Em um ranking de todas as coisas idiotas possíveis que eu poderia ter feito em minha vida, bater no alarme de incêndio da escola enquanto beijava minha melhor amiga e fazer com que evacuassem todos os alunos com toda certeza fica em primeiro lugar.

Mas era pior ainda era saber que agora eu estava trancada no ginásio da escola, e se não bastasse, eu tinha deixado Maiara presa lá junto, nossa Pâmela, como você é idiota!

Eu comecei a ficar preocupada com minha situação e a de Maiara, até que ela tentou me acalmar dizendo:

– Está tudo bem Pâmela, nós podemos esperar até abrirem o ginásio durante as aulas da tarde, e na pior das hipóteses, teremos que usar nossos celulares para ligar pra alguém da escola vir abrir o ginásio.

Depois de ouvir isso, eu fiquei aliviada, deuses, como Maiara era esperta, e o jeito dela falar me acalmava, eu estava me sentindo muito melhor, até o momento em que lembrei do pequeno fato de que não haveria aula á tarde nesse dia, e que eu e Maiara tínhamos deixado nossos celulares com Naty já que estávamos de saia.

Quando eu disse o que pensava para Maiara acabei fazendo com que ela começasse a se desesperar, e agora me sentia uma idiota completa em dobro por fazer a garota que gosto ficar preocupada.

Ficamos um bom tempo vagando pelo ginásio procurando por um jeito de sair, mas estava tudo trancado. A porta de entrada do ginásio, a saída de emergência e até as janelas que ficavam acima das arquibancadas, estávamos completamente trancadas.

Depois de andarmos por um longo tempo, eu e Maiara cansamos de andar e decidimos sentar na arquibancada para descansar.

–Bom – começou Maiara – Na pior das hipóteses, a gente sai daqui somente amanhã de manhã.

Percebi pelo tom de voz dela que ela estava chateada, então pensei em animá-la.

–Veja pelo lado positivo Maiara, nós estamos juntas aqui... sozinhas!

Um pequeno sorriso começou a se formar no rosto de Maiara, e isso me deixou extremamente feliz, eu adorava ver Maiara sorrir!

–Você é incrível Pâmela, consegue achar um lado positivo em tudo, e acho que isso é uma das qualidades que mais me faz gostar de você. – Disse Maiara começando a se aproximar de mim.

Foi então que decidi o seguinte: “Dessa vez , eu vou tomar a iniciativa!”, e subitamente, deitei Maiara no chão da arquibancada, e a beijei como se minha vida dependesse dela.

Enquanto isso...

–Ei galera, vocês não acham que esse alerta de incêndio não foi pegadinha de alguém do terceirão? – Perguntou Carlos ainda vestido de capivara.

–Provavelmente, afinal, até agora ninguém achou algum local da escola que estivesse pegando fogo. – Respondeu Othávio agora já sem fantasia.

–Mesmo assim, é algo um tanto quanto idiota apertar o alarme de incêndio para sair da escola num dia em que só se têm um desfile. – Disse Naty também já sem fantasia.

Carlos, Othávio, Naty, Mariana, Igor e Leonardo estavam do lado de fora da escola divagando sobre o que teria feito alguém apertar o alarme de incêndio sem a real necessidade disso, quando Leonardo disse:

–Ei galera, vocês lembrar da Pâmela e da Maiara terem saído do ginásio?

Todos balançaram a cabeça negativamente.

–Ah – exclamou Naty – Acabei de lembrar que elas me entregaram seus celulares um pouco antes do desfile por não poderem guardá-los em suas saias.

–Alguém se ao menos consegue se lembrar onde elas estavam antes de tocarem o alarme de incêndio? – Perguntou Igor enquanto abraçava carinhosamente seu namorado Leonardo.

– Que eu me lembre, Pâmela foi pro banheiro chorando depois de cair durante o desfile e pouco depois Maiara foi atrás dela. – Lembrou Mariana

–Será que elas não ficaram trancadas no banheiro? – Perguntou Naty

–Eu acho uma boa idéia nós irmos conferir – Disse Othávio se já indo em direção ao portão de entrada da escola.

Todos concordaram e seguiram Othávio, somente Igor e Leonardo ficaram parados ainda abraçados.

–Vocês não vêm? – Perguntou Mariana para Igor e Leonardo.

– Nós já vamos não é amor? – Perguntou Igor dando um sorrisinho para Leonardo.

–É, já vamos... – Respondeu Leonardo devolvendo o sorriso para seu amado.

Mariana então resolveu seguir o grupo deixando o casal gay com suas melosidades de lado.

Após o grupo de amigos chegar no portão, Othávio disse:

–A situação é a seguinte, o diretor dispensou e proibiu todos os alunos de voltarem para a escola hoje, ou seja, se ele nos ver indo para o ginásio, podemos levar uma suspensão.

–E pelo que eu me lembre, o ginásio foi trancado, então como vamos conseguir pegar a chave e abrir o ginásio sem sermos vistos? – Perguntou Naty

– É simples – Disse Carlos como se já tivesse uma resposta para esse problema – Um de vocês me arremessa para a secretária que é onde ficam as chaves da escola,e com minha incrível velocidade, eu corro para o ginásio sem ser visto e confiro se as meninas ainda estão lá. É claro que quem me arremessar terá que ter grande conhecimento da física para não errar a trajetória do arremesso.

–Carlos, essa foi com toda certeza, o plano mais idiota que você já fez – Disse Mariana encarando Carlos com um olhar de raiva.

Todos voltaram a pensar em uma forma de chegar até a secretária sem serem vistos e também abrirem o ginásio, até que Naty disse:

–Tive uma ideia genial, como de todos nós, o único ainda fantasiado é o Carlos, ele pode servir como uma distração para que quem estiver cuidando da secretária saia de lá, deixando assim o caminho livre para que nós peguemos a chave do ginásio e cheguemos até ele sem sermos vistos.

–Mas e se eu for pego? – Pediu Carlos.

– Não foi você que disse que tinha uma incrível velocidade? Sendo assim é impossível te pegarem. –Disse Mariana

Um tanto quanto envergonhado, Carlos tentou se defender embaraçado:

–Eles podem não conseguirem me alcançar, mas e se virem o meu rosto?

Como se já estivesse pensando nisso, Othávio entregou uma máscara que guardava no bolso para Carlos.

–Ganhei essa máscara de um aluno do segundo ano durante o desfile, eu achei ela totalmente inútil, mas até que agora ela veio a calhar.

A máscara era a cara de uma batata sorrindo, e sem ter escolha, Carlos a colocou e disse:

–Vocês vão ficar me devendo uma por isso.

Após dizer isso, Carlos saiu correndo pelo pátio da escola, onde se encontrava um professor, que ao ver um garoto vestido de capivara e usando uma máscara de batata sorridente, começou a persegui-lo.

Naty, Othávio e Mariana apenas observavam tentando não rir da cena, até o momento em que Carlos começou a dançar de um jeito totalmente ridículo na frente da secretária, fazendo com que o professor que estava lá dentro também começasse a persegui-lo, desse modo, conseguindo atrair os dois professores para o segundo andar da escola, deixando o caminho livre para seus amigos pegarem a chave do ginásio.

Os três saíram correndo para a secretária quando Carlos conseguiu levar os dois professores para o segundo andar. Chegando na secretária, os três começaram a procurar pela chave do ginásio, até que Naty exclamou:

–ACHEI! Estava em cima da mesa do diretor.

–Muito bem Naty, agora vamos depressa para o ginásio – Disse Othávio.

Os três alunos agora estava correndo em direção as escadarias do ginásio, quando se percebem que Carlos esta descendo do segundo andar e indo em direção aos três.

Quando se aproxima do grupo, Carlos fala com uma voz um tanto cansada:

–Aqueles dois professores tapados ainda estão me procurando no banheiro do segundo andar, mas acho que em pouco tempo eles estarão aqui, então é melhor nos apressarmos.

Ao ouvir isso, Naty corre pela escadaria até chegar na porta do ginásio e a destranca.

Quando os quatro amigos abrem a porta do ginásio, se deparam com a cena de Pâmela e Maiara deitadas no chão do ginásio se beijando loucamente sem perceber que alguém havia aberto a porta.

Após alguns segundos, Othávio resolve dizer:

–Desculpe a intromissão garotas, mas acho que seria uma boa ideia nós sairmos da escola antes que sejamos pegos por algum professor.

Ao ouvirem isso, Pâmela e Maiara param de se beijar e levantam rapidamente envergonhadas. Um breve momento de silêncio se segue pelo ginásio, até que as duas garotas resolvem sair da escola com o grupo de amigos.

–Obrigada por virem nos tirar do ginásio, pensamos que iríamos ficar trancadas até amanhã ali – Disse Maiara

–Não foi nada – Disseram Carlos, Othávio, Mariana e Naty.

–E sobre aquilo que vocês viram acontecendo ali dentro, nós meio que...

Antes que Pâmela terminasse a frase, Othávio diz:

–Do que você está falando, tudo o que vimos foram duas amigas sentadas na arquibancada esperando serem salvas do ginásio, não é mesmo pessoal.

Entendendo o que Othávio quis dizer, Carlos,Naty e Mariana concordaram com um leve sorriso, o que faz Pâmela e Maiara começarem a rir.

Ao saírem da escola, o grupo de amigos se depara com Leonardo e Igor se beijando próximos ao portão da escola.

–Obrigado pela ajuda dos dois. – Diz Carlos ironicamente para o casal gay

Igor e Leonardo param de se beijar e começam a rir, e logo todos vão para suas casas, restando apenas Pâmela e Maiara na frente da escola.

Ambas ficam quietas por longos minutos, até que Pâmela resolve falar:

– Bem, sobre o que aconteceu essa manhã... eu gostaria que você não me odiasse por acabar deixando nós duas trancadas no ginásio.

Maiara começa a rir, o que deixa Pâmela envergonhada.

–Pâmela, eu não estou brava com você por isso, na verdade, acho que ficar trancada com você no ginásio foi algo realmente bom, não se preocupe com isso.

Agora Pâmela se sentia feliz, tudo aquilo que aconteceu naquela manhã foi incrível para ela, e ela realmente não desejasse que aquilo entre ela e Maiara acabasse, então, meio que lendo seus pensamentos, Maiara se aproxima e beija Pâmela calmamente.

Um beijo longo e sereno, criando um momento que Pâmela desejava nunca acabar.

Continua...