Magia Negra escrita por Elliot White


Capítulo 6
A rave


Notas iniciais do capítulo

Já que estou tendo mais leitores, aqui vai um capítulo novo.



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– Ai ele está vindo! – Sussurrou Shirley meio infantil, com seu vestido rosa Pink e um casaquinho de lã branco já se escondendo atrás de uma das torres de pedra do corredor da escola; eu e sua irmã a acompanhamos.

Era o inspetor da Academia, o mesmo que me entregou os materiais, estava perambulando pela Ala das Bruxas. Como era noite não seríamos notadas. Depois que ele se afastou, Nina nos conduziu até uma estátua de gárgula também feita de pedra.

– Que coisa feia! – exclamei baixinho, enquanto a morena se aproximava da mesma levando a mão até a boca da coisa. Murmurou algo que eu não entendi e a gárgula começou a se mover causando um ruído rochoso até dar lugar a uma porta escura atrás dela.

Nina entrou pela estreita porta, a escuridão tomando conta, logo seu curto vestido vermelho sumiu, a próxima fui eu e depois Shirley, colocando a gárgula no lugar com magia.

Tinha uma escada de pedra que descia até um túnel, mal iluminadas por pequenas chamas dançantes que flutuavam no nada, quase grudadas nas sujas paredes. Não precisei perguntar se era magia.

Logo chegamos ao final do corredor, já se notando a porta da festa com iluminação piscada e colorida, e alguns alunos do lado de fora. Lá dentro era maior do que o que eu pensava, considerando que estávamos no subterrâneo. Era como uma festa normal, com tema sombrio e o som era heavy metal pesado. As meninas me levaram até um banco circular que mais parecia um pufe. Algumas pessoas passaram por nós, a maioria vestida como punks.

Shirley abriu a bolsinha dourada que segurava e pegou algo com o punho fechado. Ao abrir, ofereceu à sua irmã e a mim. Eram duas pílulas brancas, que eu demorei a sacar, era uma espécie de LSD.

– Ah... Eu não preciso disso pra me divertir. – falei depois de um tempo ainda imóvel.

– Relaxa isso aqui é light. – respondeu à loira abrindo um sorriso.

– Isso aqui não é como droga de humanos. – disse Nina apanhando sua pílula e tomando. – É muito melhor. Veja, não tem problema nenhum. Sua vez.

Levei timidamente minha mão até a da loira pegando a “droga” e colocando na boca. – Não vai fazer o mesmo?

– Preciso preparar outra coisa primeira. – a mesma se levantou indo até um garoto bonito em um canto isolado da festa.

– Ela é obcecada em conquistar os garotos com feitiços e depois partir seus corações. Se os professores soubessem, diriam que é “uma maneira errada de usar a magia”. – sussurrou sua irmã depois que ela saiu. Depois de um tempo sentadas, fui até a mesa de comes e bebes, precisava de alguma coisa já que não tinha jantado.

Belisquei um quitute aparentemente inofensivo e estava prestes a beber um pouco de ponche, e a mesa estava repleta deles, dos diferentes tipos, quando um garoto magrinho e de toca apareceu ao meu lado dizendo:

– Se eu fosse você não faria isso. – o encarei do pior jeito, mas ele continuou – cada ponche é encantado de um jeito diferente. Um te transforma em sapo, outro em rato. São trotes para os calouros.

Resolvi acatar seu aviso, afinal era uma festa de início de ano, havia muitos calouros e provavelmente ele tinha razão. Olhei de relance pra ele quando algo muito estranho aconteceu: seu rosto explodiu em sombras e em um segundo seu corpo havia sumido, deixando apenas um ruído como de um arroto. Fitei o chão, de onde o barulho vinha, percebendo um montinho de roupas, obviamente as dele, e no centro um enorme e nojento sapo coaxando.

– Que bagulho é esse? O que tinha naquela pílula?!

– Vai dizer que ele não está bem melhor assim? – sibilou uma voz venenosa acompanhada do estalar de um par de saltos altos, a mesma sombra que envolveu o rapaz dissipava das mãos dela até sumirem.

– Nina? Você que fez isso? Por quê?!

– Sunori, ele é um nerd, nem parece um bruxo, é uma vergonha para nós. Se pretender continuar andando com as Kent, é melhor não se misturar mais com esse tipo de gente.

“Que preconceituosa”, pensei. Pela primeira vez estava notando quem realmente Nina era. Estava parecendo àquela fada e a sereia metidas.

– Volta aqui amorzinho, Paula! Gata não faz isso comigo! – exclamava um garoto forte andando a passos largos pelo salão em meio ao som pesado. Era o mesmo cara que Shirley estava antes.

Falando na loira, estava ela dançando rapidamente ora com um menino ora com outro, parecendo se divertir com aquilo, e o outro a seguindo, parecendo dependente dela.

– Shirley? O que houve, por que ele te chama de Paula?

– Oi, Su. É que eu o fiz ele beber uma coisinha, e agora ele pensa que eu sou sua namorada.

– Eu pensei que o seu lance fosse conquistar os garotos.

– E é, mas é muito mais divertido destruir um casal que formar um novo, queridinha. – a loira sorriu, como se tivesse dito a coisa mais normal do mundo, enquanto saía do salão rodopiando conforme a música sendo seguida pelo sujeito iludido.

Subitamente soltei um gritinho ao sentir um toque chocante em meu ombro enquanto estava distraída. – Tome esta bebida, não tem feitiço. – Nina me ofereceu um copo e eu peguei, bebendo um gole. – Mas tem álcool – a morena sorriu, mas eu não me importei com isso, na verdade não iria saber se ela não dissesse o líquido era levemente ácido, como um frisante.

Minutos depois de beber, vi um vulto familiar correr entre a multidão, mas não tinha certeza do que vi. Isso não deveria estar acontecendo. – Eu já volto – me despedi de Nina enquanto vagava pela festa procurando o sujeito; andar calmo, porém rápido, alguém com quase 2 metros de altura, com uma habitual toca na cabeça. Só faltava o par de orelhas pontudas que recentemente eu soube que pertenciam a ele, Ricardo. Não pode ser.

O que ele estaria fazendo aqui? Procurando-me, em um lugar que ele disse odiar? No entanto eu não parava de ver seu rosto pelo salão, mas com tanta gente não conseguia encontrá-lo; parecia mais um jogo de pique - esconde irritante. Aquele solo de guitarra nas caixas de som parecia que iam estourar meus tímpanos, enquanto uma dor de cabeça atordoante me tomava conta. Se fosse a bebida que a Kent me dera que causou isso, ela iria me pagar.

– Ei, o que ‘tá pegando, gatinha? – uma voz de zombaria vinda de um cara alto e cabeludo, vestido como um metaleiro disse enquanto se aproximava de mim. Eu ainda com a mão na cabeça não dei muita atenção. – Quer se divertir um pouco? – já estava passando as mãos em mim – me solta! – gritei o afastando enquanto saía de perto dele, percebendo que estava em um canto isolado do terreno subterrâneo que agora parecia imenso aos meus olhos. Uma porta que eu não tinha notado antes chamou minha atenção.

– Vai se fazer de difícil pro Big Boss? – o garoto voltou, agora impondo sua força sobre mim, tudo que eu podia era gritar por socorro, até que ele pôs sua grande mão em minha boca. Por sorte estávamos tão próximos que consegui dar uma joelhada nas suas partes baixas, o fazendo gemer de dor como uma alma torturada. Dizem que os mais fracos se dão bem em golpes de cotovelo e joelho, e era verdade.

– Vadia! – berrou o troglodita enquanto minha perna era atingida por uma rajada de magia que me fez cair, nada muito grave, mas o estrondo que aquela bruxaria fez quase detonou meu cérebro. Eu não devia ter vindo a esta festa.


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Notas finais do capítulo

Gostaram da nova capa? Ficou bem melhor na minha opinião.
Aqui vai a segunda versão dela:

http://eltojohnny.deviantart.com/art/Teenage-Tragedy-Version-1-467821803