Esse é o Meu Pai escrita por Virgo


Capítulo 18
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

A música citada é Style - Nishino Kana. Eu adoro e recomendo.
Quem leu o Gaiden do Kardia talvez reconheça uma cena, cena que eu adoro e sempre choro toda vez que leio o mangá.
Cap novinho em folha :) Divirtam-se ou chorem, isso aqui era pra ser um drama :p



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Fukano morreu naquela noite.

Ikki chegou a voltar, passou todo esse tempo buscando a cura para o sobrinho e acabou trazendo Shaka nas costas, dizendo que ele era compatível com Fukano, e os testes comprovaram isso, mas já era tarde demais. Fukano já tinha partido.

Eu gostaria de dizer que ele se recuperou por milagre, mas não, ele só parou de respirar.

O velório dele ocorreu na Grécia, mais especificamente, no Santuário. O caixão do menino era branco, assim como suas vestes e seu caixão estava repleto de flores, principalmente folhas de acanto, que representavam o renascimento, e rosetas do gênero prímula, que simbolizam a virtude e pureza. A expressão de Fukano era tão serena, parecia estar adormecido, parecia que qualquer coisinha o tiraria de seu brando sono. As máscaras de Amazona de sua mãe estava sobre seu peito, a sua ficara com o pai.

Lágrimas escorriam pelo rosto de todos os presentes, a magoa ocupava o coração de todos e por mais que os músicos se esforçassem, seu trabalho só fazia a dor aumentar.

Eu também gostaria de dizer que algum bem resultou disso. Que através da morte de Fukano todos continuariam vivos. Ou que a vida dele teve um significado grandioso, que ele viraria lenda como seu pai e tio. Que fizeram uma estátua para ele. Que os deuses alteraram alguma lei divina por conta dele. Mas nada disso aconteceu. Como ele mesmo vivia dizendo, ele era um figurante da história, passou pela vida sem se destacar, apesar de ter feito algo importante conquistando a Armadura de Sírius e evitando uma possível Guerra Santa, não fez mais nada do que isso, apenas viveu seu tempo como qualquer outra pessoa. A única lembrança de que um dia ele existiu seria o nome talhado na lápide, pelo menos enquanto as intemperes não o apagassem.

Ele só se foi. E os demais, tinham que continuar.

Chovia. Seu caixão desceu a terra enlameada e lúgubre de forma lenta, prolongando as despedidas de maneira dolorosa. Seu túmulo ficava ao lado do túmulo da mãe, nada menos justo do que deixar mãe e filho juntos. Ao lado destes havia uma pedra, onde mandaram entalhar os dizeres:

“Apesar de ninguém mais lembrar meu nome, eu quero lhes dizer que todos aqui fizeram de tudo para honrar Atena. Que todos aqui, lembrados e esquecidos, deram suas vidas pelo que acreditavam, ou o tempo lhes foi bom e permitiu-lhes bem viver. Todos aqui compreendem suas dores e jamais lhes deixaram sozinhos. Apesar de agora estarmos brincando entre as estrelas, correndo junto ao vento pela doce grama, refletindo os raios de sol com nossos sorrisos e cantando pelo bem estar dos que ficaram, nós sempre estivemos aqui para todos que precisaram”.

Shun estava de volta a sua casa no Japão. Ikki sumira no mundo mais uma vez. Ambos queriam sofrer sozinhos.

O quarto do menino estava trancado, não ousava entrar e macular as últimas lembranças que possuía do filho. Era seu aniversário de 24 anos, estava sozinho e tinha acabado de enterrar o filho. Nunca foi de beber, mas a garrafa de uísque em suas mãos, com seu liquido dourado e aroma tentador, não parava que chamá-lo e repudiá-lo ao mesmo tempo. Ainda conseguia ouvir os risos do menino e suas exclamações de surpresa. Ainda podia sentir seu abraço e o efeito de seu sorriso. Ainda o sentia naquela casa.

Olhou para sua bolsa jogada no canto da sala, ela estava aberta e revelava a lombada de um grosso livro. O livro de Fukano. O mesmo livro que o menino pediu que ele visse apenas no aniversário. Bem... Era seu aniversário e não queria nem chegar perto do livro, porém, sentiu algo o impulsionando.

Voltou a se sentar na mesma poltrona e deixou a garrafa de uísque de lado. Passou a mão com carinho na capa de couro vermelho adornada com desenhos dourados. Era um livro bonito. Lembrava-se de ter visto o mesmo livro na bolsa do menino quando este chegou, lembrava-se de ter visto aquele mesmo livro na bolsa de escola, lembrava-se de ter visto aquele mesmo livro em suas andanças pelo mundo, lembrava-se de ter visto aquele livro no hospital. O que havia de tão importante ali dentro para que o filho nunca deixasse o livro?

A parte interna da capa era forrada com um papel violeta muito bonito e sedoso, reluzindo com a luz que batia. No topo, com letra caprichosa, estavam os dizeres:

“Para o meu pequeno Impossível, aquele que me mostrou que nada neste mundo é inalcançável e que a felicidade pode estar em qualquer lugar, só basta procurar. Com amor, Mamãe”.

Viu uma pequena gota manchar o papel. June amava aquele menino mais do que a própria vida e em nenhum momento considerou os atos que levaram-na à tê-lo um erro, muito pelo contrario, o menino era uma bênção para si. Ela sempre soube que nunca teria algo com o virginiano, mas isso não a impedia de criar e amar o único presente que este lhe deixara.

Virou a página e encontrou outras duas mensagens, uma em grego e outra em japonês, ambas com a mesma letra, aquela era a caligrafia de Fulano:

“Este livro pertence a Fukano Amamiya, se encontrá-lo, por favor devolva, é de grande valor sentimental.

Japão. Osaka. Distrito 32. Condomínio Tenshou. N°72. Procurar por Ikki ou Shun.

Grécia. Vila de Rodório. Rua Santo Cavaleiro, Loja Olimpo, n°14. Procurar por Marin, June ou Shina”.

Ele virou o rosto, esperando se acalmar, não queria chorar. Se estas simples palavras já o estavam derrubando, tentou se imaginar quando lesse o restante do livro, que nem de longe era fino ou pequeno, muito pelo contrario, era um livro grande e grosso. Virou a página, estava em branco, só tinha um pequeno texto escrito com caneta verde:

“Então é isso. Eu vou morrer. Eu sempre soube que morreria, só não sabia dizer quando. Pra mim tudo bem, eu não me importo se a doença me matar, eu sempre disse que era um figurante da história, eu existo apenas para conquistar a Armadura de Sírius e mais nada. Não. Eu existi para algo mais. Eu existi para dar felicidade à Mama. Eu existi para tonar Papa e Tio Ikki uma família novamente. Eu existi para fazer todos reviverem a infância perdida. Eu existi para restabelecer os tesouros perdido. Então, se a doença me levasse, eu não me importaria, morrerei feliz, sabendo que fiz algo por aqueles que amei, mas a doença esta matando a minha família também e isso não vou deixar”.

Virou a página e encontrou os primeiros anos de vida do menino. Fotos dele e de June, frases, colagens, desenhos, pinturas, tudo que uma criança podia fazer. Sorriu ao ver a felicidade eternizada nas fotos. Encontrou outra página em branco, dessa vez, o texto estava escrito de caneta preta.

“Pálida, à luz da lâmpada, sobre o leito de flores reclinada, como a lua por noite embalsamada, entre as nuvens do amor, ela dorme. Mama não mais esta entre nós, mas cumprirei minha promessa de seguir”.

Se perguntou quando aquilo foi escrito. Antes ou depois do velório de June? Virou a página. As coisas mudaram, estavam bem diferentes das folhas anteriores. Do lado esquerdo do livro, havia colagens, fotos, frases e pinturas. Do lado direito só havia o desenho de um menino e o trechinho de uma música. Não deu muita importância naquele momento. Preferiu ver o lado esquerdo, onde estavam as lembranças, fotos, colagens e frases mais recentes. Todas com ele, Fukano e Ikki, de vez em quando, Shiryu, Seiya e Hyoga. Virou mais algumas páginas e encontrou uma colagem que o atraio.

Tinha uma foto dele e de Fukano, o menino estava em seu colo, enquanto o mais velho lhe fazia cócegas, lembra-se de Ikki tirando aquela foto. Nas costas de Shun haviam um par asas enormes de anjo, toda a folha era pintada de vermelho e laranja, com faixas cobrindo o entorno, todas com textos em seus meios. A composição completa formava um pequeno texto.

“Eu tenho um anjo da guarda que me protege todos os dias, eu sei que nunca estou só”.

Virou mais algumas páginas e encontrou um desenho/imagem peculiar. Eram um amontoado da mesma palavra em diversas línguas, estas formavam a imagem do virginiano mais velho, do menino e da Amazona. A palavra que se repetia era: eu te amo.

“Eu Te Amo. Aishiteru. Te iubesc. I Love You. Te amo. Te quiero. Je T'ame...”.

Mais algumas páginas foram viradas. Encontrou algumas fotos e colagens de Ikki com o braço engessado – lembrava-se daquele dia de forma cômica, por mais trágico que fosse, era engraçado – e com alguns desenhos do Hellboy. Tinha um pequeno texto entre as imagens e colagens.

“Lembra como Tio Ikki fazia piada das encrencas que ele arrumava por minha culpa, só para eu me sentir melhor? Como da vez em que eu o assustei e ele caio do telhado quando estava instalando a antena nova? Ele tinha quebrado o braço, mas dizia que estava feliz, porque graças a mim ele agora tinha uma manopla igualzinha ao do Hellboy”.

Não pode deixar de rir. Mais algumas páginas. Encontrou a colagem de um dente, uma foto de Fukano com um bico enorme, cara feia e um monte de machucados, além de uma notificação da escola. Aquela foi a primeira briga que Fukano arrumara na nova escola. E justo no primeiro dia.

“No 1° dia de aula já sai da escola com recado. Um brigão me chamou de menina e falou mal do meu Papa. Qual o problema dele voltar pra casa sem três dentes e eu com um olho roxo?”.

Brigam igual o leonino. Mais algumas páginas. Tinha uma foto de Fukano cruzando um corredor e algumas montagens de vários lugares em que o menino poderia ficar confuso ou se perder, isso era óbvio pelos enormes pontos de interrogação acima de sua cabeça.

“Eu tenho um talento especial na hora de me perder. O único lugar que ainda não entrou na lista foi o Santuário”.

Mais risadas, o senso de direção do menino era pior que o de uma bússola quebrada. Mais páginas foram viradas. Agora tinham um monte de fotos do grupo, todos tomando sorvete, os adultos estavam todos lambuzados, enquanto a única criança do grupo, Fukano, estava impecavelmente limpo e ria da cara dos mais velhos.

“Depois dizem que a criança bagunceira e porquinha sou eu”.

A página seguinte mostrava imagens do mesmo dia, só que com algumas horas de diferença. Eles estavam jogando PaintBall e Fukano ganhou de todos de lavada, a foto mais engraçada e que mais se destacava, era uma de Seiya estirado no chão, com cara de acabado, todo colorido e com um Fukano sorridente sentado em suas costas.

“E tem a coragem de dizer que são Cavaleiros”.

Algumas páginas à frente encontrou três páginas dedicadas totalmente a sua pessoa. Tinha muitas fotos e uma montagem super bonita dele jogando palavras-cruzadas. Em muitas das fotos, ele estava ensinando Fukano ou o ajudando em alguma coisa. Abaixo destas havia mais textos.

“Seja sempre meu Papa. Eu tive tanto medo mas você sempre ficou do meu lado. Porque Papa sempre ganha nas palavras cruzadas? Ele rouba. Mas não me pergunte porque”.

Na página seguinte, ele era mostrado como um super-herói que parecia ver perigo em tudo e estava sempre defendendo Fukano. Uma das montagens mais engraçadinhas, mostrava ele lutando contra uma bactéria.

“Porque sempre que eu queria fazer algo sozinho, todos achavam que eu iria me machucar? Oh-oh! Papa! RISCO DE PERIGO EMINENTE!”.

Houveram muitas outras páginas nesse padrão, mas logo elas foram substituídas por páginas um tanto diferentes. Todas possuíam apenas três fotos, todas da mesma pessoa, a página era pintada com a cor dos olhos da pessoa em questão e pequenos texto estavam escritos ao lados das fotos. A primeira página era totalmente dedicada a June.

“Mama você fez mais sacrifícios do que qualquer outra pessoa e tudo por mim. Abandonou seu título, aprendizes, lar, sua vida inteira por mim. E eu ainda tirei o seu primeiro amor de você, eu só espero que um dia possa me perdoar e tomá-lo numa próxima vez. E dessa vez virei na hora certa”.

A próxima página era todinha de Ikki.

“Tio Ikki, você é um verdadeiro turrão, no Santuário todo mundo falava que você vai morrer sozinho. Eu discordo. Você nunca vai morrer sozinho ou ficar sozinho. Apesar de ser antissocial, você ainda tem uma família que te ama muito e que sempre ira te amar. Só vamos combinar que não é pra ficar tentando matar eles, se bem, que você sempre agiu como um anjo da guarda para eles”.

A próxima era estranhamente fria, o que remetia muito bem ao seu dono.

“Hyoga você sempre foi o mais distante e frio. Um verdadeiro cubo de gelo. Mas nem por isso deixou de me mostrar seu grande coração. Você sempre teve uma paciência invejável na hora de me explicar algo que não entendia, era capaz de me ensinar qualquer coisa e sempre conseguia me fazer compreender. Lhe deve o respeito de um aluno. Honre sempre o código dos Assassinos e impeça os Templários de dominar o mundo”.

A página de Shiryu trouxe certa paz, assim como o homem.

“Shiryu, o verdadeiro calmante dos estressados de plantão. Suas histórias sempre me fizeram sorrir e ir para lugares mágicos. Sua calma embalou meu sono um monte de vezes e sua voz sempre vinha acompanhada de bons conselhos. Só procure não ficar muito tempo sentado meditando, eu soube que a gente tende a ficar baixinho e roxo. Ah! E não se esqueça de Shoryu, ele precisa de um pai também”.

A próxima página era tão desorganizada quanto seu dono.

“Seiya eu poderia te chamar de palhaço, ou babaca como diz o Tio Ikki, mas prefiro dizer que era você quem iluminava as manhãs mais sombrias. Com um sorriso grande no rosto e um otimismo único, você dava forças até para quem não queria. Me pergunto como conseguiu derrotar tantos adversários com uma energia tão positiva quanto essa”.

A próxima página era de Shun, era tão simples quanto a dos demais, mas nem por isso, menos bonita.

“Papa você desistiu de tudo por mim, de sua vida inteira, apenas para lutar as minhas batalhas e carregar a minha carga. Desculpa você não ter vencido. Não sei nem me expressar direito, mas acho que uma palavra serve. Ashiteru, Papa”.

A próxima página era toda dedicada ao pessoal do Santuário, eles eram uma verdadeira bagunça nas fotos, nem pareciam os Cavaleiros disciplinados que eram.

“Pessoal, vocês sempre foram a minha família. Me acolheram de braços abertos sem olhar a quem e me criaram de forma que eu tivesse tudo o que vocês não tiveram. Sou muito grato pelas chances que me deram e espero que me perdoem pelas encrencas que causei”.

A próxima imagem não podia ser menos respeitosa. Todinha dedicada a Senhorita Saori e a mais enfeitada.

“Lady Atena dispensa todo e qualquer comentário”.

A próxima página estava em branco e o texto estava escrito em vermelho.

“É aqui começa a minha despedida”.

As próximas páginas só possuíam adornos nas bordas e textos. Páginas e páginas de textos. A primeira página parecia mais um consolo a todos os que conheceram-no e tivessem a oportunidade de ler aquele livro.

“Gosto de imaginar minha alma como uma ave e gostaria que me imaginassem da mesma forma. Então, apenas imaginem comigo...

Uma ave voando para longe, voando sem parar. Que encontra todos em qualquer lugar, a qualquer hora, aquela pequena avezinha pousada naquele ganho. Que permanece no coração daqueles que amou, como sempre foi, perfeito do jeito que é e igualmente fiel. Mesmo quando estiverem sozinhos, sabia que a avezinha estará sempre por perto, então, quando triste, apenas olhe para o céu. Perdoe a avezinha por partir, mas saiba que ela esta em um lindo jardim, entre muitas flores.

A avezinha bem sempre estará e quando sentirem falta dela, ela sempre estará lá. Vão saber quando isso acontecer, pois do brando sono hão de acordar para encontrar os olhos daquela pequena avezinha. Ela sempre há de esperar por aqueles que ama quantas vezes forem necessárias. Perdoe a avezinha por partir, mas saiba que ela esta em um lindo jardim, entre muitas flores, apenas esperando aqueles que ama”.

O virginiano não sabia dizer desde quando, mas somente agora que uma gota caio sobre sua mão, é que percebeu que chorava. Olhou pela janela, já estava escuro. Decidiu deixar um pouco aquele livro e respirar um pouco de ar puro. Estava na varanda, bebendo um pequeno copo de água, quando viu um pequeno passarinho pousado em um ninho ali em seu telhado. O pequeno animal o observava com atenção, parecia questioná-lo do porque estar lá fora. Quando se deu conta, lá estava ele com o livro no colo mais uma vez.

A outra página possuía um texto que evocava a infância do menino, ou melhor, o verão que ele mais apreciou ao lado do pai e tio, aquele mesmo verão em que ele se aventurou pelo mundo para lutar pela Armadura de Sírius. Foi incrível ver que apesar daquilo ser demais para alguém com tão pouca idade, ele encarava tudo com os olhos da criança que ele era.

“Eu jamais vou esquecer daquele verão. Eu e vocês, juntos, sonhando com o amanhã. Ainda acredito que um dia nós vamos nos reencontrar por aí. E esses dias, eu não vou esquecer!

Eu me lembro bem do dia que eu te encontrei. Que confusão deu. Depois de muito tempo você me convidou para voltarmos de um passeio ao parque a pé e seguimos para casa lado a lado. Foi bom, não é? Lembro que eu tapei o meu rosto ali com a minha mochila, pois vergonha senti, mas a verdade mesmo é que eu estava feliz demais. Ah, teve aquela vez que vocês tiveram que me deixar sozinho por um tempo, lembro que ver os fogos no céu sem vocês ao meu lado só me trouxe solidão. Ah, mas agora eu vejo o vento soprar e as lembranças se vão, deixando apenas as coisas boas. Eu fui tão feliz, eu me diverti com as aventuras que nos vivemos. Em nossa base secreta, era só eu e vocês!

Eu jamais vou esquecer daquele verão. Eu e vocês, juntos, sonhando com o amanhã. Ainda acredito que um dia nós vamos nos reencontrar por aí. E você estavam ali, e o meu coração agradecia por ficarmos juntos até o final do dia. Porque dizer adeus e tentar sorrir é impossível ao se despedir? Simples, não se despesa. E esses dias, eu não vou esquecer! Ah, vi o verão passar, mas não me senti mal, pois um dia tudo vai ter que acabar. Ah, eu vi o sol e a lua se afastarem lá, foi tão bonito, juro que vi o famoso brilho verde. Eu me lembro da vez em que brigamos, eu me entristeci, tão só me senti, não sei porque fomos nos desentender, sorte que mais tarde a gente se entendeu, não? Em nossa base secreta, era só eu e vocês!

Eu jamais vou esquecer daquele verão. Eu e vocês, juntos, sonhando com o amanhã. Ainda acredito que um dia nós vamos nos reencontrar por aí. E esses dias, eu não vou esquecer. Não posso fazer tudo mudar, não me afastar. Então eu vou te escrever, vou “ligar” se puder, só te peço nunca vá me esquecer. Em nossa base secreta sempre há eu e vocês. E o verão chegou ao fim, assim como o meu tempo, e estávamos assim: vendo o sol se por e as estrelas ali. Eu juro, nunca vou me esquecer do tempo que junto com vocês vivi. Eu sei que sempre vou lembrar que com vocês tenho um lugar e da suas forças mesmo ao nos separar, então nos guarde em um sonho que sabe que eu sempre vou querer sonhar, que você sempre vai querer sonhar.

Eu jamais vou esquecer daquele verão. Eu e vocês, juntos, sonhando com o amanhã. Ainda acredito que um dia nós vamos nos reencontrar por aí. E esses dias, eu não vou esquecer! E vocês estava ali, e o meu coração agradecia por ficarmos juntos até o final do dia. Porque dizer adeus e tentar sorrir é impossível ao se despedir. E esses dias, eu não vou esquecer! E esses dias, eu jamais vou esquecer.

E você? Promete não esquecer?”.

Ele respirou fundo, sentia a necessidade de acabar aquele livro ainda hoje, no seu aniversário, na data exigida por Fukano antes de partir. Ele cumpriria aquele pedido custasse o que custasse. Virou a página e se deparou com duas coisas. A primeira, era um pequeno poema.

“Há um cara que o pensa em mim toda hora

Que conta os segundos quando eu demoro

Que está todo o tempo querendo me ver

Porque se preocupa com o que vou fazer

E toda hora me chama

Pra mostrar que me ama

Esse cara é meu pai!

O cara que sempre me pega no braço

Esbarra em quem for que interrompa meus passos

Está do meu lado onde eu estiver

O herói de verdade pro que der e vier

Por mim ele encara o perigo

Meu melhor amigo

Esse cara é o meu Pai”

A segunda era uma foto solta. Era os seus tênis com os de Fukano por cima, aquela foto foi tirada há dois anos e só possuía uma inscrição em caneta verde, bem na frente.

“Esse é o Meu Pai”

Ele já não aguentava mais, chorava igual a um bebê, nem pudor algum, porém tinha mais. Algo que a principio não deu atenção, viu que o lado direito onde ficava os desenhos, tinha uma imagem muito diferente da primeira. Então ele fechou o livro e começou a folheá-lo bem rápido.

Começou a ver um pequeno filme com a letra de uma música do lado se formando e sentiu as lágrimas só aumentarem. A letra, para ele, refletia tudo o que Fukano era.

“Hajimaru yo kimi to boku wo - Está começando agora

Tsunagu tobira nokku sureba - Se eu bater na porta que nos interliga

Donna mirai ga bokura wo matteiru no? - Qual será o futuro à nossa frente?

Otona ga sou motomeru no ha kanpekina STYLE - Conforme vamos crescendo, o que procuramos é um estilo perfeito

Itsuka haguruma no youni - Algum dia, como engrenagens girando

Subete ga kasanaru youni - Tudo irá se ajeitar

Kamisama iru nara kiite yo itsu itsumademo kono shunkan - Deus, se estiver aí, ouça-me, você deve sempre observar esses momentos

REPEAT dekinai mainichi wo miokuranakucha - Esses dias que jamais iremos repetir

Dakara ato mou sukoshi dakette kodomo de itai BOYS & GIRLS ga nannin mo - Então, só por mais algum tempo eu quero ser criança, ainda há tantos meninos e meninas

Kono yo ni kakurehisonde ha yume wo miteirutte iu STORY - Escondidos neste mundo que sonham, essa é minha história”

O menino desenhado era Fukano. A principio ele estava parado, mas logo ele saio andando, passou por June, lhe dando um abraço e beijo, depois passou pelo pessoal do Santuário, com que brincara um pouco, e depois passou por Atena, a quem prestou uma reverencia e abraçou. Logo, ele começou a correr, passou por Seiya, dando um pequeno “toca aqui”, depois passou por Shiryu, dando uma volta e prestando uma pequena reverencia, Hyoga foi vitima de uma brincadeira, parecia que eles encenaram uma cena daquele jogo que eles tanto amavam, Ikki quase foi derrubado com o abraço que ganhou e foi solto para que o menino, agora andando, fosse até Shun, o abraçasse e beijasse. Dando um pequeno adeus, ele olhou para trás uma última vez, vendo todos aqueles que tiveram grande valor em sua vida, e voltou a correr, apertando o paço e por fim saltou, dando lugar a última imagem.

Fukano estava em pleno ar, com um sorriso enorme no rosto, com metade de um cenário desenhado – lembrava em muito as ruínas do Santuário – e com uma imagem um pouco maior de seu rosto, o que mostrava melhor sua expressão de alegria. Aquela imagem só possuía duas frases.

“O tempo que me restava...

Me foi permitido aproveitar ao máximo!!”

Shun passou o resto da noite chorando. Deixando que as lágrimas lavassem sua alma e levassem a dor embora.

Desde então, muita coisa mudou nos últimos anos.

Shun voltou a trabalhar como médico, mas acabou abrindo uma clinica de tratamento para crianças necessitadas com doenças genéticas ou transmissíveis pelo aleitamento materno, ou até mesmo no momento do parto, como por exemplo HIV. Sua instituição filantrópica esta ganhando muito bem e ajudando milhares de crianças.

Ikki decidiu parar em um canto e passar a viver com o irmão, tomou o rumo certo da vida, acabou virando o chefe de finanças da clinica de Shun e ajuda jovens problemáticos no centro nos fins de semana.

Seiya, Hyoga e Shiryu estavam ainda melhor, voltaram a estudar e para ajudar Shun em sua clinica, ganharam bolsa em uma das melhores universidades de medicina do Japão. Seiya parecia estar de caso com Saori. Hyoga estava namorado, mas antes adotou duas menininhas, Sophia e Laurana. Shiryu agora é pai de um menino chamado Ryuken, Shunrei aparentemente está esperando outro bebê e Shoryu esta se tornando um rapazinho muito responsável e já é candidato a Cavaleiro de Atena. Asuma também embarcou nas aventuras desses loucos e acabou conhecendo a irmã de Seiya, Seika, com quem é casado e tem uma filhinha, Hana.

Mas uma coisa que não mudou foi que todo ano, no aniversário de Fukano, eles visitam o túmulo do menino e depois partem para pequena vila de Tengoku, onde leem o enorme livro que o menino deixara de recordação, sempre no mesmo lugar, naquela mesma praia onde ele sorriu pela última vez.

Eles nunca entenderiam o porque de Fukano morrer e todos eles ficarem vivos, nunca saberiam o porque. Houve um tempo em que todos achavam que eles estavam ali para cuidar de Fukano, mas somente depois de sua partida é que eles forma compreender que o menino esteve ali para cuidar deles e uni-los como a família que sempre foram. Sabiam que algum dia o veriam novamente, certamente o encontrariam em algum jardim entre muitas flores e os esperando com um grande sorriso.


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Notas finais do capítulo

Sabe gente, eu não sei se canto aleluia ou choro...
Eu tava terminando de escrever(de novo) esse cap. quando fiquei sabendo da morte do Robin Willians e vou te contar, eu estou verdadeiramente triste, muitos filmes desse cara marcaram a minha vida e eu ainda não consigo aceitar que ele morreu tão novo. Tá parecendo a vez que o Michael Jackson se foi e eu penei 3 meses para acreditar.
Quando eu vi a noticia, eu cheguei a pensar em deixar o cap para outra hora, quem sabe não curtir um momento emo, mas eu já tava devendo, então aqui esta :´)
Eu agradeço a todos os leitores, inclusive os meus amados Gasparzinhos, sem o apoio de vocês eu teria largado essa fic de mão a muito tempo. Agradeço a todos que favoritaram, foi uma baita força e fonte de inspiração na hora de escrever. Agradeço a todos que acompanharam, foi muito importante para mim. Ver esse meu trabalho crescendo aos poucos foi de uma alegria muito grande e eu espero honestamente que eu tenha atendido a suas expectativas.
Espero estar voltando em breve, com novas fics e personagens, mas até lá, lhes dou o meu último: Espero que tenham gostado ^.^

Bjs. L :3



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