A filha do diretor escrita por The Drama Queen


Capítulo 40
Capítulo 39


Notas iniciais do capítulo

Antes de tudo, parem o mundo de vocês e leiam o POV extra do capítulo anterior. O que acham de saber um pouquinho mais da história do Peter? http://thedrama-queen.blogspot.com.br/2014/09/pov-cap-38.html
Eu sei, eu sei. Eu disse que postaria ontem, MAS eu estava com uns trabalhos para fazer, aí acabei atrasando. Desculpem-me. Em compensação, o capítulo está bem grandinho e vocês vão amar muito (ou odiar na mesma proporção). Esse é O capítulo. O momento mais esperado de toda a história. Acho que vocês sabem do que eu estou falando, certo? Pois bem.
Aviso: Esse capítulo contém drama excessivo.
Boa leitura!



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Maldito! Desgraçado! Filho da mãe! Eu vou acabar com a raça daquele babaca! Tenho certeza de que ele está sim, envolvido nisso. Tia Sally não iria parar no hospital por nada, e hoje é o último dia do mês. Faz todo sentido!

– Acidente de carro - explicou Dylan.

Eu entrei no hospital parecendo um furacão. Não falei com ninguém. Recepção o caramba! Passei por todo mundo, até pelos seguranças que tentaram me impedir de passar. Desviei deles, berrei, discuti e os xinguei de tudo quanto é nome que não vou citar aqui. Me recuso a repetir aquelas palavras imorais. Enfim, já estou na sala de espera junto com Anthony, tio Paul e Dylan, que me deu uma explicação mega resumida do que aconteceu com a tia Sally.

– Explica isso direito, Dylan! - ordenei.

– Eu não sei bem o que aconteceu - ele disse, nervoso. É claro que ele está nervoso, idiota! A mãe dele acabou de sofrer uma acidente de carro!– Até onde eu soube, através de testemunhas, um filho da mãe apareceu do nada e se jogou em cima do carro em que tia Sally estava. O carro dela bateu em um poste. Ela bateu a cabeça e foi encontrada desacordada. O desgraçado fugiu e ninguém anotou a placa do carro.

– Tiveram alguma notícia dela até agora? - Dylan apenas negou com a cabeça.

...

Dois dias para avaliação. Eu não em atrevi a sair do hospital. Era o mínimo que eu podia fazer: não abandoná-la no momento em que minha tia mais precisa, apesar de eu não poder fazer nada além de andar de um lado para o outro na sala de espera.

Nesses dois dias, o médico veio poucas vezes falar conosco. E todas essas vezes foram para dizer a mesma coisa:

– Por enquanto, ela está em observação. Não vamos tirar nenhuma conclusão precipitada, mas o estado dela é grave.

Mas hoje, o quarto dia desde o acidente, a fala dele foi diferente:

– A provabilidade dela acordar é mínima. Ela está respirando com a ajuda de aparelhos, não está reagindo bem às medicações. Estamos fazendo o possível, mas, como eu disse, se ela acordar vai ser um milagre.

Um milagre. Eu preciso de um milagre. Eu preciso que ela acorde, que ela fique bem. Quero que ela me olhe nos olhos e me diga que tudo não passou de uma brincadeira de mal gosto. Não posso perder mais ninguém, não do mesmo jeito. Toda essa coisa está me fazendo acreditar que, sim, existe alguma força maior, e ela me odeia. Odeia que eu fique feliz, odeia que eu tenha paz. Essa força se alegra com a minha desgraça.

Mais um acidente de carro, mais uma pessoa que eu perco. Minha tia, minha segunda mãe. A única que acolheu o pobre menino órfão. A única que aceitou um adolescente problemático debaixo do seu teto e o criou como se fosse um de seus filhos. Eu estou a ponto de perder essa mulher.

O menino órfão vai ficar órfão novamente. Além da minha segunda mãe, tenho apenas meu segundo pai. Mas ele não é como ela. Ele é mais distante. Eu preciso dela, eu quero ela.

Tia Sally, por favor, abra os olhos. Dylan, por favor, diz que isso não passa de uma brincadeira idiota. Alguém, por favor, grite para mim que tudo isso é uma grande mentira.

Anthony nem olhou para mim desde que eu cheguei aqui. Talvez nem tenha notado a minha presença, principalmente depois que o médico veio trazer notícias sobre o estado de sua mãe. O entendo perfeitamente. Ou talvez não tão perfeitamente. Eu não tive a oportunidade de ver minha mãe ou meu pai no hospital. Eles morreram na hora. Eu não tive a oportunidade de ter esperança de vê-los acordar. Os vi direto no caixão, sendo enterrados 3 metros abaixo dos meus pés.

Anthony está em choque. É o primeiro estágio. Depois vem a negação, e então a depressão e só aí a aceitação. Pelo menos comigo foi exatamente assim.

Só de pensar que a culpa disso tudo é minha, tenho vontade de me jogar na frente do primeiro carro em movimento que eu vir. Peter soube exatamente onde me atingir. Os únicos que eu esqueci de alertar: meus tios. Eu pensei em todos os meus amigos, meus primos, minha namorada. Até na prima da minha namorada eu pensei. Mas não pensei nos que são realmente próximos a mim. Isso soa tão patético. Eu sou tão patético! Não. Tia Sally não merecia estar passando por isso. Nem tio Paul, nem Dylan e Anthony. Fui eu quem os fez passar por isso. Por teimosia minha, por pensar que eu poderia proteger todo mundo. O que eu estava pensando? Que eu sou o super-homem ou algo assim? Ah, Scott, como você é idiota. Tudo isso porque eu não quis terminar com uma garota.

Eu não sei se tenho mais raiva de mim, por não ter terminado com ela logo quando ele mandou, ou por Peter ter colocado minha família nessa situação por causa de uma garota. Ele é tão patético. Somos tão patéticos! E tudo por causa de uma garota. Tudo gira em torno da Alysson, da aposta. Maldita aposta. Maldito dia em que meus pais morreram! Maldito dia em que eu vim para Flórida! Se eu fosse independente, se eu tivesse condições de morar sozinho naquela época, eu não viria para cá. Eu ficaria sozinho. Tanta confusão seria evitada. Tantas vidas poupadas. Tantas discussões e ameaças inexistentes. Mas não, eu tinha que vir e bagunçar a vida de todo mundo. Eu sou detestável.

Não quero nem falar muito do estado do meu tio Paul. Se Anthony está daquele jeito por causa da mãe, imaginem o tio Paul. Passou muitos e muitos anos ao lado daquela mulher, mais tempo do que qualquer filho. A proximidade deles dois era e é maior do que com qualquer outra pessoa. Eles são um só, a partir do momento que se casaram. E, depois de tantos anos, finalmente chegou o tão temido dia em que uma certa frase bate na sua porta: Até que a morte os separe.

Dylan é o único que parece estar se controlando, não está se deixando levar pela emoção. Nunca o vi com um ar tão responsável. Mas esse é o tipo de situação que nos transforma. Anthony é o mais novo de nós 3 e o seu estado emocional está totalmente abalado. Tio Paul, ele nem tem comido esses últimos dias. Aliás, nem ele, nem o Anthony e muito menos Dylan tem saído daqui, e a comida da cantina não chega nem aos pés da comida da tia Sally.

Concluindo, Dylan é o único que parece ter estrutura suficiente para ser o responsável no momento. Eu reconheço que a parte dele é a mais difícil. Ter que esconder a sua dor, seu desespero… Conter emoções e resolver problemas nessa situação. Eu não conseguiria.

– Scott! - Ouvi alguém gritar. Virei apenas a cabeça para a porta e vi Sarah correndo ao meu encontro. - Você não atende às ligações! - me repreende enquanto me abraça. - Ficamos todos esses dias sem notícias suas, só agora descobrimos do acidente. - Ela separou nossos corpos. - Nunca mais faça uma coisa dessas! Alysson ficou desesperada atrás de você. Naquela noite você simplesmente a deixou em casa, não explicou nada. - Eu não disse nada, apenas baixei a cabeça. Sarah acariciou meu rosto e me abraçou de novo. - Me desculpa. Você aqui passando por um momento difícil e eu te dando uma bronca. Como ela está?

– O doutor disse que vai ser uma milagre se ela acordar. - Minha voz saiu fraca, rouca, cansada. Eu não me sinto nada bem. Sarah me olhou com pena.

Não é de mim que você tem que ter pena, Sarah. Eu sou o monstro da história. Você tem que me odiar. Me odeie!

– Achamos que foi Peter - comentei. - Um babaca jogou o carro em cima do carro dela. Só pode ser coisa dele! - Isso era para ser um grito, mas eu só consegui sussurrar.

– Scott…

– Faz todo o sentido, Sarah. Era a noite do último dia do mês. Eu não terminei com a Alysson e ninguém além da minha tia está em coma na droga de um hospital! - elevei minha voz o máximo que consegui.

– Não vamos tirar conclusões precipitadas, Scott. E também, não temos provas de nada. E o cara que estava dirigindo o outro carro?

– Fugiu e ninguém anotou a placa.

Estava começando a me sentir cansado demais, então sentei. Minha respiração está pesada e eu tenho dificuldade de manter meus olhos abertos. Mas é só um pouco de cansaço. Daqui a pouco passa.

– Scott, qual foi a última vez que você dormiu? - Apenas dei de ombros. A verdade é que eu passei esses 4 dias em claro. Não consegui dormir, não consegui sair daqui, e não estou afim de levar um sermão. - Qual foi a última vez que você comeu uma comida descente? - Sarah, meu bem, eu não tenho comido nem a comida da cantina desse hospital, que é horrível, diga-se de passagem. Não tive nenhuma reação ante sua última pergunta. - Scott Miller! Você está querendo ficar doente?

– Sarah, por favor, não venha agir como minha mãe agora - murmurei. Não estou com cabeça pra receber lição de moral, não mesmo. Sei que ela só quer ajudar, mas eu realmente não estou bem. Não preciso de ninguém que me diga que eu estou pior.

– Scott, não quero saber. Se você continuar assim, você vai acabar conseguindo um quarto aqui no hospital também.

– Sarah, eu não…

– Cala a boca! - quase gritou. - Na discuta comigo! Eu vou te levar para casa agora. Você vai tomar um bom banho, depois vamos para minha casa e você vai comer, nem que eu tenha que enfiar a comida na sua garganta, e vai dormir, nem que eu tenha que te dar “boa noite Cinderela”. - Bufei. - Vamos. - Ela pegou na minha mão e praticamente me arrastou para fora do hospital.

Sarah é uma pessoa muito legal, mas consegue me irritar profundamente às vezes.

Já em casa, despedi Sarah. Não iria precisar mais dela aqui. Sei me cuidar bem, sempre soube. Eu a disse para levar o carro, não preciso dele. Não pretendo sair de casa e eu posso pegar um táxi até o hospital. Na verdade, eu só não queria que ela me levasse para a casa dela. Não preciso que mais ninguém me veja assim. De qualquer forma, ela preferiu ir a pé para casa da Alysson e deixar o carro comigo. Não disse se voltaria depois e eu também não perguntei.

Fui ao meu quarto e peguei uma roupa qualquer e fui tomar um banho, um banho demorado. Pela primeira vez em muito tempo, eu não me importei de pensar na hora do banho, não me importei de ter ficado dias longe da Alysson. Nada realmente importa agora. A única coisa que eu consigo pensar agora é que minha tia está a beira da morte e a culpa é minha.

Eu poderia ter raiva do Peter. Poderia, mas não consigo. Só consigo sentir raiva de mim mesmo. Foi ele quem mandou alguém fazer aquilo com ela, porém, eu tinha o poder de decisão em minhas mãos. Eu poderia ter evitado tudo isso, mas não evitei, e tudo por causa dela, por causa da Alysson.

Agora meu rosto está queimando, meus olhos, ardendo, e minha garganta está com um “nó”. Só percebo que estou chorando quando os soluços chegam.

Estou chorando.

Em todo esse tempo, eu só chorei por uma coisa, e agora as lágrimas caem novamente pelo mesmo motivo. Só que, dessa vez, a culpa é minha.

Droga! Eu sou um idiota! Um inútil! Um estúpido!

Scott, o que aconteceu com você? Desde quando você se prende a garotas? Desde quando você tem amigos de verdade? Desde quando você se importa com alguém?

– Cala a boca! - grito.

Você não é assim, Scott. Você não sente.

Por impulso, comecei a socar as paredes do banheiro. Um ato estúpido de uma pessoa estúpida.

Não sinto dor. Eu não sinto.

Alysson. Eu preciso falar com a Alysson.

– Eu não estou louco - disse para o meu reflexo no espelho. - Não estou. É só… nervosismo.

Preciso me desculpar com ela. Preciso me acalmar. Preciso que ela me acalme.

Vesti a roupa que separei rapidamente e saí de casa. Não usei o carro. No estado em que estou, é provável que eu seja o próximo a parar num hospital.

Corri. Preciso extravazar isso de alguma forma. Assim que cheguei, comecei a socar a porta. Quando me lembrei da campainha, a porta se abriu revelando Sarah.

– Não é uma boa hora, Scott - disse, calmamente. Uma calma que me assustou.

– Eu preciso falar com ela - argumentei, o desespero evidente em minha voz.

– Eu sei, mas é melhor você voltar outro dia. A Aly não está muito bem…

– Aconteceu alguma coisa com ela? Onde ela está?

– Scott, ela… - Não a deixei terminar de falar. Empurrei-a para o lado e entrei na casa dos Cooper.

– Alysson! - berrei. - Alysson!

– Scott, eu estou falando sério - voltei a ouvir a voz de Sarah.

Subi as escadas correndo e entrei no quarto dela sem exitar.

Alysson está sentada em sua cama abraçada com Chloe e Lilyan do seu lado.

– Alysson - disse mais suavemente. - O que aconteceu? - perguntei para ninguém em especial.

– Eu disse que não é uma boa hora, Scott - Sarah surgiu atrás de mim, seu tom firme e autoritário.

– Minha namorada está chorando! - tornei a gritar. - É sim uma boa hora!

– Por que você não me contou? - A voz de Alysson foi ouvida, fraca, trêmula, incrédula, decepcionada, desiludida…

– O quê? O que eu não te contei? - perguntei, confuso, temeroso.

– Sobre Peter.

Congelei por um momento e tive certeza de que estou pálido.

– De… De que, exatamente, você está falando?

Lilyan ergueu o celular que tinha em mãos e deu play em um vídeo. Peter apareceu na tela.

– Vá direto ao ponto, Peter.

– Tudo bem. Você tem até o fim desse mês para terminar com a Alysson. E não é terminar de qualquer jeito. Quero que ela sofra. Caso contrário, alguém próximo a você vai sofrer as consequências. E, vai por mim, você não vai gostar de saber quem é, nem o que vai acontecer. Como eu disse, é bem melhor você fazer o que eu mando.

– Você realmente acha que eu vou deixar que você machuque alguém?

– Você não pode proteger todo mundo, Scott. Tenha uma boa noite.

Permaneci calado enquanto outro vídeo começava a ser reproduzido no celular. Esse eu reconheci logo como sendo o momento em que eu contei a Lilyan sobre Peter.

– Por que você me escondeu isso? - Alysson tornou a perguntar.

– Eu não escondi - tentei me justificar. - Eu te contei que Peter nos queria separados.

– Mas não disse que ele estava te ameaçando! - gritou, levantando-se. - Sua tia está numa cama de hospital! - Respirou fundo. - Foi ele, não foi? - perguntou mais calma. Eu apenas assenti com a cabeça baixa. - Não dá mais, Scott. - Secou as lágrimas nervosamente. Percebi que suas mãos estão tremendo. - Acho que isso foi longe demais.

– O que você quer dizer com isso? - perguntei, mesmo sabendo a resposta.

– Não tem como ficarmos juntos, Scott. Caramba! Tem uma pessoa no hospital! - gritou a última frase. - Eu já vi relacionamentos com mentiras - suavizou a voz. -, mas o nosso ultrapassou todos os limites.

Olhei para Sarah. Ela sabe o que passa na minha cabeça, porque é o mesmo que se passa na dela. Ela assentiu, me incentivando.

– Então, chega de mentiras - eu disse, decidido, sem tirar os olhos de Sarah, que apenas abaixou a cabeça e encarou os próprios pés. - Vou te contar tudo.

– Ainda tem mais? - ouvi a voz de Lilyan pela primeira vez no dia.

– No início do ano - ignorei Lilyan. -, eu fiz uma aposta com os caras. Foi logo no primeiro dia de aula. Eu apostei que conseguiria levar a filha do diretor, a intocável, em um encontro comigo. - Não consigo encarar Alysson. Por mais que eu tente, meus olhos se desviam para qualquer lugar que não seja ela. - Anthony foi contra essa coisa da aposta o tempo inteiro, mas eu não dei ouvidos a ele. Eu pensei que seria fácil. Tudo sempre foi muito fácil pra mim em relação a garotas. Era só um encontro com mais uma garota. Mas então eu percebi que você era diferente, percebi que eu não conseguiria sequer me aproximar de você se não fosse do seu jeito. Então eu… Eu… - Conto sobre a Sarah, ou não conto? Não seria certo envolvê-la nisso. Seria? - Então, eu comecei a te stalkear. Olhei em todas as suas redes sociais tudo o que tinha sobre você, fiz perguntas a algumas pessoas e, no geral, te observar em todo momento.

Ergui a cabeça por um breve momento, mas me arrependi logo em seguida. Alysson está sentada na cama, encarando o chão, chorando compulsivamente. Meu coração apertou. Eu não queria que fosse assim. Desviei o olhar novamente e continuei:

– No acampamento, Peter disse que eu teria que dormir com você. Foi aí que as ameaças começaram. Mas eu não cedi. Eu disse que eu não faria o que ele mandou. Eu não conseguia fazer isso com você. Eu já dormi com muitas garotas por causa de apostas, mas eu não podia fazer isso com você. E eu não fiz. Foi por isso que Peter, Kyle e Ethan me bateram lá, porque eu neguei. Enquanto isso, nós fomos nos aproximando cada vez mais, e eu comecei a te ver de outra forma. Você não era mais uma aposta para mim. Depois de um tempo, eu descobri o porquê de eu te olhar com outros olhos, de eu te ver e te tratar diferente das outras garotas. Alysson, eu estava apaixonado por você. - A olhei nesse momento e vi que ela já me encarava. - Era tudo muito estranho pra mim. - Sustentei o olhar dela. - Eu nunca tinha sentido nada daquele tipo por nenhuma garota. Você foi a primeira, Aly. - Sua expressão não suavizou com as minhas palavras. - Mas Peter não me deixou em paz. As visitas dele eram cada vez mais frequentes, as ameaças cada vez piores. Ele chegou a ameaçar a Sarah. Eu fiquei sem saída. Mas ainda assim, preferi não fazer nada com você, mesmo que eu tivesse vontade, não porque Peter mandou, mas porque você me atrai, Aly. - Suspirei antes de continuar. - Um dia, Peter disse que eu tinha duas opções: ou eu dormia com você, ou te largava da pior maneira possível, fazendo com que você sofresse. Novamente, eu não fiz nada do que ele ordenou, então, ele começou a fazer coisas para tentar nos separar. Foi aí que eu te contei parte da história. Há algumas semanas ele apareceu na minha casa, como já tinha feito outras vezes. O resto você já sabe.

O quarto ficou silencioso por um longo tempo.

– Eu desisti da aposta por sua causa - murmurei. - Eu te amo, Alysson.

Espero realmente que ela me entenda. Espero que ela acredite que aquilo tudo não existe mais. Que aquele Scott não existe mais.

– Tudo isso foi uma grande mentira - ela disse com a voz embargada. - Você mentiu pra mim o tempo todo! E eu caí nessa palhaçada. Eu achei que você realmente gostava de mim. Mas eu não passei de uma aposta.

– A aposta acabou assim que eu te conheci melhor. Eu disse, Alysson. Eu me apaixonei por você. Tudo o que tivemos foi real, sim.

– Não, Scott. Nem tudo foi real. O início foi pura aposta. O Scott leitor, o atencioso, carinhoso. Foi tudo uma grande farsa. Aliás, como eu vou saber se você não está fingindo agora mesmo? Como eu sei que isso aqui não passa de mais uma dessas idiotices?

– Alysson, acredita em mim, pelo amor Deus! Eu estou falando a verdade.

– E, mesmo assim. A partir de quando isso é verdade? A partir de que momento nosso relacionamento foi real? Como eu vou saber, Scott? - Ela está chorando. Ela está sofrendo e a culpa é toda minha!

Maldita aposta! Maldito Peter! Maldito Scott!

Eu estraguei tudo.

– Você mentiu pra mim - ela sussurrou.

– Mas estou contando tudo agora…

– Você prometeu que não iria me machucar - me interrompeu. - e está fazendo um estrago pior do que o Peter.

Essa frase acabou comigo.

Me comparar com o Peter, aquele… Nem sei como definir aquele projeto mal sucedido de ser humano. Enfim, me comparar com aquele crápula já é demais. Posso ter errado, mas eu tentei reparar meu erro e agora estou aqui, contando tudo para ela, dizendo toda a verdade, por mais difícil que seja. Entendo que não deve ser fácil para ela, mas um pouco de compreensão seria bom. Ela podia olhar o meu lado também.

– Alysson… - tentei argumentar.

– Você me tratou como um objeto! Não tente se justificar. Eu acreditei em você esse tempo todo. Meu Deus! Eu não acredito que eu caí nessa de novo - lamentou-se. - Você se diz diferente dele, mas fez exatamente o que Peter fez comigo.

– Aly, não diz uma coisa dessas - implorei.

– Ele tem razão, Alysson - a voz de Sarah soou no ambiente. Até o momento, tinha me esquecido que ela e as outras estavam aqui. - Scott pode ter errado feio no começo, essa história toda não começou bem, realmente. Mas foi por causa disso que vocês estão juntos hoje. E ele gosta mesmo de você, Aly. Ele desistiu da aposta por sua causa. Eu também não acreditei no início, mas depois desse tempo todo eu…

– Espera aí - Alysson a interrompeu. - Depois desse tempo todo? - Ah, Sarah. Você falou demais.– Você sabia dessa coisa toda?

– Sabia, mas…

– A culpa foi minha, Aly. Eu pedi para que ela não contasse, porque eu sabia que você reagiria mal. E eu achei melhor que você soubesse por mim.

– E quando você pretendia me contar isso, Scott? - Alysson perguntou. - Não me admira ver você, Scott, metido nisso. Mas você, Sarah. Depois de tudo o que já me aconteceu?

– Alysson, tenta entender. Isso tudo já passou - Sarah tentou nos explicar. - Nada disso existe mais. A aposta foi por água abaixo, o sentimento do Scott por você é verdadeiro.

– A aposta pode não existir mais, mas as coisas só pioraram, porque o Peter ainda existe! Vocês não entendem? E, de qualquer forma, acham que eu vou perdoar assim, ter sido enganada por vocês? Aliás, o que vocês ainda estão fazendo aqui? Não entenderam que tudo acabou?

– Alysson… - tentei falar novamente, mas nenhuma palavra mais me veio a mente. Não tenho como me justificar.

– Vocês fizeram sua escolha quando decidiram me enganar durante todo esse tempo, se divertiram as minhas custas. Não quero ninguém desse tipo na minha vida. Espero, sinceramente, nunca mais ver a cara de nenhum de vocês na minha vida. Saiam, por favor. Não quero ser obrigada a expulsa-los de forma rude.

Não dissemos nada. O que poderíamos ter dito? Eu só faria repetir tudo o que eu já disse. E, se ela não acreditou da primeira vez, certamente não vai acreditar na segunda. Descemos as escadas lado a lado. Alysson, claro, não nos levou até a porta. Ninguém levou. Sarah deve estar uma fera comigo. Eu estraguei uma amizade de anos. Esses dias estão acabando com a minha vida. Eu decidi ficar com a Alysson e minha tia foi para num hospital. Mas então eu perdi Alysson, e agora, provavelmente, vou perder uma amiga. Sem falar em Anthony, que deve estar querendo minha cabeça numa bandeja.

Chegando no final da escada, fez-se ouvir a campainha. Como já estamos saindo mesmo, aproveitamos para atender a porta. Mas especificamente, Sarah atendeu a porta.

– Peter? - Ele abriu aquele sorriso.

– Soube que estava havendo um drama de casal por aqui. Vim assistir ao show.

O que eu respondi? Nada. Apenas fiz uma coisa que eu tenho vontade de fazer a muito tempo.

Afastei Sarah da porta, talvez com força demais. Me desculpo depois. Segurei o filho da mãe pela gola da camisa com a mão esquerda e soquei seu rosto uma, duas, três, quatro… Perdi a conta de vezes. Minha mão que estava machucada? Acham que eu me importo com isso agora? Tudo o que eu quero é rachar o crânio desse canalha!

Só parei de socá-lo quando já não tinha mais forças para sustentar seu peso. Ele ainda estava consciente quando o joguei no chão. Quando ia partir para cima dele novamente, senti braços fortes me segurarem.

– Acho melhor parar por aqui, antes que você faça alguma besteira.


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Notas finais do capítulo

Bom, então. Pois é. Ele contou. Não sei se ficou exatamente do jeito que eu imaginei, não sei se ficou ao gosto de vocês. No geral, eu até que gostei. Não achei que ficou ruim, só acho que está faltando alguma coisa, mas sei lá kkk Diz aí o que vocês acharam. É importante, gente. Sério.
Então, esse capítulo marca o início da reta final da história. Exatamente 10 capítulos nos separam do fim, contando com o epílogo. O fim de AFiD ainda é meio surreal pra mim. É estranho pensar que uma coisa que durou quase 6 meses já está acabando. Ah, vou deixar a parte sentimental e melosa para o epílogo.
Falando em final de AFiD, para aqueles que não acompanham o blog e não viram o aviso, vejam lá, por favor: http://thedrama-queen.blogspot.com.br/2014/09/fim-de-filha-do-diretor.html
Acho que é só isso. Quero dizer, acho que tinha mais alguma coisa pra falar, mas eu não lembro kkk Então...
Beijos de amora :*