4º Desafio Sherlolly escrita por Clara Mikkelsen


Capítulo 1
As 3 sensações




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Sherlock estava em seu habitual silencio indesejado, aos olhos de Molly , ele encarava a lareira e segurava seu violino com uma das mãos o apoiando no braço da velha poltrona daquela sala empoeirada na Baker Street. Mrs. Hudson havia ligado para Molly naquela manhã nublada a fazendo sair de sua cama mais cedo que o necessário, o que ela não fazia por esse amor que sentia por ele. Vestiu seu casaco listrado, enfiou um sapato nos pés e foi ver o que tanto preocupava a Mrs. Hudson.

-Ele não come, não dorme e nem vai ao banheiro. Ela contou para Molly. –Vocês brigaram?

-Não brigamos. A senhora sabe que ele fica assim às vezes. Molly disse calmamente.

-Mas desde que vocês estão juntos, nada do tipo havia voltado a acontecer.

-Verdade? Molly perguntou surpresa.

-Sim. Ele está muito estranho. Mais que o normal. Ela concluiu e logo saiu falando que estava atrasada para um compromisso. Molly então entrou no apartamento e o encontrou, o encarou de longe tentando avaliar o que estava de fato acontecendo com ele. Sherlock parecia nem ter reparado que Molly estava lá, e se reparou se negou a deixar transparecer isso.

-Sherlock? Molly calmamente o chamou se aproximando e parando a sua frente, ela se abaixou até seus olhos encontrarem o dele que pareciam perdidos e vazios. Molly temeu ter feito algo de errado, mas não se lembrava de nada que pudesse ter o deixado assim. –Você está aí? Sou eu,Molly. A sua Molly. Ela falou a ultima parte mais baixo, ele a acharia boba por isso. Sherlock piscou uma vez, logo outra e mais outras vezes, parecia estar voltando de algum tipo de transe.

-Que fome. Ele falou de repente e Molly sorriu sem querer. Sherlock a encarou e deu um meio sorriso. –Vamos, temos uma reserva. Que horas são? Ele perguntou se levantando da poltrona.

-São 10 horas da manhã. Ela falou e ele parou de falar.

-Acho que fiz isso errado, perdemos a reserva. Ele falou para si mesmo e Molly não entendeu nada. –Vamos, ainda estou com fome. Ele disse e Molly o encarou. –O que foi?

-Você vai sair assim? Molly perguntou e ele notou que estava de pijama, pediu para que ela esperasse um momento e foi o que ela fez. Depois de alguns minutos ele voltou com seu habitual sobretudo ,seu cachecol azul estava numa das mãos, com a outra ele pegou a mão de Molly e a guiou pra fora daquele apartamento. Sherlock ainda não tinha muita experiência em relacionamentos, mas sabia que Molly gostava de contato físico, ainda mais quando se tratava de mãos dadas. Os dois caminhavam em silencio pelas calçadas, mas Molly não se conteve de curiosidade e perguntou o que Sherlock estava fazendo antes.

-Hipnose. Ele disse rapidamente e logo ficando em silêncio de novo.

-Você se hipnotizou? Molly perguntou surpresa.

-Exatamente. Mas não funcionou como planejei. Nossa reserva era pra ontem à noite.

-Por que você se auto hipnotizou? Molly ainda não entendia o porquê daquilo. Sherlock a encarou e sorriu.

-Você é tão curiosa. Ele disse e ela sorriu sem graça, a curiosidade sempre fez parte da vida de Molly. –Apenas um experimento. Os casos estão espaços e Watson ocupado . São essas coisas que faço quando dou de cara com o tédio. Esse mundo é tão entediante, as pessoas são tão entediantes, e perguntou como elas conseguem viver com elas mesmas. Sherlock disse e Molly se sentiu totalmente incluída naquele mundo de gente entediante que ele fez questão de menosprezar.

-As pessoas são felizes do jeito que são. Você devia reparar que eu sou uma dessas pessoas, e ter mais bom senso. Molly falou o encarando, ele parecia surpreso por isso.

-Você não precisa fazer disso uma grande coisa, foi apenas um comentário.

-Nem todos são como você Sherlock. E acho que o mundo é melhor por isso. Molly falou e o deixou parado na calçada, saiu batendo seus pés no chão com pressa. Ele não tinha noção que todo esse ego dele, não era uma coisa boa, menosprezar os outros não é nada bom visto com os de Molly. Enquanto caminhava sozinha uma chuva começou a cair,Molly não se importou e também não tinha nenhum guarda chuva com ela naquele momento, pensou em Sherlock, ele não tinha a seguido para pedir desculpas ou qualquer outra coisa e isso a deixou triste, ele nem se importa. Logo atrás Sherlock encarava o celular esperando uma resposta de John, ele havia perguntado o que devia fazer nessas horas, quando se faz algo bobo que a namorada não gosta. Ele sorriu quando recebeu a mensagem.

“SEU IDIOTA.”

“Mexa essas suas pernas compridas e vá atrás dela. Peça desculpas, mesmo que achando que esteja certo e ela errada. Apenas, peça desculpas.”

“AGORA”

Com a última mensagem, Sherlock se assustou com John. Mas sem pensar muito correu atrás de Molly que caminhava lentamente. Ele tirou o sobretudo, fez uma espécie de cabana e a protegeu da chuva que caía. Ela não disse nada, nem o encarou. Sherlock então parou na frente dela,e pediu desculpas.

-Eu sinto muito Molly. Ele falou e ela ainda não o encarava. Eu não acho que todos sejam entediantes, tudo bem que boa parte é, mas você não. Toda vez que estou com você, tenho pelo menos 3 novas sensações ,3 novos sinais. Você nunca me deixa entediado. Ele terminou e ela finalmente o encarou.

-Então me conte alguma dessas novas sensações. Ela o desafiou.

-A felicidade boba que sempre aparece quando te vejo sorrir. Um frio na barriga, toda vez que vou te beijar, por não saber fazer isso bem. Até mesmo aquele prazer enorme só de saber que você ainda quer estar comigo mesmo depois de eu fazer uma idiotice.

-Ainda não me convenceu. Fale algo mais interessante. Molly falou e Sherlock sorriu, sabia que ela já havia o perdoado.

-Vou te contar algo que vai me fazer parecer um verdadeiro idiota, mas eu já sou um mesmo, não é verdade?

-Continue. Ela falou. Sherlock ajeitou o sobretudo que já estava ensopado ,ele tentou não a molhar muito, mas não estava funcionando. Molly o encarou por um momento.

-Calma. Estamos nos molhando. Ele disse e ela revirou os olhos. -Eu passei uma noite inteira...ok,isso já aconteceu mais de uma vez. Ele falou e ela ainda o encarava com olhos desafiadores. –Na noite de sexta-feira você disse meu nome cinco vezes enquanto dormia. No sábado foram seis,acho que isso tem a ver com nosso adorável passeio que terminou na sua cama. E na ultima noite você falou meu nome apenas quatro, me senti ofendido por isso. Mas espero que essa noite você possa me agradar com um número maior. Ele falou e ela sorriu, ela ficou mais feliz por ele ter contado do que pelo o que ele contou em si. Ela amava ser a única que conhecia o verdadeiro Sherlock Holmes.

-Isso basta. Ela falou e ele sorriu se aproximando lentamente, tão lentamente que Molly não se aguentou e o puxou para o beijo logo. Sherlock acabou soltando o enorme, sobretudo dele, e com suas mãos segurou o pequeno rosto de Molly que se derreteu nos braços quentes dele. A chuva os molhou gentilmente, os cachos de Sherlock se desmanchavam com a água que escorria pelas pontas, Molly tinha seus cabelos encharcados e gelados, mas ela não sentia frio. Sherlock era sua fonte de calor, e ela era a dele. E isso bastava.


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