Premonição: Catedral escrita por MV


Capítulo 2
Pedra Sobre Pedra


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, desculpe pela demora em postar o cap.2... Mas ele chegou =D
Esse capítulo traz a apresentação dos últimos personagens, e também o ~rufem os tambores~ ACIDENTE! Pessoalmente, gostei muito da forma como ficou. Espero que gostem!



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I Want to Believe.

Essa frase decorava um pôster que ficava no quarto de Jeff. O pôster mostrava em letras garrafais "I Want to Believe" na parte de baixo, enquanto na parte superior havia um OVNI. Era um pôster semelhante ao do personagem Fox Mulder, da série Arquivo X.

Arquivo X. A série que começou com toda a sua busca por estranhos eventos do sobrenatural. Jeff era crente que todos os estranhos eventos que supostamente eram parte de nossa imaginação eram reais. Fantasmas, mutantes, extraterrestres, espíritos. Nada disso era nossa imaginação.

Jeff estava sentado sobre a cadeira giratória do seu quarto, no seu pequeno apartamento. Ele estava com o seu computador ligado, a página aberta em um episódio da série Arquivo X. Assistia diversas vezes a série, com toda a certeza era a sua favorita. O episódio que assistia, "Ice", contava a história de seis pessoas presas num centro de pesquisas no Ártico, lutando para sobreviver, junto de um estranho verme que infectava um a um.

Ao terminar o episódio, saiu do Internet, e foi na direção da janela do seu quarto, de onde pode ver a cidade de Mt. Abraham inteira, e ao fundo as luzes vindas de Nova York. Era uma noite calma, e Jeff sentia uma leve brisa bagunçar seus cabelos espetados.

Mais cedo, tinha recebido um convite de seu amigo de trabalho na Build It!, Martin, para ir a seu casamento. Jeff aceitou o convite, mas pessoalmente achava aquilo uma loucura. Jeff, ou melhor, Jeffrey, sempre fora uma pessoa livre, sem rédeas que o prendessem, no caso, namoros ou mulheres. Passou todo o Ensino Médio quase no final da cadeia alimentar, como o cara dark da classe. Não fazia questão nenhuma de ser aproximar de ninguém, tanto que fora na formatura obrigado pelos pais Jeff sempre fora introvertido, e Martin foi o único cara que conseguiu se aproximar dele.

Tinham uma ótima amizade, por conta do trabalho, mas só. Nada muito profundo ao ponto de Martin convidá-lo para o próprio casamento. Mas se convidou ele, Martin o considerava, ao contrário do resto do mundo.

– Que o resto do mundo se foda então. - Jeff falou, pensando alto.

Neste momento ouviu um estranho barulho vindo de trás. Jeff rapidamente seu virou, e não viu nada. Até algo se enroscar em seus pés. Era Scully, sua gata preta, que tinha já fazia alguns anos, e era praticamente sua companheira de sempre. Ela pulou sobre a cama de Jeff e se enroscou no meio dos cobertores bagunçados, e miou.

– Sua gata vadia. - Jeff falou, olhando a gata enroscada nos cobertores, e riu do seu comentário idiota. Scully miou, como se entendesse o que Jeff acabara de dizer.

Ele balançou a cabeça, e pegou sua jaqueta de couro, jogada por cima da cama, e a vestiu. Logo depois Jeff já estava andando pela rua deserta de sua casa, em direção a lugar nenhum.

...

7 de novembro de 2013.

Katie e Natasha estavam sentadas em duas cadeiras, na sala de espera de um escritório, tinham vindo acompanhar Madison, que viera conversar com o fotógrafo, de nome Logan Sanders, para fotografar seu casamento, que ocorreria daqui a algumas semanas.

A beleza das jovens ali presentes fazia a secretária bufar. As duas pareciam ter saído de uma revista de moda, ou de um Photoshop, tamanha a perfeição dos seus rostos e corpos. Mas enquanto uma apresentava uma face arrogante, a outra tinha traços angelicais. Esta era Katie.

Katie era uma jovem linda, que despertava a paixão de muitos homens, e a fúria de diversas mulheres. Mas apesar de tudo, a garota estava solteira, e esperava pela chegada do seu príncipe encantado.

– Ai, espero que saia tudo como o planejado! - Katie falou.

– Vai sair Katie. Vai sair. - Natasha falou. - Com esse fotógrafo não tem erro. A Maddy vai sair linda naquelas fotos de cinema! A única coisa que vai atrapalhar o destaque dela é aquele Martin.

– Natasha, o mundo inteiro já sabe que você odeia o Martin e...

– Mas estou mentindo, Katie? - Natasha falou. - Como que a MADISON - Natasha fez questão de gritar ao falar o nome de Madison - , vai casar com esse cara? É... Argh!

– Natasha, o amor é assim mesmo. Sua alma gêmea pode estar em qualquer lugar do mundo. Mas quando você a encontra...

– Katie, deixa esse romantismo de lado. Alma gêmea é tudo baboseira... Ela devia pensar em tentar subir na vida, não casar com ralé...

– O Martin nunca fez parte da ralé, Natasha... E a Maddy é diferente de você, que só busca dinheiro, glamour, etc, etc, etc. Mas sabe o que acho? Você nunca vai conseguir ser feliz desse jeito. Conselho de BFF.

– Bom, se conselho fosse bom não se dava, se vendia, não é? Então. Você ainda vai ver Katie, o mundo vai se ajoelhar aos meus pés.

– Menos amiga. Por favor.

Katie era a única que talvez conseguisse manter os pés de Natasha no chão, rachando um pouco os seus sonhos amalucados de conseguir cada vez mais fama e poder, Katie simplesmente não entendia o sonho de Natasha. Preferia uma vida com certos luxos sim, mas com felicidade, e Katie sabia que Natasha não iria conseguir isso onde buscava.

Katie tinha medo do que poderia acontecer á Natasha. Se com ela ali, já era dessa forma, imagina se por um golpe do destino, Katie tivesse de sair de cena. Nada iria controlar Natasha.

...

Courtney sorriu.

– Nossa, que sorte a minha! Se não tivesse voltado...

– E pra você, quis entregar pessoalmente. - Madison falou. - Os tempos passaram Courtney.

– E como passaram! Só o meu chapéu não saiu da minha cabeça. - Courtney falou, tocando nele.

– Menina, eu lembro o quanto você brigava por causa desses malditos chapéus. Você chegou a levar uma suspensão, lembra?

– Na verdade, eu não quero me lembrar daquilo. Aquele idiota do Dominick... Tenho ódio dele até hoje. E a Eleonora... Ô mulherzinha chata. Bem, que Deus a tenha.

– Nem lembra daquilo que aconteceu Courtney... Nossa aquilo foi horrível. A Cassy foi até demitida depois do que aconteceu com ela. A Natasha, você se lembra dela?... Ela presenciou aquilo, viu com os próprios olhos o corpo da coitada...

– Natasha... Sim, eu me lembro dela, uma loira certo? Bem, nunca foi com a cara dela, ela era muito amiguinha de popular, sei lá, achava uma nojenta, ao contrário de você, eu te adorava. Pena que você só trabalhou lá na escola um ano.

– Não fez muita diferença mesmo, você foi embora quando terminou aquele ano. E mesmo assim, você já estava no terceiro ano, quase se formando.

– Nossa, o terceiro ano! Que saudade daquele tempo! Ah, você lembra-se do que aconteceu naquele ano na outra sala? Umas três pessoas morreram, todas ligadas a aquela garota... E a irmã dela também morreu. Ai, credo.

– Bom, faz bem relembrar os tempos antigos, Courtney.

– É quem diria que um dia você fosse casar? - Courtney falou. - Peraí, eu estou falando que nem uma velha.

– Como se eu fosse uma. - Madison sorriu. - Ah, eu convidei a Sarah e o Leo também. Eles disseram que vão, a Sarah até vai ser leitora.

– Tinha certeza que eles não faltariam. A Sarah e o Leo são muito ligados entre si, sabe? Acho aquilo muito bonitinho. Aonde um vai, o outro tá atrás. Precisava ver a surpresa que fizeram quando cheguei aqui na costa leste.

– É. Os dois passaram por uns tempos difíceis. Não acompanhei a luta do Leo, mas quando a irmã da Sarah morreu naquela explosão... Ela simplesmente perdeu o chão.

– Eu sozinha nunca tinha conseguido reerguer aquela garota. Agora, olha pra gente. 20 anos completos. Já faz quatro anos, e nem parece que faz tanto tempo...

...

20 de novembro de 2013.

– Está tudo bem, Leo? - Sarah balançava sua cabeça, desesperada.

– Hã? O quê?

Leo colocou a mão sobre o seu peito, que respirava normalmente. Sentou-se, e viu que tinha caído em plena rua da cidade, com vários olhares curiosos ao redor.

– Leo, o que houve? Você literalmente caiu no chão, do nada. - Courtney falou. A garota estava agachada, ao lado de Sarah.

– Não sei. - Leo falou. - Eu... Não tava conseguindo respirar.

– Leo, será que...

– Não. Isso não aconteceu, Sarah. Nem vai voltar a acontecer, se depender de mim. - Leo falou. - Isso não vai acabar com minha vida agora.

– Mas...

– Me ajuda a levantar, já passou. - Leo ofereceu sua mão a Sarah, que ajudou o garoto a se levantar.

Leo passou sobre seu cabelo castanho, totalmente bagunçado pela queda repentina. Olhou novamente para Courtney e Sarah, que ainda estavam um pouco aturdidas por causa do que acontecera.

– O que vocês estão esperando? Eu estou ótimo. Vamos. - Leo falou, dando as costas para as duas, e prosseguindo em sua caminhada. Courtney e Sarah o seguiram.

Leo queria acreditar que tudo estava bem, mas algo em sua mente dizia que não estava. E que pelos próximos dias, coisas terríveis aconteceriam com ele. E consequentemente, com Courtney e principalmente, Sarah.

...

23 de novembro de 2013.

O dia havia chegado.

Ernest andava tranquilamente pela catedral, e então subiu no altar, olhando a catedral como um todo. O prédio centenário estava como todos os dias. Imponente e intacto.

Mas Ernest sabia que a catedral precisava de uma restauração urgentemente, algo que nunca vira acontecer. Ele tinha medo de que a catedral caísse ao chão, e toda aquela beleza fosse perdida.

– Padre?

Ernest virou-se para o lado, segurando-se no altar, para observar a figura de capuz subindo o altar.

– Padre, o que está fazendo?

– Nada Black, nada.

– Padre, o que será que vai acontecer comigo quando a maldita levar o senhor?

Ernest olhou serenamente para Black, e conseguiu ver o seu rosto deformado no interior do capuz, mas não conseguiu ler o seu olhar. Era um olhar enigmático, um olhar que não deixava passar qualquer sentimento ou emoção.

– Filho, eu não sei. Por isso estou tentando cuidar de você.

– Mas não sabemos padre. A morte é uma incógnita. Veja-me, por exemplo. Meus amigos... Mortos e enterrados a sete palmos do chão.

– Black, não podemos controlar o que irá acontecer com a gente. Se Deus ou a morte quiser me levar. - Ernest suspirou. - Aceitarei de braços abertos, e até lá, espero que tenha conseguido com que você... Tome um rumo na sua vida.

– Eu não quero ir para um hospício.

– E quem falou em hospício? - Ernest abriu os braços. - Você nunca irá a um hospício, Black. Vou conseguir reintegrá-lo na sociedade.

– É mais fácil eu me tornar um indigente. - Ele falou.

– Se você acha... Mas eu farei de tudo para que você acabe da melhor forma possível. Viva essa vida como ela deve ser vivida.

...

Stuart olhou para o espelho, enquanto arrumava o seu cabelo com as próprias mãos. O esperado dia chegara, o casamento de seu irmão ocorreria daqui a algumas horas, exatamente ás 18:00. Naquele momento, Lindsey estava chegando a casa dos irmãos, para irem juntos ao casamento.

Julia estava extremamente preocupada com tudo o que ocorria, principalmente por ser o casamento de seu filho mais velho, Martin. Tanto que naquele dia perdera um pouco a face de mãe bondosa, e teve um ataque de nervos com Will, que novamente havia chegado de manhã, após mais uma festa da escola. Naqueles dias, Will estaria finalmente se formando, e Julia não sabia como controlar o filho a partir desse dia. Tinha certeza absoluta que o garoto iria querer se livrar de todas as formas dela.

Stuart continuava a se arrumar, quando sentiu um calafrio passar por todo o seu corpo. Geralmente isso acontecia quando supostamente sentia a presença de Colin, e já estava com medo de que isso acontecia novamente, quando a luz do banheiro piscou. Ao voltar seu olhar para o espelho, Stuart viu atrás dele uma cópia perfeita sua, olhando fixamente para seu rosto.

E o rosto dessa sua cópia começou a virar uma caveira, uma caveira vestida com sua roupa, com seu cabelo ainda intacto.

Stuart segurou-se forte na pia, enquanto ainda olhava para o espelho, como se aquela figura não conseguisse deixar Stuart desviar seu olhar. Ela começou a se aproximar lentamente, até ela colocar a mão sobre seu ombro. Stuart sentiu algo frio sobre seu ombro, mas não conseguiu olhar, apenas fechou os olhos, enquanto suava frio.

Ouviu um grito lancinante, que quase perfurou os seus ouvidos. Quando olhou novamente, ele estava caído no chão gelado do banheiro.

A luz piscou novamente, no mesmo momento que a porta do banheiro se abriu.

– Cara, o que você tá fazendo aí no chão? - Will perguntou. - Foi você que gritou que nem um louco?

...

Sarah passou a mão sobre um porta-retratos, em que ela estava junto de Carly, tirada há exatamente quatro anos atrás.

A garota estava em seu quarto, preparando-se para o casamento, penteando seu cabelo, que havia cortado há pouco tempo, transformando-o em um cabelo mais curto, que passava um pouco dos seus ombros. Naquele dia, Sarah estaria mais bonita que de costume, embora não queria ficar muito falsa, muito longe do seu visual característico.

Enquanto ela penteava seu cabelo, lembrou-se de Carly, e constatou que já faziam quatro anos que Carly perdera a vida num acidente no centro. Sarah lembrava-se claramente de todos os detalhes daquele terrível dia, e também dos dias que antecederam o acidente. Ela tinha dito á irmã que tinha sobrevivido a um acidente de barco por causa de um rapaz, que supostamente havia surtado dizendo que tinha visto o acidente antes de acontecer. Por um golpe do destino, Carly acabou saindo, mas morrera dias depois.

Carly também contara o nome do garoto que tirara ela e mais alguns sortudos do barco: Derek. Aquele nome sumira da cabeça de Sarah depois da morte da irmã, mas reapareceu naquele mesmo ano, quando viu a notícia de que esse mesmo Derek havia morrido em um pequeno incêndio numa fraternidade, na mesma universidade que ela estudava.

Era muita coincidência ela pensar nisso no dia em que Carly se fora.

Sarah afastou esses pensamentos enquanto continuava a pentear o seu cabelo.

...

17:00.

Martin estava na casa de sua mãe, sentado do sofá, junto de Lindsey, que estava sentada deslumbrante ao seu lado.

– Quem diria que um dia você ia casar, hein mano? Como os tempos passaram...

– É. Eu lembro ainda quando eu era um garoto chato.

– Nossa... E como você era chato! Você nem deixava eu e o Stuart brincar no seu quarto...

– Mas também depois que você cresceu aguentar você não foi nada fácil. - Stuart falou indo na direção da sala.

Lindsey olhou para Stuart, sorrindo.

– Nisso o Stuart tem toda a razão, quando você tinha seus 15 anos... Você não faz ideia de como eu queria quebrar a cara daquele seu namoradinho.

– No final, acabei nem ficando com ele. Era muito... É, você tinha razão, Martin. Ele nunca serviu pra mim.

– Eu sempre disse isso. - Martin falou. - Agora... Stuart, cadê a mamãe?

– Tá se arrumando, ainda. - Stuart falou, colocando as mãos sobre o sofá. - Não deve demorar muito.

– Ainda bem. - Martin falou, esfregando as mãos de ansiedade.

– Então ninguém me convidou pra reunião de família? - Will perguntou, entrando no cômodo.

– Will, a mãe já tá vindo? - Stuart perguntou.

– Estou aqui, meus filhos. - Julia apareceu, com um vestido cinza que descia até o chão. A mulher estava radiante, transparecendo sua felicidade.

– Mãe, você está linda! - Lindsey se levantou, sorrindo. - Está... Perfeita.

– Tudo para meus filhos. - Julia falou, sorrindo. - Eu... Sabia que esse dia ia chegar, mas mesmo assim estou... Emocionada.

– Mãe, não chora. Vai borrar a maquiagem. - Lindsey falou.

– É impossível, filha. - Julia falou ainda muito emocionada. - É impossível, quando você vê seus filhos, todos crescidos e... Felizes. Até você, Will.

Diante disso, Will soltou um sorriso, que Julia não via faz tempo. Martin veio até Julia, e abraçou a mãe, que disse ao seu ouvido.

– Espero que tudo corra bem, meu filho. Que você tenha uma vida feliz e longa.

– Eu vou ter, mãe, eu vou. - Martin falou, sorrindo.

Julia então sentiu mais pessoas a envolvê-la. Lindsey, Stuart e até Will estavam abraçando a mãe.

– Que vocês sejam muito felizes. - Ela disse.

...

Katie estava parada na porta da catedral, recepcionando os convidados. Ela vestia um lindo vestido azul, e seus cabelos caíam sobre os seus ombros. Naquele momento, um carro acabara de chegar, e viu que era o fotógrafo.

Logan saiu do carro, e foi até a parte de trás, e começou a retirar o tripé da filmadora.

Logan estava esperando há tempos um casamento naquela catedral, considerada por muitos uma das igrejas mais belas daquela região. O sonho de vários fotógrafos era fazer um casamento naquele local, e Logan com menos de dois anos de profissão, realizaria isso.

Ele sempre quis fazer fotografia, era sua grande paixão. Mas o destino muitas vezes, conspirou contra ele. O pai morreu cedo, e deixou para ele uma loja de construção, uma filial da Build It!, que era controlada por ele e seus irmãos. Logan odiava esse ramo da administração, e não via a hora de largar aquela loja, mas seu pai, o obrigara a fazer administração na faculdade, para assumir os negócios. Era o irmão mais velho, e seus outros irmãos também não gostavam do ramo.

Não terminou a faculdade de administração, pois o pai morreu. Seus irmãos também ficaram com o controle da loja, então Logan logo largou tudo, e foi cursar fotografia, causando muitas brigas com os mesmos. No fim de tudo, o irmão mais novo conseguiu se reconciliar com Logan, e ele acabou no controle da loja. O irmão do meio, Logan teve pena. Depois das brigas, o irmão largou tudo, e sumiu na vida.

Isso já fazia algum tempo. Agora, Logan constantemente visitava a Build It! para ver como o irmão estava indo no controle da loja. Mas nunca deixara de lado o seu lado fotógrafo.

Foi despertado de seus pensamentos, quando uma jovem apareceu ao seu lado. Era Katie.

– Você quer ajuda? - Ela perguntou.

– Não precisa, não. Obrigado.

– Não, tudo bem, eu te ajudo.

...

Ernest estava sentado dentro do seu quarto, olhando aquele pequeno cômodo onde passara muito tempo de sua vida.

Ele sentia algo lhe dizendo que sua partida estava próxima, mas como Ernest havia dito a Matt, ele estava em paz. Ernest tinha certeza de que se o céu realmente existisse, como ele acreditava, seria seu destino.

Rezou mais uma vez a oração do Pai Nosso, e então se levantou da sua cama, com certa dificuldade, e se apoiou no armarinho.

Continuou a andar pela pequena casa, onde morava apenas ele, e Matt, que ficava no outro cômodo.

Pouco antes de sair, Matt correu na direção do padre, e o parou em frente a porta.

– Filho, o que foi?

– Padre, eu preciso ir com você... Eu preciso... Eu sinto uma perturbação, algo estranho... Algo vai acontecer.

– E quem te disse isso? – Ernest perguntou, calmamente.

– Padre, eu simplesmente senti. Esqueceu que eu tenho uma conexão com a ceifadora? Eu consigo sentir quando ela... Ela vai agir, eu sinto isso. - Matt segurou as mãos de Ernest, e começou a balançá-las. - Padre, eu preciso ir! EU PRECISO TE PROTEGER!

– Tenha calma, meu filho. - Ernest falou, segurando as mãos de Matt com força. - Tudo vai dar certo, e se não der... Pelo menos, estarei em paz.

– Mas o senhor... O senhor simplesmente não pode... - Matt falou, ofegando, com lágrimas brotando em seus olhos. - Você não pode...

– Confie no Senhor, Matt. Apenas confie nele e tudo dará certo para você. - Ernest falou, abraçando o garoto, que ainda chorava copiosamente.

...

Jeff chegou ao local, vestido de forma casual, com sua característica jaqueta de couro, e sentou-se no meio da grande igreja, relativamente vazia.

Ele conseguiu reconhecer do outro lado do corredor, três jovens sentados lado a lado conversando. Uma era bem branca, com um cabelo que Jeff considerou bonito, mas só. Um rapaz de cabelo castanho estava sentado ao seu lado, falando animadamente, e vestido com um terno preto. No final, uma jovem morena, que ela considerou muito bonita, usava um chapéu-coco, que Jeff achou muito estranho para a ocasião. Mas ele não podia falar nada. Embaixo de sua jaqueta de couro, havia uma camiseta do AC/DC.

Ele colocou o fone de ouvido, e deixou tocar no modo aleatório. Uma música tocou, e ele achou muito estranho tocar aquilo no interior de uma igreja.

I'm a rolling thunder, a pouring rain

I'm comin' on like a hurricane

My lightning's flashing across the sky

You're only young but you're gonna die

I won't take no prisoners, won't spare no lives

Nobody's putting up a fight

I got my bell, I'm gonna take you to hell

I'm gonna get you, Satan get you

Hell's Bells

Yeah, Hell's Bells

You got me ringing Hell's Bells

My temperature's high, Hell's Bells

...

– Perfeito, perfeito, perfeito! - Natasha falou. - Bem, está tudo saindo como planejado, Katie. Só falta a Maddy.

– Mas é normal a noiva atrasar, não é? - Katie falou. - Ela deve estar fazendo isso de propósito, pra tudo ficar mais romântico.

– Katie, menos romantismo, por favor. Aliás, onde o bendito do padrinho?

Natasha tinha seus cabelos longos caídos sobre os ombros, recheados de muito brilho, e um longo vestido verde escuro. Tanto Natasha como Katie tinham sido escolhidas como madrinhas de casamento, embora nenhuma delas soubesse com quem entrariam.

– Natasha, lá vem o Martin! - Katie falou.

As duas se viraram na direção do carro que acabara de parar, trazendo não somente Martin, mas uma senhora, provavelmente sua mãe, um jovem de uns de 18 anos, outro de 20, e mais uma mulher, muito parecida com Martin, que deveria ser sua irmã.

– Nossa! Essa mulher tem meu respeito, ela está linda! - Natasha falou.

– E bem natural! - Katie exclamou, olhando para Natasha, que estava repleta de maquiagem.

Natasha fingiu que não ouviu o comentário da amiga, e continuou a falar:

– Nem parece que é irmã desse aí.

– Natasha, por favor! - Katie falou. - Que família linda! Nem parece que aconteceu aquilo com eles...

– O quê? - Natasha perguntou.

– A Madison me contou que o pai do Martin e um dos irmãos dele morreram num roubo que fizeram á casa antiga deles. Foi bem na Véspera de Natal, imagina que horror!

– É, uma pena mesmo. - Natasha falou. - Bem, vamos falar de outras coisas, mais alegres do que isso!

Katie balançou a cabeça novamente.

...

Stuart caminhava ao lado de Will pela parte do fundo da catedral.

– Tá nervoso, Will? - Stuart perguntou.

– Fala sério! O Martin escolhe a gente pra ser padrinho de casamento! Cara, eu não tenho nem 18 anos!

– E isso te preocupa? - Stuart perguntou.

– Não, não. Tá de boa. - Will falou, apoiando as mãos num banco do fundo, e olhou para o teto. - Nossa aqui é bem bonito mesmo. Acho que nunca devo ter entrado aqui.

– Claro que entrou Will. - Stuart falou. - Você fez sua primeira eucaristia aqui, não lembra?

– É, mas foi só a primeira, porque né... - Will deu uma risadinha. - Sabe mano, acho tudo isso de Deus e demônio, a maçã, o dilúvio... Tudo historinha de criança. Fala sério, agora se eu comer maçã eu vou pro inferno?

– Will, o fruto proibido não era uma maçã.

– Ah, foda-se. E eu não acredito nessas coisas loucas não. Agora, eu confesso: o Apocalipse é muito foda, viu. Ô Deus, isso é um elogio, tá? - Will falou, gritando na catedral, e sua voz ecoou por todo o espaço.

– Mano você é muito sem noção. - Stuart falou. - Gritar na igreja?

Will riu.

– Stuart, será que quando a gente morrer nós vamos ver Deus mesmo? Ou vai acabar em nada? Mortos pra sempre, só na lembrança alheia, até finalmente sumirmos da lembrança dos nossos próximos. E daí... Vamos ser lembrados só de vez em quando?

– Will, eu realmente não sei. - Stuart respondeu. - Eu realmente não sei.

– Sabe Stuart, apesar de tudo eu queria fazer algo pra ser lembrado. Não sei qualquer coisa. - Will se virou para Stuart. - Antes de tudo acabar.

Nesse momento, um vento gelado veio e chocou-se contra Stuart e Will. Stuart desviou o olhar da entrada da catedral, e olhou um dos santos colocados ali na catedral.

Era São Sebastião, com diversas flechas em todo o seu corpo. Ao olhar para essa imagem, Stuart sentiu um calafrio que atravessou todo o seu corpo, e começou a suar frio. Pensou ter visto a imagem se mexer um pouco.

– Tá tudo bem, mano? - Stuart perguntou.

– Acho que sim. - Stuart confirmou com a cabeça - Vamos que o casamento deve começar logo.

...

Naquele instante, uma moça loira viera chamar Sarah, que estava sentada junto de Leo e Courtney.

– Com licença, você é Sarah Watkins? - A moça viera perguntar.

– Ah, sou sim.

– Então, hã bem... Vieram avisar que você já pode tomar seu lugar á frente, para a leitura.

– Ah, muito obrigado. - Sarah agradeceu, mas a moça já dera ás costas para Sarah, andando apressada.

– Gente, aquela lá não era a Natasha? - Courtney perguntou. - Que mulher asquerosa.

Leo riu do comentário de Courtney, e disse:

– Ah, nem sei. Acho que sim. Boa sorte, Sarah. - Leo falou, olhando para a garota.

– Ah, obrigada. - Sarah falou, sorrindo. - É, vamos lá.

Do outro lado, Jeff procurava seu celular, para desligá-lo. Nesse momento, uma música tocava:

Another one bites the dust

Another one bites the dust

And another one gone and another one gone

Another one bites the dust

Hey I'm gonna get you too

Another one bites the dust

...

Logo após a leitura de Sarah, que depois de ler, foi na direção de Leo e Courtney, sentando-se com eles, iniciou-se a entrada das madrinhas e padrinhos.

Curiosamente, Natasha e Katie acabaram caindo justamente com Will e Stuart, respectivamente. Ambos já tinham ouvido os nomes dos outros, mas não se conheciam.

Dentre os casais, Lindsey era a segunda da procissão, seguida de um casal desconhecido de Stuart, e então vinha Stuart e Katie. Stuart não pode deixar de reparar na beleza da moça que entraria com o mesmo, e que parecia bem confortável com o rapaz, coisa que a moça loira, atrás dele que descobrira se chamar Natasha, não estava.

Natasha parecia a todo o momento querer sair de perto de Will, e Will se aproximava cada vez mais dela, produzindo uma cena engraçada no meio da multidão. Depois vinham mais alguns padrinhos e madrinhas, e então Martin com Julia.

– Mãe, eu estou meio... Nervoso. - Martin falou com a mãe que sorriu.

– Não se preocupe meu filho. - Julia falou. - Vai dar tudo certo.

Acima deles, o sino ressoou.

Jeff, Courtney e Leo já estavam em seus lugares, prontos para o início, e Logan se posicionava junto de sua câmera em frente ao altar.

A cerimônia iria começar.

...

Alguns minutos depois.

Stuart estava sentado do lado de Lindsey, do lado direito do altar. Estava no meio de um salmo, mas Stuart não prestava atenção, estava totalmente alheio ao que ocorria, mexendo os dedos.

E foi nesse momento, que sentiu um cutucão por trás. Era Lindsey.

– Presta atenção! - Ela falou baixo.

Ele olhou para Lindsey que falou que cochichando:

– Não vai fazer gafe, Stuart. Já não basta o Will todo desconfortável com a aquela loira oxigenada?

Os dois olharam para o outro lado, onde Will e Natasha pareciam realmente não se entender.

Lindsey balançou a cabeça.

– Ai, tinha de ser mesmo.

Stuart olhou para a grande cruz que estava sobre o altar, e subitamente lembrou-se daquele dia em que se encontrara com o padre Ernest, que celebrava o matrimônio, para conversar á respeito do sobrenatural. Suas ideias o assustaram, mas o que mais o espantou foi aquele rapaz do capuz preto. Conseguira, apesar daquele capuz, ver o rosto deformado daquele jovem, enquanto ele gritava uma coisa absurda.

Como assim a morte tinha feito aquilo com ele? É impossível, a morte não é... Não é uma entidade, é um fenômeno normal...

Ao olhar novamente para a cruz, Stuart sentiu um péssimo pressentimento, e viu a cruz balançar por conta de um vento gelado que acabara de entrar na catedral, semelhante àquele vento que ele e Will sentiram antes do início da procissão.

– Você viu aquela cruz balançando? - Lindsey falou, cochichando no ouvido dela.

– Hum... Não. - Lindsey respondeu. - Foi impressão sua Stuart.

...

Matt estava na casa do padre, balançando em uma cadeira, como uma criança.

Estava com medo do que poderia acontecer ao padre, porque naquele mesmo dia sentira um mau agouro tomar conta de si. Combinado a estranhos sinais, como caveiras, que vira o dia todo, faziam o lembrar do que havia passado alguns meses antes.

Ele tinha de proteger Ernest de todo mal.

Não, você não vai. – Uma voz tenebrosa foi ouvida por Matt em sua mente, que o arrepiou por completo. Não ouvia aquela voz desde o incêndio na fraternidade que era líder, desde aquele dia em que a morte mudara sua vida para sempre.

Parecia que aquilo tinha ocorrido há séculos, mas tinha acontecido naquele mesmo ano. Todo aquele pesadelo, que se iniciara com o incêndio na boate 13th Number, iria persegui-lo para sempre. Quando dormia, tinha pesadelos com Tommy e Lisa, duas almas que morreram por sua causa.

Ninguém nunca suspeitou ou descobriu que Matt era o culpado de ambos os crimes, como a morte planejara, mas Matt acabou como o lixo da humanidade. Abandonado por todos, Matt estava praticamente morto. Ele era quase um morto-vivo, principalmente com aquele rosto deformado.

Aquele garoto que tinha um futuro promissor era líder de uma das fraternidades mais famosas da universidade, armador do time de basquete, um dos garotos mais adorados pelas garotas, fora reduzido ao nada.

– Sim, eu vou. - Ele falou, tendo a coragem de desafiar a morte, pela primeira vez.

...

Ernest lia tranquilamente o Evangelho de Mateus, diante dos noivos.

Naquele tempo,

aproximaram-se de Jesus alguns fariseus para O porem à prova

e disseram-Lhe:

é permitido ao homem

repudiar a sua esposa por qualquer motivo?

Jesus respondeu:

Não lestes que o Criador, no princípio,

os fez homem e mulher e disse:

‘por isso o homem deixará pai e mãe

para se unir à sua esposa

e serão os dois uma só carne?’.

Deste modo, já não são dois, mas uma só carne.

portanto, não separe o homem o que Deus uniu.

Palavra da Salvação.

Alheio ao Evangelho, Stuart ainda refletia em sua mente, então veio o súbito pensamento: É por isso que falam até que a morte nos separe. Porque Deus nunca quis que o homem se separasse.

Antes mesmo de Ernest começar a leitura da homilia, diante dos noivos, foi um ouvido um estalo. Stuart conseguiu perceber que a cruz havia abaixado um pouco, mas exceto ele, ninguém parecia ter percebido, tirando Ernest, que mesmo assim se postou abaixo da cruz.

Ele lentamente começou a abrir os braços, quando outro estalo foi ouvido, dessa vez várias pessoas começaram a se virar, e a se preocupar. Do outro lado, Stuart pode ver Will tentando ver alguma coisa, enquanto Natasha também demonstrava preocupação.

– O que foi isso, Stuart? - Lindsey perguntou ao irmão.

– Eu... Não... Sei. - Stuart falou, pausadamente olhando para o teto, onde pode distinguir pequenas rachaduras. - Droga. Droga, droga! - Ele falou, se levantando.

– O que foi, Stuart? - Lindsey perguntou, ao ver diversas pessoas se levantando.

– Olha ali. - Stuart disse, já mostrando desespero. - Será que...

Um outro estalo gigantesco foi ouvido, e dessa vez as correntes que seguravam a imponente cruz se soltaram e ela despencou do teto numa velocidade fulminante, e Stuart simplesmente não pode fazer nada, somente ver a terrível cena se desenvolver num instante.

A cruz caiu exatamente sobre Ernest, arremessando o padre para trás. Mas atrás dele, havia apenas um altar de pedra. Com o choque, Ernest foi totalmente esmagado entre os destroços da cruz e o altar de pedra, e o sangue respingou contra os panos brancos do altar.

Com o impacto da parte de baixo da cruz, a parte da frente desabou sobre Martin e Madison, que não tiveram tempo nem de pensar sobre a morte do padre, á sua frente.

A cruz encontrou os dois noivos em cheio, e como se Jesus os envolvesse num abraço, prensou os dois num instante contra a escada, transformando os dois noivos em apenas sangue, misturado com tripas e suas roupas. O vestido longo de Madison foi tingido de um líquido rubro, assim como a escada de acesso ao altar.

Stuart ficou paralisado, não conseguia se mexer. O que fora aquilo que acabara de ver? Em poucos segundos, o casamento tinha terminado da pior forma possível.

Seu irmão estava ali morto. Seu mentor também. Transformados em apenas uma massa sangrenta no chão.

Katie gritou atrás dele, despertando-o. A queda da cruz tinha sido o gatilho para o início da queda da catedral. Ele olhou para cima, e conseguiu ver o exato momento em que o altar desabava e os vitrais se estraçalhavam.

E então lembrou-se de sua mãe, que estava no altar naquele momento, e finalmente foi acordado do seu transe.

Stuart pegou a mão de Lindsey e começou a correr na direção de um dos corredores secundários, enquanto ela gritava:

– Stuart, a mamãe...

– Ela vai ficar bem, vamos!

Á sua frente, Katie corria alucinadamente, mas foi parada por um grito em meio a multidão. Era Natasha, ela estava ainda próxima ao altar.

– AMIGA!

Katie não conseguiu entender o que Natasha dizia, mas Stuart conseguiu pegar a mensagem, ao ver pequenas rachaduras sobre eles. Num instante, conseguiu pegar a mão de Katie e a puxar para cima de um banco, assim como Lindsey, e então parte do teto rebaixado do corredor secundário caiu sobre terra.

Stuart sentiu algo quente sobre suas pernas, e abriu os olhos. Lindsey gritou.

Conseguira puxar Katie, mas esquecera que os escombros nunca caem exatamente sobre o lugar onde estavam. Agora, Stuart somente segurava a mão desmembrada de Katie, que tinha sido brutalmente esmagada pelos escombros.

Porém apesar da queda daquele corredor, parte da parede externa ainda restava, impossibilitando a saída.

– Vamos, Stuart! - Lindsey puxou sua mão de volta ao corredor central. Quando viram, Will estava vindo com Julia.

– Você conseguiu... Tirar... - Stuart tentou falar.

– Vem, vamos logo! - Will gritou, já correndo á frente. Julia o seguia, chorando desconsolada diante do que acontecera.

Naquele mesmo momento, no meio do corredor que já lotava, Stuart olhou para trás, e viu Logan tentando desfazer o tripé da câmera, sendo muito atrapalhado por diversas pessoas. E mais adiante, Natasha tentava passar por elas, chorando copiosamente, estragando sua maquiagem.

E o que aconteceu naquele momento, horrorizou Stuart e Lindsey.

Um lustre despencou do teto exatamente na direção de Logan, que conseguiu desviar, mas por um golpe do destino, foi atingido pelo tripé da câmera, que perfurou sua barriga em três diversos pontos.

Exatamente como a imagem de São Sebastião.

Atrás dele, Natasha caiu no chão, com as pernas presas por um pedaço do lustre, e gritou horrorizada, enquanto muito sangue vinha na direção de suas roupas.

– Vamos, Stuart! - Lindsey gritou, para o irmão, novamente retirando, e os dois começaram a correr pelo corredor central, até Lindsey se chocar contra um grupo que estava á frente, formado por três jovens.

Naquele momento, Stuart olhou para frente, e conseguiu ver Will e Julia descendo em segurança as escadas da catedral. Stuart mal conseguiu pensar que os dois estavam em segurança, até ouvir um estrondo vindo da frente da catedral.

Todos olharam para frente e Stuart não pode deixar de gritar um NÃO extremamente sonoro. Uma das torres da catedral, justamente a que guardava um dos sinos, caíra exatamente sobre a entrada, fazendo o órgão ficar um pouco pendurado. Mas isso não era o pior naquele momento.

Stuart não conseguiu ver o exato momento da queda de torre sobre a escada, mas seu coração encheu-se de uma angústia terrível. Will e Julia haviam sido soterrados pela torre, e sua mãe...

Sua mãe estava morta. Assim como seu irmão.

Agora eram três membros da família mortos. E a entrada havia sido trancada para sempre.

Mas Stuart não poderia fazer despedidas, não naquele momento.

– Já sei! - Lindsey gritou. - Vamos, por aqui!

Stuart seguiu a irmã, até um dos corredores secundários, através dos bancos. Courtney, Leo e Sarah a seguiram. Alguns bancos a frente, Stuart viu Natasha tentando correr entre os bancos. Era claro que ela machucara a perna no acidente com o lustre, que matara Logan.

Repentinamente, viu Natasha tropeçando no banco. Ela conseguiu se segurar no banco, e olhou exatamente para Stuart. E então, parte do teto caiu sobre o banco.

O corpo de Natasha foi totalmente prensado entre a madeira e o teto, e seu sangue espirrou por todos os bancos próximos. Mas sua cabeça que estava para cima do banco, com o impacto do teto sobre o banco, se desprendeu do seu corpo, e saiu rolando, até parar em um dos corredores do meio.

Naquele momento, alguém acabou vomitando em Stuart. Ele olhou para trás, e uma moça morena e chorosa, que Stuart identificara como uma moça de chapéu quando estava na procissão, acabou por falar:

– Me desculpe!

Stuart acabou vagamente por perceber que Courtney estava sem seu chapéu, então recomeçou a correr, com Courtney, Leo e Sarah em seu encalço. Pouco adiante, Lindsey parou totalmente ofegante, e acabou se chocando com um homem de jaqueta.

– Rápido, vamos entrar aqui! - Lindsey gritou.

Stuart apertou o passo, assim como Courtney, Sarah e Leo. Jeff acabara por seguida Lindsey e entrara já no cômodo. Ao passar, Stuart ouviu um estrondo vindo de trás.

Logo depois do estrondo, Leo havia caído no chão, e Sarah retornava na sua direção. Courtney gritava:

– Vamos! Vaaaamos!

Sarah tentou levantar Leo, sem sucesso, que falou:

– Vai logo, Sarah! Me deixa!

– Não! Vem, Leo, eu não vou te deixar! - Sarah gritou, enquanto chorava copiosamente. - Não vou te perder igual a Carly!

Repentinamente, parte do teto do corredor secundário desabou sobre Courtney, que foi puxada de última hora por Stuart, caindo dentro do cômodo. Após abaixar a poeira, Stuart registrou o horror.

Leo tinha o rosto tingido de sangue, e estava meio sentado ao lado dos escombros, e caída sobre seu colo estava Sarah, com os olhos vidrados, e com sangue vazando de sua boca. Sarah era vista até aproximadamente os seios, depois só haviam pedras sobre ela. Leo parecia ter os pés presos nos escombros, e enquanto chorava, tentava sair.

Courtney gritou, e tentou correr na direção deles, mas Jeff a segurou.

– Me deixa ir! - Ela gritou. - Ele não vai conseguir... Ele...

Courtney foi subitamente interrompida por outro grande estrondo e eles tiveram tempo de finalmente ver o órgão caindo sobre o chão e se estraçalhando, fazendo um som sombrio, que ecoou por todos os escombros.

Então, alguns tubos de metal, por conta da queda, voaram na direção de Leo, e perfuraram o peito do garoto. Leo cuspiu muito sangue, e então finalmente morreu, caindo sobre Sarah. Nesse momento, Courtney já chorava.

E finalmente, Stuart começou a chorar, sabendo que o fim estava próximo.

Atrás dele, Lindsey gritou:

– Alguém me ajuda aqui!

Ela estava tentando abrir uma janela, atrás de um pilar de cimento. Estavam no sacrário, o lugar mais sagrado da igreja.

– Deixa comigo! - Jeff falou, afobado, se aproximando da garota.

– Vamos todos morrer, não é? - Courtney falou chorosa com Stuart.

– Não... - Stuart ofegava. - Não, não vamos...

– Consegui! - Jeff gritou. Ao ouvir o grito de Jeff, Stuart e Courtney correram na direção da janela, mas naquele momento Stuart sentiu um arrepio passar por toda a sua espinha, e viu uma rachadura exatamente sobre eles.

E o teto caiu.

Courtney estava exatamente sob a rachadura, e no instante que tudo caiu, ela não conseguiu pular para lugar nenhum. Os escombros caíram sobre a garota, atingindo primeiro sua cabeça, que estourou como um balão, liberando muito sangue, e espalhando os pedaços de massa encefálica por toda a sala.

Logo depois, o resto do teto caiu sobre ela, transformando-a em uma massa disforme.

Jeff, que estava tentando passar pela janela, acabou por não ter sorte. A parede desceu exatamente sobre o corpo de Jeff, partindo-o em dois pedaços. A parte de cima caiu fora da catedral, e foi soterrado por parte dos escombros. A outra caiu sobre Lindsey, que milagrosamente não foi atingida, caindo ao lado da janela.

Stuart pulou para o lado, e caiu encostado em um dos cantos da sala, justamente no canto mais distante da janela. Os escombros caíram sobre sua perna, quebrando-a e impediam o garoto de se mexer. Alguns pedaços de massa encefálica de Courtney voaram contra Stuart, e caíram na sua face, assim como muito sangue, que espirrou em suas roupas.

Ela respirava ofegantemente, fazendo caretas de dor enquanto tentava mexer sua perna. Olhou para o lado e viu Lindsey desmaiada, mas viva.

Até que a pilastra onde ficava o pão consagrado, caiu sobre ela, esmagando-a por completo. Stuart gritou quando o sangue de Lindsey foi espalhado pela parede, e começou a chorar.

Stuart olhou para cima, e viu o céu noturno de Mt. Abraham sobre ele, enquanto uma brisa gelada chocava-se contra ele. Tinha perdido toda a sua família, e agora ele estava ali, quase morto. Subitamente, viu um vulto a sua frente. Não sabia se era real, por conta do seu choro embaçar sua visão, mas jurava ter visto ele na sua frente. Era ele, mas não era. Era Colin, sorrindo.

Naquele momento, jurava ter escutado um grito vindo do lado de fora. Não conseguia reconhecer muito bem as palavras, mas conseguiu ouvir algumas palavras, como “maldita”.

E então, sentiu a parede onde estava encostado ruir sobre ele. Stuart não sentiu muita coisa, apenas uma terrível dor enquanto a parede esmagava o garoto.

E depois, somente paz.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? Confesso que demorei a escrever o acidente, para ficar de uma forma beeem sangrenta.
As músicas tocadas no capítulo(no celular de Jeff) são Hells Bells - AC/DC e Another One Bites the Dust - Queen. Ambas trazem nas entrelinhas algo sobre o acidente. A primeira por conta dos sinos, e também para fazer uma antítese(acho que esse é o nome), ao ambiente da igreja. A outra... Dá pra perceber o porquê.
Pra terminar, postem reviews sobre o capítulo! Sempre são essenciais!



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