Los Angeles, 06 de abril de 2009

Era começo de noite no terraço de um dos milhares de prédios de L.A, lá estava uma pessoa que já viu e presenciou o que várias pessoas não gostariam de ter visto ou muito menos presenciado. Tirou seu maço de cigarro Marlboro Vermelho, com seu dedo indicador deu um peteleco na parte inferior da pequena caixa, fazendo assim o cigarro deslizar para fora com um certo ar de leveza, logo em seguida levando o cigarro a boca e com sua mão fazendo proteção para acender, tirou o zippo do bolso direito e assim ascendeu seu companheiro de todas as noites, após dar uma tragada ele virou para a outra pessoa ali presente dizendo:

- Bom, você tem perguntas não tem ? Se você concordou em me encontrar aqui, ambos sabemos o que irá acontecer, porém, você tem duas alternativas, e no final irei saber qual delas você vai tomar. – seus olhos olharam para a outra pessoa ali presente, um bela garota aos meados de seus 23 anos para os 24, corpo bonito, cabelo moreno como a noite e olhos azuis como o oceano, seu nome ? Ereleen.

- Sim, eu concordei em vir aqui mesmo sabendo das únicas opções que me restam, mas me desculpe, já nos conhecemos, sei que não é humano, mas sim um vampiro, e desculpe minha ignorância, mas porque o cigarro ?

- E eu achando que você iria fazer perguntas sobre estacas e raios de sol na primeira chance que tivesse. Continua ainda a me surpreender minha querida. – disse dando mais uma tragada no cigarro e voltando seu olhar para a cidade logo abaixo de seus pés. – Bom, o porque do cigarro ? Pois bem, muitos de nós antes de passarmos para a não vida como a chamamos, se somos muito apegados a algo, acabamos levando aquilo junto, no meu caso como você pode ver, ô cigarro, para outros pode ser maconha, como também pode ser LSD e assim por diante. – deu outra leve tragada em seu cigarro e assim continuou. -  Vou tirar suas dúvidas, assim você não precisa ficar pensando muito, ok ?

Ela apenas concordou com a cabeça levemente. Niak como ele disse que se chamava para ela, disse que foi um dos primeiros, falou para ela como sobreviver de caçadores, como se alimentar, como foi acordar para a não vida  e ver o mundo de outra forma, disse que os raios ultravioleta do sol realmente danificam suas peles, ou seja, após as 6 e antes das 19 nunca sair de casa, até que ela perguntou:

- E os poderes ? – com certo interesse, ela viu que as feições dele ficaram meio confusas e continuou – é você sabe, voar, ficar invisível, laser pelos olhos, e assim por diante.

- Hahahahahahaha. Você acha que podemos fazer isso ? Temos velocidade, força e alguns truquezinhos que com o tempo você irá aprender se aceitar. Mas retomando certos pontos, Dracula nunca foi o primeiro e nunca será, é algo que a mídia coloca hoje em dia e eles sempre acham estar certo. – colocou sua mão no bolso novamente para pegar o mesmo maço e dar outro peteleco na parte inferior fazendo outro cigarro deslizar para fora, enquanto ascendia o mesmo retornou a conversa .– Ah, quase ia esquecendo, estacas, elas são realmente perigosas.

- Elas matam vocês ? – com uma face de medo em seu belo rosto

- Matar ? Não, de jeito nenhum, elas nos paralisam, nos deixam imóveis até serem retiradas de nosso peito novamente, projéteis na cabeça causam o mesmo efeito, porém, para tirar são mais chatos, muito mais chatos. – deu um leve suspiro seguido de uma tragada. – Você disse sobre morte, no caso nossa morte, bem, nosso único jeito de morrer é queimado ou sendo decapitado, afinal somos seres sobrenaturais em corpos humanos.

- Vocês são os únicos seres sobrenaturais que existem ? – ele se levantou e foi em direção a ela, segurando-a pela cintura, e jogando o cigarro fora.

- Lobisomens, gnomos, fadas, anjos e demônios, você diz ? Sim, eles existem, porém temos que tomar apenas cuidado com os primeiros, anjos e demônios são algo que nunca tive a chance de encontrar e prefiro não encontrar, um abençoado pelo inferno, outro pelo céu, e nós pelo esquecimento.

E assim se prolongou a conversa por mais algumas horas, quanto mais conversavam mais ela se admirava, o corpo deles não era frio como diziam e sim quente como se fosse de um humano normal, seu rosto era maravilhoso, sua pele assim como seu corpo eram algo maravilhoso, Niak contou histórias para ela sobre coisas que viu e que as pessoas aos longos dos anos foram distorcendo, hora deitado em seu colo ou com sua cabeça encostada em seu peito, e assim logo se via que faltava pouco para o amanhecer e assim Niak aproximou seu rosto ao dela:

- Minha querida, falta pouco tempo para amanhecer – seus lábios quase encostando um no outro. – e você se decidiu o que vai querer, passar a eternidade comigo ou apenas acordar amanhã achando que isso foi apenas mais um sonho estranho de sua mente ?

Ela levou suas mãos ao seu rosto e tocava com o maior carinho do mundo, como se fosse a única coisa presente naquele mundo inteiro, apenas eles dois.

- Eu não quero esquecer este dia, esta conversa, muito menos você, posso morrer hoje, mas estarei renascida amanhã com seu abraço e com você ao meu lado.

E assim Niak selou Ereleen com seu abraço, hoje um fim de uma vida, amanhã o renascimento de uma pós vida, a vida pós a morte será tão difícil, será dolorido ? Naquele momento poderia parecer horrível afinal, todos os seus órgãos estão sendo desligados, todos reclamam desta dor, ninguém gosta, mas todos aprendemos a conviver com ela até o renascimento, ah sim, nosso querido renascimento, durante a história fomos chamados de sanguessugas, demônios – sendo que demônios são outros -, mas ainda de todos os termos o que melhor nos representa é vampiro, somos como um vírus, sempre nos moldamos do jeito que queremos para conquistar algo, acredito que você já deve até ter falado com um, mas apenas não se lembra, afinal, nosso poder de persuasão nunca nos abandonou, no final seus netos, estarão contando história para seus amigos sobre nós, assim como vocês fizeram. E poucos de vocês terão a chance do Abraço.