Chega uma hora na sua vida em que você se pega sentado ou deitado em algum lugar, com os olhos fixos em um ponto qualquer, divagando sobre toda essa questão de existencialismo. Normalmente, é quando as coisas parecem complicadas demais. E como as coisas sempre parecem complicadas para mim, eu sou um existencialista o tempo todo. Mas eu prefiro refletir enquanto aprecio uma boa bebida; por isso, fui à Starbucks mais próxima que tinha no meio do trajeto casa/trabalho e pedi uma xícara fumegante de café. Fumegante e doce por que sou basicamente feito de açúcar, de tão existencialista.

Eu mexia a colher em sentido horário enquanto misturava o creme com o conteúdo em si e me senti imediatamente melhor. Juro. Só o ato de pensar em beber me deixou mais animado. Então optei por deixar a xícara em cima da minha mesa, pagar a conta e simplesmente sair. Não havia uma política a respeito de não beber depois de pagar, mas havia uma política sobre os horários que os funcionários deveriam chegar. E todos ali me conheciam bem o suficiente para saber o quanto eu precisava daquele emprego e o que aconteceria se eu usasse a desculpa do café para justificar mais um atraso. Entreguei uma nota de dez dólares, deixei o troco para a caridade e resolvi sair. Mas como todo desastrado, era necessário fazer com que uma estranha esbarasse em mim e derrubasse tudo o que tivesse em mãos.

Ela me xingou publicamente, e foi bem engraçado. Era como se ela estivesse gritando e falando em um megafone ao mesmo tempo. Depois de se recuperar completamente, pegou o meu café, que estava em uma mesa próxima de nós, e jogou todo o conteúdo na minha cara.

— Está faltando açúcar. — Comentei, lambendo os lábios lambuzados. — Muito açúcar. Acho que alguém amargou o ambiente. — Acrescentei. E simplesmente saí.

Por que eu sabia que voltaríamos a nos esbarrar por aí.