Ali estava Mirana. À sua frente e indefesa, bem como Iracebeth queria.

Os olhos negros da Rainha Vermelha fitavam o mesmo rosto que sempre detestara. Mas a olhando naquele momento, Iracebeth finalmente percebia que nunca odiara Mirana. Odiara o fato de que a mais nova sempre foi uma pessoa melhor que ela. Odiara o fato de que todos preferiam a Rainha Branca a ela. Odiara o fato de que nunca conseguira realmente deixar de amar Mirana, por mais que sempre lhe culpasse por qualquer mal que lhe acontecia.

Mesmo assim, engoliu sua consciência, que gritava para que ela fizesse as pazes com a irmã mais nova, e apertou a varinha em sua mão com mais força, preparando-se para o ato que, por mais que depois de realizá-lo ela pudesse repensar, jamais teria volta.

– Avada... – A Rainha Vermelha começou a falar em um tom quase inaudível.

– Expelliarmus! – Alice mais uma vez a interrompeu, desarmando-a.

Mirana abriu os olhos e olhou a loira com reprovação, mas Alice a ignorou, recusando-se a deixar que a Rainha Branca simplesmente se deixasse ser morta.

Aquilo enfureceu Iracebeth. Se ela tinha dúvidas quanto ao seu ódio por Mirana, o que nutria por Alice não podia sequer ser questionado. A Rainha Vermelha pegou uma varinha que jazia abandonada no chão e a apontou para a loira.

– Pietro Fatinsky! – A ruiva gritou.

– Protego Maxima! – A loira também não tardou em se defender.

– Estupefaça!

– Protego! Expelliarmus!

E as duas continuaram a duelar daquela maneira, a qual qualquer erro por parte de qualquer uma poderia significar a derrota e até a morte. Já não havia mais nada que Mirana pudesse fazer. Com as duas duelando naquela violência, tentar fazê-las parar seria um pedido de morte ainda maior do que entregar sua varinha para Iracebeth.

E ver aquelas duas daquele modo partia o coração da Rainha Branca, uma vez que ela sabia que uma das duas não sairia viva dali. Uma das duas a abandonaria para sempre e não havia nada que ela pudesse fazer, principalmente com sua varinha longe dali, tendo sido jogada longe pelo feitiço de Alice.

Ruínas, ruínas. Quem procura irá encontrar

Apenas tome cuidado, pois a de alguém você será

Quem derrotar o Jaguadarte pode também esperar

Que a Rainha Vermelha do País das Maravilhas irá matar

Mas deve tomar cuidado, deve sempre se cuidar

Caso o contrário, alguém importante você perderá.

Apesar de todos os problemas entre Mirana e Iracebeth, nunca fora a Rainha Branca que estivera destinada a lutar com a Rainha Vermelha. E sim aquela que matara o Jaguadarte.

– Está perdendo o jeito, Rainha Vermelha? – Alice provocou, parecendo não gostar nem um pouco de ter Mirana tão perto da luta que custaria a vida de alguém ali.

– Ora, sua...! AVADA KEDAVRA! – Iracebeth gritou o mais alto que conseguia. Sua voz ecoando pelos Campos de Hogwarts de modo que qualquer um naqueles terrenos poderia escutá-la.

– Protego Horribillis! – Alice se protegeu sem muita dificuldade, apesar do susto de ter aquele clarão verde assassino dirigido a ela.

As duas logo continuaram as tentativas de matar uma a outra. Aquela batalha parecia ainda mais violenta do que o restante da guerra que se alastrava por Hogwarts, embora não estivesse mais naquele lugar em que as três se encontravam.

Alice estava cansada e ferida. Algumas costelas provavelmente haviam se partido e ela lutava contra a dor enquanto duelava com Iracebeth, que também não estava em melhores condições que ela.

A Rainha Vermelha havia passado quase dois anos em Azkaban na companhia de Dementadores, que certamente não eram as criaturinhas mais amáveis que alguém poderia conhecer.

Mesmo assim, nenhuma delas parecia disposta a perder aquele duelo e a cada feitiço, o coração de Mirana ficava ainda mais apertado, de modo que lhe parecia doloroso tê-lo no peito.

Por fim, em um erro de Iracebeth, Alice acabou por lhe desferir o golpe final. No entanto, um feitiço ainda saiu da varinha da Rainha Vermelha antes que ela caísse morta no chão.

O Feitiço Diffindo.

Mas deve tomar cuidado, deve sempre se cuidar

Caso o contrário, alguém importante você perderá.

E o feitiço acertou o pescoço de Mirana.