Abrir os olhos parecia uma boa idéia, e ao mesmo tempo um sentimento interior lhe dizia que nada de bom ia surgir disso. Mas estava morta, não estava?

-NÃO! – o terror tomou conta dela, suas pernas cederam. Aquilo sim a dilacerou por dentro.

Ali, parado como um escudo vivo, Thiago Potter com a mão no peito coberto de sangue de estava de costas para ela.

-Oh que bonitinho, o namoradinho veio salvá-la, onde você estacionou o cavalo branco bonitão? – Karina zombou, mas alguma coisa na sua voz denunciava mais que ironia. – Ah espere, ele chutou você, não foi miss hogwarts? É provavelmente por isso que você não “brilha mais”. – ela apelou cruzando os dedos para estar certa,  todos os seus alarmes de sensitiva apontando o perigo a sua frente.

Thiago tentava tapar Rose da visão dos outros, mas ela estava se debatendo enlouquecida como um peixe tirado da água.

-SEU IDIOTA! QUE MERDA VOCÊ PENSA QUE ESTÁ FAZENDO? OH DEUS VOCÊ ETÁ SANGRANDO! -       o corte na altura do peito dele escorria ela pôs as mãos trêmulas lá desesperada tentando estancar o sangue, lágrimas grossas começaram a cair de seus olhos.

-Você está sangrando muito mais – ele disse alarmado sustentando suas mãos pálidas quando se virou pra ela, não havia um só vestígio de cor nos lábios normalmente vermelhos dela, sua pele já branca estava praticamente translúcida.

-Seu idiota estúpido! Nós vamos morrer... agora você vai morrer... você é tão estúpido! Você seria feliz com os outros, a profecia disse... Eu morreria sozinha! Sozinha! Eu te odeio!

Parecia surreal, como se o mundo tivesse parado, um minuto completamente mais longo do que toda uma vida, os outros, apenas olharam esse minuto como se forças sobrenaturais os impedisse de pensar o suficiente para agir de outra forma.

Thiago agarrou os braços de Rose com força, olhando para ela daquele jeito devassador, ela parou de se debater, ele se aproximou antes que ela pudesse piscar. Então sem mais nem menos, em meio ao caos mais absoluto, em meio a lagrimas e sangue, em meio ao medo de perder um ao outro ele a puxou com força, esquecendo da dor, esquecendo de tudo e a beijou gentilmente.

-Eu te amo – os dois disseram juntos.

Como Rose poderia duvidar? Ele arriscara sua própria vida por ela, ele estava ali aquilo era ruim porque ele era o que mais importava, sua segurança, sua felicidade. Mas ela não podia conter a própria felicidade, agora ela sabia, ele a amava.

 Um baque surdo e Karina estava no chão de joelhos, as mãos tapando os olhos, gritando como se estivesse sendo torturada.

-O que é Karina?

-Luz! Estou cega! – ela gritou.

Bores entendeu, sua filha tinha o dom  de ver as auras e o poder das pessoas e isso se representava através da luz, quanto mais brilhante, mais forte a pessoa. Ela já havia falado sobre a aura desses dois e especial, e se a luz era capaz de cegá-la, bem, estava na hora de acabar com a brincadeira de vez.

-Cassandra, Emily, levem Karina embora. Os dementadores e todo resto estão lá fora com os outros, aparatem se for necessário.

Então como num filme quando a bomba está prestes a explodir tudo continuava lento. Bores bradou sua varinha pela primeira vez naquela noite. Ele não estava preocupado, eram apenas duas crianças, independentemente de qualquer coisa que Karina pudesse ter visto. Havia um plano, a liquidação dos fracos para que ele pudesse ser soberano, até mesmo havia encontrado profecias que eram chamadas de apocalipse e de outras formas em culturas diferentes que datavam de milhares de anos atrás, uma profecia de  um vidente 10 anos atrás que lhe trouxera a sua atual situação  e que ficava se passando pela sua mente “o verdadeiro caos está por vir, o que Ra bom se modifica, o que era ruim se torna bom, a morte é necessária” e é claro, para ele as peças de ambas aas profecias se encaixavam, ele tinha seus quatro cavalheiros, e ele era como um anjo caído já que até a morte de seu irmão seu coração era bom e só então se corrompeu. Voldemort não era o Lord das trevas, ele era, ele encontrara na sensibilidade de Karina uma arma, assim como as sete varinhas dos dragões lendários, que através de um feitiço maligno ele tinha transfigurado em uma só, podia sentir o poder latejando.

-Você não devia ter vindo aqui garota.

Raiva, Rose estava com raiva, furiosa, com aquele homem, ele exalava presunção e maldade, havia ferido gente, corrompido e provavelmente matado também. Ao que parece seus planos eram o holocausto mundial, ela não a deixar, suas pernas tremiam e suas mãos estavam geladas, mas ela não ia deixar.

Thiago segurou a cintura de Rose mantendo-a gentilmente ao seu lado, ela estava muito ferida e doía nele ver. O ódio do garoto pelo causador daquilo tudo só não sobrepujava o amor que sentia por ela.

Era impossível ouvir, mas fora da Casa dos Gritos uma batalha, talvez não tão importante, talvez não tão profética e mágica da maneira mais pura, mas de dimensões gigantescas, era travada. Uma legião de dementadores, bruxos e lobisomens assassinos atacava bruxas e bruxos jovens e adultos, uma filha e um filho perdidos, provavelmente duas vidas que se foram, os heróis de toda uma geração e os amigos mais leais que o mundo mágico já vira se lançaram a procura de justiça.