Capítulo 5: Visitante

Era estranho, para o moreno, vê-lo ali, logo ele, que sempre se mantivera distante de tudo e todos à sua volta. Para Ulquiorra, ele não lhe passava a imagem de um Espada, ao menos parecia que ele simplesmente não tivera escolha.

– Eu não ligo, não vim aqui para lutar e nem quero.

– Isso não importa, para aqueles Shinigamis. E eles não sabem que estou aqui e eu gostaria que continuasse assim. - O moreno suspirara, fechando os olhos lentamente e abrindo-os novamente. - Enfim, acredito que tenha vindo me buscar, ou ao menos me dizer por que não estou nem conseguindo abrir uma garganta.

– Nem um, nem outro. - O homem encarava seriamente Ulquiorra. - Há uma conspiração em Hueco Mundo. Você foi banido de lá, por isso não consegue voltar.

– Conspiração?! - Ulquiorra se manteve com o semblante inalterado.

– Mataram o Baraggan, baniram você, e provavelmente vão tentar matar eu e o restante dos Espadas, logo.

– Quem?

– Tenho certeza de que foi Nnoitra, mas não sozinho.

Orihime observava-os atentamente, estava com medo, pois aquele poder todo atrairia Ichigo e Rukia.

"Que poder é esse? É imenso... é muito maior que o do Ulquiorra-kun, porém não é assustador, é totalmente estável..."

Ela acabara por se lembrar quem era o homem dono de tal poder, havia o visto algumas vezes, durante sua estadia em Hueco Mundo, porém, não o notara, pois haviam tantas reiatsus poderosas juntas, que ela não conseguira destingui-las...

"Ele tem que ir embora logo, ou... "

– Acha que ele quer tornar-se Rei de Hueco Mundo? - Indagou o moreno, as coisas haviam se tornado perigosas.

– Com certeza...

***

– ICHIGO!

– Já vi, temos que ir logo, Rukia. - O rapaz indagou sério.

– Está vindo da casa...da Orihime... - Falou a morena para o rapaz, enquanto corriam, já fora de seus gigais.

– O que?! Ela pode estar em perigo, temos que ir de uma vez, de pressa. - Falara, apressando-se mais ainda.

***

– Por que veio me avisar sobre isso, Starrk? - Perguntara Ulquiorra, levemente curioso.

– Realmente, eu poderia estar dormindo, mas você nunca me importunou, como os outros adoravam fazer. Enfim, achei que deveria avisar você.

– Hm.- Não esboçara qualquer reação.

– Ai ai, há duas reiatsus se aproximando de nós... - Falara Starrk, entendiado.

– Eu avisei.

"Essa não...Kushiki-san, Kurosaki-kun..."– Pensara a ruiva.

– Nota, Ulquiorra? Foi por esse motivo que eu não quis o cargo de Rei... Eu sempre quis não me envolver o máximo possível e agora, vou ser caçado. Era tudo o que eu queria. - Bocejou, após terminar de falar, logo mudando sua face de sério, para um misto de braveza, vendo uma garganta se formar a sua frente.

– Staaaarrk, por que saiu sem me avisar, hm? Humph...eu fiquei te procurando feito louca...- A menina continuava tagarelando, quando o homem a cortara.

– Droga, Lilynette, eu mandei que ficasse lá e trancada. Eu tomei todo o cuidado do mundo, para não ser visto... Eu já estava voltando, afinal, as coisas por aqui podem ficar tensas daqui a pouco e eu já tenho problemas demais.

– Cala a boca, Starrk. Eu tô sentindo umas reiatsus...

– É sobre isso que estou falando, vamos logo Lilynette. Já fiz o que tinha que ser feito. - Dissera olhando para o Cuarto Espada. - E tome cuidado, Ulquiorra, Nnoitra pode não ter se sentido satisfeito apenas o banindo.

– Nnoitra não é páreo para mim, nem nessa e nem em outra reencarnação.

– Ele também não era para Baraggan... - Falara o homem de cabelos marrons, abrindo uma garganta, preparando-se para partir.

– Ahh Starrk, péra ai, por que não podemos ficar e conhecer um pouco daqui? Afinal, lá a gente tá correndo perigo. - Choramingou a garotinha.

– Calada e vamos logo! - Pegara a menininha no colo, partindo pela garganta, que se fechara logo.

***

– DROGA! - Ralhou o rapaz de cabelo laranja.

– Tarde demais... - Falou a morena, olhando para o rapaz.

– Vamos à casa da Inoue, ver se está tudo bem.

– Oh oh, vai ter que ficar para depois... Um hollow, Ichigo. Temos que ir.- A mulher o fitava sério.

– Ah, mas Rukia... - Fora interrompido.

– É seu dever, como um Shinigami Substituto. Vamos agora!– Ela o olhava ameaçadoramente.

O rapaz assentira, dando-se por vencido e lá se foram os dois, atrás do hollow.

***

O moreno encontrava-se deitado no sofá. Pensava em várias coisas e uma delas, era que ficando ali, na casa da humana, poderia colocá-la em risco, já que poderia ser caçado. Fora arrancado de seus pensamentos, quando notara a presença de uma certa ruiva.

– Ulquiorra...Está tudo bem? - Sentiu-se receosa, mas perguntou igualmente.

– Não, mas não é algo que diga a seu respeito. - Falou ríspidamente, sem encará-la.

– Você... - Exitou, tinha de começar a ser mais firme com ele. - Você está na minha casa, é claro que me diz respeito.

O moreno achara graça, por a mulher ter adquirido corajem.

" É uma mulher forte, de certa forma."– Pensara o moreno.

– Não seja por isso, vou embora. Já deveria ter ido. - Levantou-se, caminhando em direção a porta.

– Você não quer! - A ruiva elevara o tom de voz, o coração começa a bater mais rápido e o cérebro começava a liberar adrenalina por todo o corpo. - Se você quizesse mesmo ir embora, já teria o feito. - Encarava as costas do homem logo mais a frente.

O homem mandara um olhar gélido para a mulher, de soslaio, logo virando-se completamente para ela.

– Não diga besteiras, mulher. - Os dentes trincados, desta vez estava irritado, mas o tom de voz continuava o habitual.

– Não estou dizendo! - Dera dois passos na direção do Espada. Ela estava sendo guiada por seus instintos. Estava tendo uma coragem que nem ela mesma sabia de onde vinha. - Você não pode negar que sente algo... Eu sei que sente, Ulquiorra.

– Está dizendo que sinto algo por você, uma humana? Você perdeu completamente o juízo, a noção. Não faz idéia do que diz.

– Eu faço sim. Eu sei que você tem sentimentos. - Dizia firmemente, sem desviar os olhos do Arrankar.

– Sou um Espada, um projétil de Hollow, ou na sua língua, um monstro. Eu não sinto, eu apenas sigo ordens sem contestá-las e se Aizen tivesse ordenado-me que a matasse eu faria sem exitar. - O Espada a lançou o olhar mais vazio que pôde.

Foi duro para a garota ter ouvido aquilo, a despedaçou momentaneamente, mas ela sabia que era tudo um teatro fajuto, e embora ele soubesse atuar incontestavelmente bem, ela podia ver suas falhas, podia ver seu coração...

A garota aproximara-se o suficiente do moreno, para o tocar a face.

– Deixa eu te ensinar a usar seus sentimentos. Deixa eu te ensinar a amar... - Seus olhos brilhantes, mais parecia uma súplica.

Ele pegara gentilmente a mão da garota, tirando-a de sua face e levando-a até seu buraco-hollow.

– Já que ver ou saber, não lhe basta, sinta o vazio que tenho em meu peito. Sinta a falta daquilo que o preencheria. - Olhava-a profundamente.

– Não é necessário o tê-lo aí. Se você não sentisse, não teria esse brilho nos olhos... - Sua voz num sussurro.

Ele aproximou-se de seu pescoço, sussurrante, perto de seu ouvido.

– Mesmo que eu pudesse sentir ou amar, não desperdiçaria tais artifícios, com você.

A pobre garota arrepiara-se com a aproximação, mas aquelas palavras desferidas à ela, a machucaram profundamente. Lágrimas silenciosas começavam a descer de suas órbitas cinzentas, marcando sua pele alva, avermelhada nas extremidades. Ela estava magoadíssima, não queria vê-lo mais, por um tempo.

– Vá embora... - Sussurrou a garota de cabeça baixa.

Estava prestes a sair, quando a garota tornou a pronunciar-se.

– Mas antes...Apenas me diga como ainda está vivo... - A ruiva não o encarava.

Ele demorara alguns segundos para respondê-la, por surpresa, talvez.

– Um Hollow, quando morto por um Shinigami, tem sua alma purificada, podendo ir para a Sociedade das Almas, mas um Hollow morto por outro Hollow, no Hueco Mundo, vai para uma outra dimensão, parecida com a Sociedade das Almas, porém totalmente o inverso. Lá, alma-hollow que vencer pelo menos 500 outras almas-hollows, tem a oportunidade de voltar ao seu mundo, tendo a mesma forma que tinha antes. Mas isso só ocorre a cada 1000 anos. Eu apenas dei sorte. - Dito isso, o Espada fora embora.

***

Ele sabia que havia magoado-a profundamente, mas fora preciso, ele precisava ir embora, para não colocá-la em perigo e ela não estava ajudando nem um pouco. Ele sentia-se de um jeito que ele não sabia distinguir, talvez na língua dos humanos, isso se chamasse tristeza... Sentia-se sozinho, sem rumo, mas ele era um Espada, sentir-se assim, não devia acontecer. Ele não queria admitir, mas sentia falta da humana, de sua voz, dela puxando assunto com ele. Não sabia para onde ir, acabara sentando-se na calçada, olhava para o nada, porém, pensava em tudo.

***

Caira em prantos, de joelhos no chão. Estava sendo mais dificil do que o que pensara, mas ela não desistiria assim, tão fácil, só não queria o ver por um tempo, sentia-se triste, mas isso passaria, pois o que sentia pelo Espada, era mais forte do que essa tristeza. Escutara batidas em sua porta, estava tão distraída, que nem sentira a reiatsu dos seus amigos, aproximando-se. Levantara enxugando as lágrimas, encaminhando-se a porta.

Tentou fazer a melhor cara possível, para que seus amigos não notassem nada.

– Kurosaki-kun, Kushiki-san! - Esboçara um sorriso.

– Ahn, Inoue, você está bem? - O rapaz perguntara enquanto ele e a morena adentraram a casa da garota.

Orihime respirara fundo.

– Sim, sim, Kurosaki-kun! Hehe. Eu só estou um pouco cansada, será que... - Ficara vermelha, desviando o olhar. - Vocês poderiam me dar licença? - Sorriu sem graça.

– É que..., bom, Orihime, nós sentimos uma forte reiatsu vinda daqui... Você também a sentiu, não é? Você o viu...?- Indagou a garota morena.

– Não.- Respondera a ruiva, tensa. - Eu senti sim, e fiquei muito nervosa, o senti muito próximo a minha casa. É só o que eu sei... - Batucava os dedos nervosamente, na coxa.

– Bom, tá certo então, Inoue. Ahn, qualquer coisa, nos chame, se precisar. Se cuida. - O rapaz e a morena despediram-se da ruiva, logo ambos indo embora.

***

Ouvia passos calmos vindos em sua direção, sabia apenas ao escutá-los de quem se tratava.

– Foi ótimo que você tenha voltado! - Sorrira maliciosamente. - Pois agora eu posso acabar de uma vez por todas com você! - Um olhar assassino nascia em sua face.