Atraída por um Darcy escrita por Efêmera


Capítulo 4
Perigosa Coabitação - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

E aí mais um capítulo, e neste novos personagens irão surgir!



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Todos olhavam para Darcy com uma expressão de horror, enquanto a noção do que havia feito lentamente chegava a ele. Ninguém ousava falar, exceto pelo Sr. Darcy que, com a voz sombria, ordenou: ― Peça perdão pelo seu comportamento e sente-se, Fitzwilliam! ―

Ele, sem esperar nem mais um segundo, desculpou-se com todos e sentou-se, abaixando a cabeça e olhando para a sobremesa.

― Não entendo o seu comportamento, Fitzwilliam. Será melhor que Lizzie estude na mesma escola, a que ela estudava fica muito distante e não poderá ir sozinha. ― Ele continuou calado como se ninguém estivesse falando com ele. ― Já falei com o Sr. Reynolds e a partir de amanhã os levará para a escola. Sr. Ferrars irá junto, como sempre. ―

― Já lhe disse meses atrás que gosto de andar de metrô, assim como muitas pessoas da minha idade. ― afirmou Darcy com uma voz calma.

― Mas, mais que antes, não faz sentido você andar de metrô. Já falamos sobre isso, os riscos são enormes. ― apontou a Sra. Darcy. Mesmo sem nunca ter presenciado uma discussão como aquela, calma, eu sabia que Darcy iria ganhar.

― Não há riscos no metrô, ninguém sabe quem eu sou e tomo cuidado... Sem falar que vocês sempre mandam Ferrars me vigiar. ―

― O Sr. Ferrars é necessário. Você é importante, William. ― Eu estava viajando e não entendia nada daquela conversa...

― Mãe, este não é o momento para esse assunto. Como falei, não irei abrir mão de andar de metrô, então não existe motivo para perdermos tempo debatendo esse assunto... Posso me retirar? ―

― Claro, meu querido. E Lizzie irá com você de metrô então, ela precisa se enturmar. ― tornou Sra. Darcy, em seguida lançando uma piscadela na minha direção.

― Como achar melhor. Boa noite a todos. ― levantando-se e deixando a sala de jantar. Permanecemos à mesa por mais algum tempo, eu, a Sr. Darcy, o Sr. Darcy e o meu pai, mas logo eu estava cansada e pedi para me recolher. Chegando ao quarto, troquei a roupa e coloquei uma das camisolas de seda do meu novo closet, me jogando sobre a cama e dormindo pouco tempo depois.

~~

Acordei com o despertador me obrigando a enfrentar mais aquele dia. Eu geralmente gostava da escola, mas aquele novo começo não me agradava. Embora fosse um passo enorme dividir a mesma sala que Darcy, ainda assim eu teria que voltar ao lugar que me trazia recordações nada agradáveis. No entanto, deveria deixar de lado tudo aquilo e enfrentar a vida como sempre fiz, pois não tinha tempo para ser covarde.

Deixei a cama com um pouco mais de coragem que antes e em poucos minutos eu estava pronta, com meu uniforme novo que eu havia encontrado no meu closet! Agora só me restava descer para tomar o meu café da manhã antes de ir. Assim que cheguei ao térreo, um dos empregados me informou que o café da manhã seria no jardim... É, aquela família tinha lá suas excentricidades!

― Lizzie, venha, se aproxime! ― chamou a Sra. Darcy e eu logo me aproximei, estancando ao notar uma garota loira que parecia ter a minha idade. ― Oh! Essa é a Georgie, minha caçula. ―

A loira, que mostrava facilmente traços do irmão mais velho, se levantou e andou na minha direção, apertando-me em um abraço.

― Elizabeth, que ótimo conhecê-la, sinto muito por não ter descido antes! Mas como você está? Dormiu bem? Vamos, sente-se ao meu lado, pois tenho certeza que nos daremos muito bem! ― exclamou Georgiana enquanto eu tentava acompanhar a agilidade com que ela mudava de assunto.

― Georgie, sempre quem senta ao seu lado é o Fitzwilliam, vai trocar ele pela Lizzie agora? ― indagou a Sra. Darcy com um sorriso divertido.

― Oh, mãe, por favor. Ele anda muito chato ultimamente... ― replicou Georgie, voltando-se em minha direção para tornar a falar enquanto me olhava e um sorriso genuíno formava-se em sua face: ― Não faço ideia de qual seja o motivo. Mas eu irei descobrir, sempre descubro! ―

Sentamos uma ao lado da outra e logo engatamos uma conversa sobre os últimos acontecimentos, e nesse momento eu tive conhecimento de que Georgie não gostava de escolas, então estudava em casa com professores particulares que se adequavam aos seus horários. Mas que, por outro lado, trabalhava como voluntária em um orfanato que ficava à uma hora da mansão. Aquilo era o contraste entre dois tipos de personalidades que eu nunca pensei encontrar, agora sim eu poderia dizer que já havia visto de tudo!

― Mas se você fosse à escola, em que ano estaria? ― perguntei curiosa.

― Hm... Acredito que no mesmo ano que o Will. ― replicou dando de ombros, deixando-me confusa.

― Como assim? ―

― Bem, Lizzie, embora minha mãe continue insistindo em me considerar a “caçula”, não creio que alguns minutos possam trazer muitas diferenças. Nós somos gêmeos. ― respondeu volvendo os olhos na direção da porta que levava ao jardim onde estávamos e abrindo um sorriso bem maior do que havia me dado mais cedo. ― Oh! Will... Desculpe-me, mas agora tenho uma nova companhia para as minhas refeições! ― brincou lançando uma piscadela na minha direção. Demorei algum tempo para perceber que ele estava ali, caminhando na nossa direção e sorrindo para a irmã... Sorrindo!

― E o que posso fazer para mudar isso? Talvez chantageá-la? O que você quer em troca, minha mais adorável sombra? ― respondeu sorridente, dando continuidade à brincadeira.

― Não! Nada... Nada poderá me comprar! Nem que você prometa me fazer companhia durante uma semana! Nada será suficiente, pois Lizzie é a pessoa mais adorável que já conheci. ― eu podia sentir o rubor que começou a surgir em minha face, intensificando ao notar como Darcy me encarava, então abaixei a minha cabeça e me concentrei em meu café da manhã.

― Então creio que será uma batalha perdida, devo apenas aceitar a derrota e me concentrar em vencer a próxima, pois a guerra ainda não chegou ao fim! ― tornou Darcy, mas não me atrevi a levantar o olhar na sua direção novamente. Passamos mais alguns poucos minutos nos deliciando com os pratos que as cozinheiras nos prepararam (eu tinha certeza que nunca iria me acostumar com aquela variedade!), mas após algum tempo a voz de Darcy quebrou a agradável conversação: ― Terminei, obrigado pela refeição, mãe. Agora estou indo. ― E ergueu-se, indo na direção da mãe e dando-lhe um beijo na testa, fazendo o mesmo com a sua irmã. ― Estou muito feliz que tenha melhorado. E separei algumas coisas, basta buscar em meu quarto. ―

― Não se esqueça de Lizzie, filho. Você não irá obrigá-la a andar até o metrô! ― interpelou a Sra. Darcy, antecipando qualquer movimento dele.

― Eu sei, mãe. Vamos, Bennet. ― e entrou na mansão. Apressei os passos e fui até o meu quarto terminar de me arrumar, mas em pouco tempo eu descia as escadas para encontrar um Darcy encostado na parede carregando um semblante sério. ― Desculpe a demora. ― Ele levantou o olhar na minha direção, mas logo deu de ombros e andou até a porta. Entramos em um carro preto de uma marca que eu não fazia ideia, já que não conhecia nada sobre carros, mas que era de extremo bom gosto. Como havia feito dentro da mansão, assim que desci do meu quarto, Darcy continuou a me ignorar, tornando o tempo da viagem até o metrô bem maior do que poderia ser, considerando que ficava a no máximo 5 minutos de carro. Mas, por fim, chegamos à estação e eu estava livre da sensação desagradável que me acompanhou durante toda a viagem. “Se eu soubesse que isso iria acontecer, não teria entregado a carta!” pensei comigo, cansada daquela sensação, mas Darcy parou abruptamente, quase fazendo o meu corpo tombar sobre o dele.

― Ei! ― falou, a voz sombria. ― Não diga para ninguém que estamos morando juntos. E também, não fale comigo na escola. ― e voltou-se na direção do metrô, deixando-me sozinha e abismada com o que tinha acontecido. Levei dois segundos para registrar suas palavras, mas assim que elas se tornaram claras a raiva se apossou de mim.

― O que diabos foi isso? ―

~~

O metrô não tardou a chegar, e eu estava tão cansada que procurei logo um lugar para sentar o mais distante possível dele, perto da saída. Não havia muito que se fazer, então abri um romance que eu andava lendo e que por sorte sempre andava na minha bolsa e comecei a ler. Não lembro realmente quando aconteceu, mas logo minhas pálpebras cederam e, em algo que pareceu um segundo, ergueram novamente. Eu estava muito cansada depois de tudo o que aconteceu nos últimos dois dias, então não estranhei esse fato... A questão é que eu precisaria recuperar o sono assim que retornasse. Voltei à leitura e não muito tempo depois eu olhei ao redor, e foi só então que percebi que Darcy não se encontrava mais ali. Onde ele poderia ter ido? Olhei instantaneamente para a placa das estações e notei desesperada que estava muito longe dela... Ele havia descido duas estações atrás. Eu estava perdida e atrasada!

Assim que o metrô parou eu desci correndo, ignorando as pessoas que tentavam entrar, e corri para pegar o metrô voltando. Felizmente, não demorou muito e logo eu estava voltando para a estação certa, que eu conhecia muito bem embora fosse muito longe de todos os lugares que eu frequentava. Passados mais 10 minutos de bastante corrida e eu finalmente estava na frente da minha nova escola. No entanto, por outro lado, meu cabelo era um desastre e minhas roupas estavam amassadas. Apesar disso, tentei o meu melhor para ignorar os olhares que eram lançados para mim. Eu sabia que estava muito diferente do que era antes... De uma garota sem vida, sem corpo e sem brilho, eu havia me tornado uma jovem relativamente atraente.

Corri para a Secretaria de Corpo Discente e passei algum tempo conversando com a secretária. No fim, recolhi o mapa da escola (que eu ainda conhecia muito bem), assim como os meus horários, outras cartilhas que eu talvez fosse precisar depois e corri para o banheiro mais próximo. Para a minha felicidade, ele estava vazio, o que me proporcionou algum tempo para me arrumar, deixando-me apresentável. Assim que terminei, juntei meus pertences e acelerei meus passos para a sala de aula, mas a sorte realmente não estava ao meu favor... Todos os alunos – eu disse todos –, como também o professor, olharam para mim assim que eu cheguei à porta, o que me fez paralisar por algum tempo até que o próprio professor me despertasse.

― Olá, posso ajudá-la? ― indagou o homem que não parecia passar dos 35 anos.

― Hm, er... Sim. ― assenti suspirando por ter que passar por aquele mico. Tudo culpa do William... ― Sou Elizabeth Bennet, sou nova e estou matriculada nesta sala. ― Tentando forçar um sorriso, entreguei o meu horário para que ele o avaliasse. Ele mal olhou para o documento e ergueu o olhar para mim, fixando-se nos meus olhos, sorrindo.

― Sim, a aluna transferida. Entre. ― finalizou me entregando o meu horário, e voltando-se para a sala, tornou: ― Quem gostaria de fazer dupla com a Srta. Bennet? Algum voluntário? ― O quê? Dupla? Eu teria que formar dupla com alguém? Mal tive tempo de olhar todos os lugares vazios quando uma voz muito alegre tomou a sala.

― Eu, professor! Venha, Elizabeth, sente-se aqui. ― A voz do garoto transmitia uma alegria que havia muito tempo eu não sentia... Não hesitei e logo estava caminhando na sua direção. Ele, muito cavalheiro, se levantou e afastou a minha cadeira para eu sentar. ― Obrigada. ― respondi assim que estava acomodada. ― Sou Elizabeth, mas pode me chamar de Lizzie. E você? ―

― Sou Richard Knightley, mas pode me chamar pelo nome que achar melhor. ― replicou liberando um sorriso cativante. Pronto, ali eu tive certeza que os anjos colocaram aquela alma no meu caminho e eu não me sentiria mais sozinha.

A aula seguiu normalmente. Eu ainda estava muito irritada pelo que ele havia feito no metrô, então nem ao menos procurei saber onde poderia estar sentado, o que era meio tenso, porque o cara deveria estar a no máximo 2 metros de mim. Bem, a verdade é que eu não teria muito tempo para me concentrar em nada além da aula. Mesmo que o ensino da outra escola fosse bom, o dessa era incrivelmente melhor, o que me tornava quase uma idiota perto de alguns dos outros alunos. Tentei anotar o máximo de observações possíveis e, com a ajuda de Richard, me coloquei por dentro de todos os livros que iria precisar. Não só isso, Richard também me acompanhou na hora do almoço, assim como caminhou comigo pela escola para me apresentar tudo o que eu precisaria saber além do óbvio.

Enquanto conversávamos, notei um mural de um tamanho grande demais para qualquer “quase-cego” ler e que havia sido colocado em lugar de destaque no pátio da escola, o que me deixou muito curiosa: ― E o que é isso? ― perguntei me aproximando.

― Os 50 melhores alunos da escola. ―

― 50 melhores? Não sabia que existia algo assim. ― repliquei surpresa.

― Claro que existe, e a escola costuma dar prêmios aos três primeiros, além do destaque. Sem falar que vez ou outra alguma universidade escolhe alguns alunos dessa lista para algum estágio. Isso vale demais na hora de conseguir uma vaga na faculdade dos sonhos. ―

― Nossa! E você faz parte dela? ―

― Claro! Estou no 37º lugar. Um pouco distante do primeiro, mas não sou o último. Isso vale alguma coisa, certo? ― Eu sabia que era uma pergunta retórica, então apenas sorri para ele e comecei a ler alguns nomes.

― E como eles fazem essa seleção? ―

― Eles aplicam provas, a próxima será na semana que vem. ―

― O QUÊ? ― perguntei alto demais para alguém que queria passar sem ser notada.

― Não fica nervosa, é apenas uma prova besta com umas 500 questões. Eles dividem em dois dias, para facilitar. ― O quê? Facilitar? Que porra era aquela?

― Mas... Mas... Eu não estou no nível de vocês, nunca entrarei nesse quadro. ― choraminguei.

― Não se preocupa, esse quadro é uma bobagem, embora quase todo mundo aqui se importe com ele. Olha só... ― Ele começou, seguindo para uma extremidade do quadro e me fazendo seguir seus passos. ― Esse aqui é o primeiro lugar, Fitzwilliam Darcy. ― Meus olhos seguiram até onde ele apontava e meu queixo caiu. ― Ele tem ficado aí desde que o mural começou a ser aplicado, sempre com 100%. No entanto nunca se importou, nem aceitou qualquer estágio. Certo, Darcy é um gênio sortudo que nunca errou qualquer questão de qualquer prova, mas ainda assim faz com que você veja o quadro diferente, certo? ― Não tinha como o meu queixo cair mais, então apenas o recolhi e perguntei:

― Como assim... Ele nunca errou... Nenhuma questão? Como isso é humanamente possível? ―

― A única explicação é que talvez ele não seja humano. ― soltou Richard com uma gargalhada. ― Mas falando sério... Dizem que o seu QI é de 200. Você sabe o que isso significa? Bem maior do que o de Newton! Mas isso é apenas mais um boato, não acho que alguém como Darcy iria se preocupar com essas coisas... Sem falar que ele pode ter um QI muito maior, mas esses humildes fãs são burros demais para sequer imaginar! ― e outra gargalhada rompeu por sua garganta.

― É... Vocês são íntimos? Digo, próximos? ―

― Claro que sim! Darcy e eu somos primos. ― VALHAMEDEUS, o que foi que eu fiz para merecer isso?


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam da Gê e do Rich? Algo me diz que eles serão muito importantes para o desenvolvimento da estória! Até a próxima. xo



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