Filho da Mentira escrita por Sirena


Capítulo 21
Kill a Prince- Part 2


Notas iniciais do capítulo

Sei, finalmente o capitulo que todas esperavam.
Como disse bastante mortes para vocês!
Ei, obrigada a todas pelo apoio :)
Acharam mesmo que iria abandonar vocês?



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Capitulo Vinte e Um

Kill a Prince- Part 2

Hoder

Acho que aquele foi o trabalho mais simples que já realizara na vida.

Willio nunca foi tratado como alguém de sua posição. Não era cercado de guardas ou pessoas ao seu redor. Um rato de esgoto tinha mais proteção do que ele.

A única companhia dele naquela noite era uma mulher, assim como foi me dito. Uma garota com aproximadamente dezenove anos e longos cabelos ruivos e ondulados que caiam como uma cascata em suas costas finas, modelando os ossos bem delineados pela sua roupa branca simplória.

–Porque me trouxe aqui, Nana?- perguntou Willio. Sua semelhança com Odin se resumia ao olhar duro e implacável. Vinte anos mais jovem que o irmão, Willio parecia ser o típico homem navegante, livre nas aguas cruéis e indomáveis do oceano, embora desacreditar que já houvesse realmente colocado os pés em um navio. Os cabelos castanhos ondulados quase caiam em seus ombros, levados pelo vento constante daquela noite carregada de nuvens cinzentas. Sua única arma era uma adaga de “viajante” uma faca curva e leve, conhecida pelos andarilhos das montanhas. Certamente não seria um problema.

–Balder.- Ela falou somente; mechas arredias caiam sobre seus olhos verdes.

Ao longe, preparava a minha mira .O movimento corpóreo que realizavam prejudicava um pouco minha chance de acerto que deveria ser acima de tudo, perfeita.

–E o que Balder Odinson tem a ver comigo?-Retrucou com desprezo.

–Ele é seu sobrinho...

–Não quero me envolver em nada que tenha o nome do meu irmão- Ele apontou o indicador, ameaçando recuar.

–Você tem que me escutar Will...

Ele se afastara dela justamente no momento que iria atirar.

–Você não pode me obrigar-Ele gritou.

A garota agarrou seu pulso com determinação.

–Eu não estou aqui porque quero uma reunião de família-Rebateu- Isso é muito maior do que eu ou você. Maior do que todos os problemas que você teve em sua vida miserável- Desabafou.

Ele ergueu uma sobrancelha, impressionado com sua atitude.

–E o que seria?

A garota entregou um objeto para ele, as mãos tremulas e inseguras.

–O que é isso? Um livro?- Apressou-se a dizer.

–Não é um livro. Esse é o diário de Balder e...

–Não estou interessado em saber os segredos íntimos do meu sobrinho- Ele riu, sem humor.

–Isso não é sobre Balder.

–Então sobre o que é?

Seu olhar se tornou sombrio.

–È sobre seu irmão mais velho... O que ele descobriu sobre ele...

Willio agarrou o diário, examinando-o com cuidado, as mãos tateando a capa marrom simples.

–Will... O segredo que ele descobriu é algo impressionante e imensurável.

–Que segredo?- Ele indagou, guardando o caderno na parte interna do seu casaco.

–A verdade sobre Odin. Algo que pode mudar tudo. Nossa concepção de todas as maneiras possíveis. Um segredo que pode afetar toda a Asgard e até mesmo os Nove Reinos- Cochichou, os olhos vagos, fixos por um momento na minha direção.- Balder, acho que nós estamos sendo...

Ela não pode concluir a frase.

Por que antes que ela pudesse me comprometer eu acertei uma flecha em suas costas, a ponta infiltrando em sua carne.

–Corre- Gemeu, enquanto acertava outra flecha. Desta vez, em seu pescoço.

A garota caiu no chão sem vida, os braços a frente do corpo, estendidos como se fossem agarrar algo. Seus olhos continuaram abertos, mas não havia mais vida neles. Nunca mais haveria.

Willio olhou rapidamente para trás, antes de correr para além do lago.

–Merda- Balbuciei, pulando no chão, três metros de encontro com o solo. Ainda sustentava o arco na mão direita, quando cai em pé, um recuou de apenas um passo para trás.

Embora possuir uma grande agilidade com os pés, Will era extremamente rápido, fugindo como um cervo de um leão. Arrisquei atirar uma flecha em sua direção, porém um pequeno erro de calculo fez com que passasse raspando pelo seu ombro direito.

Sabia para onde o desgraçado estava indo.

Para um dos únicos locais habitados da região. O único local que poderia encontrar refugio, alguém que poderia o ajudar, garantir sua sobrevivência.

A única coisa que eu não queria.

Conseguia vislumbrar a luz no horizonte, calorosa, segura para alguns, principalmente para ele. Uma segurança, um brilho que poderia cegar, impedir que outros sentidos se manifestassem aquele momento. Instintos de sobrevivência.

Atirei novamente, desta vez acertando o alvo. A omoplata do meu amigo fugitivo.

Ele gritou, assim que a flecha fincou em seu osso, sua respiração debilitada. Por um segundo ele hesitou, voltando a correr logo em seguida. Aparentemente ele era mais forte do que representava.

Mais uma flecha foi disparada em sua direção rasgando suas costas, seguida de outra, acertando quase o mesmo lugar da anterior. Sangue manchava suas roupas, uma trilha mortal e vermelha por onde ele passava. Mesmo a beira de um colapso, quase entrando em choque ele não parou, negando-se a ceder.

Parecia que nada iria impedi-lo de chegar ao seu objetivo.

–Desgraçado- Moldei a palavra na minha boca,a raiva me consumindo. Ele não poderia simplesmente cair duro na estrada mais próxima? Qual era sua real missão?

Seja qual fosse ele conseguiu entrar ali.

Não antes de acertar uma quarta flecha em sua perna.

Suspirei fracamente, sabendo que meu objetivo já estava praticamente cumprido. Willio não duraria muito após aquele estado hemorrágico. Era uma questão mínima de tempo até que o torpor o acometesse, seguido pela inconsciência e morte. Uma regra simples e básica, sem retorno.

Segui sua trilha sanguinolenta até o interior do pequeno bar, praticamente vazio naquela hora da noite.

Inclinado e batendo na porta da morte, estava minha vitima, o corpo apoiado sobre a mesa principal do estabelecimento. Ao seu lado, um homem aparentemente três ou quatro anos mais jovem, com uma pequena parcela do cabelo comprido preso em um pequeno rabo de cavalo, as mãos sujas com o sangue do irmão do rei.

–Não se esqueça da sua promessa, Aidan- Murmurou com a voz quebrada o jovem ferido, sua cabeça pendendo para baixo, assim que o acertei pela ultima vez, a flecha atravessando seu tórax e perfurando seu coração.

O garoto ao seu lado se levantou sobressaltado, imaginando ser a próxima vitima da fúria do guerreiro desconhecido. Ele agarrou a flecha e o arco preso em suas costas, preparando-se para atirar de maneira amadora, nada profissional.

–Por que o matou?

–Algumas vidas são mais importantes que outras- Falei. Willio não valia nada para mim, ao contrario de Hrethel e Beowulf.

–Fique longe- Alertou.

Eu me virei.

–Minha missão já está cumprida- Falei de costas, a cabeça inclinada para baixo. Não queria mais mortes do que já estavam programadas.

Isso não o convenceu, aparentemente. As palavras nem sairam por completo dos meus lábios e ele já disparara a flecha. Felizmente eu previra o movimento, agarrando-a no ar, os punhos fechados, a ponta de pedra arranhando levemente minha pele, fazendo uma gota de sangue cair no chão.

–Como disse antes: Minha missão já foi comprida. Você tem muita sorte, rapaz.- Argumentei, deixando para trás o silencio mórbido, o medo e a morte.

Aquela era apenas uma parte da minha missão. Ainda viria a mais interessante.

Balder estava me esperando no palácio

Claro, provavelmente não seria tão fácil quanto os outros dois. O filhinho cretino do rei morava em um palácio, protegido por guardas. Não era um miserável qualquer, ele teria proteção...

Felizmente, estava num dia de sorte. Pelo menos o mínimo que era capaz de possuir.

O único dia que era necessário proteção, vários guardas ao seu redor. O único dia que ele precisava de uma companhia e... Quem diria? Ele estava saindo sem ninguém. Apenas ele e um cavalo numa estrada vazia.

Era muita sorte.

Seguindo o príncipe através do caminho das arvores, me perscrutei na escuridão, apenas alguns minutos de distancia do herdeiro do trono montado em sua égua branca, correndo pelo caminho deserto aparentemente sem motivo. Eu poderia simplesmente atirar agora, mas e seu errasse? Poderia facilmente perder minha presa, fazer com que recuasse de volta para o ninho, o confortante palácio de Asgard. E isso não fazia parte dos meus planos.

Era melhor esperar que ele chegasse ao seu destino, seja aonde quer que fosse.

Quase no fim da trilha, quando nem o cavalo nem seu cavaleiro eram visíveis, desci das arvores seguindo a trilha fresca dos cascos prensados na lama na noite chuvosa. Uma chuva intensa que castigava a região nas ultimas duas horas, desde que assassinei Willio.

O choro dos deuses pelos seus erros, como diria meu velho pai.

E no fundo tinha certeza que estava prestes a cometer mais um.

Minha certeza foi confirmada assim que vi a figura alta de Balder, desajeitado no chão abraçando um garoto extremamente jovem, mais jovem que Ben eu arriscaria facilmente dizer. Mesmo á distancia, notei que o menino estava chorando, lagrimas amargas em meio aos soluços constantes.

–Fique calmo, irmãozinho. Eu estou aqui, não estou? – Ele tranquilizou, os cabelos louros quase castanhos pela chuva caindo sobre seu rosto em mechas irregulares- Aqui. Com você. Não tem ideia quanto eu percorri até te encontrar.

–Estou com medo, Balder- Murmurou o garoto.

Fechei os olhos, imaginando Beowulf numa sala com ratos enormes e gordos, fedendo a esgoto e estrume. Certamente ele estaria assustado, tremendo e em soluços como esse garoto, afundado em seus medos, implorando por ajuda. A minha ajuda.

–Do que tens medo?- Ouvi, embora não saber ao certo se fora isso que ele disse.

“Me ajuda, Hoder”- Eu podia sentir ele dizendo isso em algum lugar, acuado em um canto sem iluminação, sem luz, sem esperança.

–De mim. Eu tenho medo do que posso fazer- Balbuciou o menino confuso, afundando ainda mais o rosto no ombro do irmão.

Eu não queria fazer isso. Não queria que esse menino sofresse.

Porém não podia deixar que Beowulf morresse. O garoto franzino que mesmo sem minha total atenção ainda assim me chamou de pai.

E um pai jamais abandona seu filho.

–Mas como... - Ele começou, as palavras desaparecendo no ar.

Mesmo afundado em meus sentimentos de pesar e pena eu atirei, confiante, embora não o bastante para acertar o alvo. A flecha havia passando voando a poucos metros do seu corpo, fincando na rocha mais próxima.

“Não poderia ter errado” pensei, culpando-me mentalmente.

–Fique aqui. Parado- Ordenou para o menino.

Ele já sabia da minha presença

Balder se levantou ereto, a postura firme, típica de um guerreiro. Será que o filho do rei já havia pisado num terreno de batalha antes?

–Quem está aí?

Ele realmente acredita que um assassino irá fazer uma apresentação antes de mata-lo?

–Como herdeiro do trono de Asgard eu ordeno que se identifique- Ele ordenou, colocando as mãos nas costas, pronto para retirar sua espada de bronze, se preparando para o ataque.

Ignorando-o por completo, coloquei a mão esquerda nas costas agarrando uma única flecha.

–Por que está aqui?- Perguntou, olhando diretamente para mim.

Estreitei o olhar. Sua insistência deveria ser no mínimo recompensada por uma resposta.

–Para matar o filho do rei- Falei. Mas no fundo minha ânsia foi continuar a frase murmurando em meus lamentos “Para que possa salvar meu garoto”

È o único jeito. A única maneira.

Disparei a flecha, a seta voando no ar em direção ao peito de Balder.

–Não!- Gritou o menino em desespero.

Fechei os olhos. Céus o que eu estava fazendo?

“Me salve pai” ressoou novamente a voz de Beowulf na minha mente.

Abri- os a tempo de ver Balder colocando a mão na ponta da flecha, as pernas bambas, em passos incorretos, como se uma mão estivesse puxando seus tornozelos em direção ao penhasco, o empurrando para os braços frios da morte.

Ele precisava apenas de um empurrãozinho para poder sentir seu aperto.

A flecha então foi desferida, certeira, rasgando sua camisa, uma explosão fria de sangue que caiam em seu manto e respingava nas rochas ao seu entorno. Ele então cambaleou para trás, um único passo, desfalecido, todas suas forças extinguidas pela fraqueza, impulsionadas pela dor.

–Loki- Balder gemeu, fechando os olhos enquanto se entregava de braços abertos para a morte certeira e rápida.

Loki. Fazia anos que eu não ouvia esse nome. Anos que não era atormentado pelo som que essas letras unidas formavam. O nome do menino que eu tinha que salvar e proteger. Uma obrigação, como tinha com Beowulf.

Mas parece que a única coisa que conseguia foi destruí-lo. Rasgar seu coração ao presenciar esse assassinato a sangue frio.

–Balder!- Gemeu o menino, levantando-se tremulo. - Balder!- Gritou indo em direção ao penhasco, desamparado, com medo.

Loki virou sua cabeça, olhando diretamente para mim. Ódio e dor eram misturados com outros sentimentos, uma cascata reluzindo em seus olhos cinzentos. Fiquei imóvel, minha inexpressividade mascarando meus reais sentimentos, as lagrimas que empurrava para dentro. A culpa era quase gritante, mortífera. Queria me ajoelhar e pedir perdão pelos meus atos, mas não podia.

Isso não iria mudar nada.

E agora que estava feito, tudo que restava era ir atrás do meu pagamento.

A liberdade daqueles que considerava minha família.

Fui diretamente para o local do encontro, sufocado pela sensação de estar sendo seguido por todo trajeto. Uma sombra se espreitando na floresta ao meu lado, observando-me.

Quando cheguei, o cavaleiro estava me esperando, os braços cruzados.

–Já cumpri minha parte do acordo.- Falei, colocando o arco nas costas.

Meus instintos se concretizavam assim que um segundo homem com os trajes semelhantes ao primeiro se aproximou. Inclinando-se sobre a cabeça do líder, cochichou palavras inaudíveis, provavelmente contando-me sobre meus passos, finalizando-se com meu êxito.

–Mandou que alguém me seguisse?- Rugi, tentando reprimir a raiva.

–Não possuo o habito de confiar em alguém. Muito menos em um assassino.- Ele falou, pensativo.

–Pelo menos agora tem certeza que cumpri minha parte.

Ele acenou, confirmando uma única vez.

–Sim. Vejo que cumpriu a promessa. Assassinou os três de maneira precisa e fria. Realmente um ótimo trabalho.- Aprovou. Sua aceitação perante aos fatos me dava nojo e uma vontade doentia de soca-lo até que meus tendões se partissem.

–Então... Onde eles estão?

–Você é um sujeito apressado, arqueiro. Gostaria de fazer algumas perguntas antes...

Isso estava se tornando extremamente enfadonho.

–O que você quer saber?

–Você bem... Ouviu algum conteúdo da conversa entre Willio e Nana, a criada pessoal de Balder?

–Não- Menti, olhando-o nos olhos. Escutara fragmentos, porém não queria revelar seu conteúdo. Não para aquele idiota.

–Você apenas o matou? Não ouviu nada?

–Não.

Ele se virou para seu soldado que fez um gesto de desdém com os ombros.

–Espero que não esteja mentindo, Hoder.- Ameaçou.

–Não estou mentindo- Falei com segurança. Seja o que for que eles sabiam esperava que morresse com eles.

–Tudo bem- Ele disse após um tempo, fazendo um gesto com a mão direita para um de seus soldados- Tragam eles, Sam.

“Pelo menos tudo isso está chegando ao fim” Pensei, relaxando os músculos das mãos, tensos pela pressão constante. Não estava acreditando que estava tao próximo de ver eles.

Parecia algo fictício, irreal.

Justamente porque era.

O soldado não trazia a mulher sorridente e bela consigo, mas uma mulher manchada de sangue, com os braços negros pelas queimaduras e necrose.

–Aqui está ela- Ele falou, colocando seu corpo no chão- Como prometido- Ele falou irônico.

Bastou olhar um segundo para ela e já pude discernir que estava morta, o pescoço cortado de tal maneira que faltava pouco para a cabeça se separar do corpo.

–Sabe, houve um problema técnico com o garoto. Sua mãe estava sendo tão irritante que fui obrigado a dar seu corpo para os cães, enquanto pedia para meus homens manterem seus olhos abertos. Mas trouxe isso para você como consolo.- Contou, enquanto jogava para mim um objeto de prata.

Agachei-me no chão, as mãos enluvadas tocando no colar que havia dado de presente para Beowulf, sua superfície manchada de sangue.

–Desgraçado- Gritei, retirando o arco das costas, ainda com o colar em meus dedos- Você prometeu que eu os teria de volta.

–Não que eles estariam vivos. Não me lembro dessa parte.- Falou, pensativo.

Atirei em sua direção, as mãos tremulas, minha mente conturbada, fazendo-me errar o alvo.

–Sabe qual o problema do arco e flecha, Hoder?- Perguntou, enquanto me preparava para atirar novamente- È que o arqueiro está tão preocupado com sua frente que se esquece dos perigos que podem vir por trás.

Dor. Foi a primeira coisa que senti, quando o calor de uma flecha de metal atingiu minhas costas. Mesmo querendo permanecer em pé, fui obrigado a ceder, caindo de joelhos, largando o arco no chão rarefeito.

–Você vai apodrecer no fogo por isso- Jurei. Agarrei minha faca de caça nas costas. Não estava pronto para ceder ainda.

–Por você eu já estaria morto há muito tempo.- Eu senti uma segunda flecha nas costas, seguida por uma terceira. Uma dor tão profunda que me fez ajoelhar como um animal decrepito.

Não sabia o que ele queria dizer. Não entendi suas palavras. Por que ele estava dizendo isso? Nós nunca havíamos nos encontrado antes.

–Hoder... Hoder... Sempre fraco. Um idiota sentimental.- Cuspiu, ajoelhando-se na minha frente e arrancando a faca com facilidade da minha mão- Tão cego que não consegue mais ver a verdade, mesmo que esteja na sua frente...

Ele girou minha mão para o lado, quebrando meu pulso, os ossos se partindo, cada ligação se rompendo. Cerrei os dentes para não gritar, o suor caindo, escorrendo pela minha testa.

–Nunca pensei que iria se esquecer de mim. Eu sei que nunca me esqueci de você. Nunca me esqueci de sua traição...- Gritou o guerreiro, retirando sua mascara, revelando um rosto há muito tempo não visto.

–Pai- Gemi, olhando os mesmos traços, as mesmas feições do homem que matara há tantos anos, quando era apenas uma criança- Mas... Você está morto. Eu te matei...

–Sim você tentou me matar- Berrou. Fios brancos agora manchavam sua barba que outrora sempre se manteve feita e impecável. Era possível ver as linhas de expressões envolta dos olhos que se tornaram mais opacos, sem o brilho carismático –Você nem tentou dialogar com o rei, pedir clemencia...

–Mas foi o senhor que me pediu. Você no lugar de sua esposa e filha!- Tentei dialogar, a voz quebrada e sem tom.

–Esperava que não fosse tão fácil. Que meu filho mais velho fizesse alguma coisa ao invés de se ceder as regras. Que no mínimo tivesse olhada para os meus olhos quando estivesse me matando, não os fechado como um maldito covarde!

–Como sobreviveu?

–Digamos que algumas pessoas viram o meu potencial e deram o jeito para que voltasse há ativa.

–Foi você que planejou isso? Desde o inicio?

–Não. Infelizmente sou apenas um soldado seguindo ordens diretas. Embora... Não posso negar que foi o primeiro há me oferecer para missão e que estou muito, mas muito feliz de completa-la. Feliz de ver você sofrendo...- Ele sorriu, os dentes brancos brilhando com a felicidade doentia.

–Quem é o líder? Quem está por trás disso?- Perguntei sentindo minha cabeça pender a cada segundo.

–Shhh- Ele falou, colocando o dedo mínimo na boca; com a direita ele enfiou minha própria faca em meu estomago, rasgando minhas vísceras- È segredo- Cochichou na minha orelha dramaticamente.

Finalmente meu corpo cedeu, caindo para o lado tremulo, como se houvesse perdido o controle pelo meu corpo. Sangue caia lentamente pelo chão, não apenas dos ferimentos, mas também dos lábios, escorrendo enquanto balbuciava palavras desconexas; gemidos de dor e discórdia.

–Vamos rapazes, temos que levar esse traidor para a justiça. Vamos falar que vimos o maldito matando o filho do rei...-Meu pai disse para seus soldados.

Aos pouco a inconsciência tomava conta do meu corpo, meus dedos ainda sentindo a frieza do metal, do pingente. Tudo que restara do meu filho.

Minha ultima lembrança foi ver o rosto do meu pai com o sorriso aberto.

–Os deuses choram essa noite pelos seus pecados- Ele falou, olhando para o céu chuvoso, lagrimas tão salgadas e doloridas como as lagrimas que caiam dos meus olhos, o pesar, a perda- Enquanto eu sorriu pela sua dor e seu sofrimento.

Então eu desmaiei.


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Notas finais do capítulo

Então gostaram do capitulo? Ficaram surpreendidas (os)? O que esperam dos próximos capitulos?
E vocês leitores fantasmas? Adoraria saber o que vocês estão pensando
#Esperando reviews