Estava de frente para aquele bando de numero e outras coisas, com um giz na mão, o professor de um lado me olhando e os outros fazendo as outras contas do quadro. Não sabia por onde começar, mas não devia ser difícil e tentei fazer algo, mesmo com o professor me olhando. Depois de um tempo ele me fez parar dizendo que estava errado e me mandou fazer de novo. E isso se repetiu algumas insuportáveis vezes, e o professor não se dava ao trabalho de dar mais que um ou dois conselhos, mesmo vendo que eu era o ultimo ali. Então me cansei, larguei o giz e dei alguns passos para voltar para meu lugar em paz. O homem ficou indignado e falou algumas coisas não exatamente me incentivando a resolver a conta e avancei naquele insuportável. Porém Damian estava de olho, e perto, e saltou da sua carteira rapidamente se metendo na minha frente antes que pudesse resolver o problema daquele professor. O ruivo me encarou sério e começou a me empurrar para fora da sala.

–Roan, eu também não sou fã desse cara, mas ainda não pode fazer isso. -disse ele depois de passarmos pela porta. -Se isso acontecer logo agora que os policiais estão perto, seria inevitável eles nos encontrarem.

O encarei revoltado e encostei a cabeça em um dos armários próximos tentando esquecer e me acalmar.

–Damian pode voltar. –Disse a voz de Anne e o garoto a olhou estranhando. -Vamos, pode deixa-lo comigo. - E o ruivo voltou pra dentro da sala sem questionar.

–Porque você?- perguntei e ela deu de ombros.

–Melanie não é do tipo que sai no meio da aula e Damian tem problemas com essa matéria.

–Acho que ele pode tirar uma vantagem de ter protegido o professorzinho agora.

–Talvez...

–Roan, esta fazendo algo agora?- olhei para o lado e vi dois rapazes do clube de esportes e só neguei com a cabeça infeliz. -Que bom. Quer ver nosso treinamento? Vai começar daqui á pouco.

Esse clube não me interessava, desde que cortei o cabelo eles estão sempre por perto me olhando, falando algo, tentando puxar conversa e estavam me irritando. Porem não tinha muito que fazer ali, e não ia voltar para a sala, então concordei e segui os garotos junto com Anne, que sem ser convidada.

A aula deles era algo que chamaram de futebol americano, eu não entendia a diferença deste para qualquer outro. No inicio do treino deles fiquei sentado ao lado da Anne em um aparte da arquibancada que era sombreada apenas assistindo, mas não apenas o jogo deles, também as meninas da torcida que ensaiavam ali perto. De repente um homem se aproximou e perguntou se eu queria fazer algo treinando com os outros um pouco. Fingi pensar um pouco preferindo olhar as meninas, não estava a fim de dar atenção para aquele homem. Mas meu cérebro deu uma ideia, seria uma oportunidade de suavizar a minha irritação daquele dia e concordei seguindo o estranho até o campo, com Anne lançando um olhar indiferente.

Depois que o homem, que chamavam de treinador, explicou o que eu iria fazer e me vestiu com as proteções, fiz o meu melhor: derrubar alguns foi divertido e não peguei leve, nem mesmo com alguns do meu próprio time, eu acho. Só depois que os derrubava é que alguém me avisava que era o errado... No fim acabei deixando alguns machucados e outros doloridos. E toda a raiva daquele professor chato passou e podia dizer que até estava mais feliz.

Quando fui para o vestiário, onde Anne foi impedida de ir, estava certo que eles iriam parar de me perturbar por um tempo. Enquanto terminava de pegar a minhas coisas o armário, o treinador chegou perto e ficou comentando as coisas que fiz, mesmo eu tentando ignora-lo. Ele finalizou dizendo que eu devia entrar para o time. Parei no mesmo instante, era difícil acreditar que ele estava convocando alguém que deixou quase todos machucados. E o homem ainda ficou me olhando esperando uma resposta depois dos elogios. O olhei com um sorriso fino que não era de felicidade, neguei e depois fui embora para encontrar Anne, ou não.

Neste dia, depois de ficar na biblioteca, Alex me empurrou para a casa de Victor que pelo menos tinha uma mãe legal e que cozinhava bem.