I Wanna Be Yours escrita por Julieta


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Eu disse que postaria logo, não disse? Então, aqui vamos nós!
Bom, gente, eu tive que mudar a classificação da fic. Sem condições de ela ser livre sahusahsua, esse capítulo tem um pouco de sacanagem. E, tenho que admitir, escrevi ele com o coração na mão :( Algumas leitoras perguntaram nos reviews quais eram os shipps da fic, então, são esses: Olico (Olivia e Nico) e Malivia (Matt e Olivia — esse foi a linda da Gabbe Ribeiro que fez pra mim, obrigada Gabbe).
Gente, esse capítulo tem duas músicas: Tonight I'm Getting Over You, da Carly Jepsen, e People Help The People, da Birdy. Cada música vai "tocar" em uma parte do capítulo, então vocês podem mudar quando for indicado. So, enjoy! :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/490561/chapter/6

Não somos amantes, mas somos mais que amigos. Coloque nossa chama em cada palavra que você já disse, sem mais choro para me fazer superar. — Carly Rae Jepsen, Tonight I’m Getting Over You

Depois de duas semanas, Lily começava a se acostumar. Melhor; estava começando a gostar da ideia de Matt ser seu namorado. Eles estavam mais próximos agora do que jamais foram, e Lily estava conhecendo Matt cada vez mais.

Ele também não reclamava. Eles passavam muito tempo juntos, se divertiam e brincavam. Todos do acampamento acreditavam que eles realmente estavam juntos; inclusive Jade, que alguns dias antes viera falar com Matt. Ela parecia triste por ele estar "namorando", mas estranhamente Matt não se importou em contar a verdade.

Nico não a vigiava mais. Lily só o via durante as refeições e de vez em quando na fogueira, mas sempre estava ocupada demais com Matt para prestar atenção no filho de Hades. Ele a olhava as vezes, mas Lily sequer sorria. Ele não tentava chegar perto nem conversar com ela, o que Lily achava ótimo. Mas, no fundo, ela sabia que queria que ele falasse com ela. Matt também não precisou beijá-la mais, já que era difícil Nico estar por perto. Tudo o que faziam era andar de mãos dadas, sentar juntos e ficar abraçados, como fora combinado.

Lily já começava a achar que não era mais necessário Matt fingir seu namorado, visto que Nico não a importunava mais; ele parecia ter desistido dela. Mas tanto ela quanto Matt estavam começando a gostar da brincadeira. Lily começara a prestar mais atenção no garoto, e, sem perceber, começava a gostar dele. Ele a fazia rir, a abraçava, a elogiava, era um cavalheiro. Fazia esquecer de Nico e de como ela o desejava. Matt também começava a olhar para ela com outros olhos. Ele parecia prestar mais atenção nela, e vivia a elogiando. Lily gostava disso; gostava da atenção que ele dava a ela.

Depois da janta, Lily caminhou de mãos dadas com Matt até o anfiteatro, como costumavam fazer. Eles conversavam sobre algo aleatório, e Lily sorria sem saber o motivo. Gostava da sensação de ter a mão de Matt na dela, e de como o casaco que ele havia emprestado a ela ficava grande em seus ombros. Matt tinha um cheiro doce e maravilhoso, o que fazia Lily não querer sair de perto dele. Seus cabelos loiros estavam despenteados, como sempre, e seus olhos azuis a fitavam a cada minuto.

Chegaram ao anfiteatro e se sentaram a arquibancada, em um lugar afastado de todos. Lily olhou em volta, e seu olhar encontrou Nico. De repente, Lily não conseguia mais prestar atenção no que Matt dizia; seu coração havia disparado do nada, enquanto Nico a encarava com um olhar penetrante.

— E... Lily? — Matt a chamou quando percebeu que ela não estava prestando tanta atenção nele.

— Sim? — ela respondeu, sem desviar o olhar de Nico.

— Está prestando atenção no que estou falando? — Matt perguntou.

— Claro.

— Então, como eu estava dizendo, eu transei com a Jade ontem.

— Jura? Uau — Lily disse.

— Ela tem um corpão, sabe? Grandes peitos e uma bunda incrível.

— Que demais, Matt.

Matt se calou por um minuto e seguiu o olhar de Lily, encontrando Nico di Angelo do outro lado do anfiteatro, sentado no ultimo banco da arquibancada, observando Lily sem disfarçar.

— Lily — Matt a chamou.

— Sim?

— Olhe para mim — ele segurou o rosto de Lily e o virou gentilmente, a forçando a olhar para ele. — Precisamos conversar. Vamos dar uma volta?

Lily estranhou a seriedade do garoto, e, quase como se instantaneamente ela começou a se preocupar. Eles se levantaram e seguiram de mãos dadas para fora do anfiteatro.

Matt a puxou para a floresta, por um caminho que Lily conhecia. Eles andaram um pouco até chegarem ao lago, o lugar onde Lily sempre ficava.

— Você gosta de vir aqui, não é? — Matt perguntou, olhando distraído para a água se movendo.

— Como sabia? — Lily se sentou sob a árvore de sempre.

— Eu sei de muitas coisas — Matt sorriu enquanto se sentava ao seu lado.

O filho de Hermes respirou fundo e logo em seguida soltou todo o ar lentamente. Ele olhava fixamente para lugar nenhum, como se estivesse com medo de dizer algo.

Lily sabia que Matt não falaria, então resolveu tomar a iniciativa.

— Sobre o que você queria conversar?

Matt a encarou por um instante. Ele parecia nervoso.

— Sabe, é sobre essa história de namoro falso...

— Ah — Lily o interrompeu, achando ter entendido. — Tudo bem, olha, se quiser parar agora, por mim tudo bem. Nico já parou de me encher, e você cumpriu sua parte do trato, então...

— Lily — Matt a chamou.

— ...eu vou te ajudar com Jade, como combinamos. Sabe, eu até estava...

— Lily!

— ...gostando dessa história, estava sendo bem legal, mas você tem razão, está na hora de acabarmos logo com isso, já fomos longe demais e...

Matt a puxou para um beijo. Ele tentara a interromper duas vezes, mas Lily se empolgara tanto em falar, que acabara falando demais. Na verdade, ela não queria tanto assim acabar com o namoro falso dos dois, porque ela estava gostando disso. Matt era cheio de surpresas, mas Lily nunca ficara tão atônita com alguma ação dele como aquele momento. De início ela não conseguiu sequer se mexer; não estava entendo aquilo, Nico não estava lá. Mas logo ela se deixou envolver por aquele beijo tão doce e bom. Matt segurava seu cabelo enquanto acariciava sua nuca, e aquilo a deixava arrepiada. O beijo estava tão bom, que quando o ar se fez necessário, Lily teve vontade de beijá-lo de novo quando se recuperasse.

— Me escuta — Matt murmurou as palavras com a boca perto da de Olivia. — Todo esse tempo que passamos fingindo estar juntos para fazer ciúmes a Nico me fez perceber o quão incrível você é.

— Bem, tecnicamente não foi para fazer ciúmes, e sim para...

— Olivia, me escuta — Matt a interrompeu novamente. — Eu percebi como você é maravilhosa e como eu fico feliz quando estou ao seu lado. Eu acho que estou apaixonado.

Ops!, Lily pensou. Isso não estava em seus planos. Mas, de uma forma estranha, ouvir aquilo estava fazendo-a querer pular de alegria.

— Eu sei que isso parece loucura, mas eu não quero que isso acabe. Não quero acabar com nosso namoro falso. Eu quero torná-lo real — ele continuou, desviando o olhar do de Olivia, como se tivesse medo de sua resposta.

Lily não sabia o que dizer. Não tinha certeza se sentia o mesmo, mas a oferta era tentadora. Matt era um cara incrível, fazia bem a ela, e ela não tinha nada a perder. Lily sorriu. Ela passou os braços pelos ombros de Matt, e se sentou sobre o colo do garoto.

— Sim, Matt — despejou um selinho em seus lábios. — Eu quero ser a sua namorada... de verdade.

Então ela o beijou. Um beijo que, diferente dos outros, tinha intensidade; sentimento. Lily sentia o cheiro de Matt, e o delicioso hálito do garoto fazia-a não querer desgrudar sua boca da dele nunca. Ansiava por mais a cada instante, e ali, sentada no colo dele sob a mesma árvore de sempre, Lily começava a sentir algo novo. Não, não exatamente novo. Algo que ela já havia sentido. Uma sensação que apenas Nico já a causara. Lily estava ficando excitada enquanto Matt puxava seus cabelos de uma forma delicadamente feroz, aumentando a velocidade e a intensidade do beijo.

Lily agora estava com as mãos na cintura de Matt, arranhando sua barriga de leve por baixo da camiseta. Quase que num impulso Lily começou a puxar a camiseta dele para cima, e quando se deu conta, já havia jogado a peça longe. Ela parou um instante para observar o corpo definido de Matt, apenas ficando mais excitada, então voltou a beijá-lo de um jeito desesperado.

Matt apertava a coxa de Lily com a mão que não estava ocupada puxando seu cabelo. Então, com um gesto rápido, Matt levantou Lily e a deitou delicadamente no chão, e ela se remexeu tentando encontrar uma posição que deixasse suas costas confortáveis por cima da folhagem da floresta. Ele se ajustou sobre ela, deixando seu corpo entre as pernas de Olivia. Ela percebeu, com um gemido baixo, que Matt também já começava a se excitar.

Matt tirou a camiseta de Lily jogando-a longe, e passou a beijar maxilar e pescoço dela, a deixando completamente arrepiada. Lily fechou os olhos e, num momento de lucidez, percebeu que estava prestes a perder a virgindade na floresta do Acampamento Meio-Sangue. Aquilo parecia ridículo, mas ela estava tão descontrolada que simplesmente não conseguia parar.

Alguma parte da consciência de Lily pensava em Nico e se perguntava se ela não estava fazendo aquilo apenas para provar a ele que ela não era uma virgem frígida, e que dentro dela existia sim uma fera louca por sexo. Ela resolveu esquecer aquilo e se consentrar no que estava fazendo.

Matt começava a abrir o fecho do sutiã dela durante o beijo, quando parou subitamente de beijá-la e olhou para cima, virando freneticamente a cabeça como se estivesse procurando algo.

— Você ouviu isso? — ele sussurrou.

— Não foi nada — Olivia murmurou ofegante enquanto puxava o rosto de Matt para que ele voltasse a beijá-la. Talvez ela também tivesse ouvido algo, mas estava ocupada demais para ligar para qualquer barulho vindo da floresta.

Matt deu-se por vencido e finalmente arrancou o sutiã de Olivia. Parou por um instante e observou os seios dela, e Olivia imediatamente sentiu ele ficar totalmente excitado. Ele começou a massagear um dos seios dela, a deixando completamente desesperada por mais. Eles se beijavam desesperadamente enquanto Olivia soltava gemidos pela garganta ao sentir o corpo de Matt tão próximo ao dela.

De repente, Matt parou novamente de beijá-la e olhou pra cima, procurando por algo com a mão pousada no seio dela.

— Matt, não para — ela implorou, mordiscando o maxilar do garoto.

— Olivia — ele falou, sério. — Eu ouvi algo.

— Não deve ter sido nada — Olivia gemeu. — Eu preciso disso. Eu preciso de você.

Matt a encarou, e não conseguiu resistir. Voltou a beijá-la e a acariciar seu seio, agora com ainda mais intensidade.

Mas, então, uma voz fria e cortante soou estranhamente tranquila e suave.

— É assim que quer perder a virgindade? Mesmo, Olivia?

A voz de Nico ecoou em seus ouvidos, fazendo o coração de Olivia, antes completamente acelerado, parar por um instante.

Matt encarou Nico e, logo em seguida, como se estivesse saindo de um transe, se levantou rapidamente, encarando atônito o filho de Hades, que estava encostado em uma árvore a poucos metros, observando os dois nas preliminares, de braços cruzados.

Olivia respirou fundo, pedindo paciência a qualquer deus que pudesse ouvi-la.

— O que está fazendo aqui? — Ela se levantou, sem se dar conta de que estava sem roupa, exceto por seu shorts jeans. Nico já a vira sem camiseta, mas agora ela estava também sem sutiã.

— Eu... — Nico parou, provavelmente para procurar alguma desculpa. Sua expressão era dura, e seus olhos pareciam estar vermelhos, talvez marejados, mas era difícil dizer na escuridão da noite, sob o brilho pálido da Lua em um céu sem estrelas. — Não importa. — Sua voz soara sombria.

— Importa sim, di Angelo. Você nos interrompeu, nós estávamos... — Lily não teve coragem de terminar a frase. Nico riu friamente. Só agora Olivia notara que sua voz estava mais rouca que o normal, como se Nico tivesse chorado.

— Quase transando? É, eu sei.

— Qual é, cara — Matt interrompeu, parecendo começar a perder a paciência.

— A questão, Olivia, é... — Nico fez uma pausa, ignorando Matt e olhando fixamente para os olhos dela. — Você quer mesmo perder a virgindade com esse frouxo?

Nico olhou Matt dos pés a cabeça, os olhos cerrados como se estivesse avaliando o garoto e não estivesse gostando muito do que via.

Olivia sentiu uma onda de raiva tomar conta dela, mas apenas riu friamente.

— Ele é mais homem que você — ela suspirou e sorriu. — E a virgindade é minha. Eu perco com quem eu quiser.

Matt a olhou de olhos arregalados, perplexo.

— Você é virgem, Lily?

Olivia se sentiu corar enquanto Nico ria divertido e desencostava da árvore em que estava escorado, se aproximando dos dois, avaliando agora Olivia dos pés a cabeça.

— Pois é, Matt — Nico fixou o olhar nos seios de Olivia, e seus lábios tremeram enquanto ele os mordia. — Você foi o primeiro a tocar nesses peitos incríveis. Devia se sentir honrado.

Apenas naquele momento Lily percebeu que estava sem roupa, então pegou a camiseta do chão e a colocou, de qualquer jeito, sem sequer pôr o sutiã.

— Ainda posso ver tudo — Nico comentou, soando como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo.

— Já chega — Matt se irritou, avançando em Nico, que sorriu como se aquilo estivesse apenas o divertindo.

— Você sabe que não a merece, Mattew — Nico fuzilou-o com raiva, ficando sério de repente. Lily podia sentir a tensão crescendo cada vez mais entre os dois.

— E acha que você a merece? Antes, Lily havia pedido para fingirmos ser namorados, porque não aguentava você a perseguindo.

— O verdadeiro motivo — Nico se aproximou de Matt, desafiador — de Lily ter te pedido isso, não foi para me afastar. Não por isso. Ela estava com medo de se apaixonar, porque ela sabe, ela sente que tem algo entre nós.

— Cale a boca — Lily rosnou.

— Lily? — Matt a chamou, inseguro, como se estivesse começando a questionar se o que Nico dizia era realmente verdade.

— Diga a ele, Olivia — Nico desafiou-a.

— Não o escute, Matt. Nico não sente nada por mim além de vontade de me comer, assim como todas as outras garotas com quem ficou. Acha que, mesmo sabendo disso, teria alguma hipótese de eu me apaixonar?

Nico riu, olhando para o chão. Mas Lily percebeu que sua risada havia soado trêmula, como se ele quisesse esconder o que realmente sentia.

— Eu acredito em você — Matt disse, voltando a olhar para Nico. Os dois estavam ligeiramente perto, o que deixava Lily alarmada, temendo que eles começassem uma briga a qualquer momento.

— Ele não te merece, Lily — Nico disse, olhando fixamente para Matt, como se o desafiasse a dar o primeiro golpe. Nico era um pouco mais alto que Matt, mas isso não o intimidava.

— É melhor calar a boca — Matt advertiu.

— Senão o que? — Nico disse entre os dentes.

Matt fez menção de começar uma briga, mas Olivia foi mais rápida; se pôs entre os dois, colocando uma mão no peito de cada um, os afastando.

— Já basta — ela alternou o olhar entre os dois, séria. — Sei que vocês dois são infantis, mas vamos tentar pelo menos fingir que somos um pouco maduros.

— Olivia — Matt chamou, soando indignado, talvez por ela tê-lo incluído em "infantis".

— Vá para seu chalé, Matt — Lily falou duramente, pegando a camiseta dele e lançando contra seu peito.

— Mas, Lily... — ele protestou, sem entender.

— Mas, nada — Lily o beijou, sem se importar se Nico estava ali ou não. — Vá. Depois conversamos. Preciso falar com esse idiota.

— Olivia — Matt a encarou, sério, advertindo-a.

— Sei me cuidar, Matt. Confie em mim.

Ele não pareceu muito satisfeito com a ideia de deixar Lily sozinha na floresta com Nico, mas não viu outra alternativa. Vestiu a camiseta e, com um ultimo olhar ameaçador a Nico, se virou e começou a caminhar. Mas, no meio do caminho, parou e se voltou novamente a Olivia.

— Boa noite, Lily. Eu te amo.

Lily não disse nada, apenas corou e sorriu. Não estava preparada para dizer "eu te amo", não ainda. Então Matt desapareceu no meio das árvores.

Acho que você beijou as meninas e as fez chorar. Uma multidão ardente de anjos silenciados, dando amor e recebendo nada de volta. Ah, e se eu tivesse um cérebro… Eu seria fria como uma pedra. — Birdy, People Help The People

— Bem... — Nico a olhou nos olhos, e Lily o encarou de braços cruzados enquanto balançava a cabeça negativamente, como se dissesse "o que eu faço com você, garoto?".

— Achei que tivesse desistido de mim — Lily suspirou e passou a mão no cabelo, que estava emaranhado e cheio de folhas.

— Eu disse que não desistiria.

— Nico... — Olivia parou de falar quando percebeu para onde ele estava olhando. Revirou os olhos e, novamente, tirou a camiseta, ficando totalmente despida, com os seios a mostra, sem se importar com Nico. Além de ser divertido provocá-lo, ela pensou, dando de ombros, ele já me viu sem roupa mesmo. Nico a encarou quase babando, enquanto Olivia recolhia seu sutiã do chão e voltava a abotoá-lo. Quando finalmente estava vestida, voltou a olhá-lo.

Olivia se aproximou dele, agora parando para reparar em seu estado. Seu cabelo estava mais bagunçado que o normal. Sob seus olhos, olheiras de cansaço estavam mais profundas do que de costume, como se ele tivesse passado as ultimas noites em claro. Seus braços fortes estavam cruzados sobre o peito, e sua camiseta preta estava amassada. Sua espada de ferro estígio não estava lá, o que Olivia estranhou. Agora, o observando cuidadosamente de perto, Lily concluiu que ele realmente estava com os olhos vermelhos.

— Andou chorando? — ela perguntou.

— Claro que não — Nico tentou negar, mas Lily ergueu uma sobrancelha. — Isso não importa — ele gaguejou, desviando o olhar.

De repente, uma enorme onda de preocupação e culpa tomou conta de Lily. Sentiu vontade de abraçá-lo, mas não o fez.

— Você nos atrapalhou num momento ruim — Lily suspirou, descruzando os braços, desistindo de qualquer hipótese de brigar com ele. Ela não teria coragem.

— Você merece algo melhor do que uma floresta, Olivia — ele parecia sério, talvez até preocupado. — Perder a virgindade é algo... especial, do qual você não vai querer se arrepender.

Lily sabia que Nico estava certo, mas não admitiria.

— Mas você não pode chegar, do nada, e atrapalhar tudo — ela gesticulou com as mãos. — Eu não atrapalho suas transas.

— Hã... — Nico abriu a boca para falar algo, mas seja lá o que fosse, desistiu.

— Você nos seguiu, não é? O que você ouviu? — Lily perguntou, engolindo em seco.

— Ouvi o bastante para uma noite.

Lily sentiu frieza na voz de Nico, e aquilo a incomodava.

— Certo, eu admito que, no começo, meu namoro com Matt era falso. Tudo o que eu queria era que você se afastasse. Mas, agora... — a voz de Lily falhou, e ela olhou para o chão, desviando o olhar penetrante de Nico. — Matt me faz bem, Nico. Ele não vai me magoar, como você me magoaria. E é com ele que eu quero ficar, aceite isso.

Nico respirou fundo, tremulo. Ele não parecia se sentir muito bem ouvindo aquelas palavras, as quais Olivia pronunciava com tanta frieza.

— Você quer acreditar que eu vou te magoar, Olivia. Como pode saber, se não me deu uma chance?

Lily piscou algumas vezes, surpresa com o que Nico havia dito.

— Eu sei. Apenas sei. — Foi tudo o que ela conseguiu dizer.

— Então, diga — sua voz rouca e grossa soou baixa e tremula. — Diga que não sente nada por mim. Diga que não pensa em mim. Diga que é ele quem você realmente quer, Olivia. Diga a verdade, e eu te deixarei em paz.

Lily sentiu o coração falhar. Suas pernas tremiam, e sua respiração acelerava. Como de costume, começou a estalar as juntas dos dedos, como sempre fazia quando ficava nervosa.

— E-Eu... — sua voz não saiu. A palavras simplesmente pareceram ficar entaladas em sua garganta. Ela não conseguiria dizer aquilo, mesmo sendo verdade.

E se não for verdade?, uma voz questionava no fundo da mente de Lily. E se eu não quiser Matt, e sim Nico? E se eu realmente estiver sentindo algo por ele?

Lily balançou a cabeça, tentando afastar aqueles pensamentos. Sentia seu estômago embrulhar, e o mundo girar ao seu redor.

— Apenas me deixe em paz — Lily teve a intenção de ordenar, mas sua voz saiu mais como um pedido desesperado. Nico riu.

— Você não pode dizer, não é? Porque sabe que não sente isso. Sabe que não é Matt quem você quer.

— Pare! — Lily gritou, apertando os olhos com força. Aquilo estava começando a confundi-la mais ainda, a deixando louca.

— Não, Olivia! — Nico deixou o tom de voz calmo e gritou, assim como Lily. — Não fique com ele! Você sabe... — ele parou de falar, deixando a frase incompleta.

— O que? — Lily o encarou. — O que eu sei? — ela o encorajou a falar.

— Você sabe que eu posso te dar mais do que isso. Sabe que vou cuidar melhor de você. Sabe que será mais feliz comigo do que com ele — Nico passou a mão nos olhos, que agora estavam claramente marejados. Lily não podia acreditar que Nico di Angelo estava chorando.

— Nico... — Lily se aproximou. Ela passou delicadamente os dedos pelos negros cabelos do garoto, acariciando levemente seu rosto. Então ela o abraçou, o apertou como se necessitasse daquilo.

Nico ficou surpreso, pois demorou para corresponder. Mas, quando o fez, segurou Lily com tanta firmeza que ela se sentiu sem ar, de um modo bom. Ela inalava o cheiro do garoto, no qual era tão viciada, e se sentia entorpecida por isso. Se pudesse, ficaria a noite inteira ali, abraçada em Nico, no silêncio, apenas ouvindo o barulho do rio misturado a respiração quente dele em seu pescoço. Era uma sensação tão boa, que fazia Lily se sentir livre de todos os seus problemas por um minuto, como se nada mais importasse, como se o mundo tivesse sido reduzido a ela e Nico.

Ela não queria soltá-lo, mas o fez. Se afastou de Nico, sem coragem de encará-lo, e disse, seca e áspera:

— Vá embora, Nico di Angelo. Viva sua vida, como sempre viveu. Eu não quero que mude sua concepção por mim; não existe maneira de mudar completamente o que você é. Você é um mulherengo, e isso nunca vai mudar. Por favor, me deixe viver a minha vida. Me deixe ser feliz. Você sabe que nós nunca daríamos certo.

Lily se sentia uma idiota por estar falando aquelas coisas; não estava apenas quebrando o coração de Nico, mas também o seu próprio. Passou por ele com os olhos embaçados, sem coragem de encará-lo. Nico estava parado, estático, olhando para o chão sem reação. Sua expressão era a de alguém que havia acabado de levar vários socos, e Lily se segurou para não abraçá-lo de novo.

— Eu sinto muito — foi tudo o que Olivia Smith conseguiu murmurar antes de deixar Nico di Angelo sozinho na floresta do Acampamento Meio-Sangue.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Vamos aumentar o número de reviews pra postar o próximo capítulo pra 7, okay? Se tiver leitores fantasmas, eu adoraria que vocês aparecessem! Amo vocês