Após acabar de dobrar as roupas do marido, com uma leve frustração por fazer isso o dia inteiro, Petunia abre a sua parte no guarda-roupa.

Olhando rapidamente para cima, depara-se com um caixa. Uma caixa preta. Ela sabe perfeitamente bem o que tem dentro. Mesmo levando-a lembrar de coisas que quer esquecer resolve abrir.

Mas é claro que irá abrir, para ler a carta.

As lágrimas brotam de repente.

Ela está morta.—Pensa.

Desdobra, com cuidado para não rasgar, pois a velha carta já esta castigada pelo tempo, e começa a ler:

"E quem diria que um dia eu estaria escrevendo uma carta, apenas para expressar o que sinto.

É, desde que Lily descobriu ser uma bruxa as coisas mudaram. Nossa relação de irmãs mudou.

Enviei uma carta para o Diretor daquela escola, mas ele negou meu pedido.

Então eu comecei a rejeitar a perfeitinha Evans.

Pois eu nunca serei como ela. Linda, com os cabelos em um tom de vermelho que descem em ondas angelicais até a cintura, olhos penetrantes, sorriso tocante.

Eu sou apenas Petunia. Dos cabelos de um caramelo sem vida, magricela, fraca.

Depois que ela foi para Hogwarts, papai e mamãe nunca mais nos deram a mesma atenção, pois:

—Temos uma bruxa na família! Viva a Lily! Quem é a outra mesmo? Ah, sim Petunia.

Eu faço de tudo para chamar a atenção deles durante o tempo em que Lilian está fora, mas é só ela voltar que eles se esquecem da outra filha.

Talvez seja exagero meu mas, Lily sempre foi perfeita em tudo. Consegue o que quer, na hora que quer. Inteligente, animadora, viva.

E então descobre ser uma bruxa.

E eu nunca consigo ser nada.

Meu desagrado pelo mundo da magia nasceu da inveja.

Pois ela é uma bruxa, e isso eu nunca poderei ser.”

—Grotesca!-Petunia grita para si mesmo, limpando as lágrimas que insistem em cair -Ela está morta e você só percebeu que a amava agora... Agora que ela nunca mais vai voltar!

E então Petunia continua chorando, mas agora silenciosamente para não despertar a atenção do filho.