–Já está na hora -diz meu pai entrando no quarto- Oh filha... Você está linda.

–Obrigada -digo- Vamos

Todos saimos de casa e ocorria sim um certo desconforto. Eu não iria me casar por amor nem por nada, era tudo arranjado, falso, forçado. Forçado era a palavra certa.

Me elogiavam mas sabiam que eu não estava feliz com aquilo, nunca estive feliz, eu poderia perder minha "vida" por conta daquilo.

Eles pareciam não se importar muito com esse fato... Eles achavam que com o aumento do patrimônio eu já estaria completa e realizada, e quem sabe até casada de verdade.

Meus pais sonhavam alto demais

Ficamos grande parte do tempo em silêncio, analisando o que estava acontecendo. Antes parecia brincadeira.

Perto de chegarmos a igreja, que eu imagino que esteja completamente cheia de coisas grandiosas e que demonstrariam a riqueza das duas famílias e com grande parte da "nata" da cidade, começam a me "orientar"

–Filha -diz minha mãe- Seu pai vai entrar com você... Tente demonstrar que está tão feliz que vai explodir de alegria. Se comporte no altar e diga sim.

Bem simples... "Diga sim"

–Espero que não nos faça passar vergonha -diz meu pai- Seria humilhante demais

Penso em responder, mas sou interrompida

–Eu não acharia humilhação ter uma filha tão bonita -diz minha avó- Seria um orgulho

Eu sorrio. Apesar de tudo, minha mãe ainda apoia meu pai, mas, minha avó continua sendo minha avó.

–Chegamos -diz minha irmã animada- Vamos ! Vamos ! O Tom está esperando.

–Ele deve me esperar -digo-

Percebo a grandeza do casamento. A igreja está muito bem enfeitada e tem fotógrafos espalhados na frente da igreja.

Estou sozinha.

Foram avisar minha entrada.

Meu pai pega no meu braço e vejo ele esboçar um sorriso.

Está acontecendo muitas coisas estranhas no mesmo dia

Ouço a marcha nupcial e vejo as portas se abrindo.

Chegou a hora

Começo a caminhar com meu pai e sorrio para aqueles que conheço. Não conheço quase ninguém.

Vejo Tom. Ele está lindo

Está sorrindo. Se estivesse como convidada, eu acreditaria que ele amava a noiva.

Tento abrir meu sorriso. Se é pra acontecer, vai ser direito.

Chego no altar, entrego meu buquê de rosas a minha irmã e meu pai fala algo no ouvido de Tom, que sorri.

Eu realmente acreditaria que aquilo era de verdade.

Pego na mão de meu futuro marido e sorrio. Sua mão é quente e ele parece relaxado.

Ouço o padre começar a falar, mas não presto atenção. Ouço as pessoas, vejo o que está acontecendo, a decoração, minha família, Tom.

–Tom Thomson, você aceita Larissa Winn como sua legítima esposa ?

–Aceito -diz ele-

–Larissa Winn, você aceita Tom Thomson como seu legítimo esposo ? -pergunta o padre-

–Aceito -digo sem expressar reação-

Me distraio até que Tom começa a fazer aqueles juramentos. Terei que repetir

–Eu, Larissa Winn, te recebo Tom Thomson, como meu marido e te prometo ser fiel, amar e respeitar, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, por todos os dias da nossa vida, até que a morte nos separe -digo-

Nunca menti tanto em toda minha vida

–Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, eu os declaro, marido e mulher. Pode beijar a noiva

A hora que eu mais temia chegou. Eu não quero ser tocada por ele, não quero que me beije, não queria me casar. Ele percebe minha preocupação.

–Me desculpe -diz Tom me beijando-