Enquanto ela dormia escrita por Laucamargo


Capítulo 4
Mais empolgante do que novela




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Apesar do cansaço do dia anterior eu despertei as 5 horas, ainda tentei virar para o outro lado para tentar buscar o sono novamente, mas foi uma tarefa inútil, acabei me decidindo por me exercitar. Vesti uma roupa esportiva qualquer da “ala” abandonada do meu guarda-roupa, fui para a cozinha e preparei uma vitamina queria algo rápido e então acompanhado da minha magrela peguei a estrada. Novamente abusei do exercício, quando dei por mim já tinha passado mais de uma hora que estava pedalando e eu nem tinha notado o tempo passar.

Quando entrei no hospital me sentia com as energias renovadas para o que tivesse de enfrentar, e após deixar as minhas coisas na minha sala e oficialmente dar início ao meu plantão, dei uma olhada nos prontuários dos meus pacientes para ver o que foi feito na minha ausência e as mudanças apresentadas pelos pacientes e então dei início as rondas, veria os meus paciente um a um a falaria as suas famílias segunda a sua evolução, quando cheguei ao leito da paciente em coma estudei a atualização do seu prontuário na minha ausência esperançoso em encontrar melhoras no seu quadro e tenho que controlar a minha decepção ao constatar que não ouve nenhuma.

Após terminar as minhas rondas do dia marco um horário para se reunir com os familiares da minha paciente para informar quanto ao seu quadro e as medidas que serão tomadas dali para frente.

– Boa tarde Lúcio, que cara é essa meu amigo?

– Cara de quem dará uma noticia nada animadora á família de um paciente.

– Esta falando da Ana Fonseca?

– Sim.

– Você acredita que a mãe dela veio até mim para cobrar um posicionamento com relação ao estado da filha.

– Me deixa adivinhar, ela não fez de forma educada e despretensiosa.

Ela solta o ar e leva a xícara de café a boca e sei que ela esta se controlando para não rolar os olhos e só depois de bebericar o café ela volta a falar, aproximando-se de mim e diminuindo o tom de voz.

– Nunca vi altivez maior na minha vida, e olha que já tive que lidar com muitos cirurgiões se julgando deuses só porque sabiam dominar um bisturi, ela simplesmente desconhece a palavra humildade, se conheceu um dia ela fez questão de excluir do seu dicionário.

– Se ela é assim eu tenho medo do que esperar do resto da família.

– Quanto a isso você pode ficar despreocupado, se tiver outra megera só se for a que esta em coma.

– Doutora Evie – Digo o seu nome em tom de censura e balanço a cabeça negativamente para ela, que da de ombros e me devolve um sorriso doce que é impossível resistir. Era muito bom vê-la tão descontraída era difícil conseguir observa-la assim em nosso ambiente de trabalho, geralmente ela adotava o ar serio que o seu cargo exigia.

– Eu estou falando serio.

– Esse era o meu medo doutora.

– Deixe de besteira, o caso é que a Eva é exceção em sua família, pelo menos entre as pessoas que eu tive a oportunidade de conhecer, se pelo menos ela tivesse metade do caráter da mãe poderia ser considerada uma pessoa tragável.

– Meu Deus, mas o que deu em você hoje? Fazia tempo que não a via atacada deste jeito.

Ela ignora a minha provocação sem cerimonia e continua a sua descrição das pessoas que compunham a família da minha paciente, ou pelo menos a parte presente no quadro de visitas, isso é, além da mãe e das irmãs que deram entrada juntamente com ela no dia do acidente e os avós.

– Pelo visto não sou o único que ficou encantado com a paciente., você já conheceu a família toda.

– Eu não diria todos, mas estou bem próximo a isso.

– E você diz isso com essa calma toda. Não acha estranho esse entusiasmo todo por causa de um paciente?

– Vou te dizer uma coisa Lúcio quando a paciente chegou aqui no hospital eu a estava tratando como a todos os pacientes, mas agora, eu não sei tem algo nesta historia que parece não se encaixar.

– Como assim?

– Não sei, primeiro eu só estava indignada com a diferença de tratamento que a Eva dispensa as três filhas, mas agora que passei a observar.

– Passou a observar? – Eu a interrompo arqueando a sobrancelha para ela e ela disfarça enquanto desfere um tapa de brincadeira na minha perna por baixo da mesa.

– Você não ouviu isso.

– Ah eu ouvi sim.

– Que seja, eu admito isso esta melhor que novela.

– E desde quando você gosta de novelas?

– Não gosto e ultimamente não venho tendo tempo para elas, mas se fizessem novelas boas assim eu com certeza assistiria.

– E o que tem de tão interessante assim? Eu não vejo nada de significativo.

– Porque você não é um bom observador como eu... já observei intrigas, desamores e brigas mal resolvidas, só falta achar o romance pra ficar perfeito porque drama já tem de sobra.

– Meu Deus, quem é você e o que fez com a minha amiga?

– Cala boca.

Não seguramos o riso desta vez e ela volta a concentrar a sua atenção na salada de frutas que estava até então abandonada. Era engraçado vê-la empolgada com alguma coisa, ela esquecia até da sua fome.

– Que foi?

– Você está engraçada só isso.

– Você esta precisando de distrações melhores meu amigo, já estou ficando preocupada... não vai terminar a sua salada de frutas?

– Não, tomei um café reforçado hoje depois de me exercitar.

– Então me passe aqui.

Ela aponta para a minha taça quase intocada e sou obrigado a erguer a minha sobrancelha novamente, achando ainda mais graça.

– O que? Você vai comer a minha salada e a sua?

– Você prefere joga-la fora ao invés de compartilhar?

– Longe de mim, toma aqui e seja feliz. Mas me diz o que o Nando aprontou ontem pra te deixar nesse apetite todo?

– Fique fora disso!

Ela se apreça a responder fazendo com que eu alargue ainda mais o sorriso, ela disfarça e volta a comer para evitar o assunto, mas apesar de não sorrir com os lábios os seus olhos lhe entregavam.

– Eu passei mal no período da manhã, não como nada desde o jantar então não me julgue.

– O que você teve?

– Uma indisposição chatinha, um enjoo persistente.

– humm pelo visto o Nando tem mais a ver com isso do que eu imaginava.

Ela arregala os olhos quando digo isso e taca um guardanapo na minha direção.

– Muito engraçadinho você, eu não estou gravida se é isso que você esta insinuando.

– Se você esta dizendo... ok não precisa me olhar desse jeito, não esta mais aqui quem falou... Mudando de assunto você vai fazer parte da equipe que entrara em reunião comigo pra falar com os familiares?

– Não, eu estarei em outra reunião, mas tenho certeza que você da conta do recado.

– Não sei não, depois de tudo o que você me contou tenho medo de ficar lá sentando observando a todos tentando descobrir qual será o desfecho da trama.

– Bom se descobrir o desfecho ou encontrar o romance me fala.


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