‘’ É como eu me sinto...

Perdida dentro de mim. Um vendaval de confusão invadiu meus sentimentos. De noite o coração me obriga a te querer. E quando acordo, ele já não pensa mais em você. E eu fico desesperada. Sem saber o que fazer. O que será que estou sentindo? Na verdade, eu não sinto nada. Existe um vazio enorme dentro de mim que me impede de amar. Desde a ultima pulsada ele está assim. Intocável. Incapaz de amar. Fraco, com medo. Medo de fazer alguém sofrer por ter tomado a decisão errada. Medo de dizer SIM e depois querer um NÃO.

Me entenda! Eu não tenho culpa de não amar. Eu só preciso de um tempo pra me acostumar com o jeito que o meu coração escolheu pra viver.

Eduarda Lins ‘’

POV Victória

Depois da bela encenação que Catharina fez quando Cecilia chegou em decido conversar com ela, eu tinha que enfrentar ela mais cedo ou mais tarde. Não poderia simplesmente fingir que não conhecia ela. O mais difícil seria olhar nos olhos dela e falar sobre a minha família. Cecilia nunca teve uma família de verdade, nunca fomos uma e nunca seremos. Ela era muito orgulhosa e vaidosa, não se importava se magoava as pessoas ou não. Mais eu teria que machuca-la falando da vida que eu tenho, a vida que ela quis roubar. Se ela tivesse conquistado Otávio eu nunca teria tido meus filhos e nunca seria feliz. Talvez eu tenha me reencontrado com Maria, ou talvez morrêssemos sem saber da verdade.

–Oi. –Falo com medo.

–Pensei que você iria fugir sem se despedir de mim. –Cecilia fala e eu suspiro pesadamente. –Desculpa. –Ela pedindo desculpa? O que estava acontecendo com ela. –Por tudo que já falei e fiz com você. –Ela fala e eu fico incrédula. De inicio eu não aceitaria nem um perdão nos últimos suspiros dela. Mais eu dei um sorriso sincero e logo a abracei.

–Vamos ficar bem. –Falo e ela começa a chorar. –Vamos dar um jeito de esquecer o passado.

–Prometa-me que nunca vai desistir de mim Victória. –Ela pede chorando como uma criança. Eu fico sem ação mais logo volto ao normal.

–Nunca vou desistir de você , Cecilia... –Falo e a aperto mais forte. Logo vejo Maria nos olhando e sorrio. O estranho era que eu nunca me dei bem com Maria, as vezes brigávamos de uma forma como se não fossemos irmãs.

–Quero que conheço a minha outra irmã. –Falo interrompendo o abraço e ela enxuga as lagrimas com vergonha. Maria logo da um sorriso e se aproxima ate nós. –Cecilia esta é Maria, Maria esta é Cecilia.

–É um prazer te conhecer. –Cecilia fala sorrindo e Maria a olha da cabeça aos pés e fala.

–O prazer é todo meu. –Maria reponde sorrindo. –Se considere minha irmã, querida.

–E minha sobrinha onde esta? –Pergunto e Cecilia me olha com alegria. Talvez quando Melissa chegou na sua vida ela tenha mudado.

–Mal chegou e já esta com uma das minhas sobrinhas. –Cecilia fala sorrindo e Maria me olha como se estivesse preocupada.

–Qual delas? –Maria pergunta. –Cristina? –

–A doce e mais meiga de todas, Maria Fernanda. –Cecilia responde eu vejo que Maria fica estranha. Eu fico feliz por Cecilia ter tido essa impressão de Maria Fernanda. Parecia que a minha irmã tinha mudado radicalmente.

POV Maria Fernanda

Melissa era muito esperta e sabia fazer com que eu sempre comprasse mais sorvete para ela. Desse jeito ela acabaria ficando resfriada e logo minha tia ficaria brava. Mais eu não me importava e continuava fazendo as vontades dela de toda forma. Ela me falava que sua mãe nunca deixa ela dormir tarde, me falava tantas coisas infantis que eu ria e ela sempre me encarava com um olhar ameaçador. Eu com essa idade fazia a mesma coisa, sempre desafiava as pessoas e elas não levavam a serio porque eu era uma criança. Ninguém sabe que uma criança desafiadora se torna uma pessoa solitária. Tudo que vemos e sentimos fica guardado com nosso orgulho e depois sempre pensamos em vingança. As vezes eu tento me controlar para não fazer ninguém sofrer mais isso é inevitável.

–Talvez nossas mães estejam falando muita coisa para ainda estarmos aqui sozinhas. –Melissa fala toda lambuzada de sorvete. – Você sabe montar em um cavalo?

–Aprendi com a sua idade. –Falo e sorrio para ela. Ela sorrio e logo me faz outra pergunta.

–Me ensina? Da ultima vez que montei em um tive medo. –Fala e eu estranho o que ela fala.

–E agora não tem medo? –Pergunto e percebo quantos sorvetes ela já tomou.

–Acho que não. –Fala ingênua e eu riu com a sua boca toda suja de sorvete. Ela dá um sorriso e me olha envergonhada.

–Tomando sorvete á essa hora da noite? –Cecilia pergunta me assustando.

–Espero que não tenha problemas, tia. –Falo e ela sorri. –Eu preciso ir.

–Quando vai me ensinar a andar de cavalo? –Melissa pergunta e Cecilia me olha incrédula.

–Em breve. –Falo olhando para Melissa. Algo nela me lembrava eu mesma quando criança. Quando eu olhava para ela eu sentia que olhava meu reflexo no espelho.

(...)

Assim que cheguei em casa percebi que meus filhos já estavam dormindo como dois anjos. Eu me sentia profundamente confusa em relação ao meu passado. Eu tinha medo e raiva de mim mesma quando me lembrava do que fiz. Parecia que eu lutava comigo mesmo para controlar a minha raiva e a minha angustia. Eu sou uma pessoa frustrada, eu não amo e nem odeio. Toda vez que eu olhava para Melissa algo me puxava para a filha que eu tive.

–Ela só tem a mesma idade da filha que eu tive. –Falo tomando um gole do meu vinho. –E a mesma idade da filha dela... –Falo me lembrando do bebê que foi abandonado em um orfanato por minha causa. Logo eu me olho no espelho e solto a taça no chão com força. E com raiva eu bato as minhas mãos com força no espelho.

–O que esta havendo com você?–Escuto Maria me perguntar assustada. Eu olhava para as minhas mãos que sangravam e chorava compulsivamente. –Maria Fernanda! –Ela exclamava e eu constinuava chorando.