Estavam em pé no meio do povoado perto das árvores. Rose não focava bem os rostos ao seu redor, parecia que era tudo um borrão, sabia que estava sendo observada, podia imaginar os comentários sórdidos que as pessoas estavam fazendo, mas todo o seu mundo era Thiago naquele momento. Não precisavam falar, não ainda, só se olhavam felizes, era o suficiente para manter o coração acelerado e as mãos geladas de Rose aquecidas entrelaçadas as mãos de Thiago.

-Thiiii! – a voz bonita talvez apenas um pouco aguda de Linete chamou.

Rose apertou com força a mão de Thiago ele a olhou divertido, largou a mão dela. A garota ficou chocada e enfurecida.

-O que...?- mas não houve tempo de completar a frase.

Thiago deu um passo em direção a ela grudando os corpos, segurou-a assim contra ele com uma mão e com os dedos da outra desenhou o contorno dos lábios de Rose, ela sentia como se mil volts percorressem os dedos quentes de Thiago e fossem para os seus lábios, como se pudesse desfalecer, as pernas enfraqueceram e o que a manteve em pé foi o braço do rapaz que ainda estava em suas costas.

Ele não a agarraria, Rose era geniosa, podia simplesmente dar-lhe outro tapa, ou coisa pior. Não que ele se importasse em ser transformado em um coelho se a beijasse valeria a pena. Mas ele não queria que esse fosse o último beijo, não queria estragar a chance que ela estava lhe dando. Roçou os lábios suavemente nos dela, o cheiro do perfume suave e doce invadindo suas narinas, podia sentir a respiração acelerada dela em suaves jatos frios contra sua pele, até que ela parou completamente de respirar.

Quando Rose sentiu aqueles lábios perfeitos que ela tanto desejava contra os seus esqueceu-se completamente de toda e qualquer coisa, o mundo ao seu redor que antes parecia coberto por uma névoa desapareceu totalmente, até respirar ou piscar eram atitudes das quais se esqueceu. 

Enterrou uma mão nos cabelos negros de Thiago e a outra apertou seu braço forte, segurando-o como se ele pudesse escapar, ela simplesmente entreabriu os lábios e desejou ardentemente que ele não a soltasse nunca mais.

Thiago sentiu seu coração saltar violentamente quando ela entreabriu os lábios, era a primeira vez que ela aceitava ser beijada daquele jeito, que consentia. Ele a manteve segura em seus braços apertados, as unhas compridas dela cravadas em um deles sem que ela se desse conta, mas não era dor que ele sentia, era bom... Era ótimo. Ele se esforçou para não assustá-la, beijou-a suavemente, saboreando o gosto dela, tão bom como o cheiro, tão bom quanto seu toque gentil com as mãos pequenas se comparadas a ele, tão perfeito quanto... ela.

Podia ter se passado um segundo, um minuto, dias, anos eles não saberiam dizer, foi um momento longo e curto. O tempo era o que menos importava. Mas o mundo ao redor estava de volta.

 Quando finalmente Rose pôde respirar, ela finalmente pôde ouvir também, apesar de não conseguir mover seu olhar de Thiago e de ser incapaz de se afastar um milímetro dele, ela pôde ouvir... Palmas? E assovios? Forçou-se a olhar em volta, uns quinze alunos de Hogwarts estavam lá aplaudindo e assoviando.

Os alunos que iam passando no meio de seu passeio haviam se juntado naquele ponto especifico do povoado assim que viram o casal mais improvável, devido aos acontecimentos do ano, e ao mesmo tempo o casal mais certo, a garota mais inteligente e linda e o cara mais popular, corajoso e disputado da escola, finalmente juntos.

Thiago sorriu sem graça, se perguntava se algum dia seria capaz de soltá-la, duvidando imensamente disso, mesmo com toda aquela gente, surgida de sabe-se lá Merlin onde, ao redor deles. Mas ele estava acostumado a ter atenção, Rose aninhou sua cabeça no peito dele escondendo-se dos olhares, ela era bem alta, mas ele era mais, o encaixe era perfeito.

Rose pôde ver Lya no meio das pessoas batendo palmas como os outros, Bryan ao seu lado com cara de desgosto. Lily e Scorpius abraçados bem perto de Hugo, este ultimo tinha os punhos cerrados e Catherine segurava o seu braço esquerdo meio assustada, mas sorriu para Rose quando os olhos das duas se encontraram.

-Droga! – Ela disse afastando Thiago com as mãos.

-O que foi? Não gostou?

-Hã?

-Do beijo... – ele sussurrou mordendo o lóbulo do ouvido dela, um arrepio percorreu a sua espinha.

-Uh – ela gemeu baixinho fazendo-o rir, mas se concentrou - O público! – ela disse virando as costas para as pessoas que ainda estavam ali, não que ela estivesse se escondendo, mas sair beijando na frente de todo mundo? E o que essas pessoas estavam pensando? qual é? ficar olhando desse jeito?

-Você não precisa ficar aqui vamos aparatar.

-Eu só faço dezessete mês que vem.

-Eu tenho 17, mas você tem que estar bem perto de mim pra não esquecermos nenhum lindo pedacinho seu. – ele a abraçou com força.

-Não precisa ser tão perto prim... – ele não era mais primo dela, ele era mais, muito mais –Thiago – ela corrigiu no meio da palavra.

-Tem Razão Rosalie, mas eu não posso resistir – ele falou maroto selando seus lábios enquanto aparatavam.

CRACK

Agora os dois estavam perto da Casa dos Gritos, que curiosamente ainda assustava bruxos e trouxas, um dos últimos locais onde Voldemort havia estado. Thiago sentou-se em uma pedra estavam no meio de abril e era o começo da primavera o dia não podia estar mais perfeito. Rose ficou de pé olhando o nada meio constrangida, meio incerta do que estava fazendo, um monte de pequenas dúvidas passando pela sua mente.

Thiago a olhou assim, aproximou-se e a pegou no colo, Rose quase gritou com o susto, ele sentou-se novamente na pedra e a colocou nos seus joelhos.

-O que foi meu anjo?

-Eu sou um anjo? – ela perguntou divertida, nos braços dele não havia duvida que a afligisse.

-Certamente nenhum anjo pode ser tão lindo quanto você Rose. – ele colocou uma mecha de cabelos atrás da orelha dela e arrastou seus lábios pelo pescoço alvo da garota. 

Rose passou os braços em torno do pescoço de Thiago e lhe deu um estalinho, ele deu um longo suspiro, deslizou as mãos pelos longos cabelos castanhos dela e puxou-a pela cintura para ele beijando-a sem nenhum pudor dessa vez, mas segurando com força para ter certeza que ela não fugiria, tão logo ela cedeu a língua dele invadia novamente sua boca, agora ele mordia os lábios cheios e macios dela com tanto desejo que não sabia como podia ter se contido tanto tempo, Rose gostou imensamente daquilo e se surpreendeu mordendo-o levemente também. Thiago sorriu entre os lábios e ela enterrou suas unhas no pescoço dele quando ele descreveu o contorno do maxilar dela com a ponta da língua.

-Hum hum! – um pigarro alto atrás deles se fez ouvir.

Rose fez menção de se afastar, mas Thiago apertou ainda mais firme seu corpo e dessa vez ela quem sorriu entre os lábios.

-Hum hum!

-Qual é Alvo? Eu não sei dizer quem é quem ali naquele grude, você acha que tossir vai fazer eles se afastarem? – Age disse.

-Isso é muito constrangedor, é meu irmão e ela é quase minha irmã também!

-Ah cala a boca Al! – a loira tascou um beijo no namorado – Você me trouxe até aqui pra fazer coisa muito pior e não ficou nada constrangido!

-Você está me chamando de hipócrita? – Alvo tinha uma das mãos nas costas dela por baixo da bata que Agatha usava.

-Tarado é mais adequado!

E então eram dois casais se beijando num lindo dia. Tudo que se passou em seguida foi muito rápido, Age desfaleceu nos braços de Alvo e os dois caíram na grama, ele não era tão forte e não estava preparado para agüentar o peso dela, os olhos castanhos de Agatha estavam vazios quando ela falou novamente com uma voz que não era dela:

"Os primogênitos e herdeiros dos vitoriosos foram concebidos um para o outro e têm a arma da vitória... Só o laço invisível vence o ódio... Tudo ruirá se as almas gêmeas não estiverem juntas... Uma nova era de terror surgirá!" 

-É uma profecia!- Rose gritou, Thiago já havia recolhido as palavras magicamente com a varinha.

Agatha voltou a si.

-Alvo! Sai já de cima de mim! O que aconteceu?

Thiago segurava a esfera da profecia e Rose e Alvo olhavam para ele.

...............

Pai eu já te falei tudo que eu podia! Eu não sei mais o que dizer!-Rose disse calma.

Estavam todos na diretoria, Rose, Thiago, Agatha, Alvo e seus pais que a Diretora MacGonagal chamara quando os quatro lhe entregaram a profecia. Rony perguntava pela milésima vez a Rose o que havia acontecido.

Harry segurava o ombro de Thiago e de Alvo visivelmente preocupado, só escutava sem nada dizer até ali, observando os olhares entre os quatro adolescentes, quase que com a certeza de que eles estavam escondendo alguma coisa.

-Então minha filha é vidente? – Luna perguntou, acariciando os cabelos loiros e cacheados de Age.

-Sim ela é, provavelmente ela não sabia. Não é mesmo senhorita Longbotton? Já que tinha notas deploráveis em adivinhação. - A diretora respondeu.

-Eu não sabia... – Age falou cabisbaixa – eu já tive dejavus e sensações estranhas, mas nunca foi assim, nunca sai de mim, achei que era normal para uma bruxa.

-É uma ciência incerta querida. – Minerva afirmou.

-Minerva eu quero levar eles comigo. - Gina disse, até ali era a mais alterada, falando gesticulando e andando de um lado pro outro da sala.

-Gina querida, eu acho que Hogwarts é o lugar mais seguro pra todos eles agora. Você tem seus jogos...

-Eu largo o time! – ela lançou um olhar suplicante a Hermione – Eu largo tudo!

-Eles devem ficar aqui Gina. Devem terminar o ano letivo... E acho melhor irem para cama agora já está muito tarde Agatha parece exausta.

Rose não via a hora de sair dali. Agatha e Alvo pareciam compartilhar do mesmo sentimento, foram saindo rapidamente, antes que alguém os pedisse mais explicações. Thiago abraçou Gina, dizendo com os olhos que ia ficar tudo bem, e foi atrás dos outros, assim que saíram para a ante-sala o moreno entrelaçou os dedos de Rose e ela encostou a cabeça em seu ombro enquanto caminhavam. A porta estava entreaberta ainda e esse fato não escapou aos olhos de Harry, até ali ele estava lutando pra não acreditar no que era óbvio.

-Primogênitos... – ele murmurou caindo sentado numa cadeira e enterrando o rosto nas mãos – Por que minha família? Por quê? Eu já não passei por provações suficientes? 

-Harry! Harry, por favor, me diga que eu estou errada, me diga que a profecia não era sobre eles! – Hermione disse apontando para a porta num gesto alusivo aos seus filhos, tinha perdido todo o controle ajoelhou-se aos pés do amigo com os olhos cheios de lágrimas. – Me diga que aqueles dementadores foram só coincidência! Por favor!

Gina não chorava, mas suas mãos tremiam e estava pálida como neve, Luna a abraçou ternamente.

-Você acha que eles sabem? – Rony indagou aninhando a esposa junto ao peito e enxugando suas lágrimas na medida do possível.

-Nós subestimamos a ligação entre eles. Não podemos subestimar sua inteligência também Thiago e Rose são nossos filhos mais velhos "Os primogênitos e herdeiros dos vitoriosos" e eles sabem que é sobre eles. Se eles já não soubessem o quanto se ama, agora não resta mais dúvida.

-Mas há outras possibilidades, Agatha é minha filha e eu e Luna também lutamos na batalha, poderia ser qualquer criança filha de alguém do nosso lado – Neville argumentou.

-Poderiam ser Teddy e Victoire, primogênitos, se amam, e eles vão se casar no outono! E Thiago e Rose não estão juntos, Harry. – Gina não queria que qualquer responsabilidade estivesse dessa forma ligada ao seu filho.

-Querida eu também preferia que fosse Teddy, pelo menos ele é adulto. Mas eu não acredito, e você tem que admitir que todos nós já desconfiávamos de Rose e Thiago, ele só fala nela o tempo todo...

-Ele já teve muitas namoradas. – Hermione também preferia negar que sua garotinha era a criança da profecia.

-Não teve nenhuma. – Luna interveio - as garotas se jogam pra cima dele, mas ele nunca namorou, nunca ficou com nenhuma delas mais de uma semana. Eu estive sempre aqui na escola e posso garantir isso.

-Tá, tudo bem minha princesinha e o meu sobrinho se amam. E daí? E daí o que a profecia diz?! Não podemos deixar tudo nas mãos de... Crianças. – Rony falou exaltado.

-Nós já fizemos isso uma vez. – MacGonagal constatou abrangendo os três casais com um gesto de mãos.

-Mas era diferente... – Harry começou.

-Éramos nós, podíamos suportar! – Hermione disse. 

-Agora finalmente vocês entendem o que Molly sentiu naquela época. – Minerva finalizou.