Premonição: Catedral escrita por MV


Capítulo 6
Terminal


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente acho que todas as desculpas do mundo não serão necessárias para esse hiatus estrondosamente grande da fic. Nesses últimos meses, tenho tido vários problemas e não consegui escrever como a mesma frequência, principalmente porque não tenho mais notebook :'(
Mas mesmo assim, também estive envolvido em dois grandes projetos, aliás ainda estou, chamados Premonição Chronicles e Night Chronicles. Desde já fica o convite para lerem essas fics, estão muito boas e são escritas em parceria com outros ótimos escritores!
Mas então, retornando ao capítulo, acho que poderão perceber vários modos de escrita nesse capítulo, já que diria que ela melhorou com o decorrer do tempo e venho escrevendo esse capítulo há um bom tempo. E sim, o capítulo ficou bem mais curto em relação aos outros porque também passei por certo bloqueio criativo, mas mesmo assim espero que apreciem! Tentarei finalizar a fic o mais rápido possível, já que a reta final se aproxima.
Os links para as músicas tocados no capítulo estarão nas notas finais ;) E pra quem esqueceu como são os personagens (vai que né haha) o link para as fotos e a wish list cast com os atores estão nos seguintes links:
http://marcioviniciusfanfictions.blogspot.com.br/2013/10/personagens-de-premonicao-catedral.html
http://marcioviniciusfanfictions.blogspot.com.br/2014/01/wish-list-cast-de-premonicao-catedral.html



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Stuart tinha os olhares fixos no chão cimentado á sua frente. Uma folha dançava diante dos seus olhos, resultado do outono que chegava. Ele usava a mesma roupa que usara no dia anterior, quando foi até a funerária de William Bludworth.

Agora ele mesmo estava na frente da mesma funerária, decidido a entrar. Não precisou nem bater, a porta já estava aberta.

O ambiente lúgubre recebeu o jovem, e logo Bludworth apareceu das sombras.

— Por que?

— Todos se perguntam a mesma coisa, meu caro.

— Então por que você simplesmente não responde a eles? - Stuart perguntou.

Bludworth o olhou profundamente, depois se virando.

— A morte não gosta de ser enganada. É o preço que pagam por isso.

— E realmente não tem como acabar com essa maldita? Tem que ver alguma maneira! Ei, você tá me escutando?

— Eu escuto muito bem, Stuart. Mais do que você imagina.

— Por que deixou isso acontecer então?

— Entenda, Stuart. Eu não faço as regras do jogo.

— Você só limpa o que ela faz... Foi isso que você fez com ele, não foi? Foi isso que você fez com o Will.

— Eu lamento pelo seu irmão, mas a morte tem que continuar seu curso. Nada pode impedi-la.

— Ah, pode-se impedir sim. E você vai ver. - Stuart falou, em fúria, saindo da funerária a passos longos.

— Nos vemos em breve, Stuart.

...

30 de novembro de 2013.

14:00.

Julia abriu os olhos, respirando profundamente. Sentia sua cabeça latejar, e estava ainda muito confusa de tudo o que havia acontecido. Não conseguia simplesmente se lembrar...

— Mãe! - Lindsey saiu correndo na direção da senhora, segurando sua mão firmemente. Julia ainda olhava lentamente ao redor, inclusive na direção de Lindsey.

— Você...

— Mãe, ainda bem que está viva! - Lindsey falou. - Eu fiquei com tantomedo!

— Você...

— O que foi, mãe?

— Quem é você?

Foi aí que o mundo de Lindsey desabou completamente, como se faltasse apenas uma peça para o conjunto de dominós cair totalmente.

— Mãe, sou Lindsey... Sua filha...

— Filha...

— Mãe, não se lembra de nada?

— Eu não consigo... Eu estava na igreja, onde estão meus filhos?

Lindsey travou naquela exata hora. Como poderia contar o que acontecera para sua mãe? Simplesmente não poderia contar, a mentira era a solução mais fácil. Até pelo menos sua mãe entrar em recuperação plena, era melhor deixar tudo ás escondidas.

— Eles estão bem... - Lindsey sentiu uma lágrima escorrer pelo seu rosto.

— Filha, por que está chorando?

— Nada... Não é nada... - Lindsey falou, mas as lágrimas continuavam a descer. - Já volto mãe.

Lindsey adentrou o banheiro do hospital e enxaguou seu rosto, arrumando também seu cabelo. Não conseguia disfarçar os buracos que sentia dentro de si. Por que tudo isso está acontecendo? O que eu fiz para merecer tudo isso? Primeiro o Martin, agora o Will... Por que o Will? Tão jovem, cheio de planos pra vida...

Vida essa destruída completamente com o terrível evento que se acometera naquela nebulosa madrugada. Já se faziam horas, mas Lindsey ainda sentia o impacto terrível que tivera quando recebeu a notícia de Stuart, que presenciara a morte do irmão, igualmente terrível a de Martin, Colin e Arthur. Por que aquela família teria que sempre conviver com a desgraça batendo em sua porta?

Olhou novamente para o espelho vendo o que a desgraça havia feito com o seu belo rosto. Agora Lindsey parecia anos mais velha, com tantos problemas carregados nas costas. E pensar que a pouco tempo atrás não sofria de nenhum desses traumas...

...

15:00.

Courtney tentava repetidas vezes ligar para o celular de Stuart, mas nunca era atendida. A jovem estava em sua casa, extremamente preocupada com o visionário, que desaparecera sem dar notícias.

— Ele não pode nos abandonar agora! - Ela gritou, jogando o celular no sofá. - Maldito seja!

Ela se sentou no sofá, enquanto Sarah caminhava em sua direção, demonstrando preocupação com a garota.

— O que está acontecendo afinal? - Sarah se sentou ao lado da morena.

— Não dá, Sarah. Simplesmente não dá mais.

— Por que está tão preocupada com isso, Courtney? Tente aproveitar a vida, do que ficar se preocupando com a morte. Aqui, pega um iogurte. - Ela falou, dando para a morena.

— Como consegue ficar tão calma diante da morte?

— Não sei se é ficar calma, Courtney. - Sarah falou. - Porque calma eu não estou, mas... Ai, não sei explicar. Só tenta relaxar um pouco, você está ficando extremamente paranoica.

— Mas é claro, Sarah! - Courtney se levantou. - Estou preocupada com a vida de todos, entende? Quero saber mais informações, quero saber como o Stuart está e...

— Como o Stuart está, é? - Sarah falou, dando um risinho.

— Você não entendeu, Sarah. - Courtney falou. - Eu simplesmente estou preocupada e...

— Já pensou que você pode estar fazendo muito drama?

Courtney se calou subitamente diante da afirmação de Sarah, pensando no que a garota dissera. Sentou-se no sofá novamente enquanto refletia o que acabara de ouvir.

— Ele deve estar precisando de um tempo, Courtney... Acho que algo deve realmente ter acontecido com o irmão dele. Logo deve ter desligado o celular, não quer ninguém enchendo ele, sabe? Não estou dizendo que você está enchendo o saco dele, mas está sendo chata. E você sabe disso.

...

18:00.

— Então a mãe não se lembra de nada? - Stuart perguntou, já sabendo a resposta.

— Não... Inclusive ela perguntou dos filhos, eu simplesmente não tive coragem de responder.

— Acho que está certa. Não sei se seria bom contar pra ela, acho que deveríamos esperar mais um pouco... - Stuart suspirou profundamente e olhou para a irmã.

— Stuart, eu fico me perguntando... Por que? Por que tudo isso tá acontecendo com a gente? De uns dias pra cá, a nossa vida desabou, sabe? Tá acontecendo tanta coisa estranha, tanta coisa anormal...

— Se eu ao menos soubesse, eu responderia. Tem muitas coisas sem explicação acontecendo, Lindsey. Mais do que imagina.

— Primeiro o acidente na catedral... Depois a morte daquela garota, a morte do Will, isso que aconteceu com a mamãe, tá tudo tão esquisito, tão estranho... Falando nele, você...

— Já resolvi sim, Lindsey. Vai ser amanhã o funeral. - Stuart fechou os olhos, tentando se esquecer de toda a cena que tinha visto.

— Stu, amanhã vou ter que resolver umas coisas lá na instituição. Você poderia ficar com a mamãe amanhã? Provavelmente ela vai pro quarto, não aconteceu nada grave com ela, graças a Deus.

— Tudo bem, mana. Acho que será até melhor, digo, ela ficar com o filho...

— Esse clima de hospital não ajuda em nada. - Lindsey falou, se levantando. - Não aguento esses locais, é muito sofrimento pra um lugar só.

— Pelo menos, o sofrimento fica aqui. Lá fora, só existe felicidade.

— Será mesmo Stuart? - Lindsey perguntou.

— Pra quem sair daqui, sim.

...

A noite caía lentamente, o frio noturno invadia as ruas, a temperatura caía. As casas permaneciam todas fechadas, protegidas do frio que chegava junto da tempestade. Nuvens pretas recobriam toda a cidade durante o dia, e durante a noite, a desolação reinava.

23:00.

Stuart entrou na casa, esfregando as mãos tentando aquecer as duas. Estava tudo escuro, e logo percebeu o silêncio que tomava conta do lugar. Não haviam barulhos de panelas, barulhos de televisão, gritos, ou simples palavras. A casa estava vazia, deserta, carente de seus próprios moradores. Dentro da própria casa alguns ventos entravam e Stuart foi na direção do frio iminente. Vinha do quarto dele.

As camas totalmente desarrumadas, o livro jogado sobre a cama dele. A capa da Enciclopédia do Sobrenatural o observava. Stuart fechou a janela do quarto, e caiu na cama, olhando o teto sobre seus olhos.

Estava tudo calado demais.

Alguns minutos depois, se levantou. Ainda estava com frio. Foi até a cozinha da casa, ligando o aquecedor quando passou pela sala de estar. Precisava se esquentar de alguma maneira, mas precisava esquentar a si mesmo. Não aguentava mais ficar naquele lugar, naquele silêncio... Então se lembrou de algo que Will lhe mostrara.

Pouco depois, virava um copo de cerveja na boca. Foi só o começo que uma longa noite. Copo após copo, garrafa após garrafa, Stuart perdia a noção do que era a realidade, e via sua visão ficar cada vez mais distorcida. Falava coisas sem sentido, gritava, sentia como se estivesse nas nuvens... Era uma sensação tão boa, que ele não conseguia descrever. Ligou a música no último volume, e pegou o fone de ouvido, tentando colocar no local, desistiu.

‘Cause I’m on top of the world, hey

I’m on top of the world, hey

Waiting on this for a while now

Paying my dues to the dirt

Stuart cantava do seu modo enquanto a garrafa servia de microfone. Levantou-se cambaleante, e continuou seu murmúrio. Bateu na quina da mesa, e soltou um grito xingando a mesa. Chegou até a sala e começou a executar uma dança, como se estivesse dando um show. Um pouco da bebida caía sobre o jovem.

And I know it’s hard when you’re falling down

And it’s a long way up when you hit the ground

Get up now, get up, get up now

Tirou a camiseta totalmente suada, e se jogou no sofá, ainda bebendo da garrafa. Quando terminou, jogou a mesma no chão e ela saiu rolando. Stuart riu diante daquilo.

‘Cause I’m on top of the world, hey

I’m on top of the world, hey

Waiting on this for a while now

Paying my dues to the dirt

Então a música no seu celular acabou, mas a próxima não veio. Stuart soltou um murmúrio de frustração, e tentou pegar o celular mas não conseguia. Sua visão estava totalmente turva, e quando finalmente pegou o mesmo, começou a apertar a tela várias vezes mesmo o celular estando bloqueado.

— Filho de uma puta! - Ele gritou, jogando o celular do outro lado da sala. Por sorte, o mesmo caiu sobre uma almofada. Logo depois, piscou os olhos e viu uma figura postada na sua frente.

— Co... Co...

É só uma alucinação, Stuart. Você está bêbado.

Colin sorriu diante daquilo.

— Feliz em me ver? - Colin perguntou. Era a primeira vez que Stuart via o irmão formar uma palavra completa depois que morrera. Durante todo esse tempo, ele apenas aparecia como um demônio ou uma simples entidade.

— O... que?

— Não há problema. Você sabe, Stuart. Você sabe o que acontece.

— Colin... Colin, que merda...?

— A morte não é o fim de tudo, sabe? Sim, você sabe disso... Pra mim isso nunca foi o fim. Enquanto você viver...

— Você vai viver. - Stuart falou involuntariamente. - Você não tá vivo, você morreu... Entendeu, VOCÊ MORREU!

— E você também. A cada dia que passa morre mais um pouco. Mas uma parte de você já está morta faz tempo. Morreu comigo.

— Eu vou piscar o olho, e não vai ter ninguém. - Ele falou pra si mesmo.

— Você não pode negar o que acontece, mano.

— Mano...?

— Deveria dizer uma cópia de mim? Bem, acredite no que quiser. Se isso foi apenas uma alucinação, acredite que foi. Se isso for real, a mesma coisa.

Então a visão de Stuart se apagou.

...

01 de dezembro de 2013.

E somente no outro dia tudo voltou a se clarear.

Stuart piscou os olhos repetidas vezes antes de finalmente acordar por completo. Estava deitado de bruços, uma garrafa de cerveja estava do outro lado, o aquecedor ligado no máximo, ele estava totalmente molhado, babando e pra piorar, ainda fedia.

Mas nada era pior que a dor de cabeça.

Maldita ressaca. – Ele pensou. Se levantou vagarosamente, até praticamente suas pernas descerem sobre seus pés e ele cair sobre o tapete da sala. O controle do aquecedor estava jogado no chão, e ele desligou o aparelho dali mesmo. Se levantou novamente, e seguiu andando se apoiando na beira da parede até chegar no banheiro.

Foi seguindo lentamente até o chuveiro e o ligou. A água fria caiu sobre o corpo, molhando o seu peito e também a sua calça jeans. Ele tentava respirar embaixo daquela corrente de água, sem obter o mínimo sucesso. Então se lembrou do que o esperava, e tinha certeza que Lindsey já deveria estar extremamente preocupada com ele. O que se revelou quando ouviu a porta abrindo.

— Stuart? Stuart! Cadê você? - Lindsey gritava por todos os cantos da casa, já ficando preocupada com o irmão. Logo depois, passou pelo banheiro e voltou para trás.

— Stuart, o que você tá fazendo?

— A água cura o álcool... - Ele disse.

— Oh, meu Deus, Stuart do céu. - Lindsey falou. - O que você fez?

— Eu não sei.

— Não é assim que vai resolver a dor, Stu. - Ela respondeu. - Você sabe que isso está nos genes...

Ele fechou o chuveiro, e perguntou:

— Genes, genes do que?

Lindsey se sentou sobre a tampa do vaso sanitário, e decidiu continuar.

— Genes da família, Stuart. Somos todos suscetíveis a bebida, mas alguns são mais dos que outros. Isso foi o papai que acabou passando para nós. Se bebermos, caímos numa fossa sem fim. Lembra do Will, não?

— Isso não tem nada a ver, mana.

— Só tô falando que... Stuart, por favor, desculpa por ser tão chata. Eu só não quero te perder também. Não dá mais. - Lindsey sentiu algumas lágrimas escorrerem, mas ela precisava se fortalecer. Ela era uma mulher forte e não seria agora que desabaria. E sentia que precisava servir de fortaleza para seu irmão, que sabia que estava mais quebrado internamente do que ela. Assim como ela sentiu a morte de Martin, ele sentiu a de Will em dobro. Os dois eram companheiros para todos os momentos, um se amparava no outro... E agora Stuart não tinha mais esse amparo. Mais um daqueles que perdera durante sua vida.

Sabia que ser seu irmão naquele momento não era fácil. Alguém precisava representar a força para ele, e esse alguém era Lindsey, principalmente no fatídico momento que viria a seguir.

...

Leo mexia novamente nas pulseiras no seu braço, num balanço ritmado. Na realidade, estava tentando apagar todos os maus momentos que sentia de sua vida, mas não conseguia. Levou subitamente a mão até a boca, mas não vomitou como pensou que aconteceria.

— Leo? - Sarah estava ao seu lado. - Seus olhos...

— O que?

— Estão vermelhos. Oh, Leo...

Sarah e Leo iam no banco de trás do carro dos pais do jovem que o levavam exatamente para o local onde todo o resultado, onde todo o seu sofrimento parecia ter um fim. Um fim definitivo, para o bem ou para o mal.

— Leo, meu filho, você está bem? - A mãe dele se virou pra ele, demonstrando total preocupação.

— Sim... Sim... Pelo menos acho que sim.

— Qualquer coisa é só avisar, filho. - Ela disse, se virando. Leo pode perceber que a mulher carregava um terço nas mãos.

— Olha, vai ficar tudo bem, tá? - Sarah falou, tentando dar esperança a ele.

— Espero que dê mesmo... - Leo falou, depois ficou em silêncio absoluto, apenas olhando enquanto os prédios andavam dos lados de fora do carro. Sarah não se sentiu no direito de simplesmente falar com ele sobre o que afligia. Tinha convicção de que não era exatamente correto. Foi ele que puxou conversa dessa vez.

— Amanhã voltam suas aulas?

— Sim... Inclusive terá uma apresentação e tenho de treinar muito ainda. Não estou totalmente pronta.

— Ah sim. Bem, confio em você. É uma pena que não vou poder ver os ensaios.

— A Courtney disse que vai dar um jeito de ir lá, só não sei se vai conseguir.

— Falando nela, como está?

— Quer saber mesmo, Leo? - Sarah perguntou retoricamente. - Obcecada com essas coisas da lista. Totalmente obcecada.

— E ainda tem essa maldita lista...

— Desculpa, Leo, não quis tocar nesse assunto. - Ela tocou na perna do amigo. Ele olhou para Sarah.

— Tudo bem, é coisa minha... Mas e você? Não está preocupada?

— Preocupada eu estou, mas como disse para Courtney. Prefiro viver a vida enquanto ainda existe tempo, do que ficar obcecada com essas coisas. Mas acredito que a razão é outra.

— Que razão? - Leo perguntou confuso.

— Chama-se Stuart.

— O carinha que teve a premonição? Por que?

— Eu tenho a intuição de que a Courtney está apaixonada por ele e... - Sarah parou naquele instante, e levou as mãos a cabeça. - Olha só o que essa porcaria tá fazendo comigo. Eu não sou assim de ficar contando as coisas por trás... Mas que merda.

— Sarah, aconteceu algo? - A mãe de Leo novamente se virou.

— Não, não foi nada. Só pensei muito alto.

Esse pensamento extremamente alto sabia que não era característico seu. Sarah se perguntava o que acontecia consigo mesmo diante de todos aqueles eventos. Courtney estava mudada. Leo estava mudado. Ela também tinha mudado, dessa vez pra pior? Ela não era assim.

A sua própria personalidade parecia sofrer lapsos diante de tudo o que acontecia, de todos os eventos que se juntavam como uma bola de neve. A morte de sua irmã, o problema de Leo, a obsessão de Courtney, os mistérios de Bludworth e de Stuart, a morte de Katie e de Logan, o acidente na catedral, a própria visão, a temível lista... Era tudo uma bola de neve que iria se juntando, e agora seus ensaios se juntavam ao montante. Uma hora ela sabia que essa bola explodiria. Mas não sabia quando e como isso aconteceria.

E temia que nesse momento o seu destino final chegasse.

...

If he had wings he would fly away

And another day God will give him some

Trouble is the only way is down

Down, down

Stuart sentiu a dor finalmente o atingir em cheio. Não tinha tomado consciência total do que estava acontecendo, não antes de ver Will no caixão.

O funeral do garoto ainda não tinha de fato começado, e os irmãos optaram por fechar o caixão do irmão, para evitar maior dor aos presentes. Mas para Stuart e Lindsey ele estava aberto, e podiam ver agora o corpo de Will, sobre o véu que separava a vida da morte. Os braços do garoto tinham sido escondidos sobre uma profunda camada de flores, para tentar remediar o estrago que se acometera sobre o braço direito no acidente. Stuart teve sua mente levada novamente aos segundos que se sucederam ao acidente que matou Will. Lembrava-se de seu rosto tingido de sangue, de seu olhar distante, de parte do seu crânio rachado pingando massa encefálica.

Mas ali, não parecia a mesma pessoa.

And they were all born pretty in New York City tonight

And someone's little boy was taken from the world tonight

Under the Stars and Stripes

Will mantinha uma face serena e tranquila, como se estivesse esperando a morte como uma amiga como qualquer outra. O rosto limpo, os cabelos arrumados, só faltava uma coisa. A vida, do que era apenas um corpo. Uma lembrança do que um dia foi o jovem rebelde.

Lindsey passava a mão sobre o rosto pálido do garoto, e suspirou. Stuart também olhava o mesmo, cabisbaixo.

— Nem parece... – Stuart falou, baixo.

— Acha que já é hora do funeral? – Lindsey perguntou.

— Espera um pouco. – Stuart falou, se aproximando do caixão. Lindsey se afastou um pouco para deixar Stuart se aproximar do irmão. – Will, Will... – Enquanto passava a mão sobre a testa do irmão, sentiu uma lágrima caindo do seu olho e atingindo o rosto de Will. Agora ele parecia chorar também, mas Stuart sabia que era apenas impressão.

— Adeus maninho.

As strong as you were

Tender you go

I'm watching you breathing

For the last time

A song for your heart

But when it is quiet

I know what it means

And I'll carry you home

I'll carry you home

Stuart e Lindsey assistiram de mãos dados o momento em que a tampa do caixão branco foi colocada e a imagem do rosto de Will passou a ser apenas mais uma lembrança.

Lindsey assistia ao coveiro terminar de jogar terra sobre a cova onde Will repousaria, próximo a de Arthur e Martin. Stuart estava a uma certa distância, olhando para uma outra cova. Ela terminava com os últimos lenços que possuía, e ao final do processo, deixou uma rosa sobre o túmulo.

Stuart olhou para a irmã como se estivesse chamando a mesma. Andou um pouco até chegar na área onde Stuart estava, perto dali. Tinha praticamente certeza de qual cova era aquela e confirmou suas suspeitas quando leu o nome gravado na lápide.

— Já faz tanto tempo, e parece que foi hoje. – Stuart falou. – É por isso que odeio cemitérios.

— Você ainda sente um pouco do Colin dentro de si, não é?

Stuart se virou meio espantado com o que Lindsey dissera, mas logo tentou disfarçar. Achou momentaneamente que Lindsey tinha descoberto o seu segredo mais profundo, as aparições sobrenaturais que o circundavam, mas logo percebeu que ela nada sabia.

— Sim, é... Digo, um pouco.

— Você não deve se lembrar, mas eram tão unidos quando crianças... Todos nós éramos. Éramos felizes, eu acho.

— Lindsey, você está dizendo que não é feliz?

— Não exatamente isso, Stu. Mas tem acontecido tanta coisa que... Pensei que estava acostumada a mortes, já vi muitos pacientes sucumbirem ao câncer. Mas ninguém está preparado pra enfrentar a morte de frente. Ninguém. – Lindsey pausou durante um momento e continuou: - Fico pensando se conseguiria enfrentar minha morte na catedral de frente. Você viu, não foi?

Stuart relutou um instante mas respondeu logo depois:

— Sim, mana.

— E então?

— Você não precisou enfrentar a morte. A morte te buscou de forma serena. Não, serena não é a palavra, mas diria que você nem sabia que morreu. Estava desmaiada.

— Então eu não sofri nada?

— Sofreu, mas não tanto assim. Digo, você viu o Martin e o Will morrerem e presumiu que a mamãe também tivesse morrido.

— Ela não morreu na sua visão? Pera, o Will morreu antes de mim?

— Sim, você foi a penúltima a morrer. Só antes de mim.

Lindsey suspirou, pensando no assunto.

— Stuart, se tiver se sentindo desconfortável com o assunto, só pedir para parar de falar. – Ela disse. – Não quero trazer más lembranças para você.

— Não tem problema... Acho que estou aceitando o meu destino. O meu destino de ver as coisas além da nossa compreensão.

Lindsey se sentiu tentada a falar dos estranhos sonhos que ela também tinha, mas sentiu algo dentro de si dizendo que não era a hora adequada para tocar no assunto. Pelo o que testemunhava Stuart não era o único da família a ter assuntos sobrenaturais. Lindsey via coisas esquisitas, e percebeu que tanto sua mãe quanto Will também sentiam essas estranhas coisas. Será que era algo de família, ou uma maldição?

Muitas perguntas, poucas respostas.

— Mana?

— O que? – Lindsey perguntou, voltando á realidade.

— No que estava pensando?

— Em nada especial... Só em coisas além da nossa compreensão. É interessante como parece que nesses lugares onde a morte está mais próxima de nós, parece que estamos mais suscetíveis a pensar nessas coisas...

— Nunca tinha percebido isso.

— Só percebi agora também. Mas parece que o outro mundo está mais próximo de nós nesses locais mais... Místicos?

— Tem certa razão. Mas o que eu quero fazer agora é sair desse local místico. Isso definitivamente não faz bem pra mim.

Após se despedirem de seus entes queridos, que agora estavam em outro plano, como acreditavam, saíram do cemitério. Os dois andavam rente a parede do cemitério, quando novamente Lindsey puxou conversa com o irmão.

— Stu, você consegue dirigir ou quer que eu dirija?

— Ainda tô com uma dor de cabeça ferrada, é melhor você.

— Tá. Então eu te deixo lá no hospital, pra ficar com a mamãe, tá? Conforme combinamos ontem. Eu realmente preciso dar uma passada lá na instituição, eu praticamente sumi de lá... Claro, dei explicações mas...

— Eu entendo, mana. Como falei, eu preciso mesmo passar um tempo com a mamãe. Depois de tudo o que aconteceu, estar com ela vai servir como um alívio.

— A máquina...

— Que máquina?

— A máquina de lavar. Iria me sentir culpada para sempre se a mãe tivesse morrido lá. Foi tão súbito, tão repentino...

— Foi sobrenatural. – Ele disse, baixo.

— Como?

— Foi sobrenatural. Como a nossa vida está sendo. Sobrenatural.

...

Jeff virou a cadeira giratória na direção da janela do seu quarto. Acendeu um cigarro, e começou a fumar enquanto refletia os fatos desconhecidos que aconteciam.

Ele deu todo o suporte para Stuart após a morte de Will, mas o garoto não conseguia compreender. Por um lado, entendia, era o irmão dele que tinha morrido, sucumbido a uma maldita lista. Por outro lado, Jeff tinha se esforçado para ser prestativo e levou um tapa an cara dele. Stuart parecia ter se isolado do resto do mundo após a morte de Will, e isso só complicava as coisas. Ele queria saber mais, ele necessitava saber mais.

O sobrenatural o envolvia de todos os modos, agora mais real do que nunca imaginara, e ele tinha de aproveitar essa grande oportunidade. Mesmo que isso significasse sua morte ao final.

Mas tudo tinha um jeito, não era mesmo? Teria um jeito de escapar desse esquema mortal, segundo as dicas de Bludworth. Matar ou morrer, essa era a regra. Mas Jeffrey não se sentia tentado a matar, nem mesmo que fosse por necessidade. Ele tinha princípios dentro de si, dentro de toda aquela cobertura em que se encontrava.

Subitamente, lembrou-se de quando foi chamado de “Jeffrey Dahmer”, por conta do seu silêncio e estilo de vida, muitas vezes incompreensível para os outros que o tratavam como se fosse um estranho, um louco, um psicopata. Jeffrey Dahmer, o celébre assassino, estuprador, necrófilo, canibal. Não era exatamente um elogio ser chamado de Jeffrey Dahmer.

Esses malditos trocadilhos com meu nome.

Jogou o cigarro pela janela, e viu Scully se aproximando por trás, e pular no seu colo. Começou a passar a mão na gata, enquanto soltava a última baforada.

...

— Sarah...?

— Leo, o que foi?

— Nada...

— Nada? Por que me chamou então? – Sarah perguntou, se corrigindo logo depois. – Desculpa, não queria ser grossa...

— Não, não tem problema. Eu só... Ah, eu não sei. Parece que minha mente tá entrando em colapso.

— Calma, Leo. Calma... Vai ficar tudo bem.

— Sabe, eu acho que destruindo você sabia? Tipo... Quando eu te conheci você era uma menina tão forte, cheia de opinião, ideologias incríveis, era...

— E ainda sou. Quem disse que mudei? Só porque estou acompanhando você, e te ajudando não quer dizer que minha personalidade foi alterada, Leo. Você não é culpado de nada... Pare de jogar o peso do mundo sobre você.

Leo suspirou mais uma vez, olhando pra cima. Ambos estavam sentados lado a lado em duas cadeiras de hospital.

— É, deve ser isso mesmo. – Leo disse.

— Força, existem motivos pra sorrir. – Sarah falou.

— Mesmo quando nossas vidas estão prestes a ser jogadas pelo lixo por causa de uma maldita morte?

— Mesmo assim, Leo. Mesmo assim. – Sarah falou. – Para de fazer essas perguntas, são meio estranhas...

— Não deixa de ser verdade. – Leo sorriu fracamente.

A porta do consultório abriu, e o nome de Leo foi chamado. Repentinamente, seus pais se levantaram, mas ele os parou com a mão. Sarah também ia atrás dele, quando foi surpreendida pelo gesto.

— Filho... ?

— Pai, mãe... Esse é um problema meu, não quero que sofram antes do tempo... Me deixem entrar sozinho, por favor. Por favor mesmo.

— Mas Leo...

— Por favor. – Leo disse, firmemente.

Então ele seguiu sozinho para o interior do consultório, respirando fundo e torcendo para que tudo o que vinha acontecendo fosse apenas um simples mal-entendido, uma peça da sua mente. Torcia para que nada disso fosse real.

— Leo Marshall? – O doutor responsável perguntou. Diante do gesto que fez com a cabeça, apertou a mão do doutor. No mesmo momento, ele disse:

— Queira sentar, por favor?

Leo sentou na cadeira fria do consultório. Ele se perguntava interiormente porque tudo em um hospital tinha de ser assim. Tão frio, tão sem vida... Deveria ser exatamente por isso.

Um hospital não foi feito para ter vida.

Sentiu um estranho arrepio enquanto via o médico fazer um rosto de preocupação e desaprovação diante do que via no computador. Subitamente levou a mão até onde estaria a sua perna, e sentiu o metal gelado em suas mãos.

...

Quando Julia deu por si, deitada em uma maca, sendo levada para algum lugar. A senhora tinha acordado enquanto o procedimento era realizado, e agora apenas esperava para onde iria. Brotou dentro de si uma chama de que voltaria a sua casa, revendo os seus filhos queridos, mas logo essa chama se apagou.

Julia agora voltava a tomar consciência de todos os fatos que estavam se acometendo naqueles dias. Martin estava morto, Madison também. Tinham morrido em um desabamento terrível na secular catedral da cidade, e o padre Ernest também tinha sido vítima daquele terrível destino. Tinha se passado o aniversário de Will, e Lindsey contara o que levou Julia a perder toda a consciência. Um acidente causado pela máquina de lavar em sua casa.

Julia não se lembrava desse último trecho, apenas de sentir um estranho sopro gelado em sua nuca, como se fosse Arthur a chamando para outro universo. Esse era o último momento do qual a senhora conseguia se lembrar. O resto era uma plena dúvida.

Quando a senhora chegou ao quarto, logo viu Stuart postado ao lado da cama que a esperava. Feitos os procedimentos para transportá-la para a cama, Julia se acomodou enquanto o filho olhava para a mãe. Ela se virou na direção de Stuart, estampando um leve sorriso no rosto.

— Filho... Que saudade de você.

Stuart colocou a mão na beirada da cama e também abriu um sorriso.

— Também estava com saudade, mãe. Como você tá?

— Bem melhor do que antes... A Lindsey me disse que poderia ser algo bem pior, mas a gravidade do machucado foi pouca.

— Eu fiquei preocupado com você, quando a Lindsey falou pra mim pensei que era uma coisa bem pior.

— Ás vezes ela exagera um pouco nas coisas. Essa minha filha... Falando em filhos, onde está o Will?

— O Will... Bem...

Stuart tinha agora a moeda para escolher uma das faces. Contar ou não contar? Qual era a solução ideal? Decidiu seguir pelo mesmo caminho trilhado por Lindsey.

— Bem... O Will não pode vir hoje.

— Stuart, estou preocupada com ele. Agora que tem o carro, ele pode querer ir pra qualquer lugar. Acho que...

— É hora de algumas pessoas crescerem mãe.

— Eu sei, mas é que o Will...

— Eu entendo o que quer dizer, mas pra todos chega o momento de crescer. Essa transição é muito complicada, muitos se perdem pelo caminho.

— Eu acho que eu não quero vocês cresçam. Eu entendo, mas não quero aceitar... Vocês são como pássaros. Um momento tem que voar com suas próprias asas.

Stuart se calou pensando no que Julia falava. Não exatamente no sentido da frase da mãe mas sim na metáfora que estava envolvida o final de Will, e como sua mãe a usava, sem saber que foi exatamente assim que ele passou para o outro lado. Julia percebeu o silêncio de Stuart, logo perguntando:

— O que aconteceu, meu filho?

— Nada mãe. Nada...

— Falei alguma coisa da qual não gostou? Desculpe-me se estou falando muito do Will, me desculpe mesmo. Não quero que se sinta rejeitado. É que você já cresceu, digo, já tem capacidade de andar com suas próprias pernas...

— Enquanto o Will ainda estaria passando por isso.

— Por que diz estaria? Isso é concreto.

— Por nada... Pode ser que ele já tenha crescido mas você não percebeu isso. Não estou insinuando nada, mas é uma possibilidade.

...

Natasha olhava no espelho do banheiro sua deslumbrante imagem. Passou a mão sobre seu rosto, sentia que a pele não estava exatamente agradável. Algumas olheiras também incomodavam a mulher, que desejava que tudo estivesse perfeito.

Coçou o olho repetidas vezes, a amaldiçoando por ter acordado tão cedo em pleno domingo. Depois os piscou, até decidir entrar no banho.

A água descia pelo corpo cheio de curvas de Natasha, molhando o seu belo cabelo loiro. Ela manteve os olhos fechados, apenas deixando a água quente tomar conta de seu ser. A porta do box estava totalmente fechada, enquanto o vapor se espalhava pelo banheiro.

Subitamente, foi para trás e seu nariz entrou na reta da queda de água. Abriu os olhos, ofegante, por ter suas vias aéreas entupidas por água. Logo retirou a cabeça de baixo do líquido que escorria, apoiando se na parede.

Ela estava bem. Como sempre estivera.

...

Sarah observava o movimento do hospital onde estavam. O lugar tinha sido construído de forma que fosse convidativo, mas sabia que não adiantara nada. Pelo menos a área interior devesse ser um pouco mais afinal...

Os pais de Leo foram chamados naquele mesmo instante. A apreensão de Sarah começou a crescer cada vez mais. A porta se abriu e ela se levantou já esperando que o pior viesse.

Mas Leo não apareceu. Do contrário, os pais de Leo entraram correndo no consultório do médico apenas para ver o filho sentado olhando estático para a mesa á sua frente.

What will we do now?

We lost it to trying

We lost it to trying

— FILHO? FILHO? LEO? – Eles gritavam, sem resposta do garoto. Sarah correu na direção deles, vendo que o médico também se encontrava em situação não muito pior. Ele passava a mão sobre o rosto, como se tivesse acabado de dar uma péssima notícia. Quando Sarah ficou frente a frente com Leo, sentiu a dor que ele sentia perfurar seus ossos.

Leo estava com os olhos inchados, enquanto sentia as lágrimas escorrerem pelo rosto sem dó nem piedade. O cabelo despenteado, a face pálida, o terror estampado no rosto. Sarah logo entendeu o que acontecia.

What can we say now?

Our mouths only lying

Our mouths only lying

— Há soluções. – O medico começou a dizer.

— Para de me dar falsas esperanças. – Leo falou, expressando um nervosismo incomum. – Eu sei o que é isso, eu sei o que acontece se você pega na segunda vez. Eu pensei...

— Leo, ninguém poderia suspeitar que ela voltaria. – Sarah falou.

Mas nada conseguiria tirar a desolação de Leo. Ele tinha lutado tanto... Lutado tanto, conseguira viver tudo o que queria, quase ocmo um jovem normal.

Mas não haveria jeito, o câncer tinha finalmente voltado. E agora ele tinha certeza que era um paciente terminal. Os dias correriam muito mais rápido a partir daquele momento.

Se a morte não o levasse primeiro, o câncer o levaria. Leo sempre esteve marcado para morrer e agora, mais do que nunca, estaria próximo, em um caminho que não havia mais volta.

Give in and get out

We rise in the dying

We rise in the dying

Naquele instante, Sarah saiu desolada do consultório médico, apenas para ver outra terrível cena se desenrolar á sua frente. Ela conhecia a mulher que tinha acabado de adentrar o hospital. Era a irmã de Stuart.

...

Lindsey chegou no hospital da instituição, sorridente. Estava de volta ao seu serviço, embora ela não interpretasse como tal. Para ela, nada mais era que uma verdadeira terapia, ajudar os outros era um bem imensurável. Ela se sentia realmente bem ajudando os pacientes.

Foi tirada dos pensamentos repentinamente, no instante em que viu uma maca passando diante dos seus olhos, e conseguiu visualizar quem era o paciente presente nela. Quando percebeu, como num gesto involuntário, correu na direção da maca e então o paciente a viu.

— Zeke!

O garotinho estava pálido, e era levado na maca pelos corredores do hospital. A enfermeira tentou afastar Lindsey de Zeke, mas não conseguiu.

— Tia... – Os olhinhos de Zeke se abriram um pouco.

— Zeke... – Lindsey não sabia o que falar diante daquela cena. O seu garotinho que se recuperava tão bem, agora numa maca de hospital correndo risco de morte.

— Tia, você lembra... Daquela vez que falei dos anjos?

— Claro... Como poderia esquecer-se dessa conversa? – Lindsey abriu um sorriso largo para Zeke.

Zeke respirou com dificuldade. A enfermeira disse:

— Moça, por favor. – E tentou tirar Lindsey de perto de Zeke, a afastando. Até conseguiu, mas só depois que o garotinho disse:

— Eu posso ver eles agora.


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Notas finais do capítulo

Link para as músicas tocadas no capítulo:

On Top of the World - Imagine Dragons
https://www.youtube.com/watch?v=w5tWYmIOWGk

Carry You Home - James Blunt
https://www.youtube.com/watch?v=2IFF9yu5i3k

Lost It to Trying - Son Lux
https://www.youtube.com/watch?v=TkLT5krv_6c

Bom, espero que tenham gostado do capítulo. A partir do capítulo já entramos na reta final da fic, e prometo soltar os capítulos mais rapidamente! Abração :D



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