Depois de um dia muito cansativo eu finalmente deito minha cabeça no travesseiro e solto um suspiro. Para mim, as noites parecem sempre tristes, e me fazem pensar em muitas coisas que eu preferia não pensar. A principal delas, é uma que nunca sai da minha cabeça, e de longe a mais dolorosa de todas, Finn Hudson. Sinto uma lágrima escorrer pela minha bochecha. Sento na cama novamente e pego uma foto sua que fica em minha cabeceira. Ele está sorrindo, tocando bateria, uma das coisas que mais gostava de fazer.

Quando será que isso vai passar ?penso, a verdade é que isso nunca vai passar. A falta que sinto de Finn é uma coisa que vai ficar para sempre comigo, apenas o tempo vai fazendo com que eu me acostume com sua ausência. Eu não quero me acostumar. Não quero esquece-lo, muito menos tudo o que passamos juntos. As vezes ainda tenho a esperança de que ele vai abrir a porta do quarto e correr para me abraçar, dizendo que tudo havia sido um engano. Que ele nunca me deixou.

Depois de um tempo, meus olhos já estão pesados e eu deito e os fecho, com uma lágrima ainda escorrendo pelo rosto. Apesar de não conseguir relaxar de forma nenhuma, acabo mergulhando em um sono profundo em pouco tempo.

Tenho a sensação de que não dormi. Acordo em lugar estranho e me levanto. Estou com um vestido dourado, parecido com o dasRegionais quando cantamos Don't Stop Believing juntos. Olho ao redor, estou no auditório. A plateia está lotada. Entro pelas coxias, não sabia que hoje iria me apresentar. De repente olho uma menina, cabelos castanhos caindo pelos ombros, andando de uma lado para o outro sem esconder o sorrido nervoso em seu rosto, ela provavelmente deve gostar de brilhar. Aquela menina... sou eu.

Continuo me acompanhando. A Rachel do meu sonho, vira bruscamente quando alguém vem vindo. Finn. Ele sorri, ela vai em sua direção, e eu a acompanho sabendo que nenhum dos dois podem me ver. Porque isso não é real. É apenas um sonho.

– Quebre a Perna. - A Rachel do sonho fala, eu sorrio lembrando da expressão que adorava usar, que significa boa sorte no teatro, porque sentia-me uma estrela quando a dizia.

– Eu amo você. - Finn responde. Eu vou para perto dele, e paro em sua frente. Parecia tão real. Passo a mão em seu rosto, mas o atravesso. Cerro os punhos e sinto uma dor no coração. Pior do que não tê-lo, era poder vê-lo mas não poder toca-lo, abraça-lo.

De repente, uma nuvem de fumaça cobre o lugar e eu solto uma tosse. Não estou mais no auditório. Estou no corredor da minha antiga escola, observando cuidadosamente A Rachel do Sonho, e Finn brigando. Lembro-me como se fosse ontem, quando contei que havia ficado com Puck, seu melhor amigo.

– Você disse que nunca terminaria comigo. - Ela fala apontando com o dedo indicador para ele.

– Nunca pensei que você poderia fazer eu me sentir assim. - Finn responde deixando-a para trás.

Mas uma vez a nuvem me leva para outro lugar. Estamos em Nova York, cantando Pretending em nossas primeiras Nacionais. Dessa vez eu estou na plateia, e observo o momento onde ocorreu o Beijo do Século, no palco. Nós perdemos as nacionais por isso.

O teatro começa a girar e eu seguro firme na cadeira. Dessa vez eu estou sozinha. Não existe mais Rachel do Sonho, nem Finn. Estou sentada na minha cama, vestindo preto e soluçando. Respiro fundo quando uma imensa luz branca toma conta do lugar.

Finn.

Ele está de branco, sorrindo para mim. Mas ainda não é real. Levanto e corro em sua direção. Coloco minhas mãos ao redor do seu pescoço e dou-lhe um beijo demorado em meio ás lágrimas. Ele é real. Mas apenas em minha mente.

– Finn. - Falo. Ele pega minha mão.

– Rachel, você não deve ficar assim. - Finn responde. Eu fungo.

– Como você quer que eu fique ? Você me deixou. - Eu falo, ainda chorando. Ele enxuga minhas lágrimas com a sua mão, ela é macia. Aconchego meu rosto nela.

– Eu nunca deixei você. Você sabe muito bem. Eu sempre estarei... onde quer que você esteja. Eu vou aonde você vai. Sempre.

Então o lugar vira um auditório de novo. Mas dessa vez ele é branco, e está enfeitado com flores. Ao fundo, uma tela mostra momentos meus com Finn. Ele me guia até o palco, onde há um banquinho.

– Você costumava cantar muito para mim, quando queria me dizer algumas coisa. - Ele fala.

Eu confirmo com a cabeça. Uma banda imaginária começa a tocar uma música lenta. E a voz macia de Finn Hudson toma conta do lugar, dando-me paz e tranquilidade.

"So lately, been wondering
Who will be there to take my place
When I'm gone, you'll need love
To light the shadows on your face"

A voz dele continuava a mesma, perfeita. Eu fecho os olhos, querendo que aquele sonho durasse para sempre.

"If a great wave shall fall
And fall upon us all.
Then between the sand and stone
Could you make it on your own

Finn se aproxima de mim, pega minha mão, guiando-me até o palco.

"If I could, then I would
I'll go wherever you will go
Way up high or down low
I'll go wherever you will go"

Eu começo a chorar de novo. E aquele não era um choro forçado, o qual eu sempre costumo usar para performances mais dramáticas. Era um choro sincero, verdadeiro e doido. Eu sabia que uma hora teria que acordar, e perceber que tudo não passou da minha imaginação.

"And maybe, I'll find out
A way to make it back someday
To watch you, to guide you
Through the darkest of your days
If a great wave shall fall
And fall upon us all
Then I hope there's someone out there
Who can bring me back to you"

Eu sei que ele sempre vai estar comigo. Aliás, eu não sabia exatamente quem eu era até conhece-lo. Mas queria que ele estivesse mesmo ali comigo. Queria que tudo fosse real. Queria acordar, mas mesmo assim saber que ele estaria comigo.

"Run away with my heart
Run away with my hope
Run away with my love

I know now, just quite how
My life and love might still go on
In your heart and your mind
I'll stay with you for all of time"

Ele não precisa pensar como. O amor de Finn. O amor que eu ainda sinto por ele, vai sempre estar comigo. Mesmo quando isso tudo não passar de apenas lembranças dolorosas e de saudade, eu ainda sim vou saber que eu o amo.

"If I could turn back time
I'll go wherever you will go
If I could make you mine
I'll go wherever you will go"

E assim ele termina, dando um beijo em minha testa, e desaparecendo completamente.

Acordo tranquilamente, e percebo que já amanheceu. Pego o colar com o nome Finn, e aperto contra mim. Eu sei que ele está sempre comigo. Ele nunca me deixou.

E o sonho que eu tive, não foi um sonho qualquer. Quando você sonha algo, essa coisa se torna real. Finn ainda é real para mim. E eu vou sempre em lembrar com carinho dele.

Sempre.