(Hiatus) The Soul escrita por Rose


Capítulo 4
Epílogo Parte Um - Capítulo Três, Perdida


Notas iniciais do capítulo

Ah, meus queridos leitores!! Primeiramente, muito obrigada. Estou radiando felicidade com o apoio e os comentários, e espero que continuem com toda a beleza de vocês manifestando-se AHUAHAUHA.
Gostaria também de dar um agradecimento especial à Isabella. Querida, espero que não se importe, mas acatei a sua ideia de um Jared sem camisa.
Torço para que curtam o capítulo, boa leitura!!



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— Peg? – Jared me puxa violentamente de meus devaneios.

— Sim? – estou extremamente desanimada. Esse desalento está se refletindo em cada parte do meu ser. Não consigo fingir que estou esperançosa.

— Você se importaria se eu tirasse a camisa? – ele pergunta e se apressa em completar – está muito calor. Acho que vou ensopá-la se continuar um segundo a mais com ela – ele está sendo honesto. No entanto, não sei se posso permitir que ele faça isso.

De fato, o mormaço é mais arrebatador quando não estamos em movimento, sentindo a brisa de encontro à velocidade do nosso jipe. Eu mesma sinto as gotas inoportunas de suor escorrer pela minha face, mas infelizmente, não posso ficar de roupa íntima na frente do Jared. Acho que ele também deve me respeitar.

— Claro – todavia, é claro que não consigo negar isso a ele.

Ele não percebe, mas seus movimentos ao retirar a roupa são sutis e calculados. Não está envergonhado, e se Melanie souber disso, com certeza haverá uma espécie de agressão física. Tento não encará-lo e levo o meu olhar ao retrovisor.

Não sei como não escutamos o som do motor, mas eu vejo: um caminhão está se aproximando de nós, vindo pacientemente pela estrada vazia.

— Jared! – eu o aviso, e ele parece perceber no mesmo instante que eu que teremos companhia.

Os últimos raios de sol do dia estão formando um foco central de luz no pára-brisa, fazendo com que meus olhos se semicerrem automaticamente. O barulho do veículo está ficando cada vez mais alto e me incomoda profundamente. Sinto medo, muito medo. Medo de sermos pegos, medo de que uma alma seja inserida no Jared, e diferentemente de Melanie, ele seja suprimido. Medo de que eu não volte nunca mais a rever meus amigos, a rever o Ian. Ah, medo de deixar o Ian. Jared procura os óculos nos bolsos e os põe apressadamente.

Eu ajeito minha posição no banco do carona, de relaxada para compenetrada.

Os fios de meu cabelo grudam em minha testa, mas meu olhar está sério e preparado para elaborar uma mentira. Buscadores não costumam dirigir caminhões, mas eles podem se infiltrar facilmente no cotidiano. De qualquer forma, almas também podem denunciar o paradeiro de humanos. Jared é humano.

Jared finge estar tentando entender o que acontece com o motor de nosso jipe, com a camiseta jogada no ombro. Eu finjo estar desinteressada, mas de um jeito simpático que não traga desconfianças.

O caminhão para. Estou nervosa e minhas pernas estão irrequietas.

Um homem salta da cabine e começa a caminhar preguiçosamente em nossa direção. Respiro em alívio. Suas vestes e seu modo de andar me dizem que é humano. É impossível que seja uma alma.

Ele usa camisa xadrez e calça jeans escura, uma bota de escalada marrom e um boné de time de beisebol. Sei que é desse esporte porque Jamie gosta de me ensinar essas coisas.

Ele está mastigando alguma coisa que eu não sei dizer o que é de longe.

Conforme ele vai se aproximando, o homem limpa a garganta e se prepara para falar.

— Problemas? – seu sotaque é evidente, mas não sei identificar de qual região provém. Eu sorrio, mas ele não se dirige à mim; está puxando conversa com Jared.

— Pistões – ele se limita a dizer, em um tom abafado como se estivesse cansado. Deve estar.

— É bom ver um humano de vez em quando. Sou Michael – ele muda o peso de seu corpo do pé direito para o pé esquerdo. Posso finalmente ver que ele mastiga algo que Jeb costuma mastigar de vez em quando; tabaco.

— Jared – ele responde, abaixando o capô e limpando as mãos. Jared repara nos olhos castanhos do homem e resolve guardar os óculos escuros, provavelmente, para estabelecer confiança.

— Que azar, não? No meio da estrada precisar de pistões em um mundo como esse. Vou ver se George pode ajudar – ele se vira de costas e ergue o braço – George, traga seu traseiro aqui! – ele grita e se vira novamente para nós, aparentemente curioso. – E você, querida?

Eu ainda estou olhando para frente. Ele não percebeu que meus olhos são diferentes. Sinto meu estômago embrulhar, porque por mais que existam cada vez mais almas cooperando com humanos, ainda somos um tabu para alguns grupos de sobreviventes.

— Peregrina – eu respondo. Minha voz é doce e simpática, como eu esperava que ela fosse. Mas eu posso detectar a leve gagueira que há nela. Espero que seja só eu.

— Que nome... Espere aí – ah não. Bom, isso é inevitável. Resolvo mostrar a ele o que sou de uma vez por todas. Vai nos poupar tempo.

Arregalo bem os olhos e ele suspira. Não sei se me despreza ou se está frustrado.

— Ela está com você ou com você? – ele pergunta, mudando a entonação da preposição.

— Comigo – Jared usa o primeiro tom – Ela é minha amiga – ele completa, sério.

— Amiga, huh? – o homem pigarreia e parece desconfiado.

Eu bufo e reviro os olhos, concentrando-me em olhar para frente. Não gosto dele.

Alguém se aproxima de Michael. Olho de soslaio e percebo que é um homem gordo e está trajando o mesmo tipo de roupa que ele. Tem olhos esverdeados e o cabelo ruivo, sardas e algumas marcas profundas no rosto ao redor de seu grande nariz. Ele é familiar, mas não me lembro de onde eu o conheço, e provavelmente não o conheço.

— Crianças – ele diz rapidamente e funga o nariz.

— George, esses são Jared e Peregrina. Estão com problemas nos pistões – Michael o informa. De repente, percebo que George não está interessado em perguntar a Jared o que aconteceu.

Ele me encara com firmeza. Parece perplexo e sua expressão está surpresa e aterrorizada. Acho que ele não encontra palavras para se expressar, porque tenta mexer a boca, mas não produz som algum. Então ele aponta para mim, como se eu fosse uma aberração.

— É a Maggie! A minha menina! O que você fez com ela? – sua voz é pesarosa e seus olhos estão marejados. Ele parece desesperado, e embora eu saiba que não me chamo Maggie, ele continua apontando para mim.

— Como assim? – Michael parece dividir a surpresa do amigo repentinamente. Jared e eu nos entreolhamos. Estou assustada.

— O que essa coisa fez com a minha menininha? – agora ele parece furioso e seu olhar é fulminante. Sinto que ele irá me espancar até a morte em questões de segundo, e apenas uma distância desprezível nos distancia – o banco do motorista.

— Ei, calma aí – Jared caminha até o meu lado, dando a volta pela frente do jipe. Ele percebe como estou tremendo descontroladamente, mas não pede calma para mim, e sim para os dois “caipiras”.

— Eles enfiaram essa coisa na minha menininha! – George desabou a chorar, mas a fúria ainda se escondia em suas íris intactas pelo verde oliva.

Jared pousa sua mão em meus ombros, quem sabe na esperança de me reconfortar, mas tudo o que eu sinto com o seu toque é medo. Não me sinto segura. Jared poderá protegê-la mais apropriadamente, ouço Jeb dizer em minha mente. Mas não é assim.

— Tirem ela da minha Maggie agora! – ele grita e as veias de seu pescoço saltam bruscamente. – Tirem-na! – ele repete.

De repente, compreendo. Esse corpo pertenceu a alguém antes de Pet ser inserida. Mas esse alguém foi suprimido muito antes de eu me tornar eu mesma. Por mais que eu vasculhasse as memórias, não acharia nada além de risadinhas de Pet.

— Sinto muito, garoto – diz Michael, e estou tão atordoada que vejo apenas um vulto do que ele está segurando. Tenho um atraso de cerca de dois segundos até identificar o objeto; uma arma. Ele saca uma arma e a aponta para Jared.

Ouço um barulho. Ele cai ao meu lado, no chão. O sangue avermelhado escorre através de um enorme rombo no ombro direito de Jared e ele não consegue manter seus olhos abertos. Deve doer tanto... O choro começa a achar caminho pelos meus olhos.

Estou desnorteada demais para notar com clareza o que está acontecendo. Michael atirou no ombro de Jared, e este desmaiou. Eu morrerei sem me despedir de Ian. Sem dizer mais uma vez que eu o amo. Partirei de meu tão amado planeta.

Tudo o que vejo são cores desfocadas. Após alguns breves instantes, sinto alguém me carregando. Finalmente, permito a mim mesma desmaiar. Não quero saber o que irá acontecer comigo. Respiro fundo e deixo que a escuridão tome conta de meus pensamentos.


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Notas finais do capítulo

E aí? Não se esqueçam de se manifestar, hein!! Amo os comentários de vocês, darlings. s2
Xoxo