Lírios escrita por Alex


Capítulo 1
Lírios




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Você gosta de lírios? Na verdade, a resposta não importa muito. O que quero é te advertir sobre uma coisa: se uma garotinha que aparenta ter 8 anos lhe oferecer esta flor, recuse. Essa menininha de cabelos loiros e olhos azuis pode parecer um anjinho, mas não se engane: há um terrível motivo para ela te dar esse lírio.

Em uma época distante, havia uma linda criança chamada Lydia Leroy que amava flores, principalmente lírios. Todos os dias, ela ia para um campo perto de sua casa para colher alguns destes.

Lydia era filha única. Seu pai era prefeito da cidade e sua mãe dona de uma loja de produtos importados. Ambos viviam atarefados, assim como os empregados. Por isso, evitava ficar em casa e preferia a companhia das flores.

Um dia, enquanto fazia uma tiara, o vento ficou forte. Os lírios que compunham sua coroa voaram em seu rosto e o pólen sob seus olhos. Após um rápido gesto para tirar essas partículas que atrapalhavam sua visão, Lydia viu sua flor brilhando... E flutuando. Encantada com aquela cena, tentou aproximar-se, mas o lírio começou a voar para outro lado. Ingenuamente, a garota seguiu o corpo luminoso. Não notou antes, mas, quando olhou para seus pés, vi que, por onde pisava, o chão ficava florido. Fascinada com aquele novo evento, ela tentou pisar em outros lugares, mas nada acontecia. Apenas quando ela ia em direção ao lírio que aquilo ocorria. Hipnotizada novamente, seguiu a flor. E correu.

Depois de um tempo, a fonte luminosa começou a diminuir sua velocidade, quase parando. Lydia percebeu que, na sua frente, havia uma gruta. O lírio lentamente entrou e a garota foi atrás.

Por fora, a caverna parecia pequena, mas, por dentro, ela era enorme. Qualquer um poderia se perder ali, em meio à escuridão, mas, por mais estranho que pareça, Lydia era guiada pela luz da flor.

Quanto mais a garota adentrava a gruta, mais calor ela sentia. Teve a impressão de que estava descendo, mas achou que era sua imaginação.

Então, um cheiro que, a cada passo, tornava-se mais insuportável. A garota até parou algumas vezes e recostou-se nas paredes e rochas, sentindo o bile subir sua garganta. Mesmo naquele estado, continuou seu caminho. Algo estava prestes a acontecer... E Lydia Leroy queria ser a primeira a descobrir o que era.

Depois de passar por várias galerias, o corpo luminoso finalmente parou em um beco sem saída. A garota olhou em volta e sentiu calafrios. Aquele lugar cheirava a morte. Havia sangue escorrendo pelas grossas paredes e esqueletos por todos os lados. Pensamentos horríveis invadiram sua mente e a ideia de continuar ali não era nada agradável. Tudo que Lydia queria era apenas pegar o lírio, mas, naquele momento, ela desejava simplesmente fugir dali.

- Pegue – uma voz feminina falou – Não tenha medo; pode pegar.

Apenas Lydia, a flor e os esqueletos estavam ali. A autora da voz não parecia estar em lugar algum, mas a garota estava calma.

- Pegue-a... – insistia.

Lydia encarou o lírio. Ele era lindo e a voz angelical parecia sincera e inofensiva. Aproximou-se da fonte primária, esticou o braço e, de repente, quando tocou na flor, a voz continuou:

- Pegue... – aquilo que era doce tornou-se grosso e tenebroso – Pegue a garota!

No dia seguinte, o sumiço da filha do prefeito estava em todos os jornais. Uma recompensa absurda seria dada para quem a encontrasse. Muitos tentaram enganar os pais, mas os dois não eram tolos: sua filha era única.

Foi então que, uma semana depois, quando o Sol começou a se pôr, um rapaz, Richard McGarden, de 21 anos, teve a “sorte grande”: na sua frente, Lydia Leroy sorria, estendendo um lírio para ele.

- Pegue – oferecia a garota.

- Estou rico! Estou rico! – alegrou-se o homem – Venha, senhorita. Vou te levar para casa – afirmou, pegando a mão dela.

Lydia não se mexeu. Apenas continuou ali, com a flor na mão.

- É seu... – insistia a filha do prefeito.

Richard suspirou, tentando conter sua raiva. Agachou-se para ficar na mesma altura que a menina e pegou a flor.

- Muito obrigada, senhorita Leroy – sorriu o rapaz.

- Não... – Lydia sorriu maliciosamente – EU que agradeço.

“Pegue... Pegue essas almas!”

Quando a garota tocou inocentemente no lírio naquele dia, uma coisa horrível aconteceu. O que era uma simples flor tornou-se um fogo eterno, que queimaria a branca pele de Lydia pelo resto da sua vida. A garota agonizou, gritou e sofreu, mas ninguém veio para socorrê-la. O cheiro de sua carne sendo queimada com o terrível cheiro de fezes e urina ficaram impregnados em seu nariz e ela chorou. Qualquer um sofreria com isso. Foi então que a mesma voz, áspera e grotesca, resolveu ajuda-la sob uma condição:

- Você deverá voltar ao seu mundo e me trazer 5 milhões de almas. Eu preciso delas e você, pequena dama, irá me ajudar. Se você cumprir a promessa, deixarei sua alma descansar em paz, mas se recusar... Farei com que este fogo te queime por toda a eternidade, até mesmo depois de sua morte. Por isso, pegue... Pegue essas almas!

O que aconteceu naquele dia mudou totalmente a vida da inocente Lydia. Porém, isso não é o que realmente importa. A questão é: o que acontecerá com as almas? Acredite, querido leitor, se você soubesse quem era o autor da voz... Você nem iria querer descobrir o que pode acontecer... O que irá acontecer... Mas continue a sua vida normalmente. As 5 milhões de almas estão longe de serem coletadas. Entretanto, se uma garotinha que aparenta ter 8 anos lhe oferecer esta flor, recuse. Essa menininha de cabelos loiros e olhos azuis pode parecer um anjinho, mas não se engane: há um terrível motivo para ela te dar esse lírio...

Em uma pequena gruta, nas profundezas de suas galerias, é possível avistar cinzas e, em cima deles, uma linda flor branca... Pode ser linda, mas não ouse tocar nela... Jamais.

E então, caro leitor... Você gosta de lírios?


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