May e Ward simplesmente não podiam acreditar em seus olhos. À sua frente, Skye tinha uma postura completamente diferente daquilo que conheciam. A altivez saltava em seus olhos e seu olhar enegrecido causava calafrios. Era verdade que ela estava linda. Linda e aterrorizante ao mesmo tempo.

– Skye, você não é...

– Cale-se! – Skye pediu o cetro de Loki e deu alguns passos na direção de Ward logo em seguida. – Eu não quero precisar esmagar o seu lindo rostinho. – ela alisou o rosto de Ward com o dorso de sua mão fria. – Hoje eu tenho outras prioridades...

– Skye, por favor – Ward pensou mil vezes antes de fazer aquilo, mas ele a amava e tentaria mostrar isso a ela quantas vezes fosse preciso. – Essa não é você – ele colocou uma das mãos na cintura dela e segurou seu rosto com a outra mão. – Você é boa, altruísta, cari...

A mesma mão que alisava o rosto de Ward, desceu para o pescoço e com quase nenhum esforço, Skye suspendeu ele do chão, enquanto a outra mão segurava o cetro do mal. Loki apenas sorria de braços cruzados, encostado em uma coluna de alvenaria, admirando os belos atributos de sua nova criação.

– Oh, meu querido – ela dizia fingindo compaixão. – eu não sou a sua Skye!

A nova Skye apertou o pescoço dele até suas unhas começarem a penetrar no seu pescoço. Ward se contorcia, mas sua força não era suficiente para se livrar dela. Nem mesmo o seu treinamento de anos poderia ajuda-lo no momento.

– S-sky-e – ele pronunciava quase sem voz.

Num estalar de dedos, Ward estava caído no chão e Skye estava caída mais atrás com quinze quilos de parede desabando sobre ela. Loki continuava sorrindo ao ver a plateia do seu pequeno show aumentando. Thor havia chegado, e sua primeira atitude fora lançar seu martelo na direção dos dois e acertar Skye na cabeça. Com o impacto, a nova Rainha de Niflheim foi atirada há alguns metros até encontrar com a parede.

– Vossa alteza... Bem, se lembra da parte: “tente não machuca-la”? – Coulson virou-se para o deus, interrogando-o.

– Sim, Philip, filho de Coul. Mas eu devo proteger Skye, e não Hela. E agora, precisamos derrota-la primeiro para depois protegê-la.

May correu até Ward e o tirou do meio do fogo cruzado. Havia apenas algumas pequenas de gotas de sangue em volta do seu pescoço. Fitz-Simmons estavam perplexos com aquela outra versão da Skye. Jemma não conseguiu encarar a amiga por muito tempo sem que aquilo a abatesse e Fitz precisou ser forte o suficiente para segurar os dois naquele momento.

– Seja forte, Jemma. Nós vamos salvá-la, tá bem? – ele abraçou a amiga que ameaçava um choro. – Você precisa se concentrar nela, okay? Precisamos ficar bem nesse momento.

Ele a olhou docemente e Jemma apertou os olhos com força, puxando o ar como se ele estivesse fugindo dela. Respirou compassadamente e voltou a concentrar-se no que importava naquele momento: descobrir uma maneira de trazer a amiga de volta.

– Okay – ela respondeu, suspirando – Vamos dar um jeito nisso.

– Juntos. – Fitz a segurou pelos braços e olhou nos seus olhos para lhe passar confiança.

– Juntos – Jemma repetiu, sorrindo para ele.

– Você vai se arrepender por isso, Senhor Trovão! – Skye pronunciou em tom de ameaça, enquanto saía dos escombros.

Skye levantava-se do chão, apenas com um corte superficial na cabeça. O sangue negro escorria quente pelo seu rosto e quando desceu para o canto da boca, ela usou a língua para limpar o próprio sangue. Ward e Coulson fizeram uma cara de nojo. Aquela definitivamente não era a Skye.

– O que você fez à garota, Loki? – Thor girava o mjolnir, tentando intimidar o irmão.

– Eu só a trouxe de volta, irmãozinho.

– Isso não é uma boa resposta. – Thor aproximava-se com cuidado, cercando os dois. – O que pretende fazer com Hela?

– Qual das duas? – ele brincou com o deus. – Esta aqui ou aquele verme que estava se arrastando minutos atrás? Agora você me confun...

– Aquele verme a que você se refere, está em Niflheim agora. E a essa altura ela já deve ter conseguido seu pequeno exército, Loki. Não vê o que está prestes a acontecer?

– “Seu pequeno exército?” – Loki soltou uma gargalhada. – Este sempre foi o problema dela. Hela nunca conseguia pensar grande. Ela se contentava com os restos, com as sobras! Tinha lá os seus feitos e me orgulho por tê-la ensinado, mas... Ela não é boa o suficiente para mim.

– Ela não é má o suficiente, você quer dizer, não é? – Lady Sif resolveu entrar na conversa, desembainhando sua espada reluzente.

– Como quiser, minha cara Sif – ele debochava da postura dela. – O fato é que com a minha nova Hela – ele apontou para Skye. – Eu posso ter tudo.

– Exato – foi a vez de Skye falar novamente, após limpar a sujeira de seu vestido. – Em breve nosso exército ressurgirá e se encarregará dos nove reinos. E só haverá uma família no poder – Skye soltou uma risada macabra, que fez Jemma arregalar os olhos. – Assim que trouxermos sua amada Frigga de volta – ela dirigiu-se a Thor. – Ela reinará eternamente conosco.

Skye falou com uma voz doce, num misto de ironia com dissimulação e Thor não deixaria aquilo sair barato. Ninguém tocava no nome de sua mãe daquela maneira e saía impune.

– Não. Toque. No nome. Da minha mãe! – o deus pronunciou furiosa e compassadamente, e uma rajada de trovão foi ouvida pelo grupo.

– Oh, é uma pena eu não ter trazido meu guarda-chuva. – A Nova Hela estava pedindo.

– Com certeza vai precisar mais do que isso pra escapar da minha ira!

Sem esperar nem mais um segundo, Thor partiu pra cima dela e os dois começaram a lutar. Loki assistia tudo com um sorriso e de vez em quando apreciava a expressão de desespero por parte do outro grupo. Aliás, ele apreciava isso frequentemente.

Skye era rápida e seu corpo lançava uma espécie de toxina extremamente corrosiva. A cada soco que ela levava, mais o líquido negro se espalhava pelo corpo de Thor e Skye só parecia estar mais viva. Não importava a força do golpe, a cada ferimento, ela sugava o próprio sangue que se esvaía e isso trazia sua força novamente.

– Ah, Thor – ela disse revirando os olhos enquanto zombava dele. – Podemos ficar nisso o dia todo.

Thor estava no chão, enquanto o líquido negro o fazia se contorcer. Aquilo ardia desesperadamente.

– Como está vendo, querido irmão, a minha nova Hela é muito mais poderosa. E ela tem uma característica especial – Loki aproximou-se do imão, batendo em seu rosto para que ele permanecesse com os olhos abertos – Ela é um imã de energia.

– Imã de energia? – Melinda e Coulson perguntaram em coro.

– Sim. Digamos que ela tem tamanho controle sobre as moléculas do seu corpo que ela é capaz de se apropriar das características químicas e físicas do objeto, desde que ele seja de origem alienígena.

Todos permaneceram com uma expressão de interrogação.

– Humanos – ele balançou a cabeça negativamente. – Eu esperava pelo menos de você, Sif! Isso é uma vergonha até mesmo para Asgard...

– Eu não sou obrigada a saber como funciona sua arma do mal. – ela rebateu, amarga.

– Tudo bem, tive uma ideia! – Loki olhou para Skye. – Vamos para uma pequena demonstração – ele sorriu para Skye, puxando-a delicadamente pelo braço. – Para o próximo truque, precisaremos de um voluntário da plateia.

Ele era mesmo cínico. Encarou os candidatos um a um, esperando que alguém desse um passo a frente. Todos sabiam como aquilo funcionaria. Se ninguém se voluntariasse, ele começaria a chamar os nomes.

– Ninguém quer participar? – Skye insinuou um choro. Ela era tipo uma cópia do Loki na sua versão feminina.

– Okay, então. Dada a indisposição de vocês, eu terei de escolher um – ele avaliou todos os presentes. – Você, garota. Dê um passo à frente.

Jemma sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Ele não podia estar falando sério.

– Você é surda, garota? – Skye perguntou, acenando com a mão para que Jemma se aproximasse. – Eu não mordo – Skye pronunciou com um tom estranho. – Eu faço muito pior...

Fitz não conseguiu assistir àquilo. O garoto antes pálido, estava vermelho e não pôde conter uma lágrima que rolou no seu rosto. May, que estava ao lado de Fitz, colocou sua mão no ombro do rapaz e suspirou, afastando-se do grupo logo em seguida. Ele apenas continuou assistindo Jemma se dirigindo até Skye, sem fazer a mínima ideia do que aconteceria com ela.

– Pronto – Loki amarrou Simmons a uma cadeira há uns dois metros de onde ele e Skye estavam – Como é o seu nome, querida?

– Jemma Simmons. – a cientista respondeu indiferente, tentando parecer calma.

– Senhorita Simmons, você irá descobrir o que acontece quando se é atingido por um raio de energia do meu cetro pessoal, okay? – Loki informou, achando tudo aquilo muito engraçado.

– É muito simples, Jemma – Skye pronunciou o nome da amiga e Simmons estremeceu por dentro. – Primeiro eu toco no cetro de Loki – ela apertou o objeto firmemente entre as mãos. – Depois, eu sugo a energia do cetro para o meu corpo.

As veias dela pulsavam fortes e era possível ver os impulsos percorrendo um caminho que ia a partir do seu pulso para todo o seu corpo. A energia do cetro se espalhava pelos braços da garota e suas veias pareciam ter vida própria. Tudo nela estava brilhando com aquele líquido rubro-negro que ela tinha dentro de si.

– E agora – Skye deu uma pausa, apontando uma das mãos na direção dela, pronta para disparar o raio. – Vem a melhor parte...

Jemma olhou para Leo e ele pôde ler um “Eu te amo, Fitz” saindo dos seus lábios trêmulos. Uma lágrima descia calada pelos seus olhos e ela os fechou com força logo em seguida.

– NÃO!!

Fitz bradou desesperado, enquanto Coulson e Ward o impediam de correr até Jemma. Ele não suportaria vê-la morrer. Muito menos quando acabara de descobrir que ela também o amava. “Raios, Jemma! Isso são horas de se relevar algo assim?” Ele poderia brigar com ela se não estivesse com o rosto enterrado entre as mãos. Ele nunca seria capaz de superar aquilo.