A minha Amiga Imaginária. A minha pequena Amiga Imaginária. Caminha na ponta dos pés pelo meio-fio. A minha Amiga Imaginária. Se você for embora... Então seu nada retornará a que? Se um dia no caminho da escola você não estiver lá, brincando na ponta dos pés – como a delicada bailarina que é –, então quem atravessará a rua comigo? Quem me dirá que os carros são rápidos e machucam? Se mamãe estivesse aqui ela poderia dizer, mas como você disse, agora mamãe é uma Amiga Imaginária, assim como você.

Eu gosto de brincar contigo, embrenhar-me pela trilha e esquecer o resto do mundo. Mas os adultos, inocentes como são, dizem que nunca saio do meu quarto. Ah, se eles soubessem dos mundos escondidos debaixo da minha cama... Se eles soubessem! Oh, mas é melhor que não saibam, afinal poderiam perturbar o sono das fadas.

Os riscos negros no branco do papel, você me ajuda a entender. Mas ainda assim não vejo sentido nisso, você diz que precisamos dos riscos para ler histórias, mas todas as histórias que preciso estão nas músicas que me cantas ao anoitecer. Realmente preciso de algo mais?

A minha Amiga Imaginária. A minha pequena Amiga Imaginária. Caminha na ponta dos pés pelo meio-fio. Eu corro até ela e seguro sua mão. Criança imprudente! Não foi mesmo tu que me disseste que os carros eram perigosos? Mas agora você solta minha mão, enquanto anda até o meio da rua... Sempre na ponta dos pés. Deveria eu segui-la?