–Ér... eu quero dizer - ele se explica, confuso- Você está, realmente, muito bonita. Tenho certeza que quando você passar pela porta os sócios vão ficar sem palavras.

Eu estava sem palavras. Ele estava lindo. Com um terno cor de vinho, feito com um tipo de linho que deixava marcado ombros largos e um abdômen de dar inveja a qualquer um que passasse a quilômetros de Tom. Eu nunca tinha vista nada parecido com ele "normal", mas pronto para ir a uma festa social, ele não parecia desse mundo. Ele sempre usava terno para o trabalho, mas aquele terno era de longe, muito diferente. Transformava ele em outra pessoa, um outro homem... E se antes as mulheres já caiam babando em cima do meu marido, eu prefiro nem imaginar agora.

Seus cabelos estavam arrumados para trás com um volume, mas eu sabia que teria um movimento que apaixonaria qualquer pessoa pela qual ele pensasse em passar perto.

–Ah... Obrigada, Tom -eu disse, saindo de meu transe- Você também está muito bonito.

Passamos alguns minutos no silêncio, analisando o que tinha acabado de acontecer. Eu mandava alguns olhares rápido para Tom, somente para observar como ele estava bonito naquele terno, mas logo ele quebrou o silêncio.

– Eu estava procurando o meu celular -ele diz, passando os olhos no meu quarto- Achei que tinha deixado ele aqui, mas acho que estou errado. Devo ter deixá-lo na sala.

Eu olho pro quarto e realmente não vejo o celular dele, pra falar a verdade, eu nem me lembrava que ele tinha trazido o celular pro meu quarto.

–Desculpe se eu entrei sem permissão -ele diz- Mas, eu bati na porta e você não respondeu... Considerei como um sim e entrei.

Eu sorrio

–Ok -eu digo- Já vamos ?

–Se você quiser, sim -ele diz- O motorista já está nos esperando lá embaixo com o carro.

–Nós vamos com o motorista ? -eu pergunto- Eu sei que parece algo idiota, mas acho que seria mais respeitável se chegássemos com você dirigindo o carro.

Sempre ouvi minha mãe falando isso. Que impunha presença chegar dirigindo seu próprio carro, impressionava as pessoas que deveriam ser impressionadas. Me senti útil me lembrando daquilo e contando para Tom. Eu me senti como minha mãe lembrando meu pai de algumas regras de etiqueta antes de sairmos.

– Você está certa -ele diz- Mas, apesar de ser uma reunião de negócios, nós queremos transformar a reunião em algo mais informal para conseguirmos novos sócios. Essas pessoas gostam de beber e devemos fazé-las se divertirem para que possam ter segurança de que nossa empresa tem capacidade para grandes investimentos.

Eu espero por mais coisa.

–Eu sei que não parece ter muito sentido, mas esses homens gostam de beber, então, eu não posso dirigir... Sempre dá certo.

Eu sorrio

–Continue sorrindo assim -ele diz, sorrindo- Todos vão adorar

Eu coro e abaixo a cabeça. Como ele pode fazer isso comigo ? Eu nunca havia corado por ninguém até me casar com ele e em tão pouco tempo ele já me deixa envergonhada com qualquer elogio.

Esse homem não é normal...

Com um corpo desses, ninguém seria.

–Já podemos ir -eu digo, tirando esses pensamentos da minha cabeça- Estou pronta

Eu fico do lado dele e ele me oferece o braço. Observo e depois de algum tempo pensando, eu aceito seu braço e descemos as escadas juntos, como um verdadeiro casal. Entramos no carro e o caminho, por incrível que pareça, não ficamos o tempo todo mergulhados no silêncio.

– Sei que não é delicado falar disso -ele diz- Mas, eu realmente preciso que você finja estar muito apaixonada por mim, Larissa... Eu sei que você sabe disso. Sabe que um casal apaixonado e feliz pode impressionar tanto quanto uma ótima empresa. As pessoas gostam disso e eu conheço aqueles caras... Com certeza eles não são apaixonados, mas acreditam que nós somos, então...

–Eu sei o que eu tenho que fazer, Tom -eu digo- Eu sei que aceitei isso tudo. O casamento, a festa, você... Se é pra fazer, vamos fazer isso direito.

Ele me mandou aquele sorriso.

–Eu realmente espero que não se importe com os beijos -ele disse- Sei que é um pouco desconfortável, mas, para eles nós somos um casal...

–Ok, Tom -eu digo sem expressar nada, mas eu já esperava por isso.

– Eu sei que vai se sair bem -ele diz, sério- Nós vamos conseguir.

–Eu realmente espero que sim, Tom -eu digo- Espero que acreditem na gente, que invistam na empresa, que me saia bem como esposa apaixonada...

–Eu não tenho dúvida com relação a isso -ele diz, sério- Se apenas sorrir pra eles, eles iram se apaixonar pela minha mulher.

Depois dessa frase nós não falamos mais nada.

Ele começou a atuar muito cedo.

–Chegamos -diz Tom, segurando minha mão- Esta pronta para fazer parte do casal mais bonito e apaixonado da festa ?

–Tom -disse um homem que estava na sala com alguns convidados- Que bom que chegou, estávamos falando exatamente sobre você. Pessoal esse é Tom Thompson, um dos herdeiros da empresa.

Tom sorriu e eu também. Até agora, aparentemente poucas pessoas haviam me notado, mas, eu...

–Essa é a sua esposa, Tom ? -o mesmo homem perguntou, apontando para mim.

–Sim, essa é Larissa Winner -ele diz, segurando minha mão- Minha mulher.

– Oh meu Deus -diz uma mulher- Eu vi você nascer, menina e agora está uma mulher linda e casada... Como o tempo passa, estou me sentindo uma velha.

– Pois é, Paola. Se tornou uma bela mulher -ele diz, beijando minha mão- Prazer Larissa, eu sou amigo de seu pai e anfitrião, Olavo Hekir e essa é minha esposa, Paola Hekir.

–Muito prazer -eu digo, sorridente- Acho que já ouvi meu pai falar do senhor.

Eu estava mentindo.

– Tenho certeza, mas me chame de Olavo -ele diz- Venham juntem-se a nós.

A casa era linda. O interior parecia de cinema e todos pareciam muito agradáveis no ambiente, todos juntos, conversando e rindo. Jantaríamos numa mesa enorme, todos nós.

Eu estava apavorada.

Eu e Tom sentamos num sofá e ficamos bem próximos um do outro, iniciando o plano do casal apaixonado. Eu cheguei no seu ouvido, mantendo a minha pose de esposa apaixonada e perguntei para que só ele pudesse ouvir:

–Você acha que eles gostaram de mim ?

–Eles te adoraram -ele disse com aquele sorriso.