“Por que Madotsuki!? Você não tinha esse direito! Será que nunca entendestes que era importante...? Importante para mim?”

Foi por coincidência que Poniko estava passando por aquela rua exatamente naquele momento. Foi por acidente que esquecera os seus livros em casa, mas felizmente ainda havia tempo para ir buscá-los. É, assim que se virou para dar meio volta, pelo infeliz destino viu sua melhor amiga cair do vigésimo andar e quebrar todos os ossos do corpo. Foi por impulso que correu até o local e abrasara o corpo sem vida de Madotsuki. Foi com desespero que chorou e gritou, em plenos pulmões, por ajuda.

Foi com desgosto que percebeu que já era tarde demais.

Mas por algum motivo continuou abraçada a aquele corpo, enquanto chorava e murmurava para sua melhor amiga, que iria ficar tudo bem. Que não havia mais nada para se preocupar. Que aquelas pessoas já não poderiam lhe fazer mal. Que agora as duas poderiam voltar a ser amigas.

“Eu nunca disse que não queria ser sua amiga, então, por quê? Por que você disse aquelas palavras horríveis para mim?”

Um aglomerado de pessoas já estava ao redor de Poniko e Madotsuki, sussurrando palavras que a loira não tinha o mínimo interesse.

“Por que você simplesmente não pediu ajuda?”

Quando a depressão de Madotsuki começou, Poniko havia notado, mas sua melhor amiga disse que não queria ajuda. Poniko também havia notado a perda repentina de peso, mas Madotsuki disse que estava tudo bem. Poniko visitou-a diariamente quando ela começou a faltar aula.

Continuou a visitando depois da briga.

Poniko continuou visitando Madotsuki mesmo quando ela já não abria mais a porta do quarto.

Ela ainda batia na porta do seu quarto e a chamava, mesmo que soubesse que sua melhor amiga não iria respondê-la.

“Droga Madotsuki! Por que não vistes que você tinha importância para mim!?”

Poniko ofereceu sua mão centenas de vezes, mas sua melhor amiga, que nem sequer se dava o trabalho de olhar. Poniko chorou na porta do quarto de Madotsuki dezenas de vezes, implorando para que ela saísse, mas sua melhor amiga não soltava um único som.

“Eu deveria ter insistido mais... Talvez se eu tivesse chorado mais, ou batido com mais força naquela maldita porta, ou simplesmente ter feio mais alguma coisa! Quem sabe se eu tivesse conseguido abrir os seus olhos e talvez...

...talvez você estivesse aqui comigo, indo para o colégio. Minha melhor amiga.”

Agora o corpo de Madotsuki estava frio, mas o sangue continuava a escorrer, encharcando as suas roupas. Poniko já conseguia ouvir ao longe a sirene da ambulância.

“Você era importante para mim, Madotsuki. Por favor, me perdoe por não ter feito mais.”