Atraída por um Darcy escrita por Efêmera


Capítulo 14
Excitantes Férias de Verão — Parte 4


Notas iniciais do capítulo

Olá! Como estão? Tenho sentido muito a falta de vocês, mas é difícil se concentrar em algo quando se está doente. Pois é, nessa onda já perdi 7 quilos... e isso seria ótimo se eu, antes, já não estivesse no meu limite para ficar abaixo do peso. Muitas pessoas aí sofrendo para emagrecer e eu aqui tentando engordar. hehe Enfim, agora que é só alegria, vamos ao capítulo. Nesta parte do capítulo 4 teremos algumas explicações bem convenientes. Como autora eu não posso dizer que algum personagem meu é um saco, então vou guardar minhas opiniões para mim. kkkk Aproveitem e nos vemos lá embaixo. ;*



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POV Elizabeth

Eu não fazia ideia do que estava acontecendo, mas não podia deixar Georgiana sozinha. E eu também não poderia deixar de dar razão à Char, afinal até hoje ela nunca me mostrou que estava errada. Ok, eu sei que nem sempre a escuto, mas ela quase sempre tem razão... e não seria agora que eu iria ficar contra.

Enquanto Georgie subiu as escadas atrás de Richard, eu a segui e fui até o meu quarto, mesmo porque seria meio tenso ficar ali de roupa de banho... que eu só vim perceber quando já estava chegando. Embora preocupada sobre a conversa que estava acontecendo a alguns metros de distância, eu me obriguei a permanecer no quarto o máximo de tempo possível e aproveitei para trocar de roupa, não era tão insensível ao ponto de invadir a privacidade dos outros, mesmo que esses outros não se preocupassem em invadir a minha. Mas quando percebi que já estava ali há muito tempo, considerei seguro sair do quarto e dar uma volta em frente ao lago que ficava na entrada principal. A vista, assim como a Sra. Darcy havia dito muitas vezes, era espetacular. Eu não poderia imaginar nada mais lindo. Ou melhor, eu não poderia imaginar nenhum lugar mais maravilhoso que Pemberley e, se dependesse de mim, poderia viver tranquilamente o resto de meus dias naquele lugar.

Foi quando estava imersa em reflexões sobre algo que nunca seria meu que escutei passos apressados na escadaria. Como não estava tão longe, consegui reconhecer Richard, que descia as escadas arrastando uma mala de tamanho mediano.

O imbecil ainda iria embora?

Sem dar um segundo pensamento, avancei na direção do tolo do meu amigo e, com muito esforço, consegui alcançá-lo enquanto colocava a mala no porta malas.

— Para onde vai? — indaguei sem ar, o que deixou a minha voz um pouco mais fraca e irritante. Ele me olhou em silêncio por alguns segundos, mas tomou o controle e sorriu enquanto respondia:

— Ah! Você não sabe... preciso ir para casa, recebi uma ligação importante. — e dito isso se apressou em se afastar do porta malas e ir na direção da porta de passageiro. — Foi bom passar este dia com você, Lizzie, a gente se vê semana que vem na escola.

— Espera! — soltei antes que ele conseguisse entrar no carro. — Você teria algum tempo para falar comigo?

— Algum problema? E-eu não posso ficar, preciso pegar o metrô. — replicou tentando entrar no carro novamente, mas, claro, eu impedi e aproveitei para colocar a minha melhor cara de cachorro molhado querendo abrigo... no caso eu seria uma cachorra.

— Por favor... se um dia já precisei de alguém, é agora. — implorei e, se fosse preciso, eu poderia até deixar uma lágrima cair, quem sabe. Mas achei que seria exagero demais, então fiz uso apenas da minha carinha de cachorro pidão e juntei as mãos implorando.

— É sério mesmo? — eu assenti. — Então ok, mas não posso demorar muito.

Ainda um pouco receoso, Richard se afastou do carro e começamos a caminhar no entorno do lago. Precisando de coragem, levei meu tempo em silêncio até que um olhar seu me fez apressar antes que ele se cansasse e decidisse ir embora.

— Eu tenho esse problema, sabe, que não consigo resolver... — comecei, mas ele me interrompeu.

— Eu não sei se posso te ajudar, Lizzie, minha mente está cheia de outros problemas e não consigo pensar em outra coisa.

— Não, não; tudo bem. Só preciso que me escute. — Como ele assentiu, eu continuei. — Er... Como falei, eu tenho um problema... Não necessariamente eu tenho esse problema, é de uma amiga minha. E- — Ele me parou novamente, virando-se para me encarar, incrédulo.

— Você me parou para falar dos problemas de alguma amiga? Eu preciso ir embora, Lizzie!

— Não, Rich, por favor. Você precisa me escutar. — Não sei direito, mas algo na forma como eu implorei o fez ficar, então tentei continuar novamente. — Essa minha amiga está a fim de um cara, mas esse cara não parece estar a fim dela. Pelo menos nunca demonstrou...

— Certo... — disse ele, segurando o pulso esquerdo para olhar as horas.

— Então... ele não parece estar interessado nela, mas estava há muitos anos atrás, só que ela estava iludida com outro cara e não enxergou esse amigo. Depois esse outro cara aprontou feio com ela e ela passou um tempo isolada. Quando finalmente conseguiu voltar à rotina, esse amigo dela não queria mais nada, nem sequer falava com ela. Mas ela gosta muito dele.

— Se ela gosta muito dele, o que a impede de fazer alguma coisa? Vocês meninas não podem esperar que nós homens deem o primeiro passo sempre, precisamos da ajuda de vocês em certos momentos... no mínimo devem dar um sinal de que estão interessadas. Não lemos mentes, principalmente de vocês mulheres. — ele discorreu e eu me surpreendi em como o meu amigo sabia bem o que falar. Claro, teria que dizer isso em voz alta.

— Nossa, isso foi bom. Você poderia fazer Psicologia na faculdade. — disse sorrindo. Ele revirou os olhos, mas riu.

— Óbvio que irei fazer isso, Bennet. Já havia decidido, mas voltemos ao assunto da tua amiga porque preciso voltar para casa... você não me disse o que está impedindo as ações dela.

— Certo... O principal obstáculo é o irmão dela.

— Irmão? — indagou, confuso.

— Isso, irmão. Ele e esse outro cara são muito amigos, quase irmãos. Ela tem medo que se der um passo em algum relacionamento amoroso com esse cara o irmão possa não gostar, e ela não quer se intrometer na amizade deles por besteira.

— Besteira? Se ela gosta dele, não seria besteira. Espera... seria besteira se ele não gostasse dela de volta, mas se for recíproco o irmão terá que aceitar.

— Você realmente concorda com isso? — perguntei esperançosa.

— Claro, se eu falei.

— Tem certeza? — insisti.

— Sim... Lizzie, qual o problema? — indagou, desconfiado.

— Não, nada... E se... E se essa minha amiga fosse a Georgiana? — soltei e mordi o lábio esperando a resposta. Ele arregalou os olhos, depois franziu as sobrancelhas e, quando eu esperava que ele fosse falar, virou de costas e levou a mão direita até a cabeça, colocando os fios que teimavam em cair em sua testa para trás.

— Georgie... está interessada... em... algum amigo... de Darcy? — perguntou ainda sem olhar para mim.

— Eu poderia dizer que sim. — disse dando de ombros. Não iria dar muita importância não, hein, ele que calculasse 1 + 1.

— Você tem certeza? — perguntou ao virar-se para me olhar.

— Claro, se eu falei. — parafraseei. Ele ficou em silêncio, o que achei estranho; não estava ficando em silêncio demais?

Como se lesse meus pensamentos, Richard virou-se para me fitar. Por um momento eu tive medo do seu olhar, que em nada me lembrava o meu amigo animado que fazia de tudo para me ver sorrir, ali estava um cara que ostentava um olhar duro e repleto de ódio. Vontade de fugir não faltou.

— Quem é? — indagou pausadamente, salientando cada palavra como se soubesse que eu precisava daquelas pausas para engolir a saliva que pairava na minha boca. Cara, que merda era aquela?

— Quem é o quê? — me fiz de desentendida, afinal, embora estivesse tentando ver se aquilo iria sair do lugar, eu não sabia que mexer com quem estava quieto pudesse me colocar naquela situação. Qual o problema com ele? Ele deveria estar feliz, não? Por que estava me perguntando “Quem é”, quando era tão óbvio que era ele? Meu Deus, tem gente que se esquece de usar aquela coisa oval que fica em cima do pescoço, hein?

— Eu perguntei... — ele começou, a voz não muito diferente da anterior e eu me perguntei quanto tempo levaria para correr até o meu quarto e fingir que nada aconteceu. — Quem é o idiota?

Como eu estava morrendo de vontade de fugir dali, porque afinal eu estava vendo a hora do meu querido amigo me jogar naquele lago, soltei antes que me arrependesse: — Tu é idiota, retardado, imbecil ou se faz? — Ele me olhou em choque, mas eu estava mais preocupada em encará-lo. — É você!

Assim que as minhas palavras deixaram meus lábios, eu me arrependi com a forma que as soltei. Eu queria ter ido com calma, mas estava com medo da mudança que ocorreu na personalidade de Richard e não pude me segurar. Agora seus olhos estavam ainda mais chocados, enquanto seus lábios estavam separados mostrando o quanto a minha afirmação o pegou de surpresa.

— Você está de brincadeira, não é? É alguma piada? — falou depois de algum tempo, agora visivelmente mais calmo.

— Por que eu faria isso? — respondi no mesmo tom, agora que minha coragem retornou a todo vapor; estava novamente na frente do meu amigo.

— Não sei, não faço ideia de como funciona a sua mente. Mas você tem certeza disso? — perguntou e eu pude ver um pouco de esperança em seus olhos. Richard também gostava de Georgie!

— Absoluta.

— Hmm... — murmurou enquanto caminhava na direção da residência.

— E você? — gritei antes que ele pudesse fugir.

— O que tem eu? — respondeu sem parar de andar.

— Não se faça de tolo, está na cara que também gosta dela.

— Isso não é da sua conta, Lizzie. — respondeu mais animado, mas não totalmente. Alguma coisa havia mudado.

— Ando escutando muito isso hoje, deve ser coisa de família. — falei emburrada e Richard gargalhou.

— Deixe-me adivinhar. — Rich respondeu ao parar e se virar. — O meu querido primo voltou a te atormentar.

— Antes fosse, foi só um fora de leve para matar a saudade. Por mais que me machuque – e machuca muito –, pelo menos sei que ele me vê. É normal? Me sinto uma masoquista ao sentir aquela pontada de satisfação. Céus, irei me internar.

— Oh, Lizzie. Venha aqui. — chamou me envolvendo em um abraço. — Às vezes, amar é isso. A gente pode até sofrer, mas é melhor ter a pessoa ali do que nada. Uma vez eu escutei, acho que em algum filme estrangeiro, que paixão significa sofrimento, ou seja, estar apaixonado é sofrer. Não somos os primeiros e ouso dizer que não seremos os últimos.

— Você está falando por experiência, não é? — falei e ele se afastou, sorrindo sem graça e olhando para os pés.

— Experiência? Se eu só tenho 17 anos. Meus pais diriam que eu não tenho experiência alguma.

— Você está sempre mudando o rumo da conversa. Qual o problema em ser sincero comigo quando sempre sou com você? Você não confia em mim, Rich? — perguntei fingindo estar magoada. Rich olhou-me, balançou a cabeça, olhou para a mansão, depois novamente para mim e suspirou. Algo me disse que eu tinha vencido.

— Eu gosto dela, mas é mais complicado do que você possa imaginar. Eu sei, essa desculpa da “falta de dinheiro” não é aceitável, mas eu sempre tento colocar algum obstáculo para me convencer. O problema é conseguir.

— E você vai me contar?

— Sim, claro. — respondeu e pegou na minha mão, começando a caminhar na direção de um banco de dois lugares que havia perto do lago. Como era fim de tarde, o sol não estava tão quente, então o clima estava tão agradável que poderíamos ficar ali por um tempo indeterminado. Assim que sentamos Rich começou a falar e eu ouvia atentamente o que seria mais uma daquelas histórias...

@@@@

POV Richard

Olá, eu sou o Richard Knightley, o filho mais novo de uma família de três irmãos. Meu pai se chama Jonathan Knightley, o Conde de Ipswich, minha mãe Grace, a Condessa de Ipswich, e meus irmãos Henry, Visconde de Stratford, e Lucas. Moramos em Mayfair, uma área no centro de Londres, em uma casa de três andares.

Como sou bem mais novos que os meus irmãos, eu tenho que admitir que sou aquele que nunca teve espaço entre os mais velhos, restando uma aproximação com os primos de mesma idade. E eu tive muita sorte quanto a isso... enquanto meus irmãos não queriam uma criança pentelha para atrapalhar as brincadeiras, Will e Georgie me aceitaram muito bem... principalmente Georgie, com quem criei um laço muito forte.

Com o passar do tempo minha amizade com o Will se transformou em irmandade e eu passei a considerá-lo bem mais do que aos meus irmãos. Já Georgie... ela foi algo mais complicado. Eu não posso dizer em que fase a minha adoração abriu espaço para se transformar em algo mais, só lembro que um dia eu a via como irmã, no outro eu já não podia ficar longe dela.

Eu ainda podia ser considerado uma criança quando comecei a ter coragem de demonstrar de algumas formas o que sentia por minha prima. Ela não parecia notar, mas só em ver o sorriso que ela me dava eu já considerava suficiente. Enquanto nós estávamos ali, criando laços cada vez mais fortes, eu tive uma ruptura do que eu havia imaginado ser um sonho. Wickham apareceu e Georgie não me notava mais. Darcy não gostou muito da ideia, nem eu, mas não podíamos ir contra a nossa tia, que autorizou a relação dos dois. Eu não podia fazer nada, mas o sentimento de frustração, irritação e, principalmente, infelicidade surgia sempre que eu estava na presença dos dois. Não era um simples ciúme, eu tinha certeza que Wickham não era o cara certo para a minha prima – talvez nem eu fosse, mas com toda certeza ele seria o último.

Foi nesse meio tempo que eu comecei a me aproximar dos meus irmãos. Minha amizade com Darcy sempre continuou a mesma, mas eu não podia permanecer na casa dele como fazia antes. E enquanto eu estreitava os laços com a minha família, eu pude me distrair um pouco do sentimento que me fazia ficar tão mal.

Eu não tinha passado tanto tempo longe quando notei que algo estranho estava acontecendo. Enquanto meu primo e tio estavam viajando, eu me coloquei no lugar de ficar de olho naquele namoro inconsequente e foi em uma dessas olhadas que eu percebi que Georgie não parecia tão feliz quanto estava antes. Embora não desse tanta atenção, decidi ficar de olhos abertos para caso algo anormal acontecesse. E aconteceu.

Enquanto Georgie estava em aula, que por sinal era a mesma que eu, eu pedi para ir ao banheiro. Foi nessa volta pelo corredor que vi George conversando com uma garota que eu me lembrava ter visto na sala com ele. Eu não pude ouvir o que ele estava falado, mas a proximidade deles era tão grande que eu me aproveitei do fato deles não terem me visto e me aproximei sorrateiramente para ouvir a conversa. O trecho que escutei foi bastante esclarecedor:

— Não suporto vê-lo com aquela sem sal. Quando é que você vai largar aquela falsa lady e me assumir novamente?

Diante dessas palavras, um riso baixo pôde ser ouvido.

— Você sabe o que eu espero daquela relação. Quando eu conseguir mostrar que a virgenzinha não tem nada de santa, então estarei satisfeito.

— E o que você planeja fazer?

Outra risada...

— Segredo, minha querida.

— Não compreendo o motivo disso tudo, às vezes acho que estou perdendo tempo te esperando...

Depois de um silêncio rápido, novamente a voz masculina foi ouvida.

— Você não precisa compreender, só saber que eu não suporto a pompa dos Darcy, se mostrando apenas porque têm dinheiro e títulos...

— Isso é inveja...

Outra risada.

— Alguns dizem que sim.

— Hmm... E quando você vai colocar em prática?

— Se tudo der certo, irei aproveitar a viagem do irmão e amanhã mesmo colocarei meu plano em ação. No dia seguinte teremos um show. — ele riu.

— Hm, a gente podia começar um show agora...

Eu tentei ouvir mais alguma coisa, mas os sons que se seguiram me deixaram com vontade de vomitar, então me afastei e fui organizar os pensamentos no banheiro. Depois de um tempo pude concluir que eles só poderiam estar falando de Georgie e que iria fazer algo com ela no dia seguinte. Se eu tentasse falar com Georgie, com certeza ela não me ouviria, então eu precisava chegar até Will. Tendo chegado a essa conclusão, precisei de muita força para esperar até o fim da aula para usar o celular que deixei desligado na minha mochila.

Darcy ficou indignado com os relatos que eu tinha para ele e disse que seu pai estaria finalizando tudo ainda aquela noite para voltar o mais rápido possível. Eu tinha confiança nele. Embora Will só tivesse 13 anos, mesma idade que eu, ele era muito maduro, tanto física quanto mentalmente. Eu sabia que ele poderia enfrentar Wickham em um jogo de palavras e ainda vencer com larga escala. Não era algo que eu pudesse fazer.

No dia seguinte eu fiquei de olho neles dois e vi quando Georgie começou a deixar a escola com George. Foi com grande alívio que notei a presença de Darcy, que mal havia deixado o carro e já havia visto os dois. Eu estava preparado para sair correndo e defender o meu amigo, mas finalmente G tomou a decisão certa, se afastando de Wickham e indo até o irmão. Era uma cena muito boa de se ver, principalmente porque eu tinha alguma ideia do que poderia acontecer caso ela tivesse ido adiante.

Mais um dia se passou e eu me recusei a ir até a casa dos meus tios. Eu não poderia me intrometer mais nos problemas deles, principalmente porque eu não seria imparcial quanto a tudo... saber que Georgie estava passando por problemas era algo extremamente doloroso. E foi ainda com algum receio que eu recebi os dois no dia seguintes, fazendo o possível para evitar olhar para Georgie e apenas olhando para o meu primo. Para piorar, eu não esperava ver a cena que estava diante da gente, principalmente porque G. também estava ali: Wickham com a garota de alguns dias atrás, agarrados no meio do seu costumeiro grupo. Georgie correu com Darcy atrás dela, mas eu não conseguia desprender o olhar do imbecil que estava na minha frente. Eu não compreendia como alguém podia fazer tanto mal a alguém como G.

Eu sabia que Wickham era um daqueles caras metidos a gostosões que você sempre encontra nas escolas. E enquanto ele era o número um estava tudo bem, mas acho que a chegada de Will deve ter mexido com a cabeça do cara. Eu não achava Will essa coisa toda, até porque seria muito estranho se eu achasse, mas era notório o quanto ele parecia superior a todos os alunos ali, até Wickham que, mesmo alguns anos mais velhos, perdeu a maior parte das suas adoradoras para Will. E o que mais irritava o cara era que o meu primo não estava nem aí, sempre ignorando. Será que foi isso que o fez sentir tanta raiva dos Darcy? Isso não faz sentido!

Desse dia em diante Will estava continuamente me falando que não queria mais que G. namorasse até que estivesse madura o suficiente para não vê-la tão arrasada. Eu até presenciei algumas ações dele, quando, sem Georgie perceber, ele assustava alguns dos interessados nela. Eu não concordava com as ações dele, mas não podia dizer que não gostava. O problema é que em uma dessas vezes ele acabou vendo demais.

— Você tem olhado bastante para a minha irmã, Rick. Acredito que eu não preciso repetir que o tenho dito todos esses anos. — ele falou enquanto estávamos todos os três na piscina. Como se tivesse sido sacudido, eu desviei meus olhos de Georgie e virei-me para ele, assustado.

— N-não é-

— Não me importo, Richard. Se você respeita a nossa amizade, não tente nada. — finalizou mergulhando na piscina.

Durante o resto daquele dia eu tentei evitar os lugares onde Georgiana estava, afinal estava dando demais na cara. Quando éramos crianças as coisas eram diferentes e ninguém via a minha adoração como sinal de algo mais, mas agora que cresci tudo mudou, e não só a forma como somos notados, mas também o próprio sentimento. Antes eu só sentia o desejo de estar perto dela, mas agora eu me via necessitado de algo mais. Não adiantava ser apenas seu amigo, eu queria que ela me olhasse da forma como uma mulher olha para o homem que ama. Eu só não conseguia ter esperança de que isso aconteceria algum dia.

Ainda tentei permanecer por perto depois desse dia, mas meu primo não me deixava em paz e eu me via sendo acusado apenas pelo olhar que ele me dava sempre que eu estava na presença de Georgie. Eu precisava fugir, e foi isso que eu fiz. Usei de desculpas, cada vez mais idiotas, para permanecer longe da parte da família que eu mais amava. Depois de um tempo eles se acostumaram e pararam de me perguntar porque andava tão distante, o que foi de grande ajuda. Georgie, por outro lado, nunca tentou se aproximar, sempre calada mesmo quando estava na minha presença, e totalmente muda quando eu não a procurava. Eu não via motivo para permanecer ali, então achei que havia tomado a decisão certa.

Os meses se passaram e eu, embora sentisse falta dela, estava me acostumando com a distância. Mas as férias haviam chegado e eu fui arrastado para Pemberley! Como eu iria conseguir passar aqueles dias lá? Maldita hora que disse que estava livre antes de saber direito para o quê, agora não poderia voltar atrás sem deixar todos desconfiados. Mas, como eu não podia mais voltar atrás, só me restava lidar com aquilo da melhor forma possível. Eu iria sobreviver àquela semana!

No começo não foi tão difícil. Georgie não tentou se aproximar e, quando estávamos em grupo, eu tentava a todo custo desviar minha atenção a qualquer pessoa que fosse. Como Lizzie era a mais próxima a mim, com exceção de Charles e meu primo, eu me concentrei nela e não entendi quando ela me xingou na hora do almoço. Qual o problema com ela?

Depois de almoçarmos organizamos tudo para o piquenique que foi programado para a tarde. Eu tinha uma vaga sensação de que aquilo não iria dar certo, mas Charles insistiu para que eu fosse e acabei tendo que ceder. Que idiota eu fui, Charles mal se afastou de Jane. E foi enquanto estava olhando todos juntos no rio que Georgie puxou assunto comigo. Eu vinha usando toda a força que tinha para me manter afastado dela, mas não estava sendo fácil. E foi em meio a essa conversa que, receoso de que ela fosse embora, a segurei. Não poderia deixar que G. achasse que não era bem vinda. O problema é que Darcy viu isso e eu pude ver o quanto seu rosto estava sério.

— Você não escutou nada do que eu disse, Richard? — gritou Darcy assim que chegamos ao estacionamento.

— Não entendo o que quer dizer com isso. — repliquei tentando desviar o assunto o máximo possível, mas eu sabia que Will não seria facilmente enrolado.

— Você se considera um idiota? Então não tente se passar por um! Fique longe da minha irmã! — vociferou transtornado.

— Ela é minha prima, é normal que eu queira ficar perto dela! — respondi no mesmo tom. Darcy olhou-me com raiva em silêncio e riu.

— Você é louco? Acha mesmo que eu vou permitir isso? Ainda que Georgie quisesse, o que acho bem difícil, ela não faria nada sem meu consentimento. — apontou ignorando a minha afirmação anterior.

Eu podia ver que ele estava certo. Depois do que havia acontecido, Georgie dava ouvidos a tudo o que Darcy dissesse e nunca dava um passo sem seu consentimento, eu não podia esperar que ela aceitasse ir contra ele em qualquer momento. Seria um jogo perdido, eu teria que fugir enquanto ainda tinha tempo. Isso seria a atitude de um covarde, mas o que mais eu poderia fazer?

— É, você tem razão... — tornei depois de um momento em silêncio. — E eu não quero me meter nisso... Você, Darcy, ainda é como um irmão para mim... apesar de tudo.

Dito isso fui até o estacionamento e entrei no primeiro carro que eu vi. Em alguns minutos já estava na mansão e esperava estar em casa em poucas horas. Assim que estacionei pedi para que o carro fosse levado de volta e corri para o quarto que sempre era reservado para mim. Eu teria que fugir.

POV Elizabeth

— Então é isso? Darcy vem se comportando como um imbecil? — perguntei chocada.

— É... podemos dizer que sim.

— E você não vai fazer nada?

— É como ele falou, ela ficará do lado dele. — replicou. Bem... ele tinha um ponto, mas quem sabe Georgie pudesse enfrentar o irmão novamente? Ela havia feito aquilo mais cedo!

— Talvez... Mas talvez não. Georgie enfrentou Darcy hoje à tarde, quem sabe ela possa fazer novamente?

— Enfrentou? — perguntou surpreso. Eu ri.

— Sim. Se você parasse de ser tão tolo ela pudesse mostrar que é realmente capaz de lidar com o irmão. Sabe, embora não concorde com a forma dele agir, depois do que você me falou eu pude ver que ele tem lá seus motivos. Só não concordo com o fato dele não conversar com ela. Tenho certeza que Georgie tem algo a dizer sobre isso.

— Você tem razão, mas ainda assim...

— Chega, Richard. — exclamei impaciente, tinha certeza que ele estava tentando fugir novamente. — Não estou dizendo que você deve iniciar algo com ela agora, mas vocês precisam lidar com Darcy. Talvez se irem devagar com isso o cara aceita. Vocês são dois tolos, eu nunca deixaria ninguém ficar entre mim e o cara pelo qual eu tivesse interesse. Bem, só ele poderia dizer. — finalizei e, antes que ele pudesse recuperar o queixo que estava caído, virei-me e retornei para dentro da casa, antes que ele pudesse me acompanhar. Agora estaria por conta deles... e seja lá o que Deus quisesse.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Suas opiniões são muito bem-vindas, costumo ler todas. O próximo POV, como prometido, é do Harvey. Vai ter muita perversão, claro, assim como disse, mas meu segurança preferido também é humano e como em toda fanfic que se preza ele tem alguma coisa por trás. Ele já está bastante adiantado, eu vim escrevendo dois capítulos juntos porque tive um pequeno momento sem inspiração sobre o que escrever neste que liberei agora. Eu também tenho preparado uma boa surpresa para vocês que será liberada lá pelo capítulo 10 em diante, quem já viu o anime ou leu o mangá sabe que é por esse tempo que as coisas andam... e é aí que essa surpresa fará toda diferença. Quando eu levo muito tempo para postar é porque eu tenho preparado ela, que deve ser feita ao mesmo tempo que preparo cada capítulo (nossa, falei demais e já devem ter sacado. hehe). Enfim, até o próximo capítulo. Não farei promessas porque tenho três ocupações e ainda faço faculdade, mas postarei o mais rápido que eu puder. Bjs para vocês.



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