O túmulo de mármore claro a luz do sol poente, e ao mesmo tempo obscurecido, enquanto as flores murchas ali repousavam, juntamente com a morte, arrastando lágrimas de sofrimento dos visitantes. E após os últimos raios de sol atravessarem o cálido cemitério, o último visitante de todos os dias, a criatura de olhos claros, levantava-se lentamente e dirigindo um último adeus mudo ao pequeno e belo túmulo, deposita um buquê de rosas brancas. Lágrimas escorrem-lhe pela face, enquanto o desespero de todos os dias lhe toma conta. Ficar naquele local fúnebre tornou-se sua vida, após a morte de Astoria. Draco dirige-se a entrada do cemitério, enquanto dá-lhe um falso e temporário adeus. Seus olhos embaçados pelo choro e vermelhos, dirige uma última olhada ao que um dia foi seu amor, e que agora é apenas cinzas e morte.

Talvez seu sonho não tenha sido um dos melhores de sua vida. A morte lhe perseguia diariamente e a culpa lhe abatia de forma devastadora. A noite cálida, ao invés de lhe proporcionar paz, lhe dava tormento e mais lágrimas. O seu calor, seu sorriso, seu olhar, sua perfeição lhe faziam falta, e tudo que podia responder à Scorpius era que sua mãe não iria voltar. O garoto sabia do fato, contudo era preferível de sua parte ignorar, menos doloroso.

O corpo frio devido a leve brisa de inverno e os olhos cinzas lhe proporcionavam um ar menos humano, enquanto caminhava pela pequena estrada de pedras.

Uma figura encapuzada pairava ao horizonte enquanto seu olhar repousava sobre ela, e seus passos se apressavam em sua direção, o nome de Astoria naquele túmulo havia lhe provocado arrepios involuntários e as lágrimas já secas lhe traziam lembranças nada agradáveis.

O indivíduo caminhava em sua direção, e a poucos metro de distância, lhe estendia o braço. Tão acalentador, que parecia extremamente seguro tomar-lhe o braço e seguir-lhe. Os olhos vazios da criatura lhe observava, enquanto dirigia-se em sua direção, e seu sorriso aumentava. Segurou-lhe as mãos, enquanto o belo rosto de Astoria lhe dava vida e calafrios pelo corpo.

A neve caía, e pequenos cristais pousavam-lhe a face, como um anjo. E segurando-lhe o braço seguiram durante a pequena estrada, com Draco esboçando um sorriso no rosto. Um garotinho de doze anos passou saltitante a frente dos dois, sorrindo alegremente, enquanto tentava capturar os pequenos flocos de neve.

A mão da mulher lhe soltou e retirou seu capuz, enquanto estendia a mão ao garotinho, que seguia ao seu encontro. Astoria esboça um pequeno sorriso triste e beija a face do homem a sua frente, após colocar Scorpius em seu colo. E então, retoma o capuz a face, e solta a mão de Draco, voltando a andar pela estrada de pedras, enquanto este permanecia paralisado, observando seus dois amores irem para longe, fechando brevemente seus olhos.

Era a primeira vez que os via após suas mortes.

Draco abre seus olhos e passa a observar o grande cômodo do que um dia foi seu quarto na adolescência, preservado do mesmo modo como havia deixado, enquanto sua mãe pousa-lhe a mão sobre seu ombro.

"Sinto muito, querido!" Fala-lhe, antes de deixá-lo sozinho em seu quarto.

O garoto suspira, colocando suas malas ao chão, e retirando de uma das bolsas um porta retrato antigo: Astoria beijava-lhe a bochecha enquanto Scorpius brincava com os flocos de neve. Lágrimas brotam-lhe aos olhos, e tudo a seu redor torna-se novamente cinza, sem cor e sem vida.

Talvez seu propósito de esquecer tudo não fosse funcionar, e deve-se realmente voltar e afundar-se na escuridão. Lembra vivamente do dia de seu casamento, como Astoria estava bela em seu vestido, do dia em que Scorpius nasceu, o dia em que foi à Hogwarts pela primeira vez, como lhe contou no Natal que havia se tornado amigo dos Potter e que como Rose Weasley era bonita, das viagens, e do sabor do sorvete que Astoria fazia.

Sua vida tornou-se um caos após tudo, até mesmo o Potter havia ido lamentar a morte dela. Lembra-se quando foi convidado para a casa deles, mesmo tendo maltratado-os durante mais de sete anos, como arrependeu-se por fazer isso, e como foram amáveis, mesmo assim a culpa lhe abatia.

Os pesadelos a noite, sempre revivendo sua morte e a morte de Scorpius. Como seu filho dias após, e como nunca descobriu o fator da morte deles. Sentou-se a escrivaninha, enquanto seus olhos repleto de olheiras, observava ainda o porta retrato. Retirou a pequena pedra, enquanto observava o desenho nela feito. Astoria segurava Scorpius, enquanto Draco, deslumbrado procurava seguir-lhes, mas inutilmente sabia que não seria possível.

Enquanto esboçava um pequeno sorriso às duas figuras a sua frente, apertava a adaga da família contra seu coração. Sua cabeça pendendo, deitava-se lentamente na escrivaninha, enquanto sua mente guiava-o para junto da mulher segurando o garoto. E esta foi a segunda vez que Draco viu Astoria e Scorpius após a morte dos dois, mas desta vez era para sempre.

Os gritos ao redor lhe chamavam, enquanto ouvia choros desesperados, tentando levantar seu corpo, mas sua mente tinha foco apenas para duas pessoas. Talvez, agora pudesse não se culpar mais, e voltar a viver como antes. Podia ver Scorpius indo para Hogwarts, e beijar Astoria antes de seguir para o trabalho. Nunca antes havia agradecido por achar aquela pequena pedra na Floresta Proibida.

"Obrigado!" Murmura Draco, em um último suspiro, deixando a pedra cair ao chão e então correr em direção à seus dois amores, cumprindo o "sempre" jurado em seus casamentos.