Eu me aproximo do vestiário feminino e entro nele vendo Marley sentada no chão no canto. Eu me aproximo dela se sentando ao meu lado, ela levanta o olhar para mim e percebo que ela chorava.
–Como dizer adeus pra alguém que você nunca imaginou sem? - Ela pergunta e eu suspiro. - Eu tinha um coração tão ingênuo, tão bonito. Mas agora tá tudo tão vazio, não tenho mais vontade de pedir, ou dar carinho. Não tenho vontade nem de conhecer alguém. - Ela suspira. - Tem horas que ele me deixava feliz e triste ao mesmo tempo e, eu nunca quis estar perto de alguém assim como sinto essa vontade louca de estar perto dele. Ele me fez pensar de um jeito diferente em relação a essa distância. Eu gostaria de poder ficar ao lado dele, aquela coisa bem clichê de de “Eu te amo meu amor”, correr até seus braços e acariciar seu rosto. Queria sentir seu beijo, queria ter o direito de tocar os lábios. Queria o abraçar, ser o seu mundo,queria ver um filme com ele, queria sua voz no meu ouvido dizendo que me ama. - As lágrimas escorrem pelo seu rosto. - Queria vê-lo, senti-lo, fazer ele sorrir e queria poder dormir em seus braços. Eu conseguia imaginar perfeitamente nosso futuro juntos, dava até pra imaginar como iria ser nossa vida toda juntos, nossos dias, nossa casa, nosso quarto, nossos filhos, nosso cachorro, nossas viagens, nossos planos e sonhos virando verdade, nossas brincadeiras bobas, nossos medos e certezas, nosso simples, nossas tardes vendo o por do sol, nossas madrugas juntos, nossos netos correndo pela casa, nossas alegrias, felicidades, nossa festa de 60 anos de casados, nosso amor crescendo e se tornando cada vez mais incondicional um pelo outro. Eu vivia imaginando tudo isso para nós dois. Mas agora, nada ajuda a vencer essa distância. Eu não estou com vontade de falar com ninguém. Estou com vontade de ficar deitada ali na minha cama por dias, de enterrar a cabeça no meio das cobertas e dormir por uns mil anos até toda essa dor passar.
–Ano passado. - Eu começo a falar e ela me encara franzindo a testa. - Quando voltamos de Nova York... Eu descobri que estava grávida.
–O que? - Ela pergunta me encarando confusa e eu suspiro. - Por isso você e Finn estavam...
–Finn me apoiou, mas é muito arriscado nessa idade e tem que se ter cuidado. - Eu explico tentando não relembrar as cenas na minha mente. - Basicamente eu perdi meu pai, o amor da minha vida e meu filho numa pancada só.
–Rach... - Ela começa a falar.
–Não estou falando isso para sentir pena de mim Marley. - Eu falo. - Nem para ficar como se eu tivesse sofrido mais do que você... Mas eu sei o que você está passando e quero te ajudar. - Eu suspiro e a encaro. - Quando me mudei para Los Angeles eu me abri com Puck e ele virou meu melhor amigo. Ele me ajudou a tentar esquecer, mesmo que ele não concordasse. Eu achava que se eu mudasse, fosse outra pessoa, eu iria esquecer o que aconteceu e seguir em frente, e ele me avisou que tinha que ser eu mesma, eu só iria superar quando eu fosse eu mesma, sem essa fantasia. - Eu falo apontando para meu cabelo roxo. - Eu não ouvi ele, e me arrependo, talvez eu estivesse bem agora.
–Rachel... - Ela fala mas eu a interrompo.
–A gente tem que ser a gente. Eu tenho que ser eu. Você tem que ser você. Por mais estranho, maluco, curioso e engraçado que isso seja. - Eu falo e ela sorri de lado. - Ano passado eu passei pelo luto do meu pai. Mas agora com tudo isso, eu finalmente estou enfrentando o luto pelo meu filho. - Eu passo a mão pela barriga me lembrando de quando havia alguém ali dentro. - Pode parecer idiota mas eu o amava, mesmo ele sendo pequeno.
–Obrigada Rachel... - Ela fala limpando as lágrimas. - Vai passar, você sabe que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? - Eu sorrio e a abraço, quando nos separamos ela pega meu cabelo. - Até que sua fantasia ficou legal.
Eu sorrio.
–Mas acho que já está na hora de tirar ela. - Eu sorrio e me levanto. - Agora vamos lá que é minha vez de fazer uma homenagem ao Puckerman.
–X-
–Bom, essa música eu gostaria de dedicar não apenas ao Puck, mas a você Marley. - Eu sorrio e ela sorri de volta. - Eu escutei muito essa musica quando eu o perdi. - Eu falo e cruzo os braços disfarçando minhas mãos sobre a minha barriga, para quem não sabia eu estava apenas cruzando os braços, mas percebi Finn ficar nervoso em sua cadeira. - Acho que talvez possa ajudar.
Eu acaricio minha barriga disfarçadamente e a musica começa a tocar e sinto as lágrimas chegarem olho para Finn.

Rachel

Quando a chuva estiver soprando no seu rosto
E o mundo todo incomodar você
Eu poderia te oferecer um abraço caloroso
Para fazer você sentir o meu amor

Quando as sombras da noite e as estrelas aparecerem
E não houver ninguém lá para secar suas lágrimas
Eu poderia te segurar por um milhão de anos
Para fazer você sentir o meu amor

Eu sei que você não se decidiu ainda
Mas eu nunca te faria nada de mal
Eu soube desde o momento que nos conhecemos
Não há dúvida na minha mente de onde você pertence

Eu passaria fome, eu ficaria triste e deprimida
Eu iria me arrastando avenida abaixo
Não, não há nada que eu não faria
Para fazer você sentir o meu amor

As tempestades estão violentas sobre o mar revolto
E sobre o caminho do arrependimento
Embora ventos de mudança tragam entusiasmo e liberdade
Você ainda não viu nada como eu

Eu poderia te fazer feliz,tornar os seus sonhos realidade
Nada que eu não faria
Vou ao fim da Terra por você
Para fazer você sentir o meu amor

Finn Hudson

Eu ando pelo corredor com algumas alunas me olhando, eu finalmente tinha vestido uma roupa limpa, eu havia emagrecido esses meses e com a roupa que eu usava isso era transparente, meu cabelo estava bagunçado propositalmente e aparei minha barba, ainda deixando um pouco dela. Paro quando olho para o outro lado do corredor e vejo Rachel, com um vestido rosa, uma sapatilha vermelha, e o cabelo totalmente castanho novamente, há alguns cachos e sua franja voltou, ela usava uma maquiagem fraca. A minha Rachel estava ali novamente. Meu coração se acelera e ela me vê, nos aproximamos e quando ficamos de frente um para o outro eu decido tentar a sorte de falar com ela.
–Oi. - Eu falo sorrindo. -Oi. - Ela fala corando, ela realmente estava ali, a minha Rachel. Eu tentava parecer normal. Mas eu queria abraçar ela e a beijar. A minha Rachel. -Gostei do teu cabelo. - Eu falo e ela morde o lábio. -E eu da tua barba. - Ela fala e eu sorrio de lado encarando o chão. Ela realmente estava aqui.
Ela estava sorrindo para mim e sorrio de volta. Então aqui estávamos nós novamente. Há um mês eu achava que era impossível ela pensar na possibilidade de me olhar ou falar comigo um dia. E agora aqui estava ela, me compreendendo, falando comigo e tentando me perdoar. Rachel é a mulher da minha vida, e eu vou esperar ela, não importe o quanto demore, ou quantos caras apareçam. No final, vai ser comigo que ela vai ficar, eu sei disso, fomos feitos um para o outro.

Música

Rachel

Me dê amor como ele
Porque ultimamente tenho acordado sozinho
As lágrimas pintadas estão escorrendo na minha camiseta
Disse a você que os deixaria ir
Não, só quero te abraçar

Rachel e Finn

Me dê um pouco de tempo ou queime isso
Vamos brincar de esconde-esconde para virar isto
Tudo que quero é o sabor que seus lábios permitem
M-meu, m-meu, me dê amor,
M-meu, m-meu

Finn

Você sabe que vou lutar pelo meu canto
E que talvez eu te ligue hoje a noite
Depois que meu sangue estiver se afogando em álcool
Não, só quero te abraçar

Rachel e Finn

Me dê um pouco de tempo ou queime isso
Vamos brincar de esconde-esconde para virar isto
Tudo que quero é o sabor que seus lábios permitem
M-meu, m-meu, me dê amor,
M-meu, m-meu, me dê amor,
M-meu, m-meu, me dê amor,
M-meu, m-meu, me dê amor.

Rachel

Me dê amor como ele
Porque ultimamente tenho acordado sozinho