CAPÍTULO 12: Rachel me dá uma missão

A TENSÃO DOS CAMPISTAS AO redor da fogueira no anfiteatro era quase palpável enquanto Quíron explicava de forma resumida sobre os acontecimentos do dia, desde a chegada de Sam até a visita da deusa Hécate. O centauro decidiu poupá-los da notícia sobre a Terceira Grande Profecia estar possivelmente acontecendo também, ao menos por enquanto, pois os campistas já estavam exauridos e preocupados demais, com toda aquela história de Segunda Grande Profecia que já estava acontecendo e o desaparecimento de Percy Jackson, filho de Poseidon e namorado de Annabeth, e aparentemente um campista querido no acampamento.

Annabeth, Piper, Jason e um garoto chamado Leo, partiriam dali a alguns dias em busca dele num lugar chamado Acampamento Júpiter, que era um acampamento para semideuses romanos – de onde Jason viera. Como se toda aquela loucura grega não bastasse, pensou Sam.

– Por que Hécate o enviou se ele não é um semideus? – perguntara um dos campistas olhando com curiosidade para Sam. Os outros concordaram com murmúrios desconfiados.

Annabeth trocou olhares com Quíron. O centauro lhe lançou um olhar de advertência que podia muito bem ser entendido como “Agora não é bom um momento”.

– É isso que precisamos descobrir – respondeu Annabeth. – Hécate o enviou aqui para nos ajudar em alguma missão, ainda não sabemos qual será...

Os murmúrios apenas se intensificaram. Sam percebeu que a fogueira parecia agir de acordo com o humor dos campistas. As chamas estavam altas, escuras e agitadas naquele momento.

Ele olhou para a pequena multidão que ali se formava. Encontrou Bela e Kurt ao lado de um bando de campistas que pareciam ser os mais agitados. A menina de olhos bicolores parecia incrivelmente desconfortável, talvez tanto quanto ele estava se sentindo. Seus olhos se encontraram e ela o encarou da mesma maneira que o encarara da primeira vez que a viu naquela lanchonete. Ele desviou os olhos para Kurt que ergueu um polegar em sinal de positivo.

– Mas iremos descobrir – finalizou Annabeth e olhou para Rachel, que se levantou pigarreando. Os campistas se calaram imediatamente observando a garota ruiva se postar próxima à fogueira.

– Nesse caso, Sam precisa de uma profecia para seguir sua missão – disse ela. À luz púrpura da fogueira seu rosto parecia fantasmagórico.

Dois campistas se aproximaram com um banco de bronze no momento em que a ruiva fechou os olhos e desfaleceu. Eles a sentaram no banco. Quando Rachel abriu os olhos eles estavam brilhando, mas não estavam escuros como momentos antes, e a fumaça que se movia sob seus pés era verde e não branca. A mesma fumaça verde saiu por sua boca quando ela falou:

“O meio-sangue indefinido guiará

Pelo deserto entre los e las.

Acompanhado da magia e do ladrão,

O deus perdido, juntos eles encontrarão.

Muito cuidado pelo caminho,

Inimigos distintos estão surgindo.”

Rachel desmaiou em seguida sendo amparada pelos mesmos campistas que vieram com o banco. Eles a tiraram dali levando-a para a Casa Grande. Um silêncio inquietante se instaurou. O único som era o do fogo crepitando na fogueira e respiração conjunta de uns cinquenta ou sessenta campistas.