É minha vez de estar com a Marley. Decidimos não deixar ela sozinha, queríamos apoiar ela. Ela passou a maior parte do tempo na sala sem dizer nada, ela só escrever a algo em um papel.
–Você está bem? - Eu pergunto confusa por ela não estar chorando.
–Já disse que eu estou bem. - Ela fala vendo alguns papéis e pegando o celular.
–Você pode falar comigo Marley. - Eu falo.
–Eu já disse que eu estou bem OK? - Ela grita irritada.
Eu suspiro e decido não insistir. Ouço batidas na porta e vou até ela a abrindo, era Rachel. Ela sorri sem jeito.
–Oi... - Ela fala sem graça e eu abro a porta para ela entrar.
–Como está o Finn? - Eu pergunto e ela sorri desanimada.
–Ainda na mesma, estamos esperando ele acordar, ele perdeu muito sangue. - Ela explica.
–Estou surpresa por você ter saído de lá. - Eu comento e ela sorri sem graça.
–Na verdade estavam me pedindo para ir pra casa tomar um banho e dormir um pouco. - Ela fala. - Eu só estou aqui pra enganar mesmo, já estou voltando para lá. Só queria falar com ela.
–Ela está na sala... - Eu falo suspirando. - Já tentei falar com ela mas ela me ignora.
Rachel sorri sem graça e vai até a sala. Eu decido deixar elas sozinhas.

Marley Rose

Ouço passos se aproximando enquanto desligo o telefone e reviro os olhos.
–Quinn, eu já disse que não preciso de babá! - Eu falo irritada mas quando me viro vejo Rachel.
Ela não estava usando maquiagem forte como antes mas eu percebi que seu cabelo ainda tinha as pontas roxas. Ela parecia cansada.
–O que você está fazendo? - Ela pergunta.
–Aparentemente eu sou a única que está tendo forças o suficiente para organizar o funeral. - Eu falo voltando a olhar alguns papéis. - Então é isso que estou fazendo.
–Se quiser eu posso te ajudar. - Ela fala.
–Não. - Eu falo. - Você deve ficar com o Finn. Como ele está?
–Na mesma... - Ela fala suspirando. - Estamos esperando ele acordar.
–E Santana e Blaine? - Eu pergunto.
–Blaine acordou. - Ela fala. - Ele está bem. Mas Santana está péssima.
–Santana? - Eu pergunto.
–Ela se sente culpada. - Ela explica.
–Eu entendo. - Eu falo e ficamos em um silêncio desconfortável. - Você não vai dizer nada? Não vai perguntar se eu estou bem?
–Não preciso perguntar. - Ela fala. - Eu sei que não está. Mas está aguentando tudo, sendo forte. Já passei por isso.
–Eu estou bem. - Eu falo pela milésima vez, eu estava começando a acreditar.
–Claro que está. - Ela concorda.
–Eu só quero que isso acabe logo. - Eu suspiro.
–Se eu fosse você eu não desejaria isso. - Ela fala e eu a encaro confusa.
–Não entendi. - Eu falo.
–Isso tudo não é a parte dolorosa. - Ela fala. - A parte é a que tudo acaba e você fica sozinha e ai você realmente percebe o que aconteceu. Que você percebe que nunca mais vai ver ele, que nunca mais vai conversar com ele. A pior parte é seguir em frente. E as vezes você prefere se transformar no que não é apenas para não lembrar da dor, mas lá no fundo todos os dias a dor continua lá. Sei como é. Eu já passei, eu passo por isso. - Eu a encaro e ela se levanta suspirando. - Tenho que ir, quero estar lá quando Finn acordar.
–Rachel. - Eu a encaro. - Obrigada por não me perguntar se eu estou bem.
Ela sorri sem animação e se afasta enquanto eu suspiro triste.