A próxima aula foi Português, e foi muito chato como a primeira. Eu não via problemas em aprender o que eles ensinavam, fazia parte do meu sangue memorizar o que saia da boca deles, e eles não podiam pedir algo que não explicaram. Mesmo assim era muito irritante ficar ouvindo-os, assistindo seus movimentos e seus berros para alguns ficarem quietos ou prestarem atenção. Nos breves segundos entre essas aulas Jennifer foi reconhecida por uma garota de cabelos castanhos que sentava na minha frente e que fez o aluno que sentava na frente de Jenn trocar de lugar com ela, mas depois elas não falaram muita coisa além de alguns sussurros de conversa de “reconhecimento”.

Finalmente almoço! E o sinal tocou, um que era muito irritante.

O que eu poderia comer? Foi a primeira coisa que pensei. Joguei todo o material da mesa na mochila do jeito que estava. Procurei por Melanie para me mostrar onde era a lanchonete daquela prisão. Mas ela foi levada por Anne porta a fora, e parecia que a ruiva não ia dividir a amiga com ninguém. A sala estava ficando vazia, com menos opções de gente para mim me aproximar. Jennifer juntava o seu material com cuidado. Olhei para a “conhecida” dela que parecia que não tinha outros amigos na sala e a esperava vendo o celular.

—Pode me mostrar onde é a lanchonete? Estou com preguiça de ter que procurar...

A menina me olhou e sorriu gentilmente concordando.

—Então vocês duas se conhecem á muito tempo?- perguntei enquanto andávamos pelo corredor. As suas se entreolharam com algum irritante segredo de garota e a menina, que se chamava Jeannine, disse apenas:

— Sim, mais ou menos isso. Minha mãe a conheceu melhor, e a vi algumas vezes.

Depois de me responder apareceram alguns alunos que eram amigos de Jeannine e ela conversou mais com eles do que comigo ou com Jenn que estava bem quieta.

—Você perdeu a língua ou coisa assim?- disse para ela que só me olhou.-Deve se soltar mais, eles são apenas humanos.

Então um dos amigos de Jeannine se aproximou e puxou conversa. Era um menino de boina e cabelos escuros que se chamava Will, o outro vestia moletom se chamava Chris e tinha uma menina de trança que se apresentou como Rose. Escolhemos algumas coisas e nos sentamos em uma mesa.

Depois de comermos, fui procurar meu armário e os meninos me acompanhavam e as meninas ajudavam a Jenn e mostravam a escola para ela. Chris pegousubitamente o meu papel para ver os horários e matérias, e se teríamos alguma aula juntos. Logo eles disseram um “oh não”. Perguntei o que aconteceu e eles disseram que eu teria aulas de educação física seguidas, uma delas ocupava um horário livre que o grupo tinha depois do intervalo.

***

Eu estava no chão novamente, muito irritado. O treinador magrelo e baixo levantou minha cabeça pela grade do capacete e gritou coisas. Agarrei seu pescoço firmemente, pois era a quinta vez, e já o tinha avisado para parar de gritar na minha cara. O homem segurava minhas mãos desesperado para se soltar e pelo ar que lhe faltava. Até que alguém chuta meu capacete e eu o solto atordoado.

O ruivo de categoria D do grupo de Raphael tinha o nome de Damian, chamando de Dan pelo resto do grupo de luta, ele tinha me jogado varias vezes no chão naquele dia e agora tinha me chutado. O encarei sentindo um pouco de sangue na boca e ia me levantar e revidar, mas ele pressionou meu ombro no chão.

—Se controle novato. -ele me avisou e me puxou do chão enquanto os outros ajudavam o treinador.

—Guarde essa sua raiva para as lutas garoto!- gritou o velho baixo, mas com músculos. -Quero você correndo! Vamos dê a volta pela quadra até que eu mande parar.

Damian arrancou o capacete de mim e me empurrou forçando-me a mover antes de desejar saltar para cima daquela miniatura de homem e deixa-lo em pedaços. Comecei a correr, irritado, junto com alguns outros alunos que se aqueciam. A aula de Jennifer devia estar mais legal que aquilo, jogos fáceis e dança.