Havia uma sociedade secreta, morada dos unicórnios, onde tudo por lá era mágico! Tudo, exatamente tudo o que você puder imaginar, e não apenas a magia dos chifres de cada unicórnio, mas cada simples e singela harmonia. Desde a natureza, a visão que possuíam dos céus à graciosa terra, as fendas entre as rochas e o murmúrio das montanhas, as musicas que cantavam e o amor que compartilhavam, até a última fagulha de magia…
A magia era onipresente, e não havia um pônei que trotasse por lá sem receber ao menos uma parte do que era essa magia encantadora, ou que não usufruísse dela de alguma forma. Mesmo que não fosse um unicórnio, sempre encontraria laços com a magia.
A cidade mais mágica do reino encantado de Equestria, e a mais virtuosa de todas elas, um paraíso construído sobre um gigantesco vale, rodeada por montanhas, luxuosa por suas belíssimas flores, e rios que espelham as estrelas dos céus durante a noite e o brilho que enaltece a beleza da cidade durante o dia.
Aconteceu, então, de uma pequena e jovem potra entrar pela primeira vez na cidade. Estava completamente sozinha, triste e sem rumo. Abalada emocionalmente, não sabia o que fazer, caminhando lentamente e cabisbaixa por onde quer que o vento a levasse.
A cidade, do mesmo modo que era mágica, também era feliz. Mas a infelicidade com que ela entrou na cidade foi de certa forma transmitida entre aqueles que ali habitavam. Olhares de espanto, foram progressivos, e em pouco tempo olhares tristonhos cobriam a cidade, até mesmo alguns prantos foram derramados como se compartilhassem da mesma tristeza dela. Até o momento em que um unicórnio muito poderoso se revelou, diante de todos eles, parando exatamente em frente à pobre potra que caminhava para o interior da cidade.
— O que trás tanto infortúnio para uma jovem como você?
Ela não quis responder. Tentou evitar qualquer conversa ao dizer:
— Nada... Estou apenas seguindo o meu caminho para lugar nenhum.
Deu alguns passos para frente, mas o unicórnio não saiu do lugar.
— Você… Pode, por gentileza, abrir um caminho para mim?
— Não.
Ela, observando a sombra deste unicórnio enquanto chorava, ergueu a sua cabeça, sem poder evitar o choro. Ele, peremptório, com um olhar sóbrio e sutil, observou seriamente em seus olhos e disse:
— Lugar nenhum não parece nada agradável. Por que uma jovem como você gostaria de ir a um lugar desses?
Ela abaixou novamente a sua cabeça e disse:
— Isso não importa.
Então ele levantou as suas patas frontais e as bateu no chão. Quando o fez, o céu relampejava como se os céus estivessem caindo sobre todos eles, o som dos trovões que se sucediam parecia cobrir toda a cidade e o vale ao seu redor. De modo assustador, como quem exigia respeito, ele, com os olhos completamente esbranquiçados tal como os relâmpagos nos céus, bradou não somente para ela, mas para lembrar o povo que se entristecia pela aparição da jovem potra:
— Para mim e para quem quer que venha morar, ou ultrapassar esta cidade — disse olhando para ela —, sem magia no coração, não poderá!
Ela, amedrontada, trotou para o caminho de onde veio, mas uma vez que pisou na cidade, ele não a deixaria sair. Como um relâmpago, tele transportou-se na frente da jovem potra.
— Não, querida, não antes de encontrar a magia!
Então um trovão atingiu tanto a ele quanto a ela, fazendo-os desaparecer permeio à multidão. Os céus acalmarem-se, brando e solene, trazendo o azul do céu novamente para a cidade.