Panquecas, o cheiro que inunda a casa logo pela manha. Que me faz levantar da cama e começar o dia de bom humor.

- Acorde logo, nee-chan… -falava o meu irmão, sentando-se na beira da minha cama e remexendo os meus cabelos cor de mel. -Se não acordares agora, vais perder o autocarro.

-Bom dia… -falei bocejando e abraçando meu irmão. Levantei-me da cama e fui até à cozinha comer as maravilhosas panquecas com chantili e morangos que só o meu irmão sabe fazer. – Está tão bom! Obrigada.

Ele me mostrou aquele seu lindo sorriso e eu sorri de volta. Pronta para mais um dia de aulas, entrei no meu quarto vestindo meu uniforme escolar preto e branco e fui para a casa de banho acabar de me preparar. Calcei meus sapatos, peguei minha mochila, peguei meus headphones e despedi-me do meu irmão com um forte abraço.

-Estou saindo. Até logo! – disse saindo de casa e caminhando um pouco até à paragem do autocarro.

O dia estava quente e uma suave brisa fazia meus cabelos se moverem lentamente.

O autocarro tinha chegado. Entrei sentando-me nos últimos lugares, já era hábito meu ir para longe das pessoas aliás eu não tencionava falar com ninguém, para que é que me iria sentar próximo delas?

Já se tinham passado dois meses de aulas, e depois de mais dois dias de aulas, as férias de verão chegariam. Estava ansiosa para que elas chegassem, eu queria relaxar sem ter que me preocupar com testes ou trabalhos de casa. Os dias têm passado depressa, espero que no verão não seja assim…

~~~~ (O///u///O)/~~~~

Primeiro dia de férias:

Hoje o meu irmão vai na sua segunda lua de mel, com a sua mulher Yukio. E eu ficarei sozinha esse tempo todo… e ficarei bem.

-YUKA? – gritou meu irmão, fazendo com que a minha concentração na leitura desaparecesse.

-SIM? – respondi de maneira a que ele conseguisse ouvir.

-Estou partindo, fique bem sim? – disse meu irmão abrindo a porta do meu quarto e soltando um sorriso. – Já agora, a Yukio me pediu para o seu primo, Shigure ficar a viver com você durante as férias para que ele não fique sozinho… ele é da sua idade por tanto eu aceitei.

-O QUÊÊÊ?? – gritei levantando-me da cadeira e olhando desesperadamente para o meu irmão.

-Yuka, mais tarde ou mais cedo vais ter de fazer amigos, por tanto essa é a tua oportunidade.- aproximando-se remexeu meus cabelos.

-Quan..do é que ele vem? – perguntei com uma vontade de me atirar da janela abaixo.

-Hoje, daqui a duas horas, se arranje. – dando uma risada leve, Kabuto olhou para o meu cabelo desarrumado.

-Bem… ATÉ!! – gritou saindo de casa e fechando a porta rapidamente.

Observei-o pela janela a entrar no carro e a ir rumo ao aeroporto.

“Pode ser que até corra bem… aliás é só um rapaz.”-pensei, dando um leve sorriso.

Tomei um banho morno, penteei o cabelo e vesti uma roupa mais apropriada, seria falta de educação estar de pijama… pelo menos acho que seria isso que o meu irmão iria dizer numa situação destas. As horas foram passando e eu nem dei conta. Estava a navegar pela minha imaginação enquanto lia um livro realmente muito inspirador, para mim.

De repente, tocam à campainha.

-JÁ VOU!!- gritei me dirigindo à porta, e disse abrindo-a – Bem-vindo…você é o Shigur-re certo?

Ele respondeu que sim com a cabeça e entrou. Ele é bem alto, suponho que deve de ter mais ou menos um metro e setenta. Cabelos pretos desarrumados e olhos escuros como seu cabelo.

-Seu quarto é por aqui.- dirigi-me a um quarto que tínhamos de sobra, era bem espaçoso, uma cama de casal e tudo. – Aqui. Têm aí uma casa de banho só para você, se precisar de alguma coisa diga, estarei na cozinha preparando o almoço.

-Você ao menos sabe cozinhar? Eu quero comer algo de jeito…- perguntou-me agarrando-me no braço.

-Claro que eu sei! E podia ser mais simpático não?

-Duvido… e não eu não podia!

-IDIOTA! Veja se me fala como deve de ser!! OUVIU?- soltei o meu braço da mão dele e me dirigi à cozinha. – Ele vai ver…

Preparei o almoço, estava pronta para mostrar para aquele idiota como eu sabia cozinhar, ele ia se arrepender se continuasse a reclamar.

[POV Shigure ON]

-A COMIDA ESTÁ PRONTA!! –um grito me acordou dos meus pensamentos. Fui direto para a cozinha e sentei-me em uma cadeira, ao meu lado estava ela sentada e à minha frente se encontrava uma grande malga de ramen. Comecei a comer.

-Demasiado salgado. – disse sorrindo levemente, apontando para a malga.

-M..as só há isso, vai ter de comer e acabou, ou então passe fome! – ela comia cada vez mais rápido, parecia enervada.

-Então seu nome é? Você ainda não se apresentou… -perguntei me aproximando da sua cara.

-N-Não precisa de saber… e você não se apresentou eu apenas já sabia o seu nome- respondeu-me brutamente e afastou-se.

-Eu não acho justo você saber o meu e eu não saber o seu não é?

-Y..Yuka…-disse cruzando os braços.

-Que nome bonitinho… – disse aproximando-me.

Dei um sorrisinho pervertido.

-Nunca mais me dê esse sorriso idiota, está bem? Você se pode arrepender. –ela me falou olhando-me de lado com uma cara muito séria.

[POV Shigure OFF]

-Se acabou, me dê sua malga para lavar. – falei de cabeça baixa. Ele me entregou a sua malga e eu coloquei na máquina de lavar que estava bastante cheia.

Caminhei até ao meu quarto e sentando-me na cama desfeita, coloquei os meus headphones vermelhos cor de sangue. Fiquei quieta de olhos fechados, escutando música e senti aquele idiota me espiando. Abri os olhos e lá estava ele me admirando da porta, sua camisa estava um pouco aberta. Virei minha cara para o outro lado.

-Dei permissão para me estar olhando assim? -perguntei grosseiramente.

-Quem disse que eu precisava de permissão para estar olhando para você? – perguntou entrando.

-Saia, me está distraindo eu preciso de me concentrar.

-Concentrar...hum… em quê?

-Em fingir que não tenho um idiota em minha casa que pensa que manda e que se vai arrepender se continuar desse jeito.

-Idiota? Está cá mais alguém? Pensei que fosse o único convidado… - ele soltou uma gargalhada.

-Hahahah… muita piada seu idiota. – ri forçadamente e sarcasticamente.

-Já que não me vai deixar em paz, parece que vou ter de sair… -levantei-me da cama peguei minha mochila e coloquei as coisinhas de praia lá dentro.

-Vai à praia é? Eu vou com você, não vou ficar aqui sozinho sem fazer nada…

-Faça o que quiser, desde que não me atrapalhe. Eu vou apenas aproveitar meu primeiro dia de férias. – saí do quarto empurrando-o para trás para puder passar. Senti ele dando um sorriso leve, quê? Esse rapaz é algum tipo de masoquista? Gosta quando as pessoas o empurram? Se ele quiser eu faço isso de novo… idiota.

Saí de casa, o dia estava perfeito para a praia! Estes últimos dias as temperaturas tinham aumentado bastante! Fomos de autocarro até à praia, eu fui nos bancos de trás, claro e aquele idiota foi ao meu lado… como ele me enerva. NÃO ENTENDEU QUE EU NÃO QUERO SOCIALIZAR?

Chegando à praia, coloquei minha toalha, preta, vermelha e branca na areia fina e quente. Coloquei meu guarda-sol espetado na areia e depois de tudo arrumadinho, me deitei na toalha lendo um livro bem interessante, para mim. Ele falava da vida de um assassino, ele se identificava bastante comigo, só que eu não ando por aí matando pessoas.

- Não quer ir no mar? – ele me perguntou tirando a sua camisa.

-Claro… vou só acabar de ler esse capítulo e… – ele me interrompeu, levantando-me pelo braço e puxando minha t-shirt para cima.

- O que… RAIO ESTÁS A FAZER?? – perguntei afastando-o.

-Vamos logo! – ele sorriu alegremente como uma criança.

-Você me irrita…- cedi, retirando minha t-shirt e os meus calções, ficando com um biquíni novo que havia sido um presente do meu irmão. Aquele idiota me arrastou, quase literalmente, para o mar fazendo com que ficasse logo molhada. Estivemos na água bastante tempo, eu adoro água. É tão linda e … adoro o movimento das ondas. De repente, Shigure agarrou a minha mão e disse:

-Vou buscar sorvetes, quer um?

-Sim, por favor…-disse afastando as suas mãos.

-Já volto! – sorriu.

Voltei para a minha toalha para continuar minha leitura, estava tudo tão tranquilo… sem aquele idiota por perto.

-Bom, dia deseja alguma coisa?-perguntou-me uma voz um pouco rouca.

Olhando para cima pude reparar que era um velho vendedor ambulante.

-Hum… sim, por favor. Vende protetor solar?- olhei na minha mochila, tinha-me esquecido completamente.

-Vendo sim, aqui está. São dois euros e meio, por favor.- o vendedor ambulante me sorriu. Retribuindo-lhe com um sorriso, disse:

-Muito obrigada! – entreguei as redondas e douradas moedas, que brilhavam à luz do sol.

O vendedor se afastou e eu pude usar o protetor solar. Era de uma marca bem conhecida, das melhores até! E tinha sido bem barato… tenho de comprar mais coisas a esse senhor. Passava protetor solar na minha pele branca que ficara agora, mais branca ainda.

-Aqui! Pega, se não vai derreter! – Shigure tinha finalmente chegado com o meu gelado.

-O….Obrigada- hesitei um pouco, pensando – “será que eu deveria mesmo dizer obrigada a esse idiota…enfim…”

Peguei o gelado e acabando de passar o protetor, agarrei-me a comê-lo. Gelado de Baunilha e Pedacinhos de chocolate, o meu preferido… ao menos o idiota sabia escolher. Ele estava comendo um gelado de chocolate e nata, parecia delicioso também.

Depois de acabar de comer o delicioso gelado, voltei a deitar-me na toalha e a ler aquele fantástico livro. “Hum… ainda hoje o conheci e já vim à praia com ele… um pouco estúpido, mas pronto.”-pensei olhando o céu e dando um leve sorriso que fez com que Shigure lhe desse atenção.

-Fantástico, você sorriu! Milagre. – ele deu uma gargalhada.

-Engraçadinho…. – ri sarcasticamente.

As horas foram passando e por alguns momentos me sentia ser observada, olhei para o lado, mas Shigure estava demasiado ocupado a olhar para as meninas que passavam à nossa frente. Está a ficar frio… é melhor ir para casa. O sol se punha e a maior parte das pessoas começavam a arrumar as suas coisas e a ir embora.

-Shigure, vamos embora? Shi-Shigure-e? –olhei para o lado e lá estava ele a conversar com uma rapariga qualquer que provavelmente não a conhecia de lado nenhum… enfim, eu vou embora.

Peguei nas minhas coisas e aquele idiota nem notou, COMO É POSSÍVEL NÃO NOTAR QUE O GUARDA SOL NÃO ESTAVA LÁ MAIS? Meu deus…

Caminhei pela areia já morna e dirigi-me à esplanada lá perto, tinha sede, precisava de algo para beber.

Cheguei à esplanada e à espera de ser atendida, no balcão, sinto alguém me puxando pela cintura e encostando-se a mim.

-LARGA-ME SEU PERVERTIDO!! SHIGU… - enervada, me soltei e olhando para trás vejo que.. não era o Shigure.

Quem será o rapaz que se agarrou a Yuka? Descubram no próximo capítulo.