“Você fez isso.” “Skye, você fez isso!” “Você fez isso com a Jemma!”

Eu poderia jurar que a May estava repetindo aquilo cada vez mais alto e que sua voz ficava mais estranha a cada segundo. Poderia jurar também que era mais de uma voz gritando aquilo contra mim. “Você fez isso!” A voz continuava a invadir a minha mente, me acusando de um jeito cada vez mais assustador. Eu não podia acreditar no que estava acontecendo. Eu havia feito aquilo com a Jemma.

– E-eu... – engoli minhas palavras. – EU FIZ ISSO COM A JEMMA?!

– Skye, acalme-se – Coulson tentou chegar perto de mim, mas eu me levantei e olhei para as minhas mãos sujas de sangue. – Você não sabia o que estava fazendo...

– Fui eu, Coulson. – Dei alguns passos para trás, meus olhos já estavam marejados. – Eu matei minha melhor amiga.

– Ela ainda está viva, Skye! – Fitz tentou acalmar-me, mas eu estava desolada. – Ainda podemos...

– Matem-me! – Gritei e abri os braços encarando todos eles. – Eu não vou conseguir viver com isso! Olhem para a Jemma! Ela nem mesmo abre os olhos... Eu já fiz mal o suficiente... Por favor...

– Skye! – Ward correu até mim e me abraçou. – Olha pra mim, Skye. – ele segurou o meu rosto e olhou nos meus olhos. – Você jamais machucaria nenhum de nós de propósito. Você é boa... E especial. Você não fez isso. Loki fez! Ele apenas a usou para isso. Ele poderia ter usado qualquer um de nós se quisesse. – comecei a respirar normalmente e a voltar ao normal. – Vamos, precisamos pensar em um jeito de salvar a Simmons. E pra isso você precisa colocar a cabeça no lugar.

Ward estava certo. Aquilo tudo era culpa do Loki. Eu nunca faria aquilo com a Jemma, só mesmo sob o domínio de outra pessoa pra que aquilo pudesse ser possível.

– Okay – respirei fundo, abrindo os olhos em seguida. – Vamos nos concentrar em Jemma.

– Filha – Idunna aproximou-se de mim. – Quando você estava presa naquele trono e eu presa naquela plataforma, você conseguiu criar um escudo de proteção para mim, para que eu não fosse arrastada pela tempestade de Hela.

– Skye, você ainda é um imã de energia. – May lembrou-se.

– Eu sou o quê? – ergui a sobrancelha, confusa.

– A mamãe poderia ajudar Simmons, se ela fosse asgardiana, mas ela não é. As frutas do pomar sagrado só rejuvenescem os Aesir e sua amiga não é um deles. Mas você, Skye – Skadi aproximou-se de mim. – Você pode usar a energia da mamãe para curar ela.

– E isso é possível?

– É, afinal, você é uma mistura de Midgard com Asgard... Um meio termo. Só você consegue deslocar a energia de um plano a outro.

– Então... Podemos tentar?

Fitz segurava a cabeça de Simmons e eu me ajoelhei novamente ao lado dela. Aquela coisa vermelha ainda ardia no meu pulso quando eu o fechava com força, então concluí que aquilo ainda corria nas minhas veias. Idunna ajoelhou-se ao meu lado e os outros formaram uma meia-lua ao nosso redor, assistindo tudo ansiosos.

– Pronto. Eu vou tocar no pulso de Idunna e em seguida, Fitz, você retira a espada dela. Rapidamente. – Fitz fez uma cara de medo. – Acha que pode fazer isso?

– Posso – ele suspirou. – Tudo para que Jemma fique bem.

– Okay, então todos. Vamos fazer isso de uma vez

Tomei fôlego e olhei minha mãe por alguns segundos até ela acenar com a cabeça, dizendo que estava pronta. Segurei no seu pulso com força e imediatamente senti como se 60 mil volts percorressem todo o meu corpo e não pude evitar que o grito saísse rasgando a minha garganta. Soltei minha mãe e Skadi a segurou para que ela não tombasse com a fraqueza que a atacou. Eu estava praticamente convulsionando quando olhei para Fitz e ele assustado puxou a espada de uma vez. Simmons suspirou com o impacto, sentindo seus pulmões perdendo todo o pouco ar que ela ainda possuía e nesse momento, coloquei as duas mãos sobre os pulsos dela, e mais uma onda de volts percorreu o meu corpo, só que desta vez, nós duas, Jemma e eu gritamos ao mesmo tempo. Quando aquilo terminou, senti minha cabeça latejando e minha visão ficando turva por alguns instantes até que tudo ficou escuro e eu perdi os sentidos.

– Skye? – abri os olhos devagar e duas cabeças de Ward dançavam na minha frente. – Skye? Você está bem? – ele perguntou, me ajudando a sentar.

– Eu não sei... Acho que estou. – comecei a recobrar a consciência. – Deu certo? Cadê a Simmons?

– Eu? – Me virei para o lado da voz e me deparei com uma cientista sorridente com a roupa suja de sangue e nem um arranhãozinho sequer. – Skye? – ela passou a mão na frente dos meus olhos. – Parece que está vendo um fantasma. – ela brincou.

– Jemma! – gritei, sentindo meus olhos romperem em lágrimas. – Jemma, me perdoa, por favor! Não era eu, eu... Eu não sabia...

– Claro que não era você, Skye – ela sorriu, e eu afundei minha cabeça no ombro dela. – Eu conheço você... E além do mais, você que me salvou.

– Era o mínimo que eu poderia fazer, Simmons... Eu não conseguiria viver com isso. Não sabendo que havia matado minha melhor amiga.

– Você não matou ninguém, sua boba. – ela deu um tapa no meu ombro, revirando os olhos. – Olha eu aqui.

– É, você está aqui. – Voltei a abraça-la, não acreditando que aquilo havia dado certo.

– Simmons, Skye. – Coulson aproximou-se de nós duas e sorriu. – Bem vindas de volta.

– Perdemos muita coisa? – A voz de Lady Sif ecoou na enorme planície e Thor estava atrás dela. A nave voltava a ficar visível.

– Não, muito – Coulson respondeu, divertido. – Só a Skye voltando ao normal e ressuscitando a nossa cientista.

– Brilhante, garota! – Thor estendeu uma mão para mim. – O que você fez pela sua amiga foi algo de muita bravura. Digno de um Aesir.

– Obrigada, Thor. – Respondi, sentindo as bochechas ficando vermelhas. – Era o mínimo. Eu amo essa garota. – Puxei Simmons pelo ombro e beijei o topo de sua cabeça. – Sem ela eu não teria quem meter em encrenca.

– Hey! – Simmons protestou, mas logo concordou comigo. – Tudo bem, tudo bem.

Todos riram ao redor.

– Agora, entendo o que mamãe dizia sobre você, Skye – minha irmã (ainda é estranho chamá-la assim) aproximou-se de mim, sorrindo. – Altruísta, linda, alegre. Você é uma garota muito especial.

Abaixei a cabeça sorrindo, não sabia ao certo o que responder, havia passado por muita coisa em pouco tempo.

– Você também é, Skadi. Sem você, eu não seria eu de novo. – abracei-a, com os olhos lacrimejando novamente.

– Pessoal – Coulson olhou para todos nós com orgulho. – Parabéns a todos e muito obrigada aos gigantes e aos deuses que nos ajudaram a trazer nossas garotas de volta.

Todos sorrimos, felizes por ter dado tudo certo.

– Mas agora, temos que voltar para a Terra. Afinal, ainda somos agentes da S.H.I.E.L.D.