– Já chega! Para de ser dramática, não é nada disso! – Francesca ralhou comigo, me puxando pelo braço – Você vai falar com ela agora e voltar pra me dizer que eu tinha toda razão, e que não era nada demais.

– Eu não vou. Vou fugir do país, mudar de nome, cortar o cabelo e entrar pro exército, que nem a Katy Parry.

– Ai Violetta, acho que tem purê de batata até no seu cérebro. Você vai lá, agora! – ordenou, me empurrando em direção a diretoria.

Bufei, em sinal de rendição, parando.

– Tudo bem, se eu não voltar, foi um prazer te conhecer, Francesca. – Ela me olhou furiosamente – Tudo bem, já entendi, já estou indo.

Me virei e me pus a caminhar, ou melhor, me arrastei pelos corredores.

– Lamento dizer, mas você violou nossas regras, e está sendo convidada a se retirar.

– Você não serve pra nossa escola, pegue suas coisas e suma da minha vista, não quero ver sua cara de rato nunca mais na minha vida.

Sacudi a cabeça percebendo o quanto eu e minhas fantasias eram ridículas. Não podia ser nada tão grave, Francesca tinha razão, eu estava sendo muito dramática.

Ergui o queixo e com passos firmes e confiantes, cruzei os corredores. Quando me dei conta havia chegado, a porta estava entreaberta. Cautelosamente, adentrei a sala, sem avisar.

– Com licença, diretora, queria falar comi... VOCÊ?! – exclamei incrédula, sentindo a garganta ficar seca.

Rezei com todas as forças pra que fosse algo da minha imaginação, mas não era.

Minha visão teve o desprazer de se chocar com a figura dele, sim, dele, sentado numa das duas cadeiras em frente a mesa da diretora, me encarando com o clássico, inabalável e ridículo sorrisinho cínico, simulando uma expressão de surpresa.

– Você por aqui? Não sei não, acho que você tá me seguindo. – falou abusado.

– Nossa, tenho tanta coisa melhor pra fazer do que te seguir, tipo engolir o meu vômito.

– Você até que é bonitinha, mas é tão nojenta... – disse, com uma expressão de repugnância.

Não dá pra descrever a vontade insana que tive de ter uma arma em mãos naquele momento.

– O que você faz aqui? – perguntei, já tendo quase certeza da resposta.

– Pensou que ia ficar assim? Ninguém mexe comigo. Você está acabada, queridinha.

– Não sei, a diretora me chamou, e como sou um menino muito obediente, eu vim.

– Você tá mentindo. Por que não diz de uma vez que veio até aqui pra fazer a diretora me expulsar? Mas se quer saber de uma coisa, eu não tenho medo de você. – o desafiei, firme.

Esperava qualquer reação da parte dele, menos que ele soltasse uma sonora gargalhada.

– Olha benzinho, tenho coisa muito melhor pra fazer do que te dedurar, tipo, engolir o meu vômito. – disse irônico, dando uma piscadela na minha direção.

– Por que você não vai tomar no...

– Senhorita Castillo? – me virei rapidamente, e engoli um seco quando me deparei com a diretora parada atrás de mim na porta.

– Di-direto-tora?

Previsivelmente, os cantos de sua boca se voltaram para cima, num sorriso educado.

– Por favor, sente-se. Preciso mesmo falar com você e o senhor Vargas.

Desconfiada, dei passos lentos e me sentei na cadeira vaga ao lado dele.

O encarei com um olhar de repulsa, e ele me olhava de maneira enigmática, com seu par de olhos verdes, a única coisa encantadora nele. Parecia me analisar minuciosamente, centímetro por centímetro. Senti-me constrangida e desviei o olhar para frente, observando a diretora se sentar e organizar alguns papéis.

– A respeito do que gostaria de falar? – eu perguntei.

– Bom, você é uma aluna de longa data e sabe como funciona o nosso sistema.

– Em que sentido? – indaguei, completamente confusa.

León permanecia em silêncio ao meu lado, atônito, apenas observando com atenção a conversa.

– Creio que deve estar inteirada sobre a forma como procuramos ajudar os alunos com dificuldades em certas matérias, o sistema de tutores.

– Sim – assegurei, me virando para fitar León –, mas nesse respeito, o que gostaria de conversar conosco?

– Primeiramente, deveria elogiar o ótimo desempenho que você teve em química no último semestre. – disse, analisando um papel com números, que provavelmente deveria ser meu boletim.

– Obrigado – agradeci corando.

Química e eu realmente combinávamos, e era a matéria em que eu tinha mais facilidade.

– Infelizmente, o senhor Vargas não tem a mesma sorte, e o seu desempenho nessa matéria tem se mostrado um tanto quanto preocupante. – Pisquei diversas , começando a entrar em pânico com a iminente possibilidade do que ela diria em seguida. – Eu e o professor Gregório discutimos o assunto, e chegamos a conclusão de que a melhor solução seria que você prestasse uma certa ajuda nesse quesito.

– Como assim?! – questionei aturdida, e mesmo que já tivesse certeza do que queria dizer, torcia fervorosamente para que estivesse errado.

O encarei de relance, e ele permanecia calado, olhando para mim com um sarcástico e satisfeito. Seria uma vingança perfeita para ele.

– Sugiro que você se torne a tutora do senhor Vargas.

Talvez ser expulsa fosse uma opção melhor.

– Mas... eu trabalho na biblioteca nos meus horários livres, talvez seja melhor designar outra pessoa para isso – argumentei desesperada.

– Não se preocupe com isso,, enquanto estiver o ajudando estará isenta dessa responsabilidade. – Ela se inclinou sobre a mesa e colocou as mãos por sobre as minhas, carinhosamente – Acredite, você é a pessoa mais qualificada para essa tarefa.

– Tem certeza? – perguntei com a voz fraca, numa última tentativa de me esquivar do pior castigo que poderia haver no mundo.

– Absoluta. Você será a nova tutora do senhor Vargas.

Desse momento em diante, meu destino estava selado.


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Notas finais do capítulo

Sei que não está dos melhores, mas na verdade, me forcei a escrever pra que vocês não pensassem que eu tinha morrido ou coisa do tipo. Me esforçarei o máximo pra não demorar tanto e muito menos abandonar essa fic.
A segunda parte era de certa forma acontecimentos anteriores, que justificavam o começo. Não sei se entenderam, qualquer dúvida podem deixar nos reviews. Qualquer crítica ou sugestão também ;)
Até a próxima, beijos ♥